História Amor Verdadeiro - Capítulo XXIX

Um som agudo se intrometeu em seu sonho. Sem realmente despertar, esticou o braço e alcançou o objeto barulhento.

“Hora de despertar” – Leu na tela. Desligou o alarme sem dar muita importância e colocou o celular de volta no criado mudo.

- Hum... – Gemeu a mulher a seu lado.

- Volte a dormir. – Fez um carinho no ombro dela. – Você esqueceu de deligar o alarme de novo, já resolvi.

Ele passou os braços por baixo do corpo dela e a puxou para deitar sobre seu peito. Seus corpos se acomodaram confortavelmente. O cheio floral dos cabelos dela invadiu a narina dele e, somado ao contato pele a pele, despertou-o de vez. Foi tomado pelo desejo de explorar outra vez cada pedacinho daquele corpo macio que parecia ter sido criado para seu toque. Deslizou sua mão grande por toda extensão do braço delicado, enquanto depositava beijos carinhosos, na cabeleira loira dela. A mão que desceu voltou por outro caminho explorando a cintura da moça e repousando em seu seio.

Ela foi despertando aos poucos, seu corpo respondendo com arrepios ao toque dele. Depositou beijos carinhosos no peitoral que a sustentava. Levantou então a cabeça e o olhou com olhos apertadinhos.

- Bom dia! – Cumprimentou-o.

 Ele depositou um beijo sutil nos lábios dela.

- Bom dia. – Respondeu ao cumprimento. – Terceiro dia acordando juntos. – Sorriu e ela retribuiu como o mesmo gesto.

- Tá me deixando mal acostumada. – Falou em meio a um bocejo,– Terceiro dia?! – Falou alarmada e pulou da cama. – Hoje é segunda, tenho que trabalhar!

Foi até o guarda roupa pegar algo para vestir.

- Vou tomar um banho. – Informou. – Pode continuar dormindo.

O rapaz acompanhava cada movimento dela, apreciando seu corpo nu com um sorriso malicioso no rosto. Levantou e envolveu seus braços por trás do corpo dela, encostando seu peito nas costas dela.

- E perder a chance de tomar banho com você? –, Recostou-se ainda mais, fazendo-a sentir o desejo de seu corpo. Recebeu um olhar que dizia: “De novo?”. – Essa é a maneira mais gostosa de resolver isso. – Sussurrou em seu ouvido.

-Tem que ser um banho rápido, viu? – Jen avisou, seu corpo correspondendo ao corpo de Flainn.

- Sem problemas para mim. – Levou seus lábios aos dela em um beijo intenso. Os dois sabiam que pulariam o café da manhã para aproveitar melhor o banho.

***

Colin saiu da sala de maquiagem já completamente caracterizado com Capitão Gancho, encaminhou-se apressadamente para a locação que representava a casa de Emma sem prestar atenção no caminho, deu apenas uma rápida olhada no relógio do celular e constatou que seu atraso tinha sido apenas de 15 minutos, mas certamente sua parceira de cena já estaria lá, pronta a meia hora.

- Desculpe o atraso... – Entrou falando e encontrou apenas os funcionários da produção.

- Relaxa, gato - Sarah falou dando uma piscadinha para ele. – Por incrível que parece a JMo não chegou ainda. – Apoiou no peitoral dele de modo sedutor. – Vou substituí-la por enquanto.

Colin levantou uma sobrancelha e segurou na cintura dela.

- Cuidado, não sei se consigo resistir a você – falou com a voz rouca e sensual.

Sarah se afastou abanando-se com as mãos.

- Não faz isso comigo, moleque, tá querendo me matar.

Colin gargalhou alto.

- Desculpem o atraso – Pediu Jennifer entrando um pouco afobada.

- Ainda bem que chegou! – Exclamou Sarah e, empurrando Colin na direção dela, afirmou: - É todo seu. Só você para resistir a esse homem.

- Bom dia! – Cumprimentou Colin um pouco sem graça por ter apoiado nos ombros dela para não cair quando foi empurrado.

- Bom dia! – Ela respondeu segurando-lhe o braço para que retomasse o equilíbrio.

Logo partiram para a filmagem da cena, estavam na segunda tomada quando a cena foi interrompida.

- Jennifer – chamou o diretor – acho que esqueceu de tirar seu anel.

Colin mirou seu olhar no coração vermelho sustentado por mãos douradas contornando o dedo delicado de Jennifer. Viu a atriz se desculpar, retirar o anel e colocá-lo no bolso da jaqueta vermelha, o significado daquilo levou seu humor a despencar ladeira abaixo.

