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História Angel - Chapter One


Escrita por: BiiaSanders e BruOliveira

Notas do Autor


Boa Leitura!

Capítulo 1 - Chapter One


— Em resumo, a situação é esta — o advogado concluiu com pesar. — A casa irá a leilão, e o que restou dentro dela vale muito pouco.

— Então encontrarei um emprego — Amanda respondeu determinada. — Deve haver uma saída!

— Aos dezenove anos, sem qualificações, jamais encontrará um trabalho que possa garantir uma vida adequada a você e sua irmã. Felizmente consegui localizar seu tio. Ele…

— Brian Haner é tio de Samantha. Sou apenas enteada do irmão dele.

— Aos olhos da lei, você faz parte da família. Tenho certeza que o Sr. Haner não se esquecerá disso.

Se Brian tivesse alguma semelhança com o irmão, Amanda refletiu, provavelmente relutaria em assumir a responsabilidade por Sam, que era sangue de seu sangue. O que faria com alguém que nem era sua sobrinha de verdade? Não que quisesse tornar-se responsabilidade de alguém…

Mas o sr. Gordon estava certo. Mesmo que encontrasse um emprego, não ganharia o suficiente para as duas. A ideia de separar-se da meia-irmã era horrível, mas tinha de pensar no bem-estar de Sam. Se o tio dela se negasse a assumir os problemas que havia sido do irmão, como era bem provável depois de tantos anos de afastamento, o governo a enviaria para uma entidade de auxílio ao menor. E qualquer coisa era melhor que isso!

Observando a expressão obstinada da jovem, John Gordon admirou sua força aparente. A imagem era a de uma adolescente típica. Os cabelos longos, ondulados e louros emolduravam um rosto desprovido de maquiagem, e jeans  e camiseta cobriam o rosto esguio e firme. Mas os olhos verdes contrariavam a impressão inicial, traindo uma força de caráter difícil de encontrar em pessoas daquela idade.

— Não acredito que os credores exijam a entrega imediata da casa — ele disse —, mas quanto mais cedo começarem a procurar soluções, melhor. Seria mais simples chamar uma empresa especializada em mudanças e vender toda a mobília de uma só vez, mas imagino que o sr. Haner prefira examinar os objetos pessoais do irmão antes de tomar qualquer decisão. Ele estará aqui antes do final de semana.

Até lá teria alguma ideia do que fazer. Amanda decidiu, embora não pudesse sequer imaginar uma saída para o dilema que vivia. A primeira coisa a fazer seria encontrar um lugar para morar.

Embora inesperada, a morte do padastro não deixara nenhum grande vazio em sua vida. Nunca foram próximos, e desde que a mãe falecera haviam se afastado ainda mais. Não que ele houvesse dado muito atenção à filha. Para Brent Haner, ambas haviam sido um fardo sem o qual a vida teria sido muito mais simples.

— Como conseguiu encontrar Brian? Pelo que sei, ele e meu padastro não tinham contato há anos.

— A assessoria do lugar onde ele tocou pela última vez na cidade forneceu o telefone do agente de Brian, que o convenceu a me procurar. À essa altura o funeral já havia sido realizado.

— Duvido que ele tenha se importado com isso. Brian é um homem muito conhecido, não?

— Oh, sim! Não sei muito sobre música, mas o trabalho dele é muito elogiado. Um jovem de talento indiscutível. É o que dizem…

Jovem? O homem tinha trinta e cinco anos de idade! Os dez anos de diferença entre os irmãos deveria ter sido significativos para o rompimento, Amana pensou. Brian não devia ser muito mais velho do que ela era agora quando havia tomado as rédeas da própria vida nas mãos. Pelo pouco que sabia, a disputa envolvera dinheiro. O que não era supreendente. O dinheiro devia ser tão importante para Brian quanto havia sido para o irmão mais velho. Perder tudo o que tinha havia sido o motivo do ataque cardíaco fulminante que o matara.

