Ana.
Acordei num sobressalto, onde é que eu estava? Tentei me levantar, mas logo uma mulher veio falando em francês e não entendi nada. Ela saiu para chamar outra senhora, e para minha sorte ela é brasileira.
- Andou fazendo coisa errada, moça? – ela me fitou. Com certeza era médica, ótimo, eu só lembro do Luan entendendo tudo errado e depois do meu corpo colidindo com o chão da escadaria do hotel.
- Meu namorado... Eu tô grávida, ele foi embora. – comecei a atropelar as palavras.
- É melhor que não se agite. – ela me repreendeu. – Umas moças te trouxeram até aqui, creio que sejam suas conhecidas. E sim, você ainda está grávida.
- Ainda estou? – fiquei confusa.
- Por pouco não perdeu seu bebê. Onde estava com a cabeça quando resolveu tomar aquelas injeções antes de viajar? Sua pressão baixou demais, conseguiram te trazer até aqui antes que o coração dele parasse. Vocês vão ficar bem, mas precisam descansar.
Fiquei em silêncio diante daquelas palavras. Eu quase matei meu filho, meu bebê, meu e do Luan. O Luan me abandonou, entendeu tudo errado. Por que ele não acreditava em mim? Por que insisti em fazer essa viagem? Não conseguia parar de me culpar! Tudo estaria bem se eu tivesse ficado no Brasil e contado da gravidez, como fui estúpida a esse ponto?
{...}
Recebi alta depois de dois dias e voltei para o Brasil com as meninas. Evitei ver Frank, mas ele me procurou para pedir desculpas. Eu só chorava, ele nunca mais iria querer olhar na minha cara. Pensei em ir até ele, porém sei que seria pior. Tia Mari e Bruna estariam a minha disposição, mas também seria difícil. Será que elas acreditariam em mim? Nem com Henrique eu conseguia falar, e além do mais ele estava longe. Eu teria que me virar sozinha daqui pra frente e com um filho que eu já tinha começado a amar. Desliguei meu telefone, ainda tinha o dinheiro da viagem guardado comigo, eu iria passar alguns meses bem, mas agora tinha o bebê... Não voltaria para meu apartamento antigo, não queria que ninguém me procurasse lá, queria me isolar. Saí caminhando do aeroporto com minha mala até uma parada de ônibus próxima. Pra onde eu iria? Eu poderia procurar um daqueles abrigos que ajudam pessoas. Me joguei no banco duro de concreto quando senti uma tontura forte, que segundo a médica era normal. Coloquei o pouco que tinha comido nas últimas horas para fora e minha visão embaçou, portanto não vi quando alguém colocou a mão nos meus ombros.
- Filha? Está tudo bem? – reconheci a voz imediatamente. Era minha antiga professora do colégio que tia Mari havia me matriculado. Ela estava vestida de freira, aliás, sempre andava assim.
- Tia Rute! – solucei, a abraçando. – Estou tão desesperada.
- O que aconteceu? Por que chora tanto assim? Seu rosto é lindo, não merece ser manchado com lágrimas. – ela acariciou minha bochecha. – Quer vir comigo? O antigo colégio que você estudou acabou virando um convento, há muitas moças lá, podemos te ajudar.
- Eu vou, não tenho pra onde ir.
Luan.
Eu estava ficando louco sem Ana, e ainda mais louco por ela ter me traído! Como ela pode ser baixa a esse ponto? Eu não tinha notícias dela, nem queria ter. Minha cabeça estava a mil! Eu deitava na cama e sentia sei cheiro, sentia a ausência do seu corpo. Insistia em repassar nossas fotos na galeria de meu celular, aqueles momentos felizes tinham sido todos armados? Ela nunca me amou. Eu estava dilacerado por dentro, mas tive que me recompor quando a campainha tocou e tive que ir atender.
- Mãe, Bruna. – forcei um sorriso. Não era uma boa hora. – Entrem.
- Oi filho! Está bem? – minha mãe me abraçou.
- E aí, maninho. Cadê a Ana? Ainda não chegou de Paris?
- Não sei da Ana. – disse diretamente e elas se entreolharam.
- Como assim não sabe da Ana? – nossa mãe me questionou.
- Acho que terminamos. Bem, eu terminei, ela me traiu.
- Como assim te traiu? – Bruna levantou a voz. – Sabe que ela nunca faria isso!
- Bruna, eu vi! Eu fui até a Paris para pedi-la em casamento e ela estava com o Frank. Eu fui muito burro!
- Meu filho, o que exatamente você viu?
- Eu cheguei no hotel de madrugada, a encontrei no corredor com ele. – fechei os olhos ao reviver a cena. – Ele estava pedindo pra ir ao quarto, e ela concordou em levá-lo. E ele parecia bêbado.
- Eles estavam agarrados? Se beijando? Sem roupa numa cama? – Bruna disparou.
- Não. – respondi com a voz fraca.
- E você simplesmente acha que ela te traiu? Luan, Ana poderia estar ajudando Frank. Você deixou ela se explicar?
- Não, voltei pro Brasil imediatamente, a deixei sozinha... desmaiada.
- Você é louco? Seu retardado! – Bruna me deu um tapa. – Como é que você deixa a Ana sozinha desmaiada, numa rua de Paris?
- Meu filho, sabe-se lá o que pode ter acontecudo com ela. Agiu muito errado, não estou lhe reconhecendo. – minha mãe parecia desapontada.
- Francamente, Luan, não sabia que você era babaca a esse ponto.
- Precisamos achar Ana imediatamente.
Parando para processar tudo com calma, vi que devia ter deixado ela se explicar, agi num momento de raiva e perdi a cabeça. Droga! Será que ela estava bem? Eu precisava dela!
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