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História And we just go in circles - Jelsa - Capítulo Único


Escrita por: Skycore

Notas do Autor


Oi pessoal! Então, eu sei que eu deveria atualizar a minha outra fic, é só que eu não estou conseguindo escrever o capítulo seguinte, mas não se preocupem, eu tentarei atualizar em breve.
Bem, os feels de Jelsa bateram e eu não estive conseguindo escrever nada ultimamente além de one-shots então, espero que gostem dessa. Ah, e o título dessa one vem de uma frase de uma música da banda Paramore, o nome da música é "Misguided Ghosts" eu recomendaria que você ouvisse enquanto fosse lendo a one, mas é só uma recomendação, não sei se mudaria muita coisa se você não lesse... Enfim.
Boa Leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction And we just go in circles - Jelsa - Capítulo Único

Ele assistia ela se apaixonar. Ele assistia toda vez que os olhos dela ficavam mais brilhantes e suas bochechas ficavam avermelhadas. Toda vez que suas mãos tremiam e ela mexia no cabelo mais do que o de costume.

Ele ouvia. Toda vez que ela mudava o canal para assistir um filme romântico. Toda vez que ela murmurava a letra confessando a paixão do compositor de uma música que ela escutava em seus fones.

E ele assistia. O coração dela sendo quebrado em pedaços por ser teimosa demais e não seguir os conselhos de sua cabeça. Ela gaguejando com sua voz falha enquanto ela pedia desesperadamente para que o este que a magoou ficasse pelo telefone. Ela bagunçando o próprio cabelo, como se quisesse que ele estivesse de acordo com o que ela era. Uma bagunça.

Ele assistia. Ela acendendo o cigarro e impregnando o cheiro no apartamento que os dois compartilhavam. Ele odiava o cheiro, mas não pedia para que ela fosse fumar em outro lugar. Simplesmente se sentava ao lado dela, como o bom melhor amigo que era, e observava a em silêncio. Ela pronunciava palavras sem significado e ele apenas continuava ouvindo-a mesmo que ela não tivesse nada a dizer.

Ele assistia. Ela acendendo mais um cigarro, acabando com seus pulmões e acidentalmente queimando-se um pouco no processo. Perguntando para ele se ele queria um, mesmo que ele sempre recusasse e ela soubesse que ele provavelmente nunca aceitaria. Mas o “provavelmente” era um “quase” e “quase” dava aquela sensação de incerteza, então ela continuaria perguntando sempre.

Ele olhava pra ela, enquanto a mesma assoprava a fumaça que formava nuvens de veneno no ar, tatuando aquela imagem no cérebro dele de forma que ele nunca pudesse esquecer, mesmo que quisesse.

E no dia seguinte, ele acordava com uma dor na coluna e no pescoço, com uma blusa ou cobertor sobre si. Mas sozinho, obrigado a respirar o cheiro do cigarro e lembrar-se de que pessoas não pertencem a pessoas e ela nunca pertenceria a ele.

E então, no meio da noite, ela chegaria. Batendo a porta com força e totalmente embriagada. Rindo como se alguém tivesse contado alguma piada muito engraçada, carregando uma ou duas garrafas de bebida meio-vazias ou meio-cheias que ele não tinha a mínima idéia de onde ela havia conseguido, talvez tivesse sido num bar, talvez uma festa. Ele sempre perguntava e ela nunca respondia, simplesmente sorria e continuava em silêncio.

Ele estaria bravo, por ela tê-lo acordado no meio da noite ou por então tê-lo privado de dormir de tão preocupado. E entre sermões que ele daria mesmo sabendo que ela estivesse bêbada demais para compreender sequer uma palavra, o som das risadas embriagadas dela se transformariam num choro soluçado. Sua voz fraquejando enquanto pediria desculpa várias e várias vezes conforme suas bochechas e seu nariz ficariam rosados e seus olhos inchados e vermelhos. Seu corpo tremeria e naquele momento seria realmente o ápice de sua preocupação. Ele não saberia o que fazer com as mãos então a abraçaria com os braços murmurando palavras de conforto. Ela derrubaria as garrafas e ele teria que limpar a bagunça.