— Acha que Huntington Beach é um local adequado para uma menina de catorze anos? — indagou. — Quero dizer, a escola… Já ouvi muitas coisas sobre cidades praianas que não me agradaram muito.

— As escolas são tão boas quanto as de qualquer outra parte do mundo — John Gordon respondeu. — Por outro lado, é possível que o sr. Haner prefira enviá-la para um colégio interno. Afinal, um homem solteiro r jovem não é exatamente o melhor guardião para uma garota dessa idade. Não sei nem se ele mora em Huntigton Beach. De qualquer maneira, essas decisões terão de esperar até que ele esteja aqui. Tenho certeza de que sr. Haner fará o que for melhor para todos.

Amanda gostaria de ter a mesma certeza. Sam odiaria um colégio interno. Pensando bem, ela também não gostaria de ser levada para outro lugar do mundo. Mas era inútil se preocupar antes de tomar conhecimento dos planos de Brian Haner.

Retida em um congestionamento, atrasou-se dez minutos para apanhar a irmã na escola, e respirou aliviada quando a encontrou esperando no portão. Samantha era bem capaz de pedir carona ao primeiro estranho que aparecesse, expondo-se a todo tipo de riscos para escapar do desconforto de um transporte público.

Como Amanada, ela herdara os traços físicos da mãe, com cabelos louros e olhos castanhos em um rosto que começava a revelar os primeiros sinais de uma beleza mais feminina, menos infantil. Amanda fizera o possível para compensar a falta de atenção e cuidados, mas não havia um substituto possível para o amor paterno. Aprendera a lição a duras penas.

— Pensei que houvesse esquecido de mim! — a menina reclamou ao entrar no carro que logo perderiam com todo o resto. — Conversou com o sr. Gordon?

— Sim, e ele não disse nada além do que já sabíamos. Acabou, Sam. Casa, dinheiro… tudo.

— Bem, papai nunca nos deu muito dinheiro. Nesse sentido, a diferença não será tão grande. Melanie me contou que a mãe dela recebe um cheque semanal pelo correio, e o conselho providenciou uma casa para elas. Podemos fazer o mesmo, não?

Se a situação fosse tão simples…

— Nossa situação é diferente — respondeu. — De qualquer maneira, temos que esperar pela chegada de seu tio para sabermos o que ele tem em mente. Ele é seu guardião oficial, e por isso vamos ter de acatar suas decisões.

— Não preciso de um guardião! Você sempre cuidou de mim. Por que agora tem de ser diferente?

— Porque não tenho meios para sustentá-la.

— Se meu tio tem tanto dinheiro assim, ele pode comprar uma casa para nós.

— O problema é um pouco maior do que está sugerindo, Sam. — Amanda decidiu mudar de assunto. Não queria assustar a irmã com questões que jamais poderia solucionar. — O que acha de pararmos no Halson e comermos ecláirs?

— Podemos pagar por eles?

— Não, mas quem se importa? Vamos viver o momento!

Compraram seis confeitos e devoraram todos eles sentadas na sala da casa que em breve perderiam. Com cinco dormitórios e localizado em uma área privilegiada, o imóvel deveria alcançar um bom preço, Amanda considerou enquanto lavava a louça do chá, logo depois de acabarem de comer. Se esse valor seria suficiente para saldar todas as dívidas deixadas pelo padrasto já era outra questão. E felizmente não tinha de pensar nisso. Suas preocupações já eram inúmeras, e preferia não acrescentar novos itens à lista.

As duas irmãs passaram uma noite tranquila diante da televisão. Samantha foi para cama às dez, deixando Amanda sozinha com suas preocupações. Incapaz de pensar em saídas plausíveis, decidiu seguir o lema de uma de suas heroínas favoritas. Amanhã seria outro dia. Nada como uma boa noite de sono para tornar tudo mais claro e melhor.

Como acontecia com frequência, quando terminou de preparar-se para dormir havia perdido o sono. Certa de que uma xícara de chocolate quente a ajudaria a relaxar, desceu para ir aquecer o leite, sem se dar o trabalho de vestir um robe por cima da camisola curta de algodão.

