História Amor por Juliane - Apaixonadas

Acordamos, tiramos a cara de sono e descemos. Já era hora do almoço, então almoçamos e eu só tentei aproveitar cada segundo com ela, gravar cada sorriso. Os três decidiram ir embora, Lucas e eu levamos as duas até o ponto de ônibus mais próximo. Eu só conseguia ficar grudada nela, mesmo com um medo insano dela querer fugir de mim depois, a final, ela é hétero!

Costumo dizer que sapatão não tem muito senso, ou ela se ferra com ex, ou resolve namorar com alguém que mora em outro estado ou então, resolve se apaixonar por uma hétero! Claro que minha ideia é não me apaixonar, mas se eu continuar nesse que eu tô, a paixão vai ser o mínimo que vai acontecer!

O ônibus delas não demorou muito para passar, então a vi partir. Não foi legal, mas nem tudo é legal nessa vida. Me despeço de Lucas e volto para casa, durmo um pouco até a hora do jogo do meu time de coração, que por sinal, é o mesmo do dela.

"Então você conseguiu!" - diz Carla se referindo ao fato de ter ficado com sua amiga, algo que julgamos impossível.

"É, foi melhor do que imaginei!" - respondo com um sorriso enorme no rosto.

"Tá bom! Vou tomar banho e dormir. Depois eu volto." - nos despedimos e eu volto à assistir o jogo. Dez minutos depois meu celular se põe a vibrar mais um vez, sendo agora, Juliane.

"Tá vendo o jogo?"

"Tô sim! Já chegou em casa?"

"Acabei d chegar!"

"Chegou bem?"

"Cheguei sim."

Seguimos em uma conversa amistosa até a hora em que decidimos ir dormir.

Minha semana foi calma, e por algum motivo foi leve. Todos os dias e todas horas passei pendurada no celular conversando com Juliane. Moramos longe uma da outra, assim a gente não se encontra muito. Isso é uma tortura, porque ela é aquela pessoa que eu quero ver todos os dias, a pessoa que eu tenho vontade de sequestrar e prender no meu quarto.
Esse proximo final de semana é aniversário dela, não sei bem o que comprar. Eu sou infantil para comprar presentes, então fui no que eu sei comprar, comprei um Olaf pra ela. Não sei se ela vai gostar, é um risco que vou correr pois não sei comprar nada além de ursos e chocolate! Estávamos no meio de uma conversa quando leio a seguinte mensagem:

"Me disseram pra não me apaixonar porque você não presta!"

Meu sangue ferveu na hora! Como assim falaram que não presto? Com base em que isso é verdade? Fiquei muito chateada, então resolvi tirar essa história a limpo com a única pessoa que poderia ter soltado algo do tipo, Carla!

"Por que você falou pra Ju que eu não presto?"
"Eu não falei nada disso pra ela!"
"Não parece! Ela acabou de falar que falaram que não presto. Eu quero que deixe meu passado fora disso. Ele ta morto e enterrado, ele é algo que não deve mais ser tocado!" - fico olhando para o teto do meu quarto até que ela responda. Eu estava realmente furiosa com toda essa situação.
"Foi só uma brincadeira, ela que levou a sério! Desculpa."
"Isso não é brincadeira que se faça!"
"Tudo bem, não brinco mais!"

Solto o celular ao meu lado e fico pensando e tento me acalmar para não atacar mais ninguém sem medir palavras.

"Não precisava ter ido tirar satisfação com ela cara!" - diz Juliane
"Claro que precisava. Agora vê se vou deixar que fiquem fazendo você me ver de uma forma não verdadeira!"
"Isso não importa. Não temos nada!"- essa frase doeu mais do que qualquer dor que senti recentemente. Por algum motivo eu já estava querendo que tivéssemos algo, mas pelo visto não vamos chegar a ter. Passo a tarde e a noite chateada com o ocorrido, como não tinha o que fazer resolvi dormir. Dormi e sonhei com os beijos dela, não consigo mais tirar ela dá cabeça. Já não consigo olhar para outras meninas, não consigo achar graça em ficar com outra pessoa. Nem vontade de tentar eu tenho. No dia seguinte, ao encontrar Lucas e Carla conto tudo o que vem se passando em minha cabeça, eles escutam atentamente tudo o que sinto e ficam um tempo em silêncio.

- Bruna tá se apaixonando pela Ju! - diz Carla cortando o silêncio.
- Claro que não! Eu não vou me apaixonar por ela, pode ter certeza. - digo tentando acreditar em minhas palavras que já não transmitem nenhuma verdade.
- Não Bruna, você tá apaixonada por ela. Não tá se apaixonando, já foi é não vai ter mais como voltar atrás! - Lucas diz com tanta certeza que me calo pensando no que responder de forma convincente.
- Não estou apaixonada por ela! Gente para com isso, tudo acham que é paixão. Tudo acham que já é amor! Eu hein... - respiro fundo tentando fazer parecer ser verdade. Eu não quero admitir que estou apaixonada por uma hétero. Gente hétero é legal, mas na maior parte das vezes acabam com nossa vida e eu tenho medo.
- Não tá apaixonada por ela? Como não? Só fala nela, vive pensando nela. E é tudo de uma forma totalmente diferente de todas as formas que pensa e fala nas suas amigas! - contra esse tipo de argumento não tenho como debater. É estranho estar assim tão escancarado tal sentimento, e o pior é que ela provavelmente não deve tá nem aí pra mim. Minha morte está por perto! Depois dessa conversa Lucas e eu vamos para minha casa. A gente passa a noite conversando sobre as meninas, sobre os vacilos dele que a Carla ainda não sabe.

Convenci Juliane a vir me encontrar, fomos conversar um pouco, tomar sorvete.

- Eu acho que não é uma boa a gente continuar assim como estamos. Carla já deu altos ataques de ciúmes, e eu não estou aqui pra interferir na amizade de ninguém. - diz Juliane de uma forma tão séria que eu nem consegui pensar em algo para contestar o que ela disse. - e eu não quero te machucar, vai que aparece outra pessoa. Eu gosto de você e não quero te ver sofrer. - completa ela me olhando de forma não muito convincente.
- Não se previne uma dor com outra! Se aparecer simplesmente você terminar tudo o que temos!
- Não é simples assim e você sabe disso.
- É simples sim! - digo de forma que ela não se põe contra mais. Dali em diante eu já me sentia mais dela do que propriamente de mim mesma. Após vê-la ir embora, vou para minha casa e ao olhar o celular vejo uma mensagem dela.

"Estou apaixonada por você!"

Poucas mensagens ja me deixaram feliz como essa dela. Respondi imediatamente declarando-me apaixonada também. Depois disso eu fui só sorrisos, só consegui pensar em um futuro com ela do meu lado. Mal ela se declarou e eu já estou aqui imaginando coisas. Ao entrar na cozinha de casa minha mãe me olha como se tivesse tentando me ler.

- De onde vem essa alegria toda? - pergunta ela um tanto intrigada.
- Não vem de lugar algum. Só não estou com muito mau humor, apenas isso! - digo abrindo a geladeira para beber água. A bebo o mais rápido possível e saio da cozinha antes que minha mãe me encha de perguntas.
A paixão vem seguida pelo amor, começar a ama-la pode ser apenas questão de tempo e isso de certa forma me assusta, não sei se ela está disposta a me amar também. Será que ela vai querer levar isso adiante? Ou será que ela vai se encantar por carinha hétero que fala "baladinha top" e vai me deixar? Ai que pesadelo ficar tentando saber como que vai ser tudo daqui pra frente.