Antes de entrar na UTI, o enfermeiro me alertou que Sehun estava dopado e provavelmente não falaria coisa com coisa. Não me importei, apenas queria vê-lo
A UTI estava um pouco cheia, e assim que vi Sehun, lágrimas ameaçaram cair. Por impulso levei minha mão até a boca para conter o possível barulho que ameaçava sair de meus lábios.
Sehun estava olhando para cima e parecia cansado. E bem, usava uma mascara de oxigênio. Me sentia mal por vê-lo naquela situação. Me aproximei lentamente.
Assim que cheguei mais perto puxei uma banqueta que ali tinha e sentei.
Sehun me notou e apertou o lençol que o cobria com a pouca força que tinha. Senti que ele tremia muito, até cogitei a ideia de chamar um enfermeiro, mas Sehun me olhou e maneou a cabeça em negação.
Instantaneamente peguei em sua mão e notei que a mesma estava gelada. Vi o mesmo lutando contra o sono.
“Hey… tudo bem?”, perguntei, fazendo um carinho em sua mão. “O que aconteceu para você ir até minha casa nesse estado? Hm?”, o questionei preocupado.
Não demorou muito para ele começar a chorar.
“E-eu não sei Nini… E-eu só queria te ver…”, diz apertando minha mão.
“Hunnie você me assustou muito quando te vi desacordado no banheiro.”
“Desculpe Nini…”, foi a única coisa que disse antes de apagar.
Suspirei cansado. Ajeitei a manta do hospital nele, beijei sua testa e sai da UTI.
Andei até a sala de espera e pedi a minha mãe se ela tinha dinheiro.
Depois fui à cantina do hospital comprar café. Necessitava de café.
Estava voltando para a sala de espera quando alguém se chocou em mim, tendo como consequência minhas roupas manchadas de café.
“Omo, desculpe. Aish que desastre. Desculpe, desculpe.”, pediu o ser alto a minha frente. Observei seus traços e o julguei muito bonito e jovem. Baixei meu olhar e vi que vestia um jaleco branco e nele uma plaquinha escrita “Dr. Park Chanyeol, Psiquiatra”.
“Não, tudo bem.”, falo em uma vã tentativa de que o médico ficasse relaxado, e que não se martirizasse por uma bobagem como aquela.
“Realmente, me desculpe, estava avoado.”, diz o mesmo me observando.
“Não se preocupe. Não foi nada.”
Não terminamos a conversa já que uma enfermeira eufórica apareceu chamando o médico.
Depois do incidente, voltei a sala de espera e encontrei quase todos os que estavam esperando aflitos. Assim que cheguei, Luhan olhou para mim e disse que Sehun havia acordado a pouco tempo novamente e queria falar comigo. Fui até a sala da UTI e depois fui liberado para vê-lo. Queria poder dizer que ele aparentava estar melhor, mas assim que vi alguns tubos de oxigênio ligados ao seu tórax, eu notei que aquela poderia ser a última vez que o veria.
Me aproximei cautelosamente e sentei na beira da maca e fiquei o observando. Ele olhava para o teto da sala, e parecia que o mesmo era muito importante. Com muita dificuldade o mesmo se pronunciou. “Nini. Quero que viva sua vida de uma forma que não consegui viver. Não fique se remoendo por eu estar aqui. Seu amor é puro e lindo. O mostre para o mundo. Não viva só por viver. Viva para fazer o próximo enxergar a beleza desse mundo com mais compaixão. Siga seu sonho. Não se isole.”, parecia uma despedida.
Me aproximei mais e selei nossos lábios, e deixei uma lágrima escapar, quando, quase na mesma hora um bip incessável começou a soar e vários enfermeiros vieram acudir o paciente a minha frente.
Sehun foi um anjo que nunca esquecerei. E suas palavras ficariam guardadas em minha mente por uma vida.”
Era a décima sessão de terapia que frequentava. Após a morte de Sehun, entrei em depressão. O psiquiatra a minha frente ouvia tudo e anotava algo em uma espécie de prancheta que continha meus dados pessoais e algumas (inúmeras) anotações das outras sessões.
— Se sente melhor Jongin?
— Um pouco. – minto. Não estava bem, e demoraria para ficar.
— Tudo bem.
— Posso já ir embora? – questiono.
— Claro. – diz assim que vê a hora. – Sua sessão já acabou. Se não for incomodo, eu gostaria que me esperasse lá fora. Quero ter uma palavrinha de amigo com você.
— Tudo bem doutor Park. – digo saindo da sala.
Cerca de 15 minutos depois o médico aparece. Saímos do hospital e fomos para uma cafeteria que havia próximo ao hospital.
Chanyeol pede dois cappuccinos enquanto eu me mantia quieto. O pedido não demora a chegar. Sinto seu olhar em cima de mim e isso de certa forma me incomodava.
— Chanyeol. – o chamei. — pode por favor parar de me encarar? Está incomodando. – digo e logo não sinto seu olhar sobre mim. Ele sussurra um “desculpe” e eu apenas dou de ombros.
Eu sentia que Chanyeol queria falar algo, apenas pela pouca convivência com o mesmo eu sabia que começava a entender suas facetas. Chanyeol era uma pessoa quase transparente. Jamais negaria que ele era bonito e que me sentia atraído pelo mesmo. Mas minha situação psicológica não ajudava a dar um passo quanto a isso.