Ele sempre arrumava a bagunça que ela deixava e sempre tentava arrumar a bagunça que ela era.

Ele a ajudaria a caminhar pelo apartamento. Impedindo a de cair conforme ela tropeçava em alguns móveis. E a ajudando a chegar até o quarto dela ele jogaria para ela, algumas roupas de pijama e diria lhe para ir se trocar.

Um pouco menos bêbada e parando de chorar o rosto dela continuaria com fantasmas de lágrimas, agora apenas trilhas secas por onde elas haviam escorrido enquanto ela forçaria um sorriso agradecendo a ele por ser tão bom para ela. Ele sorriria de volta e ela pediria pra que ele ficasse. E ele tentaria resistir aos olhos brilhantes, mas ainda assim sempre concordaria.

Ele deitaria com ela na cama, acomodando-se debaixo do cobertor enquanto ela o abraçaria escondendo o rosto no pescoço dele debaixo de seu queixo apreciando o calor humano.

Ele diria boa noite, sentindo sua respiração agora calma em seu pescoço e ela não responderia nada, por já estar dormindo.

Dormindo juntos da forma mais inocente possível.

Esse sempre seria o ciclo.

Mas não foi assim dessa vez.

Ele disse boa noite, mas ela respondeu-lhe com um "eu te amo" e gaguejando um fino "o que?" ele olharia para ela e notaria que ela estaria dormindo, adormecida e inconsciente, incapaz de responder sua pergunta.

Na manhã seguinte ela se esqueceria de tudo e ele tentaria se convencer de que ela apenas disse aquilo porque estava bêbada e fora de si. Que aquilo não significava nada.

Ele tentaria não pensar aquilo ao ver o ciclo se repetir. Mesmo que ele desejasse ser a razão das bochechas coradas e dos olhos brilhantes.

Ele fingiria que não sentia o estômago cair quando escutava ela cantando uma canção de amor de repente, dançando e sorrindo, pensando em alguém que nunca seria ele.

Ele fingiria um sorriso toda vez que ela falaria animadamente de seu novo namorado e ficaria bravo consigo mesmo por desejar tanto que fosse ele.

E fingiria que seu coração não estava batendo mais rápido quando ela estivesse sentada ao seu lado, descansando a cabeça em seu ombro emanando aquele cheiro de cigarro. Que antes ele costumava detestar, mas agora dava uma sensação de lar, como se fosse algo tão característico dela que tivesse se tornado acolhedor. Mas é claro, isso não o impediria de comentar “você deveria parar de fumar”.

Fingiria que após ela beber um monte e chorar como uma criancinha seu coração não partisse e sua mente não ficasse aquela bagunça entre "você é um merda porque querer isso" e "você é um merda por não fazer nada sobre isso".

Fingiria que ainda conseguiria agüentar passar por aquilo mais e mais vezes apenas como um telespectador. Sem poder fazer nada para impedir que ela se apaixonasse novamente por outra pessoa.

Exceto que sua faceta quebrou e ele se tornou um personagem do filme que ele costumava assistir várias vezes em repetição.

Ele era perfeitamente racional, sempre foi perfeitamente racional. Por isso eles eram uma dupla tão boa. Ele era racional e ela imprudente, um complementava o outro. Ele pensava demais e ela o ajudava a esfriar a cabeça. Ela não pensava muito antes de fazer as coisas e ele a ajudava a não se meter em problemas ou passar da linha.

Eles sempre foram assim até aquele momento.

Ele queria gritar com todas as suas forças seus sentimentos até que ficasse rouco e sem voz, até que sua garganta ficasse dolorida e arranhada, mas no final, acabou saindo como um murmúrio. Talvez, sua mente ainda estivesse com medo de que ela ouvisse.

Mas ele disse e agora, não tinha volta.

Ele disse o quanto ele gostava de sua risada, como aquele som era mais adorável do que qualquer música e o quão tentado beijar ela ele ficava quando ela o provocava puxando o pela gola e encarava-o nos olhos.

Ele confessou o quanto ele amava olhar para os olhos dela e que poderia se perder neles. Como o tom deles era seu tom preferido de azul, como eles eram transparentes e refletiam a luz parecendo dois cristais.

