História Angel with no Wings - 2 - Conhecendo

[Pov’s Azami]

    Tempos modernos...

    Se você me perguntar o que eu mais odeio na Terra, com certeza eu iria responder dormir – Ou humanos, como preferir. Para vocês, humanos, deve ser como a oitava maravilha do mundo, mas para Anjos, principalmente aqueles que foram expulsos do céu, é um pesadelo – literalmente. Então, provavelmente o que os humanos mais odeiam na Terra é o despertador, suponho. Lembrando, eu fui um humano já, mas desde sempre os odiei.

    Estou aqui na Terra vai fazer 2 anos, 3 meses e 1 dia. Minha chegada aqui foi difícil, principalmente porque constava nos registros que eu estava morta. Por isso, eu não fui para o Japão, e sim para Londres. E não, eu não sabia falar inglês, então eu me ‘fodi porque nem pra arranjar um emprego eu servia. Mas, se eu não conseguisse arrumar essa situação, eu não me chamaria Azami. Hoje, eu faço curso de inglês, faculdade de medicina e tenho um emprego de meio expediente – Calma, eu não roubei um banco e também não fiz macumba.

     Bom, mas para começar meu ótimo final de semana, coloco uma música particularmente alta e vou me trocar. Coloco uma saia florida de cintura alta e uma camisa branca, e para completar, meu coturno que tanto amo. Admito que meu novo hobby é passar o dia vendo roupas. Ah, mas aí você se pergunta: Nossa, onde vai tão linda? E eu respondo: Comigo mesma, me arrumo pra mim e não pros outros. Mas se você quer saber onde eu vou mesmo, eu vou sair com minha única amiga que eu fiz nesses 2 anos, 3 meses e 1 dia.

     Antes de sair, passo apenas uma base pra esconder a Espinha Zord que está nascendo em meu rosto. Ao sair de casa, vejo meu vizinho um tanto peculiar dançando na janela. Apenas rio e continuo andando em direção à cafeteria onde irei encontrar Solji, a única humana que eu consigo gostar neste mundo. Aliás, posso te explicar resumidamente porque nós Anjos simplesmente odiamos os Humanos.

    Imagine que você tem um amigo, e de repente, surge pessoas na vida dele que o fazem mudar completamente, desde o estilo até a personalidade. Foi isso que vocês, humanos, fizeram com a Terra. Vocês surgiram e nos impediram de ver a beleza do Mundo, o mudou completamente, e isto não é certo, vocês deveriam ter convivido em conjunto, natureza e homem. Mas pelo que parecia, só um podia permanecer na Terra.

    Mas ignorando esse fato, até que alguns de vocês são boas pessoas. Solji deve estar me esperando, devo me apressar, já estou atrasada.

    [...]

    Eu não estou atrasada. Sempre esqueço que ela é Pyo Solji, a pessoa que sempre atrasa. Provavelmente ela chegará daqui uns 20 minutos, ou talvez nem chegue, tudo depende do humor dela, e qualquer coisa pode muda-lo, desde o canto dos pássaros de manhã, até um simples “Bom dia”. Mas enquanto ela não vem, irei comer Marshmallow.

    Um fato sobre mim: Apesar de possuir um nome de origem japonesa, não sou japonesa. Eu morei minha vida inteira no Japão, sei falar Japonês – e agora, inglês também – mas meus pais são americanos. Sim, eles são americanos, foram morar no Japão, me tiveram e não me ensinaram a Língua Inglesa.

     -Com licença, posso me sentar com você? – Disse um homem de minha idade, suponho.

   -Hmm... Quem é você? – Perguntei sem responder a pergunta dele.

   -Bom, nós não nos conhecemos, porém, vi você um dia lendo um livro que por acaso, é o meu favorito, então estou interessado em você. – Disse diretamente, fazendo minhas bochechas ruborizarem.

   -Você pode sim. Bom, eu leio muitos livros, qual foi o que te deixou interessado por mim?

