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História Angel - Parte I.


Escrita por: princesadelesbos

Notas do Autor


OI AMIGOOOOOS

AQUI ESTOU COM ESSA ONE TÃO QUERIDA POR VOCÊS

é uma comemoração aos 1000 la em smile, e um agradecimento a todo o carinho de vocês
eu não pretendia escrever isso, muito menos pretendia que ficasse tão grande
e nem me apaixonar por essas duas de um jeito louquissimo
OLHA A BIANCA E A ALICIA SÃO MEUS BEBÊS VIU NINGUÉM TOCA

até lá embaixo!

Capítulo 1 - Parte I.


 Pov Bianca

- Bianca, eu não vou beijar você.

- Poxa, Alice, cada vez que me diz não me deixa mal.

- Para de drama.

- Não é drama. Não nega, me machuca assim. – ela deu um muxoxo porque sabia que essa parte era mentira. Eu tava quase. – Olha pra mim, vai. – segurei o queixo dela e me aproximei, encostando minha boca em seu ouvido. – Eu não vou te forçar a nada. Só se entrega. – voltei à distância de antes.

Do queixo, minha mão já estava em sua nuca. Fiz carinho na bochecha dela com o polegar. Ela suspirou. Não tirou a minha mão. Iniciar contagem.

Cinco, quatro, três… ela atacou meus lábios, wow, mais rápido do que eu esperava.

Passei uns dez minutos ali, beijando. Os beijos poderiam ser melhores, mas não estão entre os piores. Em um momento, ela até me agarrou e ficamos grudadas uma na outra. Foi engraçado na minha cabeça.

- Nossa, Alice. Você é quente.

- Promete não contar isso pra ninguém? – fiz cara de “poxa, você não gostou?” só pra ela alimentar meu ego. – Não me leve a mal, eu adorei, acho que nunca beijei por tanto tempo na minha vida.

- Pra quem eu contaria o que aconteceu? Ninguém se importa com quem eu estou beijando.

- Se importa sim, tem muita gente que não tem mais o que fazer aqui. – eu tive que rir e concordei.

Depois daquilo conversamos, concordamos em não repetir e eu me mandei dali, voltei pra sala. Sim, eu estava na escola.

- Boa tarde, desculpa o atraso, professor. – entrei no meio da aula de geografia, já que era à tarde, eu não precisava esperar pelo próximo horário.

Sentei no meu lugarzinho, atrás da menina dos cabelos castanhos mais cheirosos do mundo, isolada no cantinho.

- Onde diabos você tava, Bianca? – ela me pergunta assim que eu sento. – E pode ir colocando sua cadeira do meu lado. – já tive que levantar da cadeira pra poder ir pro lado dela.

- Boa tarde, meu amor. – beijei seu rosto.

- Que cheiro é esse? – ih

- Só consigo sentir o cheiro do seu cabelo, uma delicia. – falei, sem me afastar dela.

- Você tá com um perfume diferente. – esqueci de mencionar, a menina que eu estava beijando e depois agarrada usava um perfume muito doce. Não que fosse ruim, mas era meio forte. Devo ter ficado tempo suficiente grudada nela e agora também estou perfumada.

- Não é nada. Você é a cheirosa aqui.

- Você tava pegando aquela menina, né? – ela não se deu nem o trabalho de saber o nome da menina.

- Ally…

- Você não tem jeito mesmo. Só vai parar quando levar um tapa na cara.

- Claro que tenho jeito, Alicia. Canso de falar.

- Eu não quero estar na sua listinha, como a tal Alice. – surpreendeu-me, ela sabia o nome – Meu nome é mais bonito e eu sou sua melhor amiga.

- Eu sou apaixonada por você.

- Claro que não. Você só tem fogo, e o mesmo fogo que tem por todo mundo. Só que eu conheço você.

- Não sei mais o que fazer pra você acreditar que eu quero que seja minha.

- Eu sou sua. Sua melhor amiga desde sempre. – Alicia Monteiro Becker é razão do meu sofrer e eu acho que também é desde sempre.

- Vai se foder. – porque eu, assim que percebi o que era se apaixonar e sentir tesão por alguém, lá estava ela e lá estava eu sentindo aquelas coisas horríveis.

Coisas tipo o coração acelerando, o nervosismo, as mãos suadas, o fogo repentino, as viagens dentro da mente, os sonhos.

Lembro o dia em que eu descobri que era apaixonada por Alicia. 

~Flashback On~

- Eu quero muito que o Thiago me note. – ela disse.

- Justo ele? Ele não fede? Você disse um dia desses que ele fedia, agora você quer que ele te note. E aliás, te notar pra que?

- Pra me beijar, ué. E ele estava vindo da educação física, dê um desconto.

- Foi você quem falou. E que nojo, ele é um idiota ridículo e você quer perder o bv com ele? Bateu com a cabeça?

- Eu acho que você tá com ciúmes.

- Por que eu teria ciúmes? Do Thiago?

- De mim. – garota esperta. – Porque eu posso perder o bv antes de você, e você é mais velha. – a coisa certa, o motivo errado.

- Eu sou um mês mais velha que você. E não tenho ciúmes. Até porque, nesse caso, é inveja e não ciúmes. E eu não tenho inveja de você.

- Tem sim, porque o Thiago vai me notar. E ele vai segurar minha mão assim – demonstrou comigo – e depois o meu rosto... – levou a mão até meu rosto. Eu fiquei rígida. Meu coração errou a batida. Não entendi, mas não consegui afastá-la. – e vai se aproximar… bem pertinho. – ela encostou o nariz no meu. Eu já estava pronta. – Eu vou fechar os olhos... – ela fez e eu a imitei. – E aí ele vai me dar um beijo, de língua. Beijão.

Dito isso, se afastou de mim.

Eu quase empurrei ela da cama, de raiva.

Mas estava atônita demais. Meu coração, acelerado. Eu, até aquele momento, nunca havia pensado em mim como gay. Nem em Alicia de maneira diferente.

- E aí ele vai me abraçar depois. – ela me abraçou de lado. – O que foi, Bia? – suspirei.

Não demorei de aceitar o fato. Minhas mães são o melhor casal do mundo, e sempre foram abertas comigo. Eu não tinha certeza do que eu era, mas sabia de uma coisa: queria os lábios da minha melhor amiga. Imediatamente.

- Por que a gente não perde o bv uma com a outra? – ela ia até levantar, mas parou.

- O que?

- É, facilitaria tudo. – isso é mentira. Mas eu era uma menina de onze anos descobrindo que a melhor amiga era uma provável paixão. Descobrindo um monte de coisa, na verdade, e curiosa pra entender e sentir várias outras. Ansiosa também.

- Não, porque estamos aqui agora e eu não estou pensando em beijar você.

- Eu estou, Ally. Você quem começou isso.

- Não, Bia, somos amigas. Eu não sei, não quero beijar você.

~Flashback Off~

Desde então, eu sou apaixonada pela Alicia e só piorou. Já a vi ficar com esse Thiago, inclusive namoraram por um mês ano passado, e boatos que terminaram porque ele tinha um ciúme excessivo de mim.

Boatos verídicos, o moleque não podia me ver tocar na Ally. E eu tocava bastante, de propósito e na inocência, porque somos melhores amigas desde criança, vivíamos agarradas.

Ela já estava mais do que ciente de que eu a amo.

E, mesmo assim, eu tive que ver, além do Thiago e outros posteriores, uma completa desconhecida beijar a boca dela numa festa e ser correspondida. Se fosse eu, ela não corresponderia. Mas tudo bem uma estranha.

Sim, morri de ciúmes nesse dia.

E sim, eu tentei e eu tentei de tudo pra não gostar mais dela. Sair mais, beijar mais, ficar com outras pessoas, como puderam inclusive presenciar, mas “é impossível não se apaixonar pela Becker”.

(frase dita uma vez pela minha madrinha, Júlia Becker, a mulher que eu só quero chamar de sogra ao invés de Dinda)

- Mas e aí? Foi… bom? – ela me pergunta.

- Não foi ruim. Eu gostei. Mas já dei beijos melhores. – dei de ombros, ela negou com a cabeça.

- Você precisa tratar melhor essas meninas.

- Alicia, só porque eu não namorei com elas não quer dizer que eu sou ruim com elas. Eu não sou. Se eu não adorei o beijo, vou continuar beijando, perdendo tempo e desperdiçando o tempo da garota? Você quem acha que eu sou esse monstro. Só porque eu sou sincera.

- Não acho que você é um monstro, Bia. Só acho que deveria dar mais valor a elas. Principalmente às que se apaixonam por você.

- Eu não saio esculachando ninguém. Todas elas estão e são cientes de que, se eu partir o coração delas, não foi minha intenção e muito menos minha culpa, desde que eu não firme nenhum tipo de compromisso. Eu converso com elas, Alicia.