Voltaram a gravar a cena.

Jennifer explodiu em risos quando errou uma fala e apoiou as mãos no peitoral de Colin, já que ele estava bem próximo a ela. Se recompôs e voltaram a gravar.

- Talvez nós tenhamos que...  – Outra explosão de risos. – Desculpe. – Pediu a moça. – Sua expressão tá muito engraçada.

Como Colin não demonstrou o mesmo bom humor dela, não respondendo aos pedidos de desculpas e mantendo a expressão fechada, Jen se concentrou e tentou outra vez.

Um processo interessante se passava no íntimo da atriz. Estava leve, tinha tido um fim de semana maravilhoso, com um homem encantador: seu namorado. Agora que estava namorando, por algum motivo que ela não tinha descoberto ainda, sentia-se mais relaxada na presença de Colin, como se pudesse ser amiga dele novamente.

Esse estado de total felicidade da atriz comprometeu sua concentração. Ela tinha vontade de gargalhar por qualquer coisa, como se estivesse liberando no riso toda a tensão que viveu nos últimos meses.

Mais uma vez a cena foi interrompida por conta disso.

- Desculpe... – pediu novamente a atriz.

Colin a olhou com o semblante carregado.

- Dá para se concentrar? – Ordenou com a voz mais grave que o normal. – Ou não sairemos daqui hoje.

Nunca em todo a história do relacionamento Jennifer e Colin, o irlandês tinha falado dessa maneira com a americana. Recordando, Jennifer inclusive notou que nunca o tinha visto falar assim com qualquer um de seus colegas.

No fim, aquele balde de água fria, ajudou na concentração da moça e a cena foi facilmente gravada.

Jennifer estava recolocando no dedo, o anel que tinha tirado do bolso da jaqueta e pensando em como tinha se enganado ao sentir que poderia se aproximar de Colin novamente, estava claro que ele não queria sua reaproximação.

- Presente dele?

A loira surpreendeu-se ao ouvir a voz daquele em que pensava, levantou o olhar até ele.

- Sim. – Respondeu sem muita emoção.

- Por isso está parecendo uma adolescente hoje. – O ator concluiu com desprezo. Não que quisesse agir assim, apenas não conseguia se controlar. – Por um caso de três semanas.

- Não é um caso, estamos namorando! – A loira afirmou com raiva pela maneira como ele falava.

- Ah claro! – Ironizou ele. – Por que todos os seus namoros a distância deram certo. Mas tenho uma novidade para você, a Irlanda é um pouco mais longe que Nova York.

Os olhos de Jennifer faiscaram.

- Você poderia ao menos torcer pela minha felicidade, né? Porque é isso que os amigos fazem.

- Não somos mais amigos! – Ele não queria dizer isso, não queria mesmo, se arrependeu no exato momento em que as palavras saíram de sua boca.

 Agiu com medo de perde-la e a acabou perdendo-a.

 As faíscas foram apagadas dos olhos de Jennifer pelas lágrimas que as alcançaram. Mas estava decidida a não as deixar cair, não quando estava vivendo os dias mais felizes em anos.

- Tem razão! – Falou pegando suas coisas. – E eu que acreditei que agora as coisas poderiam voltar a ser como antes?

- Jennifer, desculpa eu não quis... – Colin tentou consertar, mas era tarde demais, ela não estava disposta a ouvir.

Colin a viu sair com passos largos. Teve certeza de que era o responsável por acabar com resto de amizade que ainda restava entre eles. Se odiou por não ter conseguido controlar seu ciúme, aquela era a menor parte dele que não queria que desse certo o romance de sua amiga com Flainn. A maior parte queria realmente que ela fosse feliz, no entanto, no calor do momento, quem assumiu foi a pequena parte.

***

- Amanhã será minha última noite livre. – Contou Flainn brincando com os cabelos dela. – Quando começarem os shows, vou voltar para o Hotel, nossos horários vão ficar complica...

- É claro que não! – Interrompeu a loira, levantando a cabeça do colo dele. – Você vai continuar aqui mesmo. Como é que vou deixar meu namorado em um hotel quando...

Um arco-íris se pintou nos olhos dele.

- Repete que sou seu namorado de novo? – Pediu.

A loira revirou os olhos sorridentes.

- Não se cansou disso ainda? – Quis saber.

- Jamais vou me cansar. – Beijou os lábios dela. – Jamais vou me cansar desses lábios, desses olhos, desse nariz... – Ia beijando cada parte que nomeava. – Desse pescoço... – Levantou a blusa dela. – Dessa barriga, desses seios... – Deslizou a mão por baixo da saia dela. – Dessas coxas... Ah Meus Deus, que coxas... – Foi subindo a mão.