Havia começado a chover, e as gotas executavam uma sinfonia melancólica nas vidraças da cozinha. Mais uma boa razão para relaxar e dormir.

Estava pondo o pé no primeiro degrau da escada quando ouviu o som de um carro se aproximando. A luz dos fárois iluminou a janela da sala, e pouco depois o veículo parou na área pavimentada diante da casa.

Houve uma pausa breve seguida pelo som de vozes, e alguém tocou a campainha com vigor desnecessário, considerando que as luzes internas ainda estavam acessas. Só esperavam por uma pessoa… e ele devia ter antecipado a viagem.

Deixando a xícara sobre o jornal dobrado em cima da mesa da sala, caminhou descalça até a porta, e já tocava a maçaneta quando a cautela deteve o movimento.

— Quem é? — perguntou.

— Brian Haner. Será que pode abrir de uma vez, por favor? Estou ficando ensopado aqui fora!

Pensou em dizer que esse era o efeito mais imediato da chuva, mas achou melhor guardar os comentários irônicos para quando o conhecesse melhor. Relutante, abriu a porta para o homem que decidiria o futuro de Sam.

Ele acenou para dispensar o táxi, entrou e deixou a mala no chão do hall. Amanda fechou a porta e deu as costas para o recém-chegado, perturbada com a expressão grave no rosto de traços fortes. Cerca de quatro ou cinco centímetros mais alto do que seu padastro, que tinha um metro e setenta de altura, Brian possuía os mesmos olhos castanhos e os cabelos negros e espessos do irmão. O olhar penetrante sugeria uma personalidade mais forte.

— Levando em consideração que parece ter um pouco mais do que catorze anos — ele apontou —, quem é você

—Sou a meia-irmã de Samantha. O sr. Gordon não falou sobre mim?

— Não, ou eu não estaria perguntando. Gordon disse apenas que meu irmão havia morrido e deixado a filha de catorze anos na miséria. Meia-irmã?

— Minha mãe casou-se com seu irmão quando eu tinha quatro anos. Sam nasceu doze meses mais tarde.

— Ah! Pensei que tivesse dezesseis… no máximo dezessete anos. Vejo que me enganei. Tem o hábito de andar pela casa apenas de camisola?

— Só à noite — Amanda disparou, irritada com a postura arrogante do sujeito. Não se deixaria intimidar. Sabia que a camisola era mais decente de que muitos vestidos usados pelas garotas de sua idade. — Por sorte desci para beber alguma coisa. Caso contrário, já estaria dormindo.

— Nesse caso, eu teria sido forçado a acordá-la. Podemos nos sentar em algum lugar? Passei o dia todo viajando, e pelo visto há muitas coisas que aquele advogado não me contou.

— Se está cansado, podemos deixar para conversar amanhã — Amanda sugeriu esperançosa, pensando em dispor de algum tempo para preparar-se melhor.

— Vamos conversar agora. Preciso saber o que esperam de mim.

— Eu não espero nada. Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma.

— É claro. Por isso anda descalça e deixa seu chocolate esfriando sobre a mesa.

— Você me interrompeu quando… Ah, esqueça — disse, lamentando pela primeira vez o hábito de não usar chinelos. Crianças andavam descalças. Adultos não. Por isso o homem a julgara mais nova do que era.

Desprovida de todo e qualquer objeto de valor, a sala parecia vazia. Brian Haner não teceu comentários ao entrar, mas pela expressão era mais eloquente que as palavras. Amanda acendeu os abajures e sentou-se em uma cadeira como costumava fazer, com as pernas dobradas sobre o corpo, enquanto o meio-tio, se é que existia esse grau de parentesco, ia acomodar-se no sofá.

Ele se vestia com elegância casual, mas a calça marrom e jaqueta de couro preta deviam ter custado uma pequena fortuna, a julgar pelo corte perfeito. Aparentemente, era muito diferente do que imaginara, mas a natureza humana ia muito além das aparências.

— O que pretende fazer com relação a Sam? — perguntou sem rodeios.