   -Sonho de Uma Noite de Verão. Fico cada vez mais encantado com as de obras de William Shakespeare. – Disse sonhador, parecia dizer a verdade.

   -Fico feliz que “encontrei” alguém que possui um gosto para leitura tão bom. – Comento sobre o gosto dele.

   -Sim! Aliás, ainda não sei o seu nome...

   -Eu sou Azami, e você?

   -Eu sou Dimitri. – Disse ele um pouco confuso – Azami não é um nome japonês?

   -Sim, nasci no Japão, mas meus pais são americanos. Vim aqui para fazer Faculdade de Medicina.

   -Então você é bem inteligente, hein?? – Perguntou num tom engraçado.

   -Sou nada! E você? Faz faculdade ou algum curso? – Perguntei querendo saber sobre ele.

   -Eu faço Letras, meu sonho é poder dar aula e mostrar para o adolescentes o que é livro de verdade... – Disse com um olhar distante.

   -Você tem ótimas intenções, gosto de você.

   Depois disso, as bochechas dele ruborizaram e nós decidimos comer alguma coisa. No final, Solji não veio, acho que vou ligar para ela, por mais que ela possa ter esquecido sobre nosso “encontro” ou simplesmente não queria vir, fico preocupada.

   -Dimitri, irei ao banheiro rapidinho fazer uma ligação, não fuja. – Ao falar isso, dei uma piscadinha e fui ao banheiro em passos rápidos.

    Pego meu celular e vou para a lista de contatos, não sou boa em lembrar números, então salvo todos que der. Clico no nome dela e começa a fazer aquele barulhinho “Tuuuuu” e a minha chamada foi atendida.

    “Ligação On”

    -Hey Azami, como vai?

   -Você esqueceu que hoje iríamos nos encontrar na cafeteria?? Se você esqueceu...”

  -Não esqueci não, mas ao chegar e ver você conversando com aquele bombonzinho, furei pra você conversar mais à vontade com ele...

  -Que bombonzinho? Você fumou droga? Onde você tá que eu vou te buscar agora mesmo!”

  -Ai meu Deus – Ela caiu na gargalhada – Bombonzinho é um apelido pra um menino bonito, aquele de cabelo preto e olhos azuis que você ‘tava e ainda deve estar conversando, nervosinha.

   -Entendi, então tchau.

   “Ligação Off”

   Um dia essa menina me tira do sério. Saio do banheiro batendo o pé e percebo que Dimitri não estava mais na nossa mesa. Puta merda, ele fugiu mesmo? Será que sou tão chata mesmo? Antes andava e batia os pés com força no chão, mas agora minha cabeça involuntariamente abaixa por causa de minha tristeza, ele era tão legal, poderíamos ser bons amigos.

   -Achou que eu fugi, é? – Sinto alguém cutucando minhas costas.

   -Puta merda não me cutu... Dimitri! – Dou um tapa no braço dele de raiva – Idiota, eu pensei que você tinha fugido, assim você acaba com minha autoestima.

   -Eu só ‘tava pagando a conta, desculpa. – Ele dá uma risada fraca – Você quer dar um passeio na floresta?

   -A gente vai dar um passeio na floresta, você vai bater na minha cabeça com uma pedra e eu vou desmaiar, aí vou acordar e descobrirei que estou na Turquia e vou descobrir que sou Garota de Programa? É isso? – Falei rápido demais, mas foi isso que Solji me disse se um homem ou mulher me convida para um lugar vazio.

   -Você acha que eu faria isso? Aliás, isso é uma novela, Salve Jorge. – Ele fala rindo até sair lágrimas de seus olhos.

   -Desculpa... minha amiga disse que geralmente quando te convidam para um lugar vazio, essa pessoa tem más intenções...

   -Se você quiser, pode amarrar minhas mãos, garanto que não farei nada!

   -Não precisa, eu sinto que posso acreditar em você...