História Angels (Imagine Jeon Jungkook) - O que você está se tornando, Yoongi?

– Yoongi oppa – sentei na cama esfregando meu colar diversas vezes seguidas.

– Eu não sou o gênio do Aladdin, sabia? Não precisa esfregar o colar desse jeito – disse sorridente abrindo a porta do banheiro.

– Suas aparições estão ficando cada vez mais estranhas. Por que saiu do banheiro?

– Anjos também tem necessidades, ok?

– Sério?

– Claro que não, a gente é incrível demais pra isso – sorriu, sentando ao meu lado.

– Oppa – falei ao reparar sua camiseta cheia de sangue – O que aconteceu com as suas costas?

– Não se preocupa, mas por favor, não encosta – falou me encarando.

– Como não vou me preocupar? Era pra estar curando.

– Você tem razão – me olhou confuso e levantou rapidamente em direção ao banheiro novamente.

Tirou a camiseta e começou a olhar pelo reflexo do espelho, vendo o sangue escorrer pelas suas costas.

– Como estão suas asas? – perguntei observando que era exatamente onde estava machucado que as asas costumavam surgir.

– Bem, eu acho.

– Vamos limpar isso, vem – o puxei pela mão até a cama, pegando na gaveta uma pequena bolsa de primeiros socorros.

– Por que tem uma bolsa de primeiros socorros tão perto da cama?

– Porque eu caio muito, agora para quietinho senão vai doer.

– Tô parado – peguei uma pinça e tirei algo estranho que estava dentro de um corte – Ai, vai com calma aí.

– Que tipo de demônio é esse que tá reclamando de dor?

–  O tipo de demônio que estranhamente está se sentindo humