História Amuleto de Sangue - Livro 1 da Coletânea Van Helsing - O Pecado Angelical

A paz perfeita e plena fazia-se completamente presente naquele campo aberto. Ali,a tranquilidade reinava com o Imperador Silêncio cortado apenas pelo vento e o barulho de alguns animais moradores dali,mas nem mesmo isso era capaz de romper a Senhora Paz que aquele lugar transmitia. Era por isso que só aqueles que eram realmente merecedores poderiam desfrutar daquele belo lugar. Um lugar com grama fresca,flores frescas e árvores frondosas,peitos fartos,filhos fortes e tudo que poderia ser o mundo real em que vivíamos,mas a humanidade foi o suficientemente mesquinha para deixar de desfrutar de tamanha beleza e mesmo assim Deus foi generoso ao lhes ceder um pouco essa tal beleza natural.

Mas esse não era um motivo para ele está ali,afinal,ele jamais foi um mortal! Nunca pode nem sentir a sensação que causa ser um,só podia viver entre eles,andar com eles,falar com eles e observá-los se transformar nas mais diversificadas facetas já vistas. Nada pra ele naquele mundo habitava o rótulo de normal ou suficiente eles querem sempre mais do que podem poder. Ele sempre observava os humanos,em um detalhe era possível descobrir mais até do que realmente precisava.

Chegava a ser cômico o modo como a humanidade era assustadoramente fascinante mesmo nos seus atos mais cruéis e frios. Ele observava e cuidava deles e quando achava que sabia de tudo era surpreendido por algo inesperado. Mas o mais surpreendente era o ocorrido a si mesmo,um turbilhão de coisas que o atingiram como um Tsunami atingindo a costa em cheio e levando tudo consigo,era assim que ele se sentia. Podia parecer ruim,mas ironicamente não podia estar mais feliz.

Mas essa mesma felicidade explosiva era uma tristeza profunda e forte o suficiente para fazê-lo cair de um penhasco. Era uma dor imensurável capaz de arrancar lágrimas do que era inabalável. Ele podia sentir,podia ver,mas jamais conseguiria compreender como algo que parece tão belo,tão forte,tão iluminado poder ser o pecado mais obscuro do desejo mais obsessivo e fatal. Isso tudo era um terrível,assustador,doce,maravilhoso amor.

Sim,amor,amore,love,amour,ayáttn... Em português,italiano,inglês,francês e até mesmo grego!! Línguas diferentes,origens diferentes,mesmo nome,mesmo significado único e universal. Uma língua que todos deveriam entender,mas vindo da humanidade isso não parece algo possível.

Agora imagine isso para ele,um arcanjo!! Parece absurdo,fantasioso,ilusório,mas não é nada além de real,real para ele.

Flash Back On

O movimento da feira naquela manhã era alto,as ofertas e demandas entravam e combate frontal constantemente junto seus vendedores,era dia de boa oferta. E dias de boa oferta jamais podem ser dispensados,poderiam compra bastante a preço de banana garantindo o lucro extra de mais comida e menos gastos. As pessoas se animavam como nunca nessas épocas era quase uma festa!!

E isso era uma das tantas coisas que admirava na humanidade,a capacidade de festejar por pouco e ser feliz com muito menos. Aqueles que conheciam o amor verdadeiro eram o suficientemente capazes de amar sem medo,preconceito,loucura e ser feliz em uma casinha de sapê. Era quase inacreditável,mas não era difícil ou impossível.

Mas ele como um arcanjo viveria sua eternidade sem saber em exato,um amor de um homem para uma mulher,um amor que gera frutos que gera ainda mais amor. Um amor puro.

E pareceu um pequeno deslize falar de pureza diante do que seus olhos muito azuis captaram. De olhos claros,pele negra visivelmente macia,de estatura mediana nem muito alta nem baixinha,lábios finos e um sorriso lindo. Como ele sabia? Foi só um segundo,um céu claro e uma dança a luz do dia que e tudo foi iluminado por ela.