Jen colocou a mão sobre a dele e o fez parar.

- Agora não, mocinho. – Advertiu-o. – Meus pais vão ligar daqui a pouco, não quer que eu os atenda com a voz ofegante, né? Minha mãe é muito perceptiva, iria notar.

O rapaz a desobedeceu e continuou o caminho das mãos até alcançar o lugar que queria.

- Diga que estava com seu namorado. Assim aproveito e me apresento a eles.

A moça gemia com os toques dele.

- Ai... Flainn, o que eu faço com você?

- Tudo o que quiser! – Ele sussurrou no ouvido dela e depois sugou a pontinha inferior da orelha, experimentando também o sabor da pele naquele local, foi lambuzando todo o pescoço dela com a língua.

Sem mais resistir, a atriz desabotoou os botões da calça dele, depois afastou de seu toque apenas para conseguir tirar a própria peça íntima, enquanto ele se livrava das suas calças também. Seus corpos queimavam de desejo.

Jennifer levantou a saia e se sentou no colo do namorado, encaixando-se no corpo dele. Ele lhe tirou a blusa junto com o sutiã e deixou sua língua explorar os seios dela, suas mãos apertavam-lhe a cintura ajudando na movimentação. Estavam quase chagando no máximo quando o telefone da moça tocou.

“Mãaaae” – ela leu a tela do celular em meio a um gemido.

- Não atende agora. – Pediu o rapaz, quando ela parou de se movimentar. – Estamos quase lá.

A loira o ignorou, sem se desencaixar dele alcançou o celular.

- Se eu não atender ela vai ficar preocupada, sempre atendo quando combinamos. – Oi mãe!

“Como está, filha?”

- Estou bem! Estava malhando. – Inventou uma péssima desculpa.

“Achei que detestasse malhar.”

- Estou praticando... – Ele apoiou as costas dela e, em um movimento rápido, a deitou no sofá, sem perder o encaixe. Ficando por cima dela. - Yogaaa! – Disse quase em um grito, lançou um olhar enfezado para Flainn. – Acabei de mudar a posição. – Não mentiu nessa parte. Sua respiração ficou forte quando ele continuou o que ela tinha interrompido. Ela tratou de tapar rapidamente o microfone de seu celular para que a mãe não ouvisse nada.

“Seu pai está querendo te fazer uma visita no próximo mês, disse que a saudade já chegou no limite...”

- Eu adorariiia.

“Estou planejando , lá pelo dia 8...”

 - Uhuuumm...

“Pensei em ver com sua irmã, quem sabe ela não quer ir também.”

- Isso seria realmente óoootimo – Tinha quase chegado no seu máximo, mas Flainn ainda não. Respirou fundo. – Só um minuto, Mãe. Tá ruim falar nessa posição, vou trocar. – Novamente não mentiu. Tapou bem o microfone do telefone e empurrou Flainn, ficando novamente por cima, intensificou os movimentos para terminar logo com aquilo.

Não demorou muito e seus corpos relaxaram.

- Quase me matou! – A loira falou antes de atender novamente a mãe. – Pronto mãe.

Demorou, era uma posição muito difícil?

- Era a última, achei melhor terminar para poder atende-la direito. – Nenhuma mentira.

- Fala para ela de mim. – Pediu Flainn, enquanto vestia as calças.

A loira o ignorou, começou a andar pela casa e continuou a conversa com mãe sem mencionar seu namorado. Isso o incomodou, estava com a expressão fechada quando ela se sentou a seu lado no sofá depois de desligar o telefone.

- Por que não falou nada? – Quis saber o ruivo.

- É cedo ainda. – Ela respondeu com naturalidade. – Vamos esperar as coisas ficarem mais sérias.

- Não estão sérias para você? – Perguntou Flainn aborrecido. – Porque para mim estão. – Levantou-se do sofá.

- Não é isso... – Ela tentou explicar.

- Foi isso que acabei de ouvir você dizer. – Falou ainda alterado e dirigiu-se à entrada do apartamento.

- Ainda é muito recente...

– Recente? Faz quase um ano que a gente se fala quase todos os dias... – O rapaz respirou fundo, estava visivelmente chateado. – Depois a gente conversa. – Saiu do apartamento.

Ela foi atrás. Teve que abrir a porta que ele já tinha fechado atrás de si e sair no corredor.

- Flainn, me desc...

O rapaz se virou para ela e rapidamente a empurrou de volta para o apartamento.

- O que está fazendo? – O ruivo perguntou depois de fechar a porta. – Não está vestida.

