"- Espera, Saky, Naru! - A menina que mais parecia uma bonequinha de porcelana, branquinha de cabelos curtos tão negros como a noite, olhos azuis que eram quase brancos, corria e suplicava ofegante.
Infortunadamente, tropeçou e caiu no chão. Sentindo a dor em seus joelhos e vendo seu lindo kimono sujo, os olhos encheram de lágrimas.
- Não chore, Hina! - Sorriu-lhe gentil, estendendo a mão para que a mesma levantasse. A sua frente, duas crianças adoráveis sorriam e confortavam seu coração: Uma menina linda, com um longo cabelo castanho claro, olhos verde cintilantes, pele rosada de aparência saudável. A outra criança era um menino com cabelo loiro rebelde, olhos azuis como o céu e marquinhas fofas nas bochechas.
"Não vou chorar" - Ela pensou. - "Eles estão aqui para mim"
- Não corram crianças! - Mais atrás, dois casais vinham sorrindo tranquilamente. Uma linda e confiante mulher ruiva de olhos azuis escuros, e seu marido, extremamente semelhante ao filho, com cabelo médio loiro e olhos azuis claros, um homem tranquilo, o oposto da mulher. O outro casal era um homem sério de longos cabelos castanhos escuros e olhos azuis claríssimos e a mulher com cabelo curto loiro e olhos verdes opacos.
Eu estou em paz..."
Wish I may, wish I might find my one true love tonight... A música ecoou nos ouvidos de Hinata despertando-a bruscamente. Alcançou o celular no criado-mudo, rezando para não derruba-lo pois suas mãos tremiam devido ao susto do alarme.
- Mas que merda, Hinata! Por que insiste em colocar as suas músicas preferidas como alarme, se depois acaba por odia-las?! - Suspirou, estava tendo aquele maldito sonho, ou melhor, lembrança, diariamente. Talvez porque sempre que passava por um momento ruim - o que vinha acontecendo constantemente - acabava buscando suas boas lembranças. Pensando em momentos ruins, acabou lembrando-se do ocorrido da noite anterior, do qual não queria nem se lembrar.
Havia ido a uma festa, a festa de Kiba. Não que gostasse de festas, mas Kiba é um amigo querido de anos e ela não queria decepciona-lo pois sabia que ele esperava sua presença na festa. É claro que como qualquer outra festa digna do Kiba, muito alcool por toda a parte - ainda que a maioria ali tivesse 14 e 15 anos -, mesmo que não gostasse de nada disso por ser uma garota muito responsável - e fraca quanto ao alcool - ainda assim compareceu. Sua irmã, é claro, iria a festa. Mas seu pai fez Hinata prometer que iria tomar conta de Sakura.
Resultado: Durante a festa, Sakura fez Hinata beber drinks fortíssimos, com a ameaça de que se a mesma não obedecesse, iria dizer ao seu pai o seguinte: "Papai, Hinata me largou lá na festa. Me deixou no meio de vários rapazes e saiu para beber com o namoradinho dela, Kiba" - Hinata lembrou-se das palavras com a voz fina e estridente de Sakura em seus ouvidos. Hinata obedeceu, pois sabia que seu pai acreditaria em qualquer coisa que Sakura dissesse, pois está consumindo pela culpa de ter terminando o relacionamento com a sua mãe. Mas que burrice cometera ao ouvir sua irmã! Durante a festa, ficou cambaleando e ainda vomitou nos tênis de Toneri - garoto que embora novato, já é do grupinho dos populares que Sakura lidera - além de receber um baita esporro do garoto que ficou enfurecido, ainda passou vergonha na festa de um amigo. Além disso tudo, quando voltou para casa, Sakura não cumpriu a promessa, ainda que Hinata tivesse obedecido suas ordens, disse o que havia dito que diria, o fato de que Hinata estava totalmente desestabilizada e cheirando a alcool quando chegou em casa, só deu mais forças aos argumentos de Sakura.
Havia caído como um patinho em mais uma das palhaçadas de sua irmã, e isso lhe resultou em um mês sem sair de casa e muita decepção por parte do pai - da sua mãe não, pois sua mãe sabia que Sakura sempre armava esse tipo de coisa, mas acabava que sua mãe nunca podia defende-la pois Hinata vivia caindo nessas armadilhas de Sakura - "Como uma idiota" - pensou.
Levantou-se, cuidou de sua higiene pessoal, vestiu o uniforme (link na descrição), atou seu laço rosa na região da gola de sua camisa - em seu colégio, o grau dos alunos é identificado pela cor dos laços e gravatas, os cor de rosa são do primeiro ano, os vermelhos do segundo e os pretos do terceiro. Nem fez questão de pentear seus cabelos, apenas fez duas tranças, uma de cada lado, como sempre fazia, seus cabelos são completamente retos, longos e pretos - antes eram brilhantes, mas agora são opacos e quebradiços por conta do descuido -, sem nenhuma franja nem nada de diferente, por isso, quando seus cabelos não estavam trançados, estavam simplesmente soltos, emaranhados e divididos ao meio. Sua saia também ficava sempre longa, na altura de seus joelhos. Também nunca usava maquiagem, nem mesmo um lip balm, o que fazia com que seus lábios fossem ressecados e quase sempre pálidos.
Ao sair do quarto, encontrou-se com Sakura já pronta. Sakura apresentava-se moderna e linda, cabelos longos e bem cuidados, com uma franja lateral que deixava-o com um ar descontraído, os quais ela mantinha tingido de rosa algodão á dois anos, uniforme perfeito com a saia na metade das coxas exibindo suas lindas pernas cobertas por uma meia preta que destacava sua pele branca e rosada. Em seu rosto, uma maquiagem leve colocava em evidência seus olhos verde cintilantes (ainda mais brilhantes do que o normal, pois usava uma espécie de lente sem grau para destaca-los) e sua boca rosa e de aparência macia.
Não que isso a fizesse de alguma forma melhor que Hinata. De acordo com os amigos da morena e sua própria mãe, não importa o quanto Sakura fosse bonita e popular, suas atitudes a tornavam podre comparada á Hinata. Não que Hinata fosse uma santa... No começo, entendia o ódio de Sakura sobre si e sua mãe, mas com o tempo, começou a pegar raiva da mesma também. Agora sempre que podia pagava na mesma moeda, afinal, ninguém é obrigada a aturar uma garota mimada e rebelde que desconta suas frustrações nos outros.
- Feia como sempre. Aposto que nem mesmo lava esse cabelo podre. - Sakura sorriu sínica, parecendo satisfeita com seus comentários rudes.
- Do que adianta ser bonita, se tudo o que tem ao seu favor é a beleza e uma língua afiada. Até mesmo para tirar uma simples nota em Artes precisa dar em cima do Shikamaru, sorte dele que não cai nas suas artimanhas, sua cobra. - Hinata respondeu indiferente, mas por dentro fervia com a raiva de ter que lidar com sua irmã logo de manhã.
Sakura deixou passar - mas Hinata sabia que outra hora teria o troco três vezes pior - e desceu para o café da manhã.
A morena suspirou lembrando-se do sonho bom que tivera, sentindo os olhos encherem de lágrimas.
- Os dias bons já se foram... Parece até que você os levou contigo, Naruto-kun...
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