Depois de um tempo ele volta a falar.
— Jongin. Eu sinto muito mesmo pela sua perda, eu sei que é difícil, pois já passei por isso. Você não vai superar por completo, não vai voltar ao normal. Eu queria dar um conselho para você como amigo, não como médico. Se permita viver sem ele. Aposto que antes de Sehun morrer ele te fez jurar que seguiria em frente. Acho que já está na hora de você cumprir essa promessa.
Cansei dessa baboseira toda dele falando e me levantei. Peguei minha mochila e sai do café. Ouvia Chanyeol me chamando, mas as palavras que ele disse fizeram meu coração apertar, eu não seria a mesma pessoa se esquecesse Sehun. Senti uma forte dor no peito e um nó na garganta, eu só queria gritar. E foi o que fiz e logo desabei sem forças na calçada. Meus olhos pesavam. E antes de apagar eu vi Chanyeol com uma expressão preocupada e pude ver que o mesmo ligava para alguém.
Fazia uma semana do meu desmaio. Chanyeol começou a me atender em casa, pois não tinha condições de ir ao hospital. Pode se dizer que nos tornamos mais próximos.
Sua companhia me fazia repensar sobre a minha vida. Sobre as minhas escolhas. A cada fim de sessão ele me abraçava e eu chorava.
Não demorou mais que um mês de sessão de terapia em casa para ele revelar que uma pessoa muito especial pra ele morreu de câncer, me sentia péssimo por ele. Mas ele me tranquilizou dizendo que havia supostamente conheceu uma pessoa interessante que o fizesse manter o foco em outra coisa além da morte do amigo. Eu pude sentir que eu era essa pessoa interessante.
Quatro meses de sessões em casa me fizeram escolher entre viver ou continuar apenas existindo. Eu por mais difícil que foi, escolhi viver. Sehun faleceu a 7 meses, não poderia fazer nada, não tinha culpa.
Me encontrava em frente ao túmulo do mesmo.
— Hunnie. Desculpe não vir lhe ver. É difícil superar sua morte. Durante esses quase sete meses eu pude ver que tinham pessoas que se importaram comigo. E há uma em especial que gostaria de conversar com você. Não sinta ciúmes do que falarei agora, pois o que tivemos não foi muito longe, mas acho que com essa pessoa vai ser. Acho que estou me interessando pelo meu psiquiatra. Ele é gentil, sempre me consola quando tenho crises e eles está presente. Eu sinto que com ele eu possa superar sua falta. Eu te amo Hunnie. Até outro dia.
Sai do cemitério e mandei mensagem para minha mãe para vir me buscar. Me sentia mais leve depois desse desabafo.
Enquanto a esperava Chanyeol mandou mensagem perguntando se à noite estaria ocupado. Eu respondi que não. Depois ele perguntou se gostaria de jantar com ele. Antes de o responder um sorriso apareceu em meu rosto, e logo responde que sim.
Em casa, subi direto para o meu quarto e comecei a procurar alguma roupa para que pudesse vestir. Me sentia nervoso pela primeira vez em muito tempo. Mamãe apareceu no meu quarto com um sorriso no rosto.
— Me sinto feliz por você estar animado hoje filho.
— Obrigado mãe.
Chanyeol apareceu em casa as 19:00. Assim que o vi escorado no carro, suei de nervoso. Ele estava extremamente sexy vestido com aquela calça social azul marinho e com uma camisa lisa cor cinza. Seu cabelo preto caia sobre seus olhos o tornando mais sexy. Sua boca levemente avermelhada clamava por mim. Só de olhar em seus olhos senti um arrepio percorrer minha coluna. Estava em êxtase ao observar. E quando vi já estava o beijando.
Minha boca formigava pelo beijo. Sentia que Chanyeol ficou surpreso. Separei nossos lábio e disse.
— Se você não me beijar agora eu volto para dentro e nunca mais falo com você.
Logo senti seus lábios sobre os meus pela segunda vez aquela noite. Suas mãos seguravam minha cintura firmemente enquanto eu agarrava seu pescoço. O sutil toque de sua língua em meu lábio inferior me fez estremecer e se não estivesse sendo segurado firmemente eu teria ido para o chão. Sua língua explorava a minha delicadamente, mas não era isso que eu queria. Eu queria sentir tudo intensamente, sem delicadeza. Suguei a língua alheia e logo comecei a beijá-lo afoitamente.
Nos separamos quando o ar ficou rarefeito em nossos pulmões.
Abri os olhos e vi que Chanyeol estava com os olhos fechados e sustentava um sorriso em seu rosto. Sua boca estava levemente inchada e vermelha, me aproximei mais dele e sussurrei em seu ouvido.
— Quer namorar comigo?
Beijei o lóbulo de sua orelha e o vi estremecer e me segurar mais firme e mais próximo de seu corpo, logo entendi que essa era sua resposta a minha pergunta.
— Se depois desse beijo minha resposta for um não, você pode ter certeza que seria uma mentira.
Não demorou para que eu sentisse seus lábios sobre os meus pela terceira vez naquela noite.
"Você não sabe que vai durar?
É um amor que dura para sempre
É um amor sem passado"
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