Ela olhou para si com os seios à mostra, usando apenas uma saia.

- Não podia te deixar ir embora.

Ele deixou escapar um riso fraco, balançando a cabeça de um lado par o outro.

- Eu não estava indo embora, Jenny, só ia dar uma volta? – Ele levantou um pé e o indicou a ela. – Olha! Estou descalço e a chave do carro com minha carteira estão ali. - Apontou para a mesinha do centro.

- É que você saiu com raiva...

- Claro que sim. Acabei de descobrir que vemos esse relacionamento de maneiras diferentes, mas não te deixaria por isso. Só precisava de um tempinho sozinho para entender o seu ponto de vista.

Jennifer suspirou aliviada.

- Não pense que não estou te levando a sério, mas tem todos os problemas que já sabemos. Só vamos descobrir se isso vai dar certo quando você não estiver aqui... – Segurou nos braços do ruivo, o verde de seus olhos penetrando nos olhos dele. – Eu já tentei relacionamentos a distância antes e nunca fui eu quem terminou, sempre foram eles que se chatearam. Eu sei que essas coisas são diferentes para homens e mulheres...  Eu consigo ficar sem a parte... física, mas...

- Calma, Jenny. – Envolveu a cintura dela. – Eu apressei as coisas mesmo, tecnicamente é recente mesmo, faz só uma semana que te pedi em namoro. Mas pode ter certeza de que se eu realmente precisar te sentir quando estiver longe, pego o primeiro avião para cá e venho te ver. Estaremos distantes, mas não incomunicáveis. Vai dar certo!

Jennifer soltou a respiração que estava retida e desatou a rir.

- O que foi? – Flainn perguntou sem entender nada, mas já contagiado pelo riso dela.

Ela não conseguiu responder, saiu dos braços dele e tentou segurar o riso mais isso só serviu para intensifica-lo ainda mais. Logo todo o apartamento parecia rir com ela.

 Segurando a barriga já dolorida ela tentou novamente.

- Eu.... – Risos. – Eu saí... – Mais risos. – Eu saí NUA no corredor. – Jogou-se no sofá.

- Saiu mesmo, sua louca! – Se jogou ao lado dela. – Imagina só se alguém fotografa isso? A manchete seria: Jennifer Morrison resolveu fazer topless no corredor.

Ela riu ainda mais.

- E no google quando procurassem seu nome – continuou o rapaz – não seria mais “Jennifer Morrison Braços” que apareceria, seria “Jennifer Morrison Peitos”.

Os dois riam desesperadamente até perderem o folego.

- Amanhã é nossa última noite juntos, o que quer fazer? – Quis saber a loira ainda com as feições alegre, mas já um pouco recomposta. Ele olhou maliciosamente para os seios dela e mexeu as sobrancelhas. – Fora isso, seu tarado! – Ela alcançou a blusa e se vestiu.

- Tava pensando em convidar o Colin e a Helen para jantar. Um encontro duplo.

Jennifer manteve o sorriso apenas nos lábios, seus olhos murcharam.

- Não acha que devíamos aproveitar só nós dois? – Tentou disfarçar, sem sucesso.

Flainn observou profundamente a namorada, tentando decifrar sua expressão.

- Eles são parte importante do nosso relacionamento. – Argumentou. – Além disso, a gente vai só jantar com eles, depois vamos ter a noite toda só para nós dois.

Jennifer busco outro argumento, mentir não era o seu forte e o silêncio que se seguiu pouco ajudava. Desviou o olhar para o chão e se entregou de vez.

- O que há de errado? – Quis saber Flainn.

- Eu e o Colin não estamos nos falando. – Jogou a verdade, ao menos em parte. Sabia que não poderia esconder isso para sempre, só não esperava a reação de grande espanto do namorado.

- Como assim? -Ele perguntou com mais volume do que o necessário.  – Ele não me falou nada!

A moça franziu o espaço entre sobrancelhas.

- Se eu, que falo com você o tempo todo, não falei, porque acha que ele te falaria em uma conversinha informal no set?

Um tanto quanto pensativo, o rapaz recostou a cabeça no sofá, sob a supervisão atenta de sua namorada.

- Porque brigaram? – Perguntou enfim.

O celular do rapaz tocou antes que recebesse uma resposta da namorada.

Enquanto ele atendia a ligação de seu agente, Jennifer aproveitou para pensar na resposta. Preferia não mentir, detestava isso, mas dizer a verdade era a última coisa que queria. Resolveu ir tomar banho, assim ganharia ainda mais tempo e, quem sabe, ele esquecesse o assunto.