Brian levantou uma sobrancelha.

— Não é do tipo que hesita em saciar sua própria curiosidade, é?

— Normalmente não hesito diante de nada — disse, disposta a mostrar que não se deixaria dominar. — E é natural que esteja preucupada com o destino de minha irmã.

— E quanto ao seu destino?

— Já disse que posso cuidar de mim mesma.

— Isso significa que já tem planos?

— Nada específico.

— Tem algum dinheiro?

— Não… mas posso trabalhar.

— Em quê, exatamente?

— Posso ser babá, por exemplo —improvisou.

— Sem qualificações ou experiência?

—Tenho experiência de sobra depois de ter passado anos cuidando de Sam.

— Há muita diferença entre ficar de olho na irmã caçula e assumir toda a responsabilidade pelos cuidados de uma criança.

— A maturidade não depende de idade cronológica.

— Entendo. — Havia um brilho divertido nos olhos castanhos. — Samantha é tão confiante como você?

— Podemos viver muito bem sem a ajuda de ninguém, se é o quer saber. E ainda não disse o que pretende fazer com ela.

— Não posso decidir de maneira precipitada. Como disse, há muitas coisas que preciso saber antes de agir. Sobre sua mãe, por exemplo. Onde…

— Ela morreu em um acidente aéreo há alguns anos — Amanda revelou sem emoção. — Estava fugindo com o piloto do avião, que também faleceu. Deixei a escola para cuidar da casa.

— A ideia foi sua, ou do meu irmão?

— Não havia outra alternativa.

— Ele podia ter contratado uma governanta enquanto você concluía seus estudos.

— E teria de pagar por isso. Além do mais, não gostava da ideia de entregar o comando de nossa casa a uma estranha. — E ainda não apreciava a possibilidade.

— Pelo menos sou um parente — Brian comentou, como se pudesse ler seus pensamentos. — A propósito, também não estou eufórico com a situação. Fiquei surpreso quando soube que Brent havia me nomeado como o mais próximo da família.

— Ele tinha que escolher alguém, e você era a única alternativa. De qualquer maneira, compreendo sua relutância em assumir uma responsabilidade tão grande. Quero dizer, é um homem sozinho e…

— Por que tem tanta certeza de que vico sozinho?

— O senhor Gordon disse que era solteiro.

— E tenho de ser casado para viver com uma mulher?

Amanda mordeu o lábio, sentindo-se idiota. Como podia ser tão ingênua? Com esforço, disfarçou o constrangimento usando um tom de voz neutro.

— Acha que sua… companheira aceitaria a presença deuma menina de catorze anos na casa?

— Eu não disse que tenho uma companheira. Ainda não conheci a mulher com quem seria capaz de conviver em tempo integral.

— O problema pode ser outro, sr. Haner. Talvez ainda não tenha encontrado uma mulher capas de conviver com você em tempo integral — Amanda disparou irritada.

— É possível. Mas você estava dizendo…

Ela respirou fundo, tentando manter a calma. Havia algo no homem que a perturbava, mas demonstrar suas emoções não seria a melhor maneira de convencê-lo sobre sua capacidade de cuidar da irmã.

— Desculpa-me — disse. — Não devia ter falado daquela maneira.

— Por que não? É livre para falar como quiser, desde que não seja nada calunioso. Creio que estava prestes a sugerir que eu deixa Samantha aos seus cuidados… e ofereça um certo apoio financeiro, é claro.

— Para ela. Eu não preciso de nada. E só enquanto eu não puder sustentá-la  Sam vai indo bem na escola — argumentou. — Seria uma pena tirá-la daqui agora. Podemos alugar um apartamento mobiliado, algo simples e prático… — Esticando as pernas, acomodou-se na beirada da poltrona, os olhos iluminados pelo entusiasmo. — Seria melhor para Sam, e para você também.

Brian ficou em silêncio, como se ponderasse sobre o que acabara de ouvir. Quando falou, foi com determinação seca.

— Acho melhor deixarmos as decisões para amanhã, afinal… sem certas distrações.

