Triste, tão triste.
Qual é tua expressão agora, ao encontrar esse pedaço de papel tão bem dobrado no bolso de trás do teu jeans surrado?
Franziu o cenho confuso primeiramente, estou certa? Desdobrou o papel e reconheceu minha letra horrenda questionando-se sobre como e quando o coloquei ali. A verdade é que com dedos ligeiros o enfiei em seu bolso no nosso último beijo, há poucos minutos na cafeteria do seu bairro.
E essa é a novidade que nele te trago: fora nosso último beijo.
Prometi para ti e também para mim que não seria capaz de te deixar, que não seria capaz de livrar-me desses sentimentos metediços que conservava (e ainda conservo, pressuponho) como uma tola por você. Mas me machucas, sabia disso? Quando diz-me que sente atração por algum padrão estético que nem chega perto de quem sou, quando diz-me que odeia meu corte de cabelo e que minha voz é cômica, quando ama tudo que não sou e não serei (por dentro e por fora), quando odeia tudo que sou e sempre serei (por fora e por dentro). Suas palavras sutilmente cortantes.
É engraçado como em todos esses anos hoje foi a primeira vez em que me questionei sobre, sobre a mensagem transmitida através de suas ações e palavras possessivas e egoístas.
Posso chamar isso de milagre?
Sinto-me como se estivesse submergida em uma água de um azul escuro bonito mas que me impossibilitava de ver a superfície e aquilo que me circundava. Você me afogava nisso que chama de amor e hoje, querido, eu nadei até a superfície e meus pulmões pela primeira vez dolorosamente receberam lufadas novas e desesperadas de ar.
Não encontrei a bóia e meus braços ainda não estão acostumados a lutar contra esse oceano todo que são meus sentimentos por ti e essa história confusa que escrevemos juntos. Ainda não te desamei e trancada dentro de minha casa provavelmente sustento uma face chorosa, nada que eu não vá superar. Tornei-me uma nova pessoa em um só dia, engraçado não?
Existem migalhas de mim espalhadas por todo teu apartamento e também em suas mãos, não as recolherei, nunca mais serei a mesma e talvez isso seja bom.
Somos como as fotos velhas de algum fotógrafo amador, onde as ruas de um subúrbio qualquer nelas registradas parecem bonitas e poéticas, quando na realidade não são.
Não é o final que eu esperava, admito.
Não és meu príncipe do cavalo branco, eu o sou.
Não terminamos em um altar sorrindo um para o outro, terminamos em uma cafeteria de um bairro de classe média em Seul enquanto você me beijava acreditando que me tinha nas mãos (e de fato tinha) e eu retomava-me de ti.
Não é o final que eu esperava, mas é o final que eu precisava.
Estou me desintoxicando de ti, Koo Junhoe.
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