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História AmorTemQuatroLetras - Rivalidade gemelar


Escrita por: Believe8

Capítulo 25 - Rivalidade gemelar


Daniel sentou na sala de sua casa, cansado. Na verdade, tentava se sentir em casa naquele novo apartamento, aquele lugar desconhecido. A primeira coisa que ele e Carmen fizeram ao ficar noivos foi comprar um apartamento, em fase final de construção, e se mudar para ele antes mesmo de subirem no altar.

Viveram no mesmo lugar por quase vinte anos, começaram sua vida à dois ali, conceberam os três filhos, passaram por toda a loucura da gravidez das gêmeas. Daniel pintou a parede de cada um dos quartos, montou os berços e depois as camas. Apesar de pequeno para cinco pessoas, aquele era o lar deles, o lar no qual sua família se construiu.

E agora, seria o lar de outra família, porque não pertencia mais a eles. Porque ele e Carmen erraram sem parar, e agora o castigo divino caia sobre eles.

Nina e Malu já não conseguiam ficar mais no mesmo quarto, ou no mesmo ambiente. Não era difícil que a mais velha fosse para o quarto do irmão, ou então dormisse na sala. Ele e Carmen acreditaram que, quando Malu começasse o tratamento, as coisas melhorariam.

Mas não houve nem tempo para isso. Acordaram em uma madrugada com gritos desesperados e perderam o chão ao entrar no quarto das filhas. Malu tinha uma tesoura em uma mão e o cabelo de Nina na outra.

“O que você fez?” Gritou o pai, abismado.

“Agora ninguém vai confundir a gente... Nunca mais.” Malu sorriu, soltando os cabelos da irmã em cima dela. Nina chorava encolhida na cama, assustada. “Meu cabelo sempre foi o mais bonito, nada mais justo que continue sendo o longo.”

“Você ultrapassou todos os limites, Malu.” Carmen tremia, de medo e de raiva.

“Você diz isso todas às vezes, mãe.” A menina revirou os olhos, colocou a tesoura na mesinha cabeceira e deitou na cama. “Boa noite.”

“Nina, meu anjo... Vem com a mamãe.” Carmen foi até a filha, a abraçando. “Vem, vamos para o meu quarto.”

E Daniel apenas pôde observar a outra filha, que dormia angelicalmente. Pela primeira vez, ele realmente teve medo. Temeu pelo que seria de sua primogênita, exposta ao ódio gratuito e desenfreado da gêmea.

No dia seguinte, enquanto Carmen tentava reparar o estrago no cabelo de Nina, Daniel fechava a compra de um novo apartamento, com mais quartos. Um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, mas no qual Nina estaria mais protegida das loucuras da irmã.

A mudança foi rápida, demorou menos de uma semana. O apartamento estava inacabado, os móveis pela metade, quase tudo ainda encaixotado. Mas os quartos tinham trancas internas, e isso significava que estariam seguros.

Que bela merda de lar.

“Amor?” Carmen apareceu, a aparência cansada que vinha a acompanhando há meses. “Desembalou o sofá e a TV?”

“Quis tentar fazer parecer que esse lugar é nossa casa... As pessoas assistem TV em suas casas, não é?”

“Eu sei que você não queria essa mudança, Dan... Eu também não queria.” A esposa sentou ao seu lado, se escorando em seu ombro. “Mas, agora, estaremos seguros.”

“E você acha que isso é vida, Carmen? Termos que nos trancar dentro de nossa própria casa, para estarmos seguros? Nos protegermos de nossa filha?” Os olhos do homem se encheram de lágrimas. “Se é por esse caminho, vamos fazer o que a médica propôs e internar a Malu.”

“Eu não vou trancar nossa filha como se ela fosse louca, Daniel.” A mulher se levantou, transtornada.

“Mas está forçando a Nina e o Nico a se trancarem para proteger dela, e nós também. Há alguns dias foi o cabelo da Nina... E amanhã? E semana que vem? Quem me garante que eu não vou acordar um dia, olha para o lado, e ver você furada por uma faca? Ou eu estar furado? Os nossos filhos?” Daniel também se levantou, nervoso.

“A Malu tem bondade nela, Daniel, você sabe disso. Nossa filha não é má, ela só está passando por um período difícil da doença dela. E precisa de nós dois, da nossa confiança e do nosso amor.” A mulher tremia. “Nós não podemos cometer o mesmo erro duas vezes.”

