História Amores Paralelos 2 - Child's play

POV Mônica

  “Lute! Se você desistir irá deixar de existir!”

  “Acorde! Sua filha precisa de você!”

  “Seu amado corre perigo!”

  “Mônica!!”

    Tudo que eu conseguia ouvir eram sussurros, mas eu não enxergava nada além da escuridão, meu corpo estava dolorida e eu não consigo levantar minhas pernas, minha cabeça dói e meus olhos não querem abrir.

- Ei, Mônica - senti tapinhas em meu rosto mas não consegui mostrar que estava acordada.

  Eu queria gritar para salvarem minha filha mas não conseguia fazer nada, nem mesmo levantar minha mão. Eu estou morta? Não posso estar morta, eu consigo ouvir.

- Alô? Mandem outra ambulância para cá, tem duas mulheres seriamente feridas - ouvi a voz de um homem mas não faço a minima ideia de quem seja. Duas mulheres? Quem seria?

“Irá mesmo desistir?”

“Pensei que você fosse mais forte!”

   Outra vez os sussurros, me parecem tão familiares, mas quando tento lembrar só enxergo um corredor branco.

- Hora da morte 15:00hrs, causa da morte Parada cardíaca!

 Ei eu me lembro disso, deve ser por isso que eu me sinto vazia, como se tivesse tirado um peso de meus ombros e esse peso levou junto minha alma. Não estou viva para ver meus pequenos com seus filhos, tive que abandonar meu amado com o peso na consciência de não ter contado a ele o meu maior segredo.

   O meu primeiro filho, não era dele e sim de DC.

POV Autora

      Cebola ficou um tempo olhando para o nada onde Cascuda havia passado com Cascão, ela abriu uma fenda na árvore e o arrastou para dentro dela, Magali correu para socorrer a Mônica que foi brutalmente arremessada por Cascuda contra árvore. A preocupação dela é que Mônica tenha entrado em coma pois esta não responde a nada que lhe é perguntado.

    Ele correu até sua casa e graças às janelas quebradas ele conseguiu entrar, estranhou quando viu um homem na escada, mas ao olhar seu rosto viu que se tratava de Arthur o ex-namorado da Mônica e mesmo incomodado com sua presença ali, Cebola deu prioridade aos seus filhos.

   Subiram juntos ao andar de cima mas tentando fazer o mínimo de silêncio possível.

- Você não parece ser minha mãe - Manu disse.

- Minha mãe não tinha essa cara deformada e não era maldosa - Matheus disse com a voz embargada em choro.

  Do corredor, Cebola e Arthur ouviam tudo em silêncio.

- Mas acontece que a mãe de vocês morreu e quem está aqui é apenas a alma dela - disse Irene com uma voz rouca e amedrontadora.

- Não cansa de assustar criancinhas? - Cebola entrou no quarto.

- Querido que bom que chegou, venha, vamos tirar uma foto em família - tentou tocar Cebola mas o mesmo se esquivou de seu toque.

- Irene, entregue minha filha - Arthur disse deixando Cebola confuso.

- Ela é mais minha filha do que sua - Irene disse e foi para o canto do quarto onde depois de um tempo o corpo de Monique apareceu.

     Irene não vestia nada além de um vestido branco fino com manchas de sangue e em seus braços correntes, inúmeras correntes. Monique estava pálida, seu frágil corpinho estava flutuando na frente de Irene, seu corpo pingava um fluido azul com a mesma espessura do sangue mas não é isso, era o sangue que corria nas veias de Irene, que fora derramado na boca da menina.

   Os gêmeos estavam de joelhos não chão, ambos olhavam fixamente para sua mãe morta, frustrados por não reconhecer a mulher que antes aparecia de surpresa em seu quarto para brincar com eles.

- Não diga besteiras, entregue meus filhos - rugiu Cebola.

  Com um movimento Irene colocou as crianças sentadas na janela, os olhos das crianças ficaram completamente azuis e em seus lábios um sorriso diabólico surgiu, Irene apenas riu.

- Quer? Vai pegar - e rindo os gêmeos pularam pra fora.

- Não - gritou Cebola correndo até a janela para tentar salvar seus filhos. Mas tudo que viu foi Magali tentando acordar Mônica ao pé da árvore.

- Vá embora - gritou Arthur.

- E se eu não quiser? - desdenhou Irene.

- Sofrerá as consequências - falou Arthur se aproximando dela. - Entregue minha filha - ordenou. Por algum motivo os olhos azuis ficaram verdes e rapidamente Irene o entregou Monique que começou a cuspir todo fluido azul.

- Já cansei dessa brincadeira - disse Irene indo até a janela e se sentando nela, mas antes de pular seus lábios formaram uma frase que ecoou como sussurro no ouvido de Cebola. “Me ajuda!” e após isso ela pulou.

   Os gêmeos apareceram chorando na porta do quarto e seu pai correu até preocupado caso tivesse ocorrido algo com eles. Arthur apenas ficou ali, com Monique no colo olhando para seu rosto, admirou sua filha antes de entregá-la a Cebola e sem dizer uma única palavra ele partiu de volta a sua casa.

  Magali deu dois tapinhas no rosto da Mônica que resmungou alguma coisa antes de abrir seus olhos, seus olhos estavam azuis mas rapidamente tomaram um castanho escuro intenso, se sentou e olhou ao redor. Não lembrava de absolutamente nada que havia ocorrido e seu corpo não havia mais dores, porém ela se lembrou de uma coisa.

- Eu sei onde o Cascão está - foi a primeira coisa que ela disse.

- Me leve até lá, terá que me ajudar de todas as formas possíveis, hoje é uma noite sem lua e se eu usar minhas forças, isso irá afetar minha filha - disse Magali ao levantar.

  Mônica a levou para sua casa, ao entrar seguiu em direção ao seu quarto, onde era o único cômodo com claridade, abriu a porta e se deparou com Cascão amarrado na cama. Magali olhou para a amiga sem entender nada mas notou uma coisa, com todo aquela claridade sua amiga não possuía sombra.

- Vá solte-o, ela não está mais aqui - Monica disse.

  Magali assentiu e foi libertar o marido, que possuía cortes e arranhões, e em seu pulso um rastro de gosma azul, Magali soltou seu marido e o abraçou. Por ser uma noite sem lua, se ela usasse seus poderes, sua filha poderia ser afetada e Magali nunca iria machucar sua filha, mas algo dentro de si dizia que quando essa criança nascesse, o que aconteceu hoje iria ser apenas um leve acontecimento.

“Os sábios dizem que as crianças nascem com um dom,

Dom de ver através do véu que divide os mundo.

Monique consegue ver quem sua mãe é de verdade

E os gêmeos, sabem que nessa história,

sua mãe é a vítima!”