- Ok, eu sei. Só queria que você tivesse mais critério pra escolher com quem fica.

- Fico com quem me atrai e me quer, afinal, não sou apaixonada por nenhuma delas. Só por você.

- Acorda, você não sente nada por mim. É só porque eu estou “difícil”. Estou perto demais, mas você não pode tocar, e isso te enlouquece.

- Acorda você! Eu já gostava de você antes de qualquer uma delas. E vou continuar gostando, porque eu já tentei um milhão de vezes não gostar, o tempo passa e isso não me deixa de jeito nenhum, eu sofro, Alicia. E você nem acredita em mim. Vai acreditar em mim? – ela me olhou e suspirou. Talvez ela olhava pra minha boca, mas foi muito rápido pra ter certeza.

- Tudo bem, eu acredito. – meu queixo caiu. Isso nunca aconteceu antes.

- C-como assim, você acredita? – tremi toda

- Talvez você sinta algo por mim.

- Meu Deus. Alicia, meu amorzinho, você abriu seus olhos lindos hoje?

- Abri. E os seus olhos é que são lindos. – beijou minha bochecha. Fiquei querendo mais.

- Obrigada. – passei o braço pelos ombros dela, algo que sempre fazia, mas não durante as aulas. Sim, tudo isso aconteceu aos sussurros durante a aula.

- Mas eu quero esse perfume longe de mim. – tirou meu braço. Não pude reclamar. O sinal tocou, indicando o fim daquela aula. Ainda viria mais uma. Isso de reposição de aulas é um saco.

- Dorme lá em casa hoje? Não tenho nada pra fazer.

- Tem a festa, lembra? O pessoal quer que você vá. – dei um muxoxo. Ela estava empolgada com isso, mas prestou atenção à minha reação. E a empolgação sumiu, aparecendo uma leve decepção. – O que, você não quer ir? – não, mas ela quer tanto né

Tantas coisas a gente faz por amor...

- É, eu quero.

- Não precisa mentir pra mim, já notei que você não quer. Só que nessa você vai. O pessoal quer que você vá, Bia. E eu quero ir com você. Depois você dorme lá em casa.

- Não vou por ninguém, só por você. – ela sorriu grandão. – É verdade, os amigos que eu tenho aqui não conseguem me arrastar pra festas. Só você mesmo pra me tirar de casa.

- Eu consigo te convencer a tudo. – apertou minha bochecha.

- Porque tudo fica mais legal com você. Sua convencida.

- Olha só quem fala. – ri, porque era verdade. O professor de matemática entrou, começando a preparar as coisas pra começar a aula. – Não tô pra matemática.

- Eu copio, pode ficar tranquila e pegar seu caderno de desenhos que é uma humilhação pra mim e cada um que não sabe desenhar. – ela deu uma risadinha.

- Vou fazer um desenho seu um dia desses.

- Você já fez um. – um parêntese pra essa história se faz necessário.

Um dia em que eu dormi na casa dela, Alicia ficou acordada a noite toda porque estava ansiosa pra algo que nem lembra mais o que é, e enquanto o dia amanhecia ela me desenhou dormindo, porque eu estava esgotada e não fiquei olhando para a carinha linda dela, eu apaguei na cama (sim, dormimos na mesma cama, apesar de tudo, sempre foi assim e isso não vai mudar).

Claro que eu estava descabelada, jogada, de boca aberta, provavelmente babando e tudo mais, mas ela fez aquela cena parecer bonita. Meio que mostrando como ela me via naquele momento, como ela me enxergava. No desenho, há um arco-íris sobre mim. É a única parte colorida. O arco-íris nasce como se fosse da minha pele e se curva sobre meu corpo.

É bonito. E é um dos motivos de eu não desistir dela. Na verdade, o principal motivo, atualmente. Eu não posso desistir, quer dizer, ninguém aqui olhou aquele desenho. Ela usou traços simples, não fez acabamentos, mas eu amo aquilo. E guardo comigo, emoldurado na minha cômoda.

“É só um esboço bobo”, alguém pode pensar, mas ao lado desse esboço há a impressão em palavras do momento para ela. O que não é nada bobo.

Alicia escreveu em itálico (mais uma das suas habilidades): 

“À frágil luz da pequena Lua tu descansas, serena e bela. Ela, aos poucos, cede seu lugar ao seu rei amante, Sol, como tu fizestes mais cedo, fogo incessante deu lugar à calmaria aparentemente eterna. Tentastes guiar-me, mas ao meu fracasso, me abandonastes, exausta. E ao amanhecer, teu corpo perfeito, livre e inexplorado é contemplado pela transição constante, e brilha, semelhante aos teus olhos, verdes, reluzindo como em glória, banhando-se vagarosamente em luz, transcendendo e exibindo magníficas cores, despertando inesperados amores. E tu descansas, intocada, sem ao menos perceber a infinidade de fenômenos perfeitos que a agracia, como fazem também os meus olhos. Admiram-te, incansáveis, e tu suspiras em teu sono profundo, tranquila, livre de teus demônios. Em meu mundo descansa, sozinha, como ao relento, mas bem aconchegada. Iluminada. Amada. Colorida, pelos reflexos. Os infinitos tons mesclam-se em perfeita harmonia. Juntam-se. E sete cores que tanto representam, sete feixes luminosos passam a clarear, juntos, o que era completa escuridão dentro e fora de mim. Passam-se as horas. E agora, tudo encontra-se repleto e tomado por luz, não mais colorida. Finalmente, branca. Tão bela desperta quanto adormecida, Bianca.” 

Pois é, se vocês não sabiam, Alicia é escritora também. Isso pra mim é poesia e é uma declaração de amor também.

Eu posso declamar isso de trás pra frente se me pedirem. Li tantas vezes, a cada uma interpretando de uma maneira. Há passagens que deixam claro o quanto ela me ama. Há tanta coisa nesse texto.

Não, eu não acho o texto melhor que o desenho ou o contrário. É como se um não existisse sem o outro. Aquele texto nada mais é do que o que ela estava pensando enquanto desenhava.

Alicia fala dos meus olhos, do meu corpo, do quanto ela me acha bonita, das horas que passou me olhando dormir e contando meus suspiros enquanto a luz do sol ia entrando pela janela. Como não amar? E como desistir de beijar aquela boca?

Em caso de você estar se perguntando, Alicia desenha desde sempre. Desde quando escreve, coisas do tipo, não sei. Isso aconteceu há seis meses. Eu estava quase desistindo dela.

Mas me apaixonei perdidamente por cada linha desse texto e cada traço do desenho. Por isso está emoldurado, e não poderia ser diferente.

A aula começou.

- Não, outro desenho. Completamente diferente daquele que você adora.

- Pode fazer quando quiser. – dei de ombros. Ela assentiu.

- Mas, por ora, eu vou cochilar aqui.

- Ok. Bons sonhos. – ri.

- Acha que é simples assim? Eu quero cafuné.

- Não disse que eu não tô com um cheiro bom?

- Não é ruim. Só não é seu cheiro.

- Qual é o meu cheiro?

- Como eu vou explicar um cheiro? – dei de ombros – Você é cheirosinha. É tudo o que precisa saber. – ri, começando a mexer nos cabelos dela. Como eu amo essa menina, que saco.

[...] 

Eu estava pensando: Ally e eu somos um casal. O que falta é se beijar. A gente até anda de mãos dadas, dorme juntas e estamos sempre trocando carinhos.

Quando é que Alicia vai assumir?

- Tô bonita?

- Tá. – respondi ainda no meu devaneio, sem dar importância.

- Olha pra mim, Bianca.

- Você sempre tá bonita, ai que saco, vamos log… Puta merda, Alicia! – ela estava tão linda que parecia uma visão dos meus sonhos.

Principalmente quando descobri o que sentia por ela, eu tinha muitos sonhos com Alicia. Dos mais bobos e fofinhos aos mais quentes. A minha mente só pensava nela a porra do dia inteiro e se eu maliciasse mais do que deveria, à noite Alicia se tornava uma mulher insaciável, uma sadomasoquista, uma stripper… enfim, safada. Meus sonhos eróticos são os melhores/piores.

Melhores porque sempre têm detalhes nos quais eu não penso mas que me agradam muitíssimo, além de Alicia soar perfeitamente como ela mesma. Piores pelo mesmo motivo, eu percebo os detalhes mas é uma porra de um sonho. E Ally soar como ela mesma é algo péssimo, porque me faz pensar se ela gostaria de experimentar essas coisas.

- O que? Tem algo no meu rosto?

- Tem seu rosto!

- Hã?

- Meu Deus, você tá… maravilhosa! – o vestido era perfeito pra ela e o cabelo estava maravilhoso e a maquiagem estava de matar

Eu não vou sobreviver a essa noite.

- Obrigada!! Você também tá muito linda. – acariciou meu rosto como se eu fosse um cachorrinho. – Vamos logo.

- Vamos... – essa noite eu ia ter que aguentar os meninos em cima dela. 

[...]

Assim que chegamos, Alicia começou a beber. Imediatamente, ela entrou e já estava com um copo na mão.

- Cuidado com isso, Ally.

- Vai fazer a santa hoje? – ri.

- Não, só avisei pra ter cuidado. Não tô afim de cuidar de você.

- Pra alguém apaixonada, é bem fácil dizer isso, não é?

- Você ia detestar se eu te obrigasse a me aguentar bêbada.

- É, mas eu não largaria você.

- Eu jamais largaria você. – ela assentiu, como quem desconfia. – E hoje nós viemos juntas, eu só saio daqui com você. Do jeito que estiver.

- Eu sei, temos horário. Isso é uma merda.

- De certa forma. Por outro lado, eu sei até que horas eu tenho que me submeter a isso. A essas músicas ruins e gente bêbada.

- Você adora eletrônica.

- Sim. Isso não é eletrônica. Quando começar a tocar eletrônica eu venho aqui te dizer: “Alicia, a festa está boa.” – ela riu, entornando a bebida no copo.

- Vem, vamos dançar essa música que você acha horrorosa.

- Eu sei que você só quer que os meninos te olhem.

- Sim, mas estarei me divertindo com a minha melhor amiga. Que eu também quero que me olhe.

- Quer, é? – ela ficou quieta. – Difícil achar um momento no qual não estou te olhando.

- Então preste bastante atenção agora. – ela disse antes de começar a dançar colada comigo. Fiquei toda arrepiada, e envergonhada, excitada e sei lá mais o que.

- Você vai me enlouquecer. – falei no ouvido dela, pra que conseguisse me escutar.

- É melhor você manter a sua sanidade. – disse antes de pegar as minhas mãos e colocá-las em sua cintura antes de rebolar até o chão, fazendo-as deslizarem nas laterais do seu corpo, que eu queria tomar como meu imediatamente.

- Nunca mais faça isso, Alicia. – ela riu, começando a dançar dessa vez sem estar colada comigo. Eu nada fiz além de balançar meu corpo no ritmo, aqueles passos eram demais pra mim. Num momento ou outro Alicia me olhava e ria, como se achasse fofo o fato de eu estar dançando sem nem tentar acompanhar o jeito que ela rebolava o rabo e os passos que fazia.

A música acabou, ela me abraçou pela cintura.

- Obrigada por dançar comigo.

- De nada. – eu nem dancei. – Fiz direitinho? – ela assentiu. – Mereço um beijo?

- Merece. – foi pra beijar minha boca e colocou a mão na frente no último segundo. Saiu gargalhando. Segurei-a pelo braço.

- Não brinca assim comigo.

- Ok, te amo amiga. – isso dói. – Vou pegar outro copo.

- Me dei o trabalho de fazer isso pra você. – uma voz masculina surge no meio da música. Entrega um copo à Ally.

- Obrigada Jorginho, que fofo! Você conhece a Bianca, certo?

- E aí Bia? – não tínhamos intimidade nenhuma.

- Oi Jorge. – ele entendeu e não falou mais comigo.

- Mas e aí Alicia? Vamos dançar?

- Claro, gato. – ele não era gato! Só tinha um belo cabelo cacheado, olhos verdes e era um ano mais velho que a gente. Ele é terceiro ano e a gente é segundo. O resto não presta, talvez um braço forte, um tanquinho. Mas e daí? Às vezes a pessoa é candidata a bonita mas não é bonita. Homens podem não ser o meu forte, mas ele não tinha nada mais de interessante.

Eu saí dali, fui comer alguma coisa e quando olhei novamente para a pista, os dois já se beijavam igual loucos. Odeio festas.

Durante mais ou menos duas horas, fiquei alternando entre beber, comer e conversar com pessoas da minha sala que eu não costumava falar sempre. Descobri serem pessoas muito legais, e concluí que tenho andado um pouco presa demais à Alicia. Aliás, não a vi mais.

- A gente veio pra cá curtir, não é mesmo? – comenta Mariana, uma das meninas com quem eu quase nunca falava, mas agora estava falando e eu sentia que ela flertava um pouco. – Então, vamos ali comigo? – disse, estendendo a mão. Não demorei de me despedir do pessoal com um aceno e ir de mãos dadas com Mariana.

- Onde vamos?

- Quero que a gente se beije num lugar bem legal. – ri.

- Bem direta.

- Se você não quisesse, não estaria segurando a minha mão.

- Não posso discordar. – a festa acontecia num salão de festas de um condomínio, então saímos, descobrindo que muitos outros casais tiveram a mesma ideia, de se beijar num lugar mais legal e menos cheio de pessoas. Mariana me levou para o parquinho, completamente vazio, e sentou no balanço, apontando o outro ao seu lado. Me perguntei se eu tinha maturidade pra sentar num balanço e não me balançar.

Sentei.

- Nunca imaginei que chegaria a esse momento com você.

- Você gosta de mim? – ela assentiu.

- Faz tempo. Desde o ano passado.

- Você nem me olhava direito, falávamos normalmente, porque não me contou?

- Não é tão simples, eu gosto mesmo de você. E eu vejo que você gosta da Alicia. – todo mundo vê e acredita nisso, menos a própria. Vai entender.

- Que não gosta de você.

- Sim, não sei por quê. Mas é um dos motivos pelos quais achei que você nunca me notaria. – neguei com a cabeça.

- Estou notando. Você é linda. – acariciei o rosto dela, prestando atenção nos seus cabelos curtos, cacheados e bem hidratados. E na boca sexy. Ela se aproximou, íamos nos beijar, mas uma mão apareceu entre nós, empurrando o rosto de Mari pra longe do meu, balançando o balanço dela.

- Nada disso, querida. Ficou louca? Na Bianca você não encosta! Vem Bia, comigo. – me deu as duas mãos. Completamente bêbada.

- Alicia! – segurei as mãos dela, levantando do balanço. Olhei Mari, ainda sentada no balanço, agora já parado novamente. Ela estava com uma cara de que já sabia que isso aconteceria. – Você ficou maluca?

- Nãoo, quero só chamar você pra jogar Verdade ou Desafio com o pessoal. E eu não quero que beije essa daí na boca.

- Me respeita! – Mariana levantou de uma vez e veio na direção de Alicia, mas me pus entre as duas, virada pra Mari. – Bianca…

- Ela tá bêbada, não vale a pena discutir.

- Não estou surda! - dei um beliscão nela pra que ficasse quieta. – Ai! – fiz carinho no local pra ela não reclamar mais. Seus braços envolveram minha cintura e sua cabeça descansou no meu ombro.

- A gente pode continuar isso outra hora, certo? – falei. Recebi um beliscão de Alicia nas costas, mas fingi que não foi nada. Doeu pra porra.

- Ok. Vou deixar vocês duas. – disse Mari antes de segurar meu rosto e selar nossos lábios. Fui pega de surpresa, e Alicia só percebeu o que acontecia segundos depois, deixando de me abraçar pra tentar acertar um tapa na Mariana, daí eu tive que parar o beijo e me afastar. Mari foi embora com um sorrisinho de canto, sem dizer mais nada.

Merda, ela parecia beijar tão bem.

Vou acabar com a Alicia quando ela estiver sóbria.

- Ai que puta! Odeio ela, não quero olhar pra cara dela nunca mais! Não quero que você fale com ela, Bia.

- Problema seu, eu vou continuar falando.

- Mas beijando a boca dela não, né? Por favor. – não falei nada. – Finalmente essa desclassificada saiu daqui.

- Sério, o que ela te fez? Roubou seu homem?

- Praticamente isso. Quer roubar você de mim, sempre quis. – quanta besteira. Percebi que eu não ia ter nenhuma resposta enquanto ela tivesse álcool no sangue.

- Cala a boca. E para de beber, daqui a pouco temos que ir embora e se você chegar bêbada eu também recebo esporro. – ela assentiu.

- Vamos jogar lá com o pessoal?

- Eu não quero.

- Por favor. É só dizer as verdades se não quiser fazer nada. Inventa alguma verdade. – riu.

- Eu vou pra impedir que você fique nua ou algo do tipo.

- Eu ainda tenho sanidade, e, se esse for o desafio, eu não me importaria se vissem meus peitos. Sabe, eles são lindos.

- Cala a boquinha, Alicia. – fui andando com ela.

[...]

A garrafa caiu virada pra mim e para um filho da puta que estava fodendo a vida de todos naquele jogo.

Ou seja, eu estava fodida.

Principalmente porque inventaram um fucking “limite de verdades seguidas” que eu poderia dizer, para evitar que eu não passasse por nenhuma consequência ou desafio. Todo mundo tinha que passar.

- Desafio. – respondi depois da típica pergunta.

- Te desafio a beijar a Alicia. – travei. A menina sentada ao meu lado deu um tapa na própria testa e lamentou baixinho: “porra…” e outras coisas que não consegui entender.

- Não! – gritei.

- Vai Bianca, faz logo, parece até que nunca beijou a Alicia. – um dos meninos disse.

- Eu nunca beijei a Alicia! – eu continuaria berrando insatisfeita se a própria não tivesse colocado a mão na minha perna. Olhei pra ela, ela assentiu. – O que, você…? – ela deu de ombros.

- Beija logo ela, é pra hoje.

Eu não consegui dizer mais nada, apenas ignorei que minha mão tremia, que eu suava nas costas e estava prestes a beijar a menina por quem sou apaixonada. Diante de uma plateia.

Com a mesma mão trêmula, trouxe seu rosto para o meu e rapidamente selei nossos lábios. Fui pensando “preciso acabar rápido com isso”, mas assim que senti a maciez dos seus lábios, somado ao cheiro do perfume que ela usava, e ao pequeno suspiro que ela deu antes dos nossos lábios se tocarem, meu mundo todo andou em câmera lenta. Eu poderia flutuar.

Se meu coração não batesse tão forte. Ao mesmo tempo que tudo ficava leve, tudo ficava quente.

Senti a mão dela sobre os meus seios, mas sem maldade. Ela foi sentir meu coração, ou apoiar-se pra não cair sobre mim. Mas ela claramente percebeu que ele estava acelerado.

Alicia abriu ligeiramente a boca, como quem pede pra que eu aprofundasse o beijo. Lambi seu lábio inferior e descolei meus lábios dos dela.

- Bianca... – meu nome escapou da sua boca, nossos narizes ainda se tocando. Fingi que o momento não havia sido um dos mais esperados da minha vida e virei-me para o autor do desafio.

- Satisfeito? – o garoto idiota assentiu e eu girei a garrafa. Olhei rapidamente pra Alicia, que parecia um pouco atordoada. O meu nome sendo sussurrado por seus lábios como uma súplica de “não pare” ainda ecoava em minha cabeça.

Fiquei sentada ali por não seu quanto tempo, sem prestar a menor atenção no jogo, pensando nos lábios da menina-mulher ao meu lado. Logo, quando caiu pra ela cumprir um desafio, alguém falou:

- Sete minutos na escada com o Jorginho, Alicia! – meu estômago se revirou. Eu não queria que Alicia fosse com aquele menino pra aquela escada escura só pra ele tocar de maneira inapropriada o corpo dela.

Olhei para o relógio no meu celular. Só pra tomar um puta susto.

- Ok. – disse ela, levantando. Segurei seu braço.

- Ally.

- O que é? – perguntou, parecendo chateada.

- Já é quase uma da manhã. – ela arregalou os olhos.

- Caralho! Eu tenho que ir embora. – falou para as pessoas. Alguns riram, da cara do Jorge, óbvio.

- Justo agora, Ally? – perguntou ele.

- Desculpa, tenho mesmo que ir. – falou levantando e indo na direção dele. Ele puxou minha melhor amiga pela cintura.

- Um beijo antes de ir. – ela não disse nada, e eles se beijaram. Um beijo que definitivamente não deveria ser dado com uma plateia. Moleque filho da puta.

Depois dessa cena pros presentes eu saí dali com Alicia ainda bêbada.

- Eu nunca mais vou beijar o Jorge. – falou, ainda limpando os cantos da boca.

- Que bom. Não vai agradecer a mim? Se não fosse eu, você não só beijaria como ele pegaria em partes do seu corpo que não quero nem pensar.

- Quem você acha que eu sou? Eu nunca deixaria ele me tocar.

- Você não está em seu juízo perfeito.

- Vai se foder! – ia sair andando pra longe de mim, mas segurei o braço dela.

- Pode brigar comigo a hora que quiser, desde que esteja sóbria. Agora, vamos pra casa.

- Onde você aprendeu a segurar alguém desse jeito? – então percebi que estávamos próximas demais, porque eu a segurava pelos dois pulsos. Soltei-a. – O que a gente faz? Vamos correndo? – ela perguntou. Pensei comigo mesma quanto tempo dura o efeito do álcool.

- Ficou maluca? Correr pela rua de madrugada?

- Bom, eu não vou ligar pra mamãe. E nem vou ficar aqui.

- Mas você sabe que o certo é ligar pra dinda, já que perdemos nossa carona. Ela viria nos buscar sem problemas.

- Sem problemas pra você, que não é filha dela! – na verdade, isso não procede muito, porque eu já recebi várias broncas da mãe da Alicia como Ally também já recebeu várias broncas do meu pai (Marina), que é a madrinha dela. Elas tem essa relação na qual uma pode corrigir a filha da outra também se achar necessário.

- Ok, fica calma.

- Como a gente chega em casa? – puxei ela pela mão e fui andando. – Andando? Antes ir correndo, chegava mais rápido.

- Calma. Tem dinheiro aí? – finalmente ganhando a rua, parei na faixa de pedestres. Tinham muitos carros na rua para o horário.

- Não. Vai esperar um ônibus? – neguei com a cabeça.

- Vou alugar uma bicicleta. – atravessei a rua, indo até as bicicletas enquanto torcia que desse pra pegar uma naquele horário.

- Mas eu não tenho dinheiro.

- Tenho o suficiente pra uma. Você vai ter que se equilibrar no ferro. – tirei a bicicleta, amém. – Vamos pedalando até aquele ponto lá na rua antes da sua, deixamos a bicicleta e terminamos o percurso até sua casa andando.

- Você é um geninho.

- E você é muito burrinha, não sei porque ainda escuto você. Poderíamos voltar no conforto do carrinho da sua mãe.

- Ela não gosta que eu beba. Eu estou alterada. E você é meu anjo. Precisa me salvar. – sentei na bicicleta, ela se acomodou como conseguiu. E antes que eu saísse, ela segurou meu rosto com as duas mãos. – Eu te amo, Bianca. Você é a melhor pessoa que eu tenho. Se não fôssemos amigas, nós seríamos amigas. Entende o que digo? Não consigo imaginar minha vida sem você nela. – e me largou, tentando se equilibrar melhor na posição.

- E nem eu, Ally. Muito menos eu. – suspirei, sem entender muito bem por que ela mexe tanto comigo dizendo algo como isso, coisa que eu já sei. – Se sentir qualquer coisa ou estiver desconfortável demais, avise, certo?

- Ok. – comecei a pedalar, logo pegando velocidade. A sensação era maravilhosa, o vento no rosto, as luzes passando mais rápido, o cabelo de Alicia voando e seu sorriso praticamente bobo, fazendo daquela uma cena tão linda. Eu nem pensava mais que estávamos fazendo algo errado (em tese). – Ainda bem que você é uma ótima ciclista.

- É, ainda bem. Mas se cairmos, vai ser uma bela queda.

- Não vamos cair, cala a boca. – ri, aumentando a força, sentindo minhas panturrilhas queimarem levemente. Alicia não se movia fazia alguns minutos. Ela não estava mais bêbada.

- Você tá bem, né?

- Aham. Só preciso de um banheiro, entornei copos d’água antes de ir do lado de fora.

- Alicia, o que estava fazendo lá? Eu estava…

- Quase beijando a Mariana, eu sei. Não gosto dela. Mas não queria agredi-la, desculpa por isso. – murmurei que já sabia disso, virando a última esquina antes da nossa parada. – Eu provavelmente não atrapalharia vocês, mas fui parar lá fora com a mesma vontade que estou agora.

- Hã?

- Eu saí pra fazer xixi, no jardim. – gargalhei, parando a bicicleta. Sem acreditar no que ela disse. – Ué, de repente todos os seres femininos da festa resolveram ir ao banheiro ao mesmo tempo, eu não ia aguentar ficar na fila, até tentei, mas ficou muito difícil, achei que ia explodir. – Alicia apoiou os pés no chão e me olhou. – Ainda bem que você não me viu, seria um pouco humilhante. Mas de onde eu estava me aliviando, dava pra ver vocês duas no maior clima. Desculpa, fiquei com raiva.

- Mas precisava se meter entre a gente?

- Bem, eu não quero que você beije aquela lá. – encaixei a bicicleta no lugar.

- Pronto. Vamos andando. – entramos na rua dela. – Alicia, eu sinto muito ser a que vai te dizer isso, mas você está com ciúmes de mim.

- Sempre tive ciúmes. Você é a minha melhor amiga e eu detesto a Mariana. Só quero que saia com gente melhor, já que você não tem critério nenhum.

- Tenho sim. Seria você. Eu quero sair com você. – ela adiantou-se, um passo na minha frente. – Alicia, eu não vou desistir de você. Para de fugir de mim. – segurei seu pulso. – Isso era ok hoje mais cedo e você disse que acreditava, sem se chatear, o que houve?

- Como assim “o que houve”? Bianca, a gente se beijou!

- E? Era uma obrigação! E tinha plateia! – dissimulei. – Não nos beijamos porque você quis.

- Todos, sem exceção, me viram completamente entregue a você! Vai dizer que não viu?

- Ahn… completamente entregue?

- Bianca, eu não te falei isso. Eu não queria pensar nisso. Mas, porra, você é muito atraente. É linda, e é a pessoa mais legal do mundo. Inteligente, engraçada... – fiquei paralisada, e ela se declarava como uma poeta, declamando no meio da rua deserta. Acho que até vi uma luz em alguma casa à minha direita se acender, de alguém que acordou com ela falando. Mas estava tão encantada em observá-la me descrever que não pude dizê-la pra baixar o tom. – E eu não estou bêbada, Bianca. Talvez alguma pequena quantidade de álcool ainda esteja aqui, mas estou falando do âmago do meu ser. – ri, pela escolha das palavras. – Falei difícil?

- Não, eu acho lindo quando fala assim. – eu ainda ria igual a uma abestalhada. Isso a fez rir também.

- Enfim, você é tudo isso, mesmo ficando com pessoas que não tem nada a ver e sendo uma insistente do caralho, tentando o tempo todo me forçar a pensar em algo que eu não quero pensar. Eu não quero pensar que desejo você ou quero beijar você ou qualquer coisa assim. Mesmo que toda vez que você toca no assunto, eu penso em coisas como sentar no seu colo e te agarrar. – arqueei a sobrancelha. – Não faz essa cara pra mim. Vê? Você é uma eterna tentação proibida, e eu não posso me deixar levar por isso. Merda, não fica frustrada comigo.

- Claro que fico, você se declarou pra mim na rua! Já passou de uma da manhã, estamos fodidas, mas estamos bem, estamos juntas, e você quer falar do beijo que eu quero esquecer só pra me dizer que não pode?

- Por que quer esquecer?

- Você não quer?

- Claro que não!

- Está me confundindo.

- Não quero esquecer, pelo contrário. Foi como se você tocasse minha alma diretamente, usando os lábios. Nunca, nos meus dezesseis anos de vida, eu senti tanto num só beijo. Todo o meu corpo parecia mole nos seus braços, Bianca. Tínhamos o mesmo ritmo de respiração e nossos corações pareciam bater no mesmo compasso.

- Batem. Você quem acabou de perceber agora. Sempre bateram.

- Se sempre bateram, meu Deus, por que nunca me agarrou antes? Eu precisava sentir isso!

- E por que está dizendo que não pode? Por que não pode tentar algo comigo? Tem medo que acabe em desastre se nos separarmos?

- Tenho! Seríamos obrigadas a conviver juntas por causa das nossas mães, você sabe, o que seria uma merda. – assenti. – Isso se… for um relacionamento sério.

- Eu quero tudo com você. – ela ficou quieta por uns segundos. Quis falar algo, mas não sabia o que.

- Bianca… por que não me beijou de verdade?

- Porque eu não beijo com plateia. Não ia fazer um show pra uns idiotas daqueles, por mais que eu quisesse te beijar. E eu quero muito.

- E você não me olhou nem por um segundo depois que nos beijamos até precisarmos ir embora. Fiquei puta, como não ficar?

- Alicia, eu estava deslumbrada. Não fazia ideia do que fazer, muito menos do que te dizer.

- Você diz me olhar tanto, e quando eu estou encarando você, você não me olha. Eu olhei pra você. E quis você.

- Não quer mais? Voltou ao seu juízo perfeito?

- Não, Bianca, eu em meu juízo perfeito a quero mais ainda. Apenas consigo me controlar melhor. Quer dizer, não mais.

- Eu já tive que passar por vários testes de autocontrole perto de você, e depois de um beijo você não aguenta mais a minha presença sem surtar? – ela riu, nervosa e assentiu repetidas vezes. – E o que quer que eu faça?

- Não sei Bia, eu realmente estou surtando! – andava de um lado para o outro entre a calçada e o meio da rua.

- Então para! – voltei a segurá-la pelos pulsos. – E pensa no que você quer! – ela pareceu adormecer por um segundo, mas sabia que estava acordada porque seus olhos estavam presos aos meus.

- Você.

- É o que quer? – eu tentava não sorrir.

- Sim. – e abraçou meu pescoço, colando nossos lábios. Dessa vez não evitei meu sorriso, e ao aprofundar o beijo, ela não evitou gemer baixinho.

Claramente o amor da minha vida, tô nem aí que é o primeiro.

- Nossa, Bianca, eu te amo. – falou contra os meus lábios.

- Eu também. Sempre te digo isso.

- Sim, eu também falo, mas eu te amo e quero, sei lá, transar.

- Já? Apressada.

- Não! Quer dizer, sei lá, falei pra você entender que correspondo você no que sente.

- Eu sei disso. Sempre soube. Acha que eu insistiria numa causa perdida?

- Acho.

- É, eu insistiria sim. – sorriu e me beijou. Depois, colou nossas testas enquanto ofegava levemente. Eu estava vivendo um sonho.

- Tão bela, à luz da lua novamente, dessa vez desperta. – uma referência ao texto dela, que me levou a um sorriso maior ainda. –  Teus olhos de esmeralda julgam, amparam e acalmam o mar revolto de emoções do meu ser. Senti frio, mas não sinto mais. Senti fome, mas não sinto mais. É como ser preenchida. Preenchida de amor.

- Vai se foder, para de ser tão linda. – ela riu. – É assim que eu faço poesia, Alicia. Acostume-se. – gargalhou, coisa fofa. Abracei-‍‍‍a pelos ombros e continuei o caminho, Ally ainda rindo.

- Bonitas, hein? – somos surpreendidas.

- Ai mãe, que susto! Porra... – Ally levou a mão ao peito. Ri.

- Tavam fazendo coisa errada, né? – disse a minha madrinha, ninguém menos que a Júlia Becker.

- De maneira alguma.

- Claro que não, dinda.

- Vocês acham que eu não vi esse beijaço? – nos entreolhamos e tivemos certeza de que queríamos a mesma coisa: enfiar a cabeça num buraco e ficar lá até a vergonha passar. – Ih, ficaram vermelhas.

- Ô mãe, o que você tá fazendo aqui fora uma hora dessas? – claramente a dinda se vestiu às pressas pra sair de casa. Foi uma pergunta bem idiota a da Alicia. Claro que ela saiu atrás da gente.

- Eu não tenho problema nenhum com você dormindo na casa de algum colega com a Bianca, mas a sua mãe está louca atrás de você porque a senhorita passou do horário e não avisou. Você sabe que eu só começo a me preocupar se der cinco da manhã e você não aparecer nem der sinal de vida. Ela me fez ir buscar vocês.

- Buscar a gente?

- É, pra você ver o quanto eu não aguento quando a Bárbara bota uma coisa na cabeça. Sobra pra mim, que sou obrigada a sair de madrugada. Mas que bom que você – dá um peteleco na orelha de Alicia – estava bem aqui atrapalhando o sossego dos outros. Quer dizer, a gente louca dentro de casa, até Marismin já começou a ligar pra cá, e as duas bonitas se beijando no meio da rua!

- Minha orelha, mãe. – ri. E recebi um peteleco também, tenho certeza que mais forte.

- Ai!

- Não ri da minha pequena não. – Alicia gargalhava às minhas custas, enquanto voltávamos a andar. – Tanto lugar pras duas se beijarem, resolvem fazer isso na rua depois do horário combinado. Mereço. Vão se pegar no quarto porra, ninguém vai atrapalhar vocês. Pra que se esconder? A gente já sabe de tudo.

- Tudo o que, mãe? – ela olhou pra Ally como quem diz “tá tentando me fazer de besta?” – Sério, eu beijei a Bianca, você viu, mas… foi nosso primeiro beijo.

- Ah, nunca aconteceu antes?

- Não. – garanti, revirando os olhos.

- Tinha certeza que as duas estavam ficando escondidas nas festas que a Alicia estava indo.

- Eu não fui a nenhuma dessas. – Alicia bateu na testa.

- Não foi? Então como é que você sempre tinha companhia lá, Alicia?

- Eu não tenho só a Bianca de amiga, né mãe. A Bia é a melhor, mas não é única. – a mãe dela limitou-se a assentir. Entramos pelo quintal enorme da casa dela.

- Finalmente, Alicia! – diz a tia Babi. Adoro ela.

- Oi mamãe, fui encontrada ilesa.

- Não estou pra brincadeiras.  

- Então Bárbara, sabe o que a gente tava ouvindo e parecia que os vizinhos estavam brigando? – ela assentiu. – Eram essas duas conversando na rua. Ou melhor, discutindo. E depois se…

- Mãe, não! Por favor, não. – achei graça.

- Você esqueceu que tinha horário, não merece piedade. Enfim, vidoca, Alicia agarrou a Bianca na rua, eu presenciei as duas se beijando como se não houvesse amanhã. – tia Babi ficou boquiaberta.

- A filha da lésbica das lésbicas não foi a que tomou atitude? – dinda gargalhou e Alicia também.

- Ei! Não é bem assim, Ally ficou fazendo doce por um tempão até me beijar hoje, tive que ser insistente.

- Você é insistente.

- Isso soa como certa Bárbara…

- Cala a boca, Júlia II. Fiz doce mas casei com você.

- É mesmo, vidoca.

- Esse apelido é feio. – sussurrei pra Ally. Que virou e me deu um tapa.

- Não fale assim do apelido das minhas mães. É exclusivo. E elas são casadas há uns dezessete anos, eu acho, e são lindas, melhor casal. O apelido é fofo.

- Marismin é melhor do que Jubi.

- Até parece! Claro que não!

- Claro que é. Minhas mães são muito mais engraçadas. E estão juntas a mais tempo.

- Você contou as vidas passadas? Porque as minhas mães são almas gêmeas. – Alicia cruzou os braços. Repeti o gesto.

- As minhas também! Com certeza estão juntas a mais tempo.

- Essa discussão é inútil. – disse a dinda. – É claro que eu sou TeamJubi.

- Isso aí, mãe!

- Eu não sou. – disse a Babi.

- Você prefere Marismin, Bárbara? Sério? Se separa de mim e vai viver com elas então.

- Por favor, não. – disse a Ally.

- Rainha do drama, eu não faria uma idiotice dessas em meu juízo perfeito. – elas trocaram um selinho. – Mas prefiro as nossas filhas. Olha isso. É como os dois casais juntos. Mas elas são completamente diferentes de nós duas.

- Achei que você não shippasse um Becker com um Bittencourt. No caso, as meninas.

- Eu não poderia shippar se elas não estivessem juntas. Agora que estão…

- Nem eu que falo umas palavras estranhas falo “shippar”. Há séculos ninguém mais fala isso, parem de falar isso. – disse Alicia, me fazendo rir.

- Parece que shippar hoje é como dizer “top” antigamente. – disse a dinda.

- Sim. E a gente também não usa mais “top” em ocasião nenhuma.

- De qualquer forma, mesmo vocês duas sendo melhores que Marismin e Jubi, Alicia, você vai ficar sem sair à noite pelo resto do mês.

- Tudo bem, mamãe.

- Agora vão dormir. – passamos por elas na porta. – E nunca mais cheguem com cheiro de álcool. Se chegar bêbada, vai ficar o ano sem sair. – ela assentiu.

Só fizemos cair na cama depois disso, as duas juntas e apagadas. E felizes, claro.

Pov Alicia

Que mulher é essa, meu pai do céu.

- Quem é o meu melhor amorzinho fofinho? -perguntei, colocando as mãos na frente dos olhos dela, que não errou nenhuma nota, mas interrompeu a música segundos depois.

- Oi bebê, que surpresa! – levantou do banquinho do piano cheia de sorrisos e me apertou em seus braços. – Alguém está bem limpinha.

- Eu sempre estou bem limpinha. Mas troquei de perfume. – pra ela. Porque hoje é nosso aniversário, espero que ela não esqueça, porque o último ela esqueceu. Hoje a gente faz 12 meses de namoro. Um ano. 365 dias amando como uma louca e a louca mais feliz do mundo.

Almocei correndo e me arrumei cheirosa pra ficar colada nessa branquela linda e minha. Se Bianca esquecesse, seria uma mulher morta.

- Eu percebi, amor. – o auto falante da sala tocava uma música de batida levemente sensual. – Estava tocando essa música. Gostou? – antes que estejam se perguntando, essa sala era uma sala de música, com acústica valorizada, um sistema de som maravilhoso e um pequeno estúdio, na casa, ou melhor, na mansão onde mora a Bianca.

Foi a minha madrinha Mari que fez essa sala pra Yasmin, depois da primeira reforma da casa, quando elas se mudaram. Bianca gosta de passar muito tempo aqui, não só por amar música e tocar todo tipo de instrumento (habilidade adquirida da mãe cantora, claro), mas diz que é uma forma de ficar mais perto da mãe quando ela está em turnê.

- Se você soubesse o quanto eu amo quando você toca. Eu adorei, anjo. Essa música é sexy, não é?

- Não é tanto no piano, mas concordo. – sorriu maliciosa.

- Eu amo seu sorriso. Bianca, Bianca, ai de você se um dia namorar alguém que não aprecie você do jeito que eu faço.

- Eu nunca vou namorar outra pessoa mesmo. Amo minha artista particular. Você me faz sentir como uma tela em branco, pronta pra que você venha e deixe sua marca, se expresse, se ocupe. – até aí eu tinha corações nos olhos. – E você faz trabalhos maravilhosos em mim. Só não faz pintura, porque não tem pinto. – depois disso eu continuava com os mesmos corações, mas agora gargalhava.

- Trabalhos maravilhosos, é?

- Sim. Inclusive eu adoraria que fizesse um agora. Vamos fazer arte pelo resto da tarde até você ter que ir. – ou ela não lembrou, ou ela tá de sacanagem só porque é um ano.

De uma forma ou de outra, não tô feliz.

- Não vamos transar no escritório da sua mãe. – ela revirou os olhos.

- Isso é uma sala de música.

- Sua mãe, minha sogra amabilíssima, vive de música, então isso é um escritório. Não é lugar de indecências.

- Sabia que eu sei que as minhas mães já transaram em cima de um piano? – não imaginei a cena real, ainda bem, mas tive um flash de Bianca me sentando naquele piano e tocando cada parte do meu corpo.

- E daí? – fingi que não pensei nisso.

- Você quer enganar a quem? Eu sei que você quer.

- Não quero nada. – ela segurou atrás dos meus cabelos. – Bianca.

- Quem não quer nada? – não aguentei com aquela voz linda do caralho e a puxei pela gola da blusa, colando meus lábios com o dela num beijo praticamente desesperado. Senti minhas costas contra a lateral do piano e suas mãos no meu quadril por baixo da blusa. Esquentei.

- Vou expôr vocês! – uma voz de criança nos interrompe nesse momento de puro fogo.

- Clara, sai daqui. – diz a minha namorada, revirando os olhos.

- É o lugar da mama, eu posso ficar se eu quiser. Aqui não são seus domínios e ela não vai gostar que você tá se agarrando com a Ally desse jeito na sala dela. E Alicia, você nem falou comigo! – cruzou os braços.

- É porque eu queria surpreender a Bia, vem aqui, pequena! – me apertei com Clarinha em um abraço. Coisa mais fofa e linda.

- Agora você vai roubar a Ally, Clara?

- Eu poderia, mas ela te ama muito.

- Uma pena, não é? – falei.

- Fica quieta. – disse Bia.

- Eu vim avisar que papai ligou e daqui a pouco chega em casa. – disse a pequena.

- Daqui a pouco é daqui a umas duas horas, você sabe.

- Ela me pediu pra te avisar. – deu de ombros.

- Daqui a pouco eu vou pra casa.

- Pensei melhor agora, dorme aqui, amor. – ela pediu como pede sempre. Fiz careta. Queria que ela parasse com isso e me abraçasse, dissesse “feliz aniversário pra nós” ou qualquer coisa assim e me beijasse depois. Só isso.

- Eu não aguento ver vocês namorarem.

- É porque você não tem namorado. – falou Bianca, como se tivesse a idade da irmã, ou menos. – E nem vai ter tão cedo. – Clara arqueou a sobrancelha. – É sim senhora, nenhum moleque desordeiro ou menina mal intencionada vai encostar em você enquanto não fizer 16 no mínimo.

- Que ciúme bobo, Bianca. Você começou a bradar por aí que gostava de mim quando tinha exatamente a idade da Clara. – a pequena gargalhou com a revelação.

Segundo Bianca, eu fiquei sabendo no exato momento que ela descobriu que sentia algo por mim, aos 11 anos. Só começamos a namorar aos 16, quando eu finalmente dei o braço a torcer e aceitei que as coisas monumentais e completamente desconhecidas que eu sentia por ela não iriam embora nunca.

E não vão embora mesmo.

- Eu não sou mal intencionada, sou? – desde que soltei Clarinha do meu abraço, Bianca estava com a mão na minha bunda. Como um abraço pela cintura, só que com a mão na bunda.

- Preciso responder, anjo? - indiquei a mão dela, pronunciando o apelido que costumava a chamar de maneira irônica. Bianca riu, me trazendo pra mais perto, sem tirar a mão. Beijou minha bochecha.

- Essa é sua deixa pra sair, Clarinha. – ela disse, com o rosto bem próximo ao meu. – Alicia tá muito cheirosa e eu vou começar a beijá-la de novo. – ri. Clarinha revirou os olhos e saiu da sala.

- A sua irmã é tão fofa. Não aceito que ela cresça.

- É sim. Sou apaixonada por essa pirralha. Que ela nunca ouça isso.

- Quando vocês ficam amorzinho é a coisa mais fofa do mundo.

- Eu adoro você e o Ângelo também. Uma pena ele ser meio ciumento.

- Como se você não tivesse ciúmes da sua irmã. Ângelo é tipo… o homem da minha vida, eu faria qualquer coisa por aquele marmanjo. E ele adora você, só não gosta das suas demonstrações de carinho na frente dele.

- Carinho. – e apertou minha bunda.

- Sim. Muito carinho.

- Vou fazer carinho em você lá no quarto, pode ser? – falou, mordendo minha orelha e sussurrando. Claro que derreti, esqueci da chateação e concordei.

[...]

- Bianca! Por que porra você parou? – abri meus olhos, ofegante.

- Não parei, eu terminei. Achei que você tivesse gozado. Não gozou, Ally?

- Se eu tivesse gozado estaria gritando com você?

- Desculpa. – porra.

- Vem terminar o que começou, agora!

- Meu braço dói. – ela deitou. Por um momento me perguntei por que ela conseguia me fazer pensar no quanto o corpo nu dela é lindo enquanto estou tão chateada.

- Você veio com dois pra que?

- Ally, termina sozinha aí. – fiquei boquiaberta com essa fala. – Aliás, essa é uma ótima ideia, se toca pra mim.

- Eu não vou fazer porra nenhuma pra você.

- Que é isso, amor? Eu sou uma namorada tão boa.

- Vai se foder, Bianca. Você tá de sacanagem comigo desde a hora que eu cheguei. Eu só queria a minha namorada normal, sabe?

- Ok, eu nem queria usar isso agora, pois tô com preguiça, mas como acabei de frustrar sexualmente a minha namorada, vamos lá. – ela riu quando olhou pra mim, eu deveria ter uma interrogação no meio da testa. Mas ainda estava com raiva. – E eu estou muito normal, Alicia. Você que tá estranha, do nada não goza mais quando diz que tá indo... – quase bati na cara dela. – Enfim, vai lá no meu armário.

- Vai você.

- Por favor. Vou chupar você pelo tempo que você quiser.

- Desde quando contamos o tempo?

- Só vai lá, Alicia. Pra dar logo um jeito nisso. – levantei e abri o armário dela. – Pega essa caixa preta. – era uma caixa de tamanho médio e não pesava praticamente nada. – Traz ela aqui. – sentei ao lado dela.

- O que tem aqui dentro? – Bianca sorriu.

- Abre. – sem dizer nada e sem me livrar da raiva, abri a caixa. Dentro havia um tecido preto aparentemente delicado. Não entendi, mas peguei. Era um vestido lindíssimo, meu queixo caiu. – Gostou, amor?

- Deuses, Bianca, eu amei!

- É um presente pra você. Claro que eu jamais esqueceria nosso aniversário de um ano. Parabéns para nós! – deixei o vestido e a abracei com força, sentando no colo dela.

- Eu te amo, meu anjinho maravilhoso! – separei o abraço. – Mas ainda estou frustrada. – dei um tapa na cara dela, que gargalhou. – E onde eu vou usar esse vestido?

- Vamos sair pra jantar em família hoje.

- A minha e a sua?

- Claro.

- Que legal! – sorri. Eu adorava as reuniões de família com a família da Bia também, e ela sabia disso. – Planejou isso debaixo do meu nariz?

- Com certeza. E te distraindo bastante, né... – disse, beijando meu pescoço.

- Ah, sua puta! Estava me enrolando esse tempo todo!

- Exatamente. E tem mais uma coisa. – ela enfiou a mão na caixa, debaixo do vestido e puxou uma calcinha minúscula também preta.

- Você vai vestir isso, né?

- Acho que não.

- Eu quero que vista. Vai ficar tão gostosa que eu talvez até te perdoe por não me deixar gozar.

- Sobre isso, desculpa, eu queria te deixar muito puta.

- Você conseguiu.

- Mas só pra poder atacar você de novo. – antes que eu assimilasse a frase, minhas costas colidiram com a cama e uma Bianca estava com a boca no lóbulo da minha orelha. – E aí te dar o melhor orgasmo da sua vida, te dar o meu máximo só pra fazer você gozar. – eu já tinha broxado, mas o meio das minhas pernas voltou a se fechar contra o nada só com essa fala.

Senti a boca dela em tantos lugares que havia momentos em que parecia que Bianca tinha mais de uma boca. E em outros momentos, suas mãos tentavam deixar as regiões menos sensíveis por onde ela passava. Ou mais sensíveis, não sabia o que ela pretendia. Só sabia que, a cada vez que eu esfregava as pernas pra conter q excitação, mais molhada eu ficava.

A mão de Bianca chegou ao meu sexo já me penetrando com dois dedos, que entraram muito facilmente, porém com força, o que me fez gemer mais alto, pelo desejo atendido e pela força aplicada.

- Baixa o tom, não estamos sozinhas. – assenti. Mas ela aumentou o ritmo, a velocidade e eu queria gritar. Forcei-a a parar e antes que ela falasse algo, deitei de bruços e esperei que ela me invadisse novamente. Fui obedecida, e com mais força do que antes, mas agora eu estava permitida a dar todos os meus gemidos altos no travesseiro.

- Você vai precisar de mais do que isso, Bianca. – falei, mas meu corpo já dava pequenos espasmos. Só que eu queria um orgasmo que me acabasse por uns bons minutos.

- Ah é? – ela mudou algo no que fazia dentro de mim e passou a tocar repetidas vezes num mesmo lugar que me dava intensas ondas de prazer e eu sentia que iria flutuar em breve. E então, ela passou a lamber meu clitóris com carinho, diferente de todos os outros toques brutos, e eu travei, todos os meus músculos se contraíram.

- Eu vou gozar! – meu corpo parecia feito de fogo e tremia como uma construção prestes a ruir. – Bianca! Oh, Porra… Não para! – a pressão no meu ventre estava insuportável, e as minhas pernas formigavam.

Bianca estapeou minha bunda e eu senti tudo escurecer, um prazer indescritível, como o universo inteiro no meu corpo, e tentando sair. As únicas sensações que eu ainda registrava eram o meu gozo escorrendo entre as minhas pernas, e os pequenos gemidos de Bianca que seguiram soando pertinho do meu ouvido, até que sua mão deixasse meu corpo e o mesmo desabasse na cama completamente esgotado e suado. Nem sabia que estava suando, mas era bastante.

Meus olhos se fecharam sozinhos e eu refleti sobre o que havia acabado de acontecer. Era como se eu tivesse vivido a porra da minha vida inteira pra que esse momento e esse orgasmo chegasse. Como se isso sim fosse o meu nascimento. Ou renascimento.

Bianca deitou-se sobre mim. Senti seus seios nas ninhas costas, e isso seria o suficiente para me excitar. Mas eu não tinha condições, eu estava plena.

- Está dormindo, meu amor?

- Não, estou pensando, já que não posso ir à lugar nenhum, pareço feita de gel. Eu nunca gozei desse jeito. Foi a melhor sensação da minha vida. Eu te amo até o meu fim, anjo.

- E eu até depois dele, amor. – sorri. Ela deixou um beijo no meu rosto e levantou. Eu ainda não conseguia fazer muito além de pensar no quanto eu sou sortuda e feliz, apesar da minha namorada gostar de me emputecer e encher a porra do meu saco.

Adormeci segundos depois. 

[...]

Acordei com tapas na bunda.

- Ai! Bianca! Pra que isso?

- Você estava hibernando, Alicia. Tentei de todos os jeitos te acordar.

- Poderia ser com beijos, né? É nosso aniversário... – resmunguei.

- Levanta, amor. Ou vamos chegar tarde e comer menos.

- Claro que não vamos comer menos, vamos sair as duas rolando daquele restaurante.

- Mas pra isso acontecer, a senhorita precisa se levantar. – percebi que o som estava ligado, baixinho. Tocava uma das várias músicas que eu adorava e forcei Bianca a gostar e a conhecer.

- Aumenta o som aí. – ela riu e me obedeceu. Cantarolei baixinho, aos poucos sendo invadida pelo ânimo da letra da música. Bianca fez uma dancinha enquanto eu levantava e eu quase pulei no colo dela, com a fofura. – Gostosa!

- Vem, dança comigo. – disse, rebolando de uma forma engraçada. Não estranhei ou questionei o fato de ela ainda estar nua, assim como eu. Bianca adorava andar pelada.

- Eu adoro te ver nua.

- Digo o mesmo sobre você. – ela me estendeu a mão e me girou, colando meu corpo ao dela, eu de costas. – Vamos rebolando até o banheiro pra tomar banho. – gargalhei, e ela também. Eram momentos muito bons, esses.

[...]

Eu queria a atenção da Bianca, mas não ia pedir. Ela estava tirando mil fotos com o meu irmão e a irmã dela, e eu lá sem a menor importância. Pra que tanta foto?

Pior que eu sabia que ia adorar todas as fotos que ela me mostrasse depois. E esse meu ciuminho não fazia o menor sentido, vou até parar.

- São tão lindos, não é? – perguntou a tia Yasmin, sentada ao meu lado, olhando as crianças fazerem mil caretas para a câmera.

Ninguém era mais criança ali, mas parecia.

- Sim. São meus amores.

- Nossos amores. – ela disse. Assenti, sorrindo.

Logo, engatamos uma conversa sobre como estava a vida, a minha escola, os trabalhos dela, as músicas novas… Ela disse que faria uma música com participação da Bianca. Já havia escutado Bia cantar, não era a mãe, nem parecia, mas era bom. Achei uma ótima ideia. A voz da Bianca era meio rouca como a da Dinda Mari, só que mais sexy.

Cantando, era um absurdo. Cantando ao pé do meu ouvido, era o meu fim.

Apesar de apoiá-la em tudo, esperava que Bianca não ficasse famosa. Porque toda vez que ela aparece com as mães em algum lugar, ela ganha um número de seguidores enorme. E o número de meninas que a assediam fica maior.

Não é que eu não me garanta, é que ela não sabe lidar com assédio, fica tipo “nossa como eu sou maravilhosa” quando alguma menina comenta algo tipo “ME COME” nas fotos dela. E ela é linda demais, quero só pra mim.

Ok, eu prometo parar com o ciúme sem cabimento. Bianca vai ficar famosa, eu já sei disso.

- Olha pra cá, Ally! – nos interrompeu, olhei e ela tirou uma foto. Eu estava desprevenida e saí uma merda, claro.

- Apague isso. – ela riu, segurou meu rosto e selou nossos lábios. – Apague isso. – disse novamente quando ela me soltou.

- Amor, nossas lembranças… As piores fotos têm que ficar também.

- Tá, só não me exponha.

- Te amo.

- Ei, vocês duas! Parem de namorar aí e vamos tirar uma foto de família. – disse a Mari.

- Eu tiro! – Bia disse já levantando. Se acha a fotógrafa oficial.

Antes da foto, ela falou com a mãe pra trocar de lugar comigo só para que eu saísse ao lado dela na foto. Ela concordou, claro, o dia era nosso.

Enquanto minha namorada falava com a mãe, meu irmão me mostrou uma mensagem fofinha da garota que ele estava no momento. Ele sorria, tão claramente apaixonado que até despertou meu instinto protetor, fiquei receosa do meu pequeno sair de coração partido. Mas a menina estava também caidíssima por ele, isso estava bem claro. Acho que vão dar super certo, os dois.

Desde que comecei a namorar a Bianca, não mudou muita coisa na minha vida, exceto que eu fiquei muito mais disposta, feliz e criativa. Sim, ela me inspira muito. E hoje, doze meses depois daquele 29 de maio em que ela me pediu em namoro de manhã cedo, depois da nossa primeira noite de sexo, me acordou com um beijinho e perguntou se por acaso eu não gostaria de ser namorada dela, eu não poderia namorar alguém melhor.

“Ah, vocês estão fazendo um ano de namoro, e passando com a família, em vez de algo só as duas?” Sim!!!!

A nossa família é tão maravilhosa, unida, e nos apoia tanto que nem eu nem Bia a excluimos de nada. Eu adoro passar um tempo com a minha namorada, o meu irmão e a irmã dela, adoro ver nossas mães rindo juntas, amigas há milhões de anos, como se o tempo não tivesse passado pra elas. É muito lindo de ver. E não tem nada melhor do que se sentir parte de algo.

Sabe, eu poderia estar em outras famílias, que talvez não me aceitassem, não me compreendessem, ou qualquer outra coisa. Mas elas me encontraram. Amaram-me desde o primeiro momento. Eu tive muita sorte.

Não é que não temos problemas, minhas mães, por exemplo, estão numa fase bem chata, toda hora uma briguinha, às vezes até começam a gritar uma com a outra, mas no final do dia, estão sempre agarradinhas dormindo ou fazendo qualquer outra coisa, se é que me entendem. A gente resolve os problemas e valoriza o amor. Sempre.

É a maior lição ensinada por elas, pra mim. Valorizar o amor, amar com todo o coração.

Toda vez que eu discuto com a Bianca ou ela explode comigo, ou qualquer coisa desse tipo, eu me lembro disso. É algo que não me permito esquecer.

E aí, eu acabo amando o meu anjinho de qualquer jeito no final do dia.

- Ally, para de divagar sozinha e sorri pra foto. – diz Bianca, me abraçando. Ri e abracei-a pela cintura, beijando seu rosto. Todo mundo ficou pronto e ela tirou a foto.

O restaurante tinha música ao vivo e apesar de eu não gostar muito disso, me rendi ao talento da moça que cantava. Observei-a sorrir na direção dos casais que dançavam junto ao palco.

- Tá olhando a cantora? Achou bonita?

- Achei talentosa. Você sabe, eu não sou fã de música ao vivo. Ciumenta. Achei ela muito gata, vou pedir o telefone inclusive.

- Não brinque assim. – gargalhei. A música acabou e ela logo anunciou a próxima. Era uma das preferidas da Bianca. Troquei um olhar com ela e tentei dizer: “lá só tem adultos, por favor não queira dançar, eu quero ficar aqui sentadinha” – Vem, vamos dançar.

- Ok, vamos. É nosso aniversário.

Dançávamos coladinhas, atraindo alguns olhares. Minha cabeça estava no ombro dela e ela me conduzia, segurando-me como se eu fosse muito importante. E eu era.

- Um ano de muitos, certo?

- Um ano de uma vida ao seu lado. Eu quero passar a vida inteira com você.

- E se a gente se separar? – ela perguntou.

- Eu não vou deixar isso acontecer. Nunca. – ela sorriu e me beijou rapidamente. – Podemos até terminar o relacionamento, mas eu vou continuar querendo que você esteja comigo. Me dando carinho, compartilhando tudo e sendo linda e maravilhosa. Bianca, eu amo você com força, violentamente, loucamente, inteiramente. Também a amo carinhosamente, pacificamente e em meu juízo perfeito. Amo-te dormindo, acordada, cansada, vitoriosa ou derrotada. O que sinto é inexplicável. Mas é muito real. Obrigada por existir, ser a parte mais real dos meus dias e me ajudar a entender meu mundo interior.

- Obrigada por ser o meu mundo particular. – apertei-a com força no meu abraço, a nossa música tocava.

Eu poderia dizer que tenho muita sorte por tê-los. A minha família e a Bianca. Mas, como não tem como não acreditar em destino numa hora dessas. Não nos braços da minha namorada, a melhor condutora para uma dança no mundo, ouvindo-a sussurrar o quanto me ama, sentindo seu coração, seu perfume, seu carinho. Não quando tudo aquilo parece familiar e costumeiro, de uma forma boa.

Somos destinadas. E que bom que ela não desistiu, que bom que eu admiti a verdade, que bom que demos e damos tão certo juntas.

Amor é tudo o que eu tenho. Tudo o que eu sou. Existo para e por causa dele. Como pode isso ser ruim de alguma forma?

Eu queria morar naquele abraço. Era refúgio e proteção, atenção, carinho. Era Bianca, a minha Bianca. Meu amor. Minha clareza, meu anjo, minha salvação.

- Vamos voltar que eu já avistei nossa comida. – Bianca disse ao pé do meu ouvido. Gargalhei. Tão fofa e minha.

- Que bom, tô morta de fome, poderia comer você. E crua. – ela deu aquela gargalhada gostosa.

- Você é a melhor namorada do mundo. – e selou nossos lábios. Mordi a boca dela. – Ai!

- Eu não estava brincando.

 


Notas Finais


pra ninguem esquecer, repito: OLHA A BIANCA E A ALICIA SÃO MEUS BEBÊS VIU NINGUÉM TOCA


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