Ele nada disse, apenas a puxou para junto de si e a abraçou com toda a sua força. Carmen se deixou chorar junto à ele, cansada. A verdade é que estava exausta daquele fardo que Deus havia lhes entregue, mas não podia ceder, jamais... Na maternidade, havia jurado para Ele que cuidaria das duas com sua vida, e o faria se fosse preciso.

~*~

“Nina?” Liam bateu na porta do quarto da garota, não obtendo resposta. Tinha quase uma semana que não a via, desde o acidente com Malu. Mas não por falta de tentativa, já que ia atrás dela todos os dias.

Sabia que ela estava com vergonha de sua aparência e do estado de seu cabelo. Malu havia cortado uma única vez, mas o fizera com um rabo que pegou quase todo o cabelo da gêmea. E apesar de não ser tão vaidosa, Nina cuidava muito bem dos cabelos e tinha orgulho da aparência dos mesmos.

“Vamos, pequena, me deixa entrar.” Pediu o Rabinovich, ansioso.

“Eu não quero que você me veja assim.” Ouviu do outro lado.

“Nina, se formos esperar seu cabelo voltar ao tamanho de antes, vamos ficar meses sem nos ver. E você vai acabar perdendo o ano escolar.” Ele chamou a voz da razão.

Demorou alguns segundos, mas ela destrancou a porta. Liam prendeu a respiração de ansiedade, sem saber o que iria encontrar. E então sorriu, aquecendo o coração dela.

“Está linda!”

“Estou nada... Meu cabelo está do tamanho do seu.” A menina baixou os olhos, corada.

“Mas está bem melhor do que o meu, garanto.” Ele a puxou pela cintura, dando um beijo delicado. “Vem, vamos sair.”

“Eu tenho que desempacotar minhas coisas, Liam.”

“Prometo que vou te ajudar com isso, pequena. Mas, agora, você precisa vir comigo, ok?”

Aquele era um fim de semana tranquilo. Ravi e Emma estavam na praia, com os avós dos garotos; Luca estava viajando com os pais e a irmã para Monte Verde, e Sara tinha ido para Campinas com a mãe, para participar de um torneio de ginástica. Os primos Guerra iriam almoçar com os avós e dormir na casa deles. Era o dia perfeito para colocar seu plano em prática!

“Aonde nós vamos, Liam?” Perguntou Nina, vendo que eles estavam a pé.

“Você vai ver.”

A casa dos Carrilho era perto do apartamento novo da família Zapata. Nina adorava a casa dos avós, e sempre ia com os amigos lá quando pequena. Gostava, especialmente, de uma copaíba que crescia no jardim do fundo, plantada pelos donos originais da casa, décadas antes. Nela, construíram uma casa de madeira e penduraram balanços.

“Meus avós saíram?” Ela estranhou ao ver Liam sacas as chaves.

“Foram almoçar na casa do seu tio, lá em Sorocaba. Segundo a sua avó, ela acha ultrajante ele morar tão longe com os netos dela.” Liam riu ao falar isso. “Ela não percebe que demora quase o mesmo tempo para ir à casa dele e para tentar atravessar São Paulo até o lugar onde ele e a tia Diana moravam.”

“Nós já falamos isso pela menos um milhão de vezes. Mas ela insiste que é mentira.” A menina revirou os olhos, enquanto caminhavam para os fundos da casa. “O que nós estamos fazendo aqui?”

“Qual o lugar que você mais ama no mundo, Nina?” Liam parou de frente para ela, segurando seu rosto.

“A casa na árvore. É o meu ponto de paz.”

“Eu sei. Por isso preparei uma surpresa.”

Ele abriu a porta da varanda, deixando ela passar. Os olhos da menina brilharam ao encarar a árvore e ver dezenas de fotos pendendo dos galhos. Se aproximou, constando que elas contavam a história da vida deles.

“Eu lembro de todos esses momentos.” Confessou ela, emocionada. “Cada um dos nossos aniversários, nossas viagens, nossas travessuras.”

“Tem mais dentro da casa.” Avisou Liam, parando ao lado da escada. “Depois de você.”

