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História Amostra Humana. - Esquemas e consequências.


Escrita por: Korrah

Notas do Autor


No capítulo anterior:
Bulma recobra a memória e ao mesmo tempo descobre as reais intenções de Kakarotto sobre sua estadia na nave.
Se vê sem nenhum aliado...

Capítulo 14 - Esquemas e consequências.



- O que é isso? - Bulma perguntou para Kakarotto, enquanto este escrevia alguma coisa. 
    Estavam no armazém. Por algum milagre o jovem arrumara tempo para fazer suas obrigações secundárias, e por coincidência, no horário em que Bulma costumava estar lá. Ela segurava a cápsula de metal que era muito parecida com as que produziam na Terra. 
 
- É uma cápsula que guarda volumes. Aonde encontrou? - ergueu uma sobrancelha.
- Estava no chão. - explicou. - Imaginei que fosse seu.
- Hum.
    E ele a pegou, girando entre os dedos. Em seguida a depositou na madeira do móvel que o servia de escrivaninha. A moça se encostou por ali também, cruzando os braços e o olhando.
- Freeza quem produz? - deduziu. 
    O rapaz ergueu uma sobrancelha, sem parar de escrever. Bulma andava indiferente. Mas bem, ela sempre fora curiosa...
- Não sei ao certo quem faz. Mas a fábrica de produções principais fica nas colônias. Como é muito eficiente para guardar peso, Freeza começou a distribuir entre nossos exércitos.- deu uma pausa, para olhá-la. - Mas ainda é novidade. Não é todo mundo que tem. É de seu interesse? 
    Bulma não saiu de sua pose de defesa.
- E o que não é? - se movimentou, pegando um saco.
    O rapaz refletiu sobre o assunto, e voltou logo a escrever. Ele não tinha tempo para amolações. E enquanto isso, Bulma lembrava-se do instante em que descobrira que o saiyajin era um farsante. 
    Depois de repetir aquela gravação inúmeras vezes, sem querer acreditar, chegou a conclusão de que Kakarotto não era seu aliado. E por mais que ela quisesse que fosse só uma brincadeira de mal gosto, ou um truque da parte do rapaz, toda vez que rebobinava o áudio a verdade se revelava arrebatadora. Ele era seu maior confidente. Seu... amigo, arriscou ao pensar. Novamente, se sentira sem defesas. No momento ela não teve tempo de se importar com a rapidez das lágrimas. Sentiu a vontade insuportável de jogar para fora toda a tristeza que a preenchia, porque percebia que realmente estava sozinha. E chorar para Bulma era um sinal de fraqueza. A vida toda as pessoas lhe apontaram dedos, dizendo-a que era incapaz. E ela era muito boa em mostrar que não. Quantas vezes derrubara julgamentos e ideologias negativas... Ela ia atrás, e provava que com determinação e força de vontade se era possível alcançar o até então, impossível. Mas sempre havia o “porém”. Antes da prova, havia a negação... e talvez essa fosse a pior parte de suas conquistas. Eram nessas horas que seu pai aparecia e sempre sabia o que dizer. Como ela queria que ele estivesse com ela. 
    O vazio em seu peito aumentou de repente. Como previra, tudo o que era importante antes era extremamente doloroso. Seu emocional se tornou um aglomerado de pensamentos ruins.  
    E quase como uma luz ao fim do túnel, o seguinte pensamento se manifestou.
    “A cápsula do armazém.”
    Ergueu a cabeça rápida. Se Kakarotto a possuía era porque alguém estava fazendo, e somente seu pai sabia a fórmula. Seu velho era um homem renomado por sua genialidade... Quem não pagaria milhões por ele?  E graças a isso, uma chama de esperança foi acendida.
 