Ele gaguejou o quanto adorava observá-la pintando, como amava ver a expressão de concentração dela a cada pincelada que ela dava na tela, como sua sobrancelha franzia e seus lábios pressionavam um contra o outro formando uma fina linha de ora frustração, ora satisfação.

Ele lhe disse como ele amava cada pequena coisa sobre ela, até mesmo as que ela detestava em si mesma.

E a cada palavra seu coração ficava mais incerto, gaguejando entre uma batida e outra.

Suas mãos tremiam e suavam enquanto sua mente girava em arrependimento.

Ele nunca ousara quebrar o ciclo até aquele momento.

E então, como sempre, ela o surpreendeu.

Ela sorriu.

Ela disse que gostava da forma como ele falava sobre livros, como ele falava com tanta paixão deles que às vezes ela se encontrava desejando ser um dos personagens que ele tanto amava.

Ela disse que adorava a forma como ele era gentil, em pequenos atos. Como ele nunca se esquecia de ajudar a vizinha idosa com as compras e de como ele sorria ao brincar com o cachorro da menina do apartamento de cima. Como quando ela estava doente ele faria sopa e os dois assistiriam juntos algum filme trash de terror e mesmo que ela estivesse sendo irritante ele daria uma risada e diria "vai precisar de mais do que isso para me fazer deixar de gostar de você, mas aprecio o esforço".

Ela disse que amava a forma como quando ela estivesse magoada ele a animaria colocando alguma música do Arctic Monkeys e dançaria com ela no meio da sala mesmo que ele odiasse dançar ou então sentando se do lado dela e ouvindo-a, por mais que até mesmo ela estivesse irritada consigo mesma ele permanecia ao seu lado como se ela nunca fosse um incomodo. Como ele contaria piadas ruins e cantadas terríveis arrancando lhe risadas sem fôlego quando ela não estivesse com humor nem pra sorrir.

E eles se beijaram.

Seria ótimo se tivesse acabado assim.

 

Mas, não foi esse o final.

 

Eles iriam pra cama juntos e conversariam por toda a madrugada até que ambos caíssem no sono, dormindo tranquilamente como duas crianças que passaram a tarde toda correndo e brincando. E então ela acenderia um cigarro e o observaria dormir tranquilamente por alguns segundos, até que pegaria algumas mudas de roupa e após anotar num pedaço rasgado de papel um breve "adeus e obrigada por tudo", ela iria embora sem deixar rastros. E ele se lembraria daquilo como se ela fosse um fantasma que nunca tivesse sido real, apenas uma lembrança enganosa de algo que nunca tivesse existido. Porque embora ela tivesse existido nunca conseguiria aguentar ter alguém ou ficar com alguém. O medo de ser deixada sempre foi maior do que sua fome pela própria felicidade. Então, ela sempre deixaria antes de ser deixada. Porque era muito mais fácil ser odiada e então esquecida do que odiar e então esquecer, era mais fácil preservar as boas memórias enquanto elas ainda tivessem sido dadas por alguém que não lhe causou sofrimento. Sabia daquilo por experiência própria.

 

E ela podia muito bem viver com aquilo.

 

Mas ele não prosseguiu dormindo.

 

Ele acordou um pouco depois da porta do apartamento ter sido trancada e ela saído. E lendo a nota uma ou duas vezes já pode entender o que ela tinha feito.

 

Era estúpido tentar procurá-la, mas foi o que ele fez, porque embora seu QI comprovasse que ele era no mínimo inteligente seu coração era um idiota. Um idiota esperançoso que embora de vez em quando fosse dominado por uma mente pessimista-realista continuava cheio de expectativas.

 

Mesmo que estivesse chovendo do lado de fora e mesmo que ele não soubesse pra onde ela havia ido.

Ele não a encontrou.

E aquele era o novo ciclo. Toda a manhã ele acordaria esperando ela, procurando ela.

E nunca encontrando ela.
 


Notas Finais


Então, o que acharam? Bem, espero que tenham gostado, eu gostei bastante de escrevê-la e estou orgulhosa do resultado.


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