Ela subiu ansiosa, já imaginando o que ele teria feito. Seus olhos brilharam ainda mais ao entrar na pequena construção de madeira e encontrar as paredes forradas por desenhos e retratos.

“Liam... É lindo!”

“Olha com atenção, Nina.” Ele disse baixinho no ouvido dela, causando arrepios.

A menina então encarou todo o cômodo, buscando algo que ele pudesse ter escondido. E ali, no meio da casa, saltando em frente aos seus olhos, estava a caixinha com o balão de coração.

“Quer namorar comigo?”

Ela leu a inscrição no balão, já caminhando até ele e pegando a caixinha. Dentro, encontrou o par de anéis de prata e sorriu. Soltou o fio do balão da caixinha e se virou para Liam, que esperava ansioso.

“É claro que eu quero, seu maluco.”

“Graças a Deus.” Ele ergueu as mãos aos seus.

Nina gargalhou ao ver isso, e foi o tempo para que ele a alcançasse e erguesse do chão. Lhe deu um beijo cheio de paixão e rodou com ela no lugar, os dois exalando felicidade.

“Eu te amo, pequena.”

“Também te amo, maluquinho.” Riu a menina, colando a testa com a dele.

Liam a colocou no chão, pegando a caixinha e tirando os anéis. Colocou o menor no dedo dela, deixando que ela fizesse o mesmo em sua mão.

“Você me fez o cara mais feliz do mundo, Nina... Juro.” Garantiu o rapaz, segurando o rosto dela com delicadeza.

“Não mais do que você me fez.”

~*~

Carmen desligou o celular, sorrindo. Fazia tempo que não sentia uma alegria tão genuína quanto a de ouvir a animação de Nina ao telefone, contando que Liam a havia pedido em namoro.

Autorizou os dois a ficarem na casa de seus pais até mais tarde, para aproveitarem todo o ambiente que Liam havia montado para o pedido. Daniel saiu com Nico para buscar pizza para os dois, mas concordou em deixar a comida lá e dar no pé, sem atrapalhar o novo casal. Sabiam que a filha era extremamente ajuizada e não teria coragem de dar um passo grande assim depressa.

Preenchida de alegria, voltou ao processo de desembalar as coisas da cozinha, já que era o cômodo que mais iriam usar desde o começo. Quando ouviu a porta da frente, já sabia que era Malu, mas quase caiu para trás ao vê-la.

“O que você fez com o seu cabelo?”

“Gostou? Ficou melhor em mim do que na Nina.” Malu mostrou os fios curtos, idênticos ao da irmã. “Fazia tempo que eu estava querendo deixar assim.”

“Se você queria cortar, por que cortou o da sua irmã?” A mulher tentava manter a calma.

“Não sabia se ia ficar realmente bom. É um corte meio masculino, podia não dar certo.” Lembrou a menina, encarando o reflexo no micro-ondas. “Mas se ficou bom na Nina, com certeza ficaria perfeito em mim.”

“Malu, filha... Nós vamos ver a doutora Julia amanhã!”

“Não quero mais ir na psicóloga, mãe, cansei. É uma coisa tão chata.” Desdenhou a jovem.

“Eu não estou perguntando se você quer, Malu. Eu estou avisando que você vai e acabou.” A mãe ergueu a voz, assustando a menina. “Eu estou lutando, filha... Mas eu não posso lutar sozinha.”


Notas Finais


Oi gente! Primeiro, desculpem o sumiço. Como alguns sabem, eu estou no meio de um processo de garganta muito inflamada, e tenho estado beeeem ruim nesses últimos dias. Ontem à noite quase fui parar no hospital, por não conseguir respirar! Já estou medicada e melhorando, mas ainda sim, é foda!
Não foi nenhuma aliança sendo dada na Disney (invejinha boa da Larissa Manoela nesse momento, porque né), mas achei esse pedido de um amor sem tamanho <3
Capítulo que vem veremos a audição da Emma para o ballet, a consulta de Roberto com o médico, e o encontro da Malu com a psicóloga, além de ter um momento do Davi e sua doença. Preparem os forninhos, ok?
E vejam o vídeo novo no Youtube. Para quem quer me conhecer um pouco mais no pessoal, o vídeo de hoje ajuda bastante nisso HAHAHAHA https://youtu.be/1hrFSp4W4jo
Até o próximo gente!
Beijos ;*


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