    Sabia que seu pai estava vivo. Em algum lugar. E ela iria encontrá-lo.  
    Foi de grande ajuda quando Kakarotto dissera que aquelas cápsulas vinham das colônias. O olhou de soslaio discretamente. Brigava consigo interiormente por ter agido de forma muito fria. Se sua relação com o saiyajin seria uma farsa a partir do momento em que ela descobrira as verdadeiras intenções dele, já era de se esperar que o tratasse com certo desdém. Mas também não queria que aquilo transparecesse com facilidade, afinal, precisaria continuar fingindo ser a garota boba que não tinha memórias de longo prazo para obter informações.  Até quando? Ela não previu uma data. Mas já adiantava sua escapatória.
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       Acionou o botão do lixo, e o mesmo desapareceu. Arqueou o corpo para frente, olhando a tampa transparente. A teoria dos tubos interligados ao fim ainda fazia muito sentido, e em sua concepção, aquela era a melhor saída. Uma saída suja, mas livre. 
    As outras portas eram todas bloqueadas. Ninguém entrava e ninguém saía. Certificou-se daquilo quando olhou para o painel da porta do armazém. Estava muito bem trancada. 
    Pensou. Apenas sair da nave não era suficiente. Estava no espaço, não cruzaria a próxima nebulosa e encontraria um planeta, disso tinha certeza. O espaço era como o mar. Ela não conseguiria calcular o tempo que perderia, o combustível o oxigênio e os mantimentos necessários. Uma jogada na direção errada podia resultar numa morte lenta. Talvez conseguir propriamente a nave e os mantimentos fosse de menos comparado aquilo! 
    E não podia esquecer daquela coisa de planetas catalogados e não catalogados no império...     A fuga seria difícil!
    Alcançar todos os seus objetivos individualmente, sem o conhecimento de quem já sabia, seria um tiro no escuro. Raciocinou. Imaginou que precisaria se tornar perita no assunto em questão de dias e ter as respostas certas das pessoas certas. Bem, aprender para Bulma Briefs nunca fora um problema, ela só precisaria dos materiais corretos. Mas no íntimo ela sabia que livros didático e mapas nunca se comparavam a verdadeira experiência dos que já sabiam e que estavam acostumados com aquele tipo de rotina. Por um momento se lembrou dos lobos do mar. Será que também haviam lobos no espaço?    
    Engoliu em seco quando ouviu a porta abrindo. Voltou a passar pano no chão. 
    Raditz passou por ela e abriu um tipo de armário, lá dentro havia um pouco de tudo. Talvez substâncias químicas e amostras de DNA... Guardou na memória. Era bom guardar tudo.
    Faltavam cinco minutos. 
    Cinco minutos para encontrar o tormento dos tormentos. Rolou os olhos só de lembrar. Porém não foi precisamente Vegeta que a assombrou segundos depois, e sim Brolly. Ela precisava das pessoas certas, refrescou o pensamento, e ele não era a melhor pessoa com quem podia contar... Mas precisava tirar a prova sobre sua teoria do lixo. Kakarotto ou Raditz não seriam de grande ajuda... Pegou os equipamentos de limpeza, e guardou no carrinho, saindo mais cedo que de costume. Não que Raditz fosse de reparar em tudo o que a terráquea fazia, mas percebeu aquilo. 
     
    O cozinheiro mal humorado a deu o que precisava, e ela saiu do refeitório seguida por olhares. 
    Agora que se lembrava de sua vida, esse fato não pareceu mais abala-la. Bulma sempre atraiu olhares. Era o tipo de garota que os homens paravam para olhar duas vezes. Não gostava de se vangloriar por isso, mas era a realidade. Por isso pensou em Brolly, porque seriam seus “dotes” físicos que o convenceria a dá-la o que queria. 
    Como esperava, ele estava escoltando aquele dia. Sorriu de canto e abriu a porta da entrada da cela. A principio Bulma fingiu que não havia notado. Assim que estava dentro, não pensou muito ao andar até a prateleira de metal. Ou aquilo estava virando rotina, ou se lembrar de quem era fez com que sua pose convencida voltasse e ela ignorasse o medo que sentia do prisioneiro. 
    Mas foi só notar o olhar de desagrado dele que ela recordou que aquilo ainda existia sim, nas profundezas de sua mente. De certo, ele ainda estava incrivelmente zangado pelo dia anterior, quando ela despejara o almoço dele na gaveta como se ele fosse um porco ou animal semelhante. Respirou fundo, e começou o procedimento para o preparo da sopa. E Vegeta reparou, de repente ele não era mais o ser tão observador do ambiente. Ela lançou um olhar de soslaio ao redor da cela, procurando algo. 
- … A câmera está na lateral da parede. - ele disse, de repente, a despertando. 
    E era verdade. Ela encontrou, no alto, no interior da cela. Precisava ter cuidado com ele. Ele tinha uma boa percepção das coisas. Provavelmente já fazia mais deduções em sua cabeça, para decifrar o que ela queria com aquilo. E daquela vez a resposta não era muito difícil. 
    Ela respirou fundo outra vez, mantendo sua pose de defesa. “ Apostar nas pessoas certas”, pensou. Até então ela nem pensara em Vegeta, mas a curiosidade pareceu maior. Soou como quem não queria nada. 
- Você acertou. - isso atraiu a atenção do saiyajin. - Tomaram meu planeta, me perdi de minha família e fui capturada.  
    Quando ele entendeu o que ela queria dizer, cruzou os braços e se escorou na parede, como se a expressão fechada de antes nunca tivesse existido. Ele devia ser bipolar, pensou Bulma. 
- Está mais comunicativa hoje. A quem devo essa honra? - indagou, em tom de deboche.- Ninguém te chamou de vadia ainda? 
- Este papel fica a seu critério. - disse a altura. - Conseguiu comer alguma coisa ontem? 
- Você é muito insolente. - sorriu malicioso, negando com a cabeça. - Eu dei meus pulos. Mas e o  capitão? Conseguiu comer alguma coisa ontem? - pagava na mesma moeda, realmente cumprindo seu papel. 
    O filho da mãe tinha a língua tão afiada quanto ela! Mas Bulma não se deixou abalar, também esboçou um sorriso, tão sarcástico como o dele. Sabia que trocar ofensas não os levaria a lugar nenhum. Resolveu ser mais direta.
 - Ouvi dizer que é um príncipe. - dessa vez não havia um pingo de ironia em sua fala, mesmo com o sorriso em sua face. - Tenho certeza que teve o que quis a vida inteira, afinal, pra você tudo foi mais fácil. Devia ser venerado, até Freeza aparecer. Ele é a causa de sua prisão. Só basta saber o que realmente aconteceu... E imagino que foi algo grave, já que agora você é uma vergonha para seu povo. 
    A expressão de Vegeta se tornou mais dura. Ele se aproximou lentamente, com os olhos petrificados nos dela. 
      
- Você mesma disse, sou um príncipe. - entonou sua voz de “calmaria traiçoeira”. - Devia abaixar a cabeça quando me rebaixo para falar com você.
    Bulma não moveu um músculo. Precisava mostrar – ou fingir - para ele que estava por cima. 
- Claro. - arqueou as sobrancelhas. - Afinal, alguém em sua posição é superior a todos nessa nave. 
- Disse a prostituta. - agora ele parecia ainda mais próximo. - Sabe no que tenho pensado? - a garota não respondeu, continuou o encarando. - Em como vou te matar. 
    Bulma rolou os olhos e voltou a fazer a maldita sopa. Mas o ex-príncipe nem se importou de continuar. Ela estaria ouvindo de qualquer forma.
- Se pudesse fazer isso de maneira lenta, com toda a certeza, o faria. Porém, o tempo em que vou estar fora da cela vai ser muito curto... então vou ser obrigado a ser rápido. Mas eu teria coragem de fugir por alguns minutos só para te encontrar. - deu uma pausa, o que a fez olhá-lo por alguns segundos, com sua melhor expressão de desdém. - E quando a encontrasse, apertaria sua cabeça. Apertaria até que ouvisse seu crânio quebrando e visse seus miolos e sangue do lado de fora, em minhas mãos. 
    A visualização do pensamento embrulhou o estômago de Bulma. Ele só podia ser doente...
-E só aí, eu finalmente sentiria a doce satisfação que sinto quando me livro de tipos como você. - ele devaneava, com a mente distante.
    A azulada contou até três, ergueu o pote e então se aproximou da cela, sem tirar os olhos dele.
- Esse dia pode ser hoje? - perguntou rouca.
    Ele também não desviou os olhos um segundo.
- … Pra sua sorte não. 
    E ela depositou-o na gaveta. Aquela conversa ainda não havia acabado...
    Virou-se recolhendo a bandeja e a sujeira, e saiu.