Esquecera como estava vestida, e por isso precisou de um momento para compreender o significado do comentário. Vermelha, abaixou a cabeça e notou que a camisola havia subido com o movimento das pernas, expondo uma boa porção das coxas.

— Então tem algumas inibições — ele apontou ao vê-la puxar o tecido em direção aos joelhos. — Já estava começando a me assustar.

— Não pensei que pudesse se incomodar tanto com um par de pernas… especialmente as de alguém que considera pouco mais que uma criança!

— Também fiquei surpreso — Brian confessou com ar debochado. — Seu constrangimento não dura muito tempo, não é?

— Não, a menos que seja causado por algo importante. E então, o que acha da minha sugestão.

— Impossível.

— Por quê? Se está preocupado com o custo, prometo reembolsá-lo assim que…

— O problema não é o dinheiro. O que acaba de propor é muito diferente do que eu considero uma solução adequada para o problema que temos em mãos.

Amanda sabia que era inútil discutir. O homem era a imagem da determinação!

— E o que considera uma solução adequada? — quis saber.

— Ainda não sei. Voltaremos ao assunto amanhã, quando eu puder conhecer Samantha.

Ele se levantou e foi como se a silhueta imponente e forte dominasse toda a sala. Amanda tomou consciência de uma sensação estranha, uma espécie de formigamento que começava na altura do ventre e ia aos poucos se espalhando por todo o corpo. Não era ingênua a ponto de não reconhecer uma forte atração física, mas nunca imaginara que um dia se sentiria atraída por um homem como Brian Haner. Ele tinha idade para ser seu pai! Bem, talvez nem tanto, mas quase…

— Ainda não sei seu nome — ele lembrou.

— Amanda Grainger.

— Preferiu conservar o nome de seu pai?

— O nome da  minha mãe. Nunca soube quem era meu pai.

— Brent poderia ter optado por uma adoção.

— Ele não quis. Ou melhor, nunca tocou no assunto. Creio que julgava ter feito bastante se casando com a minha mãe.

— Ele devia gostar dela.

— Suponho que sim. — Amanda levantou-se para encerrar o assunto. — Vou arrumar a cama. Como disse, não o esperávamos antes do final de semana. Em poucos minutos poderá ir dormir, se quiser.

Em vez de esperá-la na sala, Brian a seguiu até o quarto ao lado do dela. A presença imponente a incomodava, mas tentou esconder o que sentia enquanto abria o armário do corredor para pegar lençóis limpos e um cobertor.

— Receio não poder oferecer muito conforto — disse ao abrir a porta da suíte. — Não sabia o que pretendia fazer com as coisas de seu irmão, por isso deixei tudo como estava. Aquela pasta no canto contém documentos e papéis pessoais. A mobília do escritório foi a leilão.

— Desde que haja um colchão na cama, não vou precisar de mais nada. Examinarei os papéis de meu irmão amanhã, mas o resto você pode enviar para uma casa de caridade.

Amanda começou a arrumar a cama e surpreendeu-se quando ele pegou uma ponta do lençol para ajudá-la.

— Qual é o problema? — Brian sorriu ao notar sua expressão de espanto. — Não sou contra a participação dos homens nas tarefas domésticas. Não acredito que uma mulher deve assumir toda a responsabilidade pelo conforto de um lar.

— Uma mulher? Decidiu me promover?

— É só uma maneira de falar. Puxe sua parte do lençol, e acabaremos com isso em um minuto.

Sabia que a reação era infantil e tola, mas não pode contê-la. Irritada, deixou a cama como estava e apontou para uma porta fechada.

— O banheiro fica logo ali. Há toalhas limpas no armário, embora não sejam novas e felpudas como as que deve usar em sua casa. Caso ainda não tenha percebido, perdemos tudo.

— Eu sei. Meu irmão sempre foi inconsequente. É espantoso que tenha vivido por tanto tempo sem sofrer as consequências de seu comportamento lamentável. — Brian terminou de arrumar a cama sozinho e com habilidade supreendente para um homem em sua posição. — Bem, por enquanto é isso. Até amanhã, Amanda. Se não se importa, estou exausto e quero dormir.