Linda. Usando um vestido simples porém solto e leve o suficiente para que ela dançasse diante daquelas pessoas felizes apesar de tudo e cantando músicas africanas muito antigas e ela dançava. Ah,como ela dançava!! Ela deslizava seus pés com leveza enquanto seu vestido se movimentava com o vento e com seus movimentos perfeitos.

Ele ficará abobalhado observando-a,impressionado,maravilhado e todos os outros adjetivos belos para definir como se sentia. Céus!! Em tempos de vida jamais tinha visto nada mais belo,dama mais bela. Ele poderia viver sua eternidade vendo seu sorriso,seus olhos,sua dança e jamais se cansaria.

Mas ele levou uma espécie de tempo para notar que ela passou a observá-lo,quando notou sorriu ganhando outro mais tímido como resposta e sentiu um ar irregular fugir de seus pulmões. Os olhos se conectaram por um tempo e se virão intensos e em perfeita sintonia,mas ela foi obrigada a se afastar e partir e então ele não pôde mais encontrá-la,optou voltar pra casa.

Flash Back Of

"Onde você peca,Miguel?!" A voz masculina e calma surgiu atrás de si.

"Mestre!!" Ele se acionou. "Por que está desse jeito?!" Ele encarava o ancião de branco a sua frente.

"Ora Miguel,eu estou como você deseja me ver. E digo que não fiquei mal assim!" O Mestre riu sentando-se ao seu lado.

"Oh não Senhor,eu de modo algum quis dizer nada diferente." Miguel se explicou vendo o Mestre rir e por a mão em seu ombro.

"Eu sei que não." Eles se encararam por uns segundos até o mestre puxá-lo para seu abraço. "Venha cá meu filho." Miguel não resistiu aquele abraço e se deleitou do colo de seu pai.

"Oh pai!! O que há comigo?!" Miguel suspirou. Oh não,não se iludam!! Miguel era o mais forte,mais racional,mais lúcido e apesar de lidar com as malícias do mundo era inocente.

"Você se apaixonou,meu filho. Foi o que aconteceu." O Mestre explicou de forma simples enquanto acariciava os cabelos lisos e muito loiros de Miguel.

"Mas isso deveria acontecer?! Eu não sei como isso aconteceu,eu sempre observei os humanos e a forma como isso acontecia, mas as coisas pareciam tão simples tudo parecia simples." Ele tagarelava inconformado.

"Já ouviu o ditado que as coisas parecem mais simples quando olhamos de fora?! Às vezes parece até engraçado,não é?! Mas isso sempre muda,meu filho,tudo muda quando você está dentro da história,por isso que deve-se ter paciência." O Mestre argumentava com Miguel que entendia,mas parecia não se conformar.

"Eu deveria me apaixonar?! Isso acontece?! Eu já vi Anjos se apaixonarem e deixarem sua divindade por amor,mas eu... Eu não sei o que fazer!!" Ele explicou com certo embargo na voz,ele tinha medo. Medo de partir,medo de ficar longe e principalmente desse sentimento que o atravessava o peito. "Parece pecado!" O Mestre riu de imediato.

"Um pecado angelical!! Amar não é pecado,Miguel. Mas tudo tem suas consequências,meu filho,e caso decida sobre o que fará pela frente saiba que eu estarei aqui." O tom acolhedor na voz dele fez Miguel fechar os olhos e suspirar seguro. "Faça o que for melhor pra você e não se arrependa."

"Não irei,pai." Miguel se aconchegou. "Pai?" Ele chamou ouvindo um sonoro sim. "Pode ficar?!"

"Eu sempre vou estar aqui." O Mestre foi acariciando seus cabelos e o acalmando até adormecer. "Um pai jamais se esquece de seus filho,Miguel. Nunca se esqueça disso."