    Quando estava fora do alcance de visão do prisioneiro seus pulmões pareceram lembrar que precisavam de ar. Encarou o chão, cerrando os punhos e se esforçando para não começar a tremer como uma vara verde. 
- Vai ficar aí parada pra sempre? - a voz de Brolly a trouxe de volta ao mundo real. 
- D-desculpe. - gaguejou, mas logo retomou seu objetivo. - Eu só estou um pouco...avoada.
- Que isso não se repita. - avisou.
    Ela acenou, e se direcionou ao corredor, e quando estava prestes a cruzá-lo virou intencionalmente de novo para Brolly.
- Posso... - começou, mas mudou de ideia. - Desculpe. - balançou a cabeça negativamente.
    Brolly não era estúpido aquele ponto e sabia que estava estritamente proibido de tocar naquela garota. Mas ela era tão graciosa. A pele branca parecia ser tão macia, os cabelos azuis só a deixavam ainda mais em evidencia... E que corpo ela tinha! Era nova, mas era toda formada e proporcional em todas as áreas... 
    Sua maior fraqueza sempre fora uma boa mulher. 
- O que foi? - indagou, olhando ao redor, sem querer ser pego.
- Eu... - Bulma se aproximou, falando pausadamente como se estivesse realmente nervosa por pedir aquele favor. - Eu deixei meu anel cair no lixo enquanto limpava o laboratório.
- Por que isso seria da minha conta? - ergueu a sobrancelha.
- Porque preciso de ajuda para encontrar. - juntou as mãos, suplicando. - Por favor, tem um valor sentimental muito grande pra mim!  
    Ele ficou desconfiado. Ela não teve escolha. Era sua vida que estava cada vez mais por um fio.
- Eu faço qualquer coisa. Por favor...
    E por mais que a consciência de Brolly o desse avisos de que aquilo não era o melhor a se fazer, sua carência e período na seca falaram mais alto.
- Me encontre daqui há uma hora. Na cozinha do refeitório.
    Bulma acenou que sim, e saiu de maneira discreta. Já sabia que teria dificuldades em se livrar de Brolly depois, como consequência. Precisava começar a pensar em um jeito de se livrar dele logo. Mal terminou de chegar próxima ao andar dos dormitórios e deu de frente com Tonma. 
O deu passagem brevemente, mas esse continuou parado.
- Não imaginei que essa nave era tão grande. - coçou a cabeça, com um humor natural, diferente dos outros. Ela até se surpreendeu. - Viu Kakarotto?
- Não. - disse baixo. 
    Tonma não era de notar muitas coisas e nem se importar, embora estivesse mais receptivo nas últimos décadas. Ele estava presente quando Nappa dera a ideia de encarregar a garota para servir o ex-príncipe e inclusive não contestara a decisão em nenhum momento, mas havia algo em Bulma que o fazia crer que ela não era má pessoa, apesar de ser inferior aos demais saiyajins.  Percebeu o desconforto dela ao se referir ao capitão. 
- Aconteceu alguma coisa? 
    Foi uma pergunta sincera, sem segundas intenções. Bulma levou em conta o fato dele e de Kakarotto serem velhos conhecidos. Devia conhecer o rapaz desde que o mesmo nascera e provavelmente estranhava aquela atitude. E apesar disso, a garota sabia que não podia vacilar com ele. Justamente por conta da ligação que ele e o capitão tinham.
    Vendo o silencio da parte da moça, Tonma resolveu continuar a falar.
- Sei que sua presença e posição aqui é complicada garota. Conheço minha natureza. Não é fácil lidar conosco.
    Não mesmo, pensou o óbvio. 
- Mas Kakarotto não é ruim. Só... - procurou as palavras. - Confuso. 
    A frase chamou sua atenção.
- Confuso? - repetiu, como quem não tinha entendido. 
- É. Ele não se encaixa nesse “conosco”. Muita coisa aconteceu na vida dele. - ele deu de ombros, encerrando os detalhes, antes que Bulma questionasse. - Mas de todos os homens aqui, ele é o melhor com quem poderia estar. Está segura com ele, pode acreditar.- a assegurou.
    Ela engoliu em seco, sentindo o velho nó. Estava tão furiosa, e ao mesmo tempo tão decepcionada com Kakarotto que não conseguia pensar em nada positivo a respeito dele. Tonma devia começar a listar melhor as pessoas em que confiava. Mas teve que se forçar a dizer um “Eu sei”, e depois esboçar seu melhor sorriso de gratidão.
    Tonma tocou em seu ombro, e logo tomou seu rumo. 
    E o que veio em seguida para Bulma foi a dolorosa verdade de sempre.


    Kakarotto, por outro lado, continuava no armazém. Tinha deixado tanta coisa parada que ficou acumulado. Nunca pensou que ser um líder era tão trabalhoso. Justo ele que pensara que o cargo de capitão era o mais tranquilo...
     Se um fragmento de pedra arranhasse a pintura da nave, ele precisava fazer um maldito relatório ou reunião sobre aquilo! Não aguentava mais tanto trabalho. Virou o braço automático e acabou derrubando o líquido que estava bebendo, sujando toda a folha.
- Porra! - se ergueu bruscamente, vendo que também tinha se sujado.  
    Tentou salvar o arquivo, mas a tinta começou a ficar borrada. Rasgou e jogou para longe. Teria de começar do zero! Empurrou a mesa na raiva, e o baque fez alguns lápis caírem. Quase arrancou tufos do cabelo, se não fosse por aquele tintilar de alumínio. Lançou um olhar em direção ao chão. Lá estava a cápsula. A cápsula quase idêntica a da tal Corporação Cápsula. Suspirou. Freeza realmente sabia investir num bom negócio. Ele não se contentava em apenas tomar a moradia de milhares de seres, ele ainda roubava as invenções revolucionárias de terceiros -  que provavelmente levavam uma vida de dedicação e estudo apenas para suas criações - , e ficava com os lucros só para si.  
    Se abaixou para pegá-la, e assim que a tinha em mãos a mensagem que havia recebido há cerca de dois dias passara por sua mente. Pelo que sabia, somente generais e soldados de grande influência haviam recebido. Devia se sentir lisonjeado? Enfim, ao que parecia, o dono da tal corporação que criara aqueles curiosos “guarda volumes”, tinha uma herdeira. E ela era tão valiosa quanto o lucro que aquelas coisinhas davam. Uma foto sua viera anexada na mensagem, como referência. Seu nome era Tights. As principais informações a seu respeito eram que era loira, branca e terráquea. Se fosse fácil encontrar alguma garota daquele jeito por aí...  
    Freeza exigia que fosse encontrada, “doando” uma grande quantia como incentivo para a busca. A ideia de virar um caçador de recompensas era tentadora para Kakarotto, mas ele tinha mais com o que se preocupar. Sem contar que assim que a missão acabasse, ele pegaria seus prismas e ficaria um tempo longe do espaço. 
    Juntou uma quantidade razoável de objetos e acionou o botão do equipamento. Em questão de segundos, uma fumaça saiu do mesmo, e como num passe de mágica boa parte das coisas havia sumido. Pelo menos quatro ficaram de fora. 
    Ergueu as sobrancelhas. A Cápsula original que encontrara na Terra conseguia guardar mais coisas. Talvez aquelas precisassem ser mais aperfeiçoadas...


    Uma hora havia se passado e Bulma já estava na cozinha do refeitório, esperando o saiyajin de elite. Estava um pouco nervosa, admitia. Não fazia ideia de que tipo de proposta ele faria e nem que lugar a levaria... Ficava difícil arranjar uma solução para escapar dele. Na hora decidiu que faria de improviso. Só queria que sua mente conseguisse algo convincente.
      Como lá estava vazio aquela hora, conseguiu ouvir os passos de Brolly com perfeição. Ele adentrou o local sem demora.
- Se certificou de que não foi seguida? 
    Ela confirmou. Brolly fez um gesto com a cabeça, para que o acompanhasse. Como o refeitório ficava atrás do sistema de navegação, eles não precisaram andar muito. 
- Vá na frente. Entre no armazém. -  a orientou, seguindo outro caminho.
    O que haveria no armazém? Ia lá todos os dias, e não via nada que envolvia o lixo. Por fim concordou. Queria ver até onde aquilo chegaria.
    Colocou uma das mechas azuis atrás da orelha e desviou de alguns homens que estavam em sua frente. Como sempre, a visão do espaço continuava incrível, mas ela não deu tanta atenção daquela vez. Naturalmente caminhou até a porta do armazém, pressionando sua porta de entrada, como fazia todos os dias. Mas por ironia do destino, o caminho até ele não estava livre. Kakarotto estava a sua frente, ocupando o pequeno espaço entre a entrada e saída. 
- De volta? Achei que já tivesse alimentado os animais. 
    Ela não imaginou que ele ainda estaria ali. Felizmente, se recuperou do choque depressa. 
- Não alimentei os do fundo, desculpe. 
    Por mais que fosse um rapaz desconfiado, ele não questionou. Ele nem havia reparado pra falar a verdade...      
- Não te designei para fazer tarefas, para concluí-las de maneira relapsa. - deu uma dura. - Mais atenção. 
    Ela conteve uma bufada, e apenas acenou, cerrando novamente os punhos. Kakarotto deu a passagem, e saiu. 
- Idiota. - sussurrou de leve. 
    Assim que entrou, fechou a porta, caminhando para frente. Não sabia quando Brolly entraria, mas achou melhor ficar perto de algum lugar que tivesse algo com que pudesse se defender, caso ele desse uma de “engraçadinho”. Avistou uma prateleira com uma barra de metal solta logo abaixo. Ficou por ali mesmo. Qualquer gracinha, e ele receberia uma pancada no saco.  
    Se passaram quase dez minutos. Bulma chegou a acreditar que fora feita de tonta. 
    E sem avisos prévios a porta da frente abriu, a sobressaltando. Enfim, Brolly. 
- Não demore. - disse breve, caminhando até uma área isolada, e tirando um tipo de chave do bolso.
    E só aí ela percebeu que havia uma espécie de porta “camuflada” ao chão do armazém. Brolly tombou a cabeça pro lado, indicando que ela devia entrar. Saiu desconfiada de perto das prateleiras, sem tirar o contato visual dele, até olhar para a suposta nova porta aberta. Havia uma escada pequena até o chão.
- Está esperando o que? Não tenho o dia todo. - A paciência do saiyajin já se esgotava.
    A garota se agachou, se pendurando nas barras da escada e descendo, até chegar em encontro com o chão. Olhou para cima, cujo único ponto havia luz. Brolly a lançou um aparelho, e por pouco quase não o deixa cair. 
- Isso vai iluminar o caminho. Estou aqui. - e dizendo isso, fechou a portinhola. 
    Mais que depressa Bulma acendeu o aparelho. Parecia um lampião mais sofisticado, pensou arqueando a sobrancelha. Virou a luz na única direção a ser seguida. Um corredor estreito e pouco convidativo. Suspirou. A liberdade tinha seus custos... 
    E quando mais seus passos cuidadosos se aproximavam dos corrimões mais a frente, o odor do lugar se tornava ainda mais podre. Precisou tapar o nariz. De fato, Brolly a levara no lugar que pedira. O despache de entulho da nave.
    Mas quando olhou abaixo da plataforma de metal onde estava, teve uma decepção: Não havia nenhum tubo que interligava os lixos. Todos possuíam uma divisória por categoria, apesar de serem lançados ao mesmo tempo. Franziu o cenho, vendo que seus planos desciam por água abaixo. Ou melhor, por lixo. Colocou a mão na testa. Precisaria de um plano B.
    Batidinhas foram ouvidas por ela de repente, vindas da portinhola. Devia ser aquele saiyajin asqueroso a apressando. Bufou e rolou os olhos. Claro, antes de bolar um plano B, precisava fugir dele. Mordeu o lábio inferior, tendo uma ideia arriscada. Levou a mão ao pulso, erguendo a manga do macacão de leve. Apertou o botão central da pulseira localizadora demoradamente. Se Kakarotto ainda se importasse, ele apareceria. Engoliu em seco, e se recompôs. Voltou rápida de volta as escadas.
    Brolly a olhou de canto, de pé. Antes estava de vigia na porta. Assim que todo o corpo da menina estava do lado de fora, ele não demorou a tampar a abertura e a trancar, como se nunca tivesse de fato a abrido. Bulma andou alguns metros dele, próxima as gaiolas do fundo, ás vezes o olhando pelo ombro. 
- Encontrou? 
    Mas ela não respondeu, estava nervosa. O engraçado foi que o homem não insistiu muito no assunto.
- Tínhamos um acordo. - falou baixo. - Eu cumpri minha parte.
    Ela escutava o som das botas se aproximando, e quando se virou de frente ele já estava muito próximo. Mais do que o realmente necessário. 
- Hora de cumprir a sua. - mexeu em uma das mechas dela. 
    Recuou, se encolhendo do lado da gaiola vazia, e cruzando os braços, como se estivesse se cobrindo daqueles olhos famintos. 
- K-Karotto não ia gostar. - falhou. - Ele é muito ciumento... - aquela altura do campeonato já não raciocinava direito nos melhores argumentos. 
- Como se você só tivesse sido dele! - ele dizia com um sorriso na face, apesar da voz ter o intuito maior de feri-lá. 
- Ele te deportaria. 
- Não estou o vendo aqui agora. 
    E não importava o quanto ela se afastava, ele conseguia ficar cada vez mais perto. Foi burrice se entregar para Kakarotto de novo. Uma traição não havia sido suficiente ainda? O pânico se instalou, já que provavelmente seria estuprada por aquele saiyajin nojento. Tentou se soltar mas ele a agarrou com força. 
- Favores são dívidas garota. - sussurrou em seu ouvido. 
    E quando ele quase chegou a tocá-la aonde não devia, a porta finalmente se abriu. Bulma soltou o ar. Brolly a soltou no ato. 
- Que merda está acontecendo aqui?! - Kakarotto questionou, se aproximando junto de Nappa, e os olhares curiosos do lado de fora. 
    Brolly abriu a boca para falar, enquanto Bulma saiu depressa até Kakarotto e se colocou atrás dele, tocando o tecido de seu macacão. Por mais que ela não quisesse só havia reparado que estava tremendo agora. Kakarotto lançou uma expressão severa sobre Brolly, e em seguida para Nappa. O mesmo parecia furioso com o deslize do soldado. 
- Ela... Ela... - ainda tentou se justificar, mas de nada adiantaria. Todas as provas se voltavam contra ele. Para Kakarotto, Bulma estava lá a serviço. - … Desculpe capitão. - engoliu em seco, e olhando para baixo.
- De um jeito nele. - o rapaz murmurou ao oficial, o transmitindo a típica mensagem subliminar de que os dois conversariam.
    Ele tocou Bulma pelo ombro, e caminhou em direção a saída. Ela mal conseguia acreditar que dera certo. Não pode deixar de espiar a cena atrás de si, onde Nappa tirava uma arma parecida com um soco inglês do bolso, e Brolly a olhava mortalmente. 
    Quando deu por si, ela e Kakarotto entravam no elevador sob a vigia dos outros, que olhavam-a com pouco caso. Na metade do caminho, o jovem digitou uma senha no painel de controle do elevador, e o mesmo parou. O solavanco a fez se mexer de leve. Olhou para Kakarotto engolindo em seco.
- O que aconteceu? - indagou, direto.
    Ela desviou o olhar. Achou que se ele realmente viesse salvá-la a angústia que sentia por ele diminuiria... Mas começava a duvidar daquilo. Olhou o reflexo dele. As sobrancelhas formavam um traço rígido na face, e a boca estava exprimida. Até parecia preocupado. Como alguém podia ser tão cínico aquele ponto? 
- Ele entrou a sua procura. - soou rouca, sem olhá-lo realmente nos olhos. - Quando viu que eu estava sozinha... ele, resolveu aproveitar a oportunidade eu acho. - terminou o depoimento suspirando. No íntimo não se importou se ele acreditaria naquela estória boba.
- Ele te encurralou?
- Kakarotto. - levou uma mão a fronte. - Eu realmente gostaria de ir pra cabine agora. 
    Na hora pouco se importou com desconfianças ou indiferença. A única que tinha o direito de se sentir indiferente e desconfiada era a própria. Ele a olhou por segundos, tentando decifrá-la, mas realmente não conseguiu. Foi a vez dele suspirar e ativar o elevador novamente. 
    Ao chegarem no quarto. Bulma entrou direto no banheiro, se trancando. 
    O rapaz sentou-se a borda da cama, pensativo. Quando seu scooter o dera o sinal de alerta foi como se seu coração tivesse parado. Ele não sabia explicar bem o por que. Uma hora teria de se livrar dela, era evidente. Mas isso o deixava perturbado de alguma forma. Ele não nutria nenhum sentimento pessoal pela terráquea, disso tinha certeza... Mas algo dentro dele desconhecido o dizia para não machucá-la. Algo... diferente. E aquela palavra era perfeita para defini-lo. Para outros saiyajins ele era motivo de chacota,  porque era fraco e não apresentava as características primitivas dos demais...
    Quando se lembrava do passado seu pai era um complemento quase obrigatório. Bufou ao lembrar. Diziam que um homem como ele só podia ter vergonha de ter gerado uma criança de poder tão inferior... E no começo sua relação com o pai era exatamente assim. Ele nunca o olhava com orgulho. Até a loucura chegar... 
    Muita coisa mudou em sua vida aí. 
    Ouviu o registro do chuveiro sendo aberto, despertando da nostalgia. Balançou a cabeça, e se deitou na cama. Alguém precisaria descansar aquela noite... 