— É claro. Até amanhã. Com relação a Samantha… Quer que ela fique em casa amanhã?

— Sim, é uma boa ideia. Assim teremos uma oportunidade de nos conhecermos.

 

O dia não seria longo o bastante para isso, Amanda pensou, mas engoliu o comentário. Ainda tinha esperanças de que ele compreendesse e aceitasse seu ponto de vista, especialmente depois de conhecer Sam e constatar que ela estava longe de ser a criança delicada e suplicante que provavelmente imaginava. Agir como uma mulher adulta e responsável seria o primeiro passo para convencê-lo a deixá-las em paz.

Em seu quarto, Amanda constatou que passava da meia-noite, mas dormir era a última coisa que pensava fazer. Tinha muito o que pensar. Precisava planejar uma nova ofensiva, uma forma diferente de abordar a questão. Devia haver um jeito de convencer Brian Haner de que era capaz de cuidar de Samantha. Ele não a queria em sua vida, isso era óbvio. E não podia culpá-lo por sua relutância. Que homem solteiro com sua idade e posição ficaria feliz com a ideia de cuidar de uma menina de catorze anos?

Sam dormia profundamente. Ficaria surpresa na manhã seguinte, quando descobrisse que o tio já havia chegado, mas saberia lidar com a presença do homem que detinha nas mãos seu destino. Pensando bem, talvez a maior surpresa do encontro estivesse reservada para Brian. Ele não imaginava como a jovem podia ser adulta para sua idade.

Isto é, desde  Samantha não fosse tomada por uma antipatia imediata pelo único parente vivo que ainda possuía. Amanda sabia que a irmã podia ser insuportável quando queria. Seria melhor previni-la antes mesmo que ela saísse do quarto.

Deitada, tentou identificar algum som no quarto vizinho, mas tudo o que ouvia era o silêncio. Imaginou o corpo forte e despido, e experimentou mais uma vez aquela estranha sensação de formigamento. Já vira homens nus por fotos, mas aquilo era diferente.

O homem tinha idade suficiente para ser seu pai! Ou quase isso. Pensando assim, baniu da mente a imagem provocante, concentrando-se no que sabia sobre a vida de Brian Haner. Os dois irmãos haviam herdado partes idênticas da propriedade do pai. Brant tentara convencer o caçula a juntar-se a ele nos negócios, mas Brian recusara a proposta e partira. Amanda não podia culpá-lo por isso, teria feito o mesmo, se pudesse. O que não conseguia entender ou aceitar era a total falta de comunicação entre os dois desde então.

O fato de Brent não ter encontrado apoio financeiro em um momento de crise também era algo que ia além de sua capacidade de compreensão. Por que não fora procurar o irmão, se havia esgotado todas as outras possibilidades? A menos, é claro, que houvesse pedido socorro e esse pedido houvesse sido negado. Nunca pensara nisso antes.

Seria o homem capaz de recusar ajuda ao próprio irmão em um momento de desespero? Ele parecia ser duro, mas… tanto assim? Só havia um jeito de saber a resposta: teria de perguntar a ele.

Deitada na cama, muito longe do sono que representaria um grande alívio, tentou imaginar o que o destino estaria reservando para ela. A vida seria muito mais simples se Brian levasse Samantha para morar em Huntington Beach, mas a separação seria dura e dolorosa.

De qualquer maneira, preocupar-se com o assunto não faria a menor diferença. A decisão final estava nas mãos dele.

 


Notas Finais


Olá, amores!

Vou deixar aqui nas notas finais o aviso de que Last Kiss foi banida do site por algum motivo ao qual não fui informada. Não fui eu quem a excluiu, porém não vou repostá-la porque não faria mais sentido para mim, mas para quem quiser saber resumidamente o que iria acontecer, deixe nos comentários que lá mesmo eu conto =)

Espero que vocês gostem de Angel!


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