    E dentro do pequeno retângulo daquela construção, Bulma estava sentada no chão, enquanto a água fria a molhava por completo. Precisava esfriar as emoções, literalmente... Se a água limpasse toda sujeita e acumulo de suas memórias atuais seria de grande alívio. 
    Maneou a cabeça de um lado para o outro. A obsessão pela liberdade se tornara mais intensa. Estava disposta a fazer o  que precisasse para consegui-la, mas depois daquela tarde, viu que também tinha seus limites. Não daria a ninguém o direito de tirar a prova que ela realmente podia ser uma puta... Aquilo estava fora de seus valores... Se é que ainda existiam, visto como a vida era dura agora. Trouxe os joelhos para perto do tronco, os segurando e apoiando o queixo. Só lhe restava o armazém como melhor chance de escapatória. 
    E ele não seria aberto até que chegassem a capital... E se quisesse ter alguma chance de viver, teria de fugir antes. Estava ficando em um beco sem saída... 
    Sem aliados, equipamentos e mantimentos, e ninguém realmente disposto a explodir aquela maldita porta por ela... 
    Ergueu o rosto subitamente com a frase. Ninguém, exceto uma pessoa. Uma pessoa que tinha o mesmo propósito de continuar vivo, e não confiava no lagarto tirano... E ao mesmo tempo que achou aquilo extremamente ridículo e perigoso, achou genial. Negou com a cabeça, se erguendo e fechando o registro. 
    Pegou a toalha e começou a se secar, ainda maquinando. Vegeta não era um aliado... Mas nem um inimigo. Ele estava por conta própria, assim como ela. Listou mentalmente os prós e os contras. Se colocasse a ideia em prática estaria correndo o risco de colocar tudo a perder, incluindo a própria vida. Foi um grande primeiro contra. Em compensação teria alguém experiente e cheio de informações e conhecimentos úteis sobre o espaço e sobre Freeza. Também foi um grande primeiro pró. 
    Quanto mais listava qualidades e defeitos sobre as consequências de se aliar aquele assassino, viu que era uma tremenda loucura, mas que era a única maneira de sair dali. 
    É. Bulma encontrou a pessoa errada na situação certa.  
 


Notas Finais


Oi!
Eu ja tinha acabado o capítulo há uns dois dias, mas com a chegada do Enem, resolvi adiar a data da postagem. :p

Os acontecimentos foram meio rápidos -pelo menos eu achei kkk- mas eu tive q apressar o óbvio. GENTE! EU NÃO TÔ MAIS ME AGUENTANDO DE VONTADE DE COLOCAR O VEGETA NESSA ESTÓRIA LOGO! KKKKK

Deixei vários suspenses e mistérios ao longo do capítulo. Comecem a esquematizar suas teorias kkkkkk

Desculpa por qualquer erro, revisei isso aqui na velocidade da luz de ansiedade !
Enfim, espero q tenham gostado :)


Bjos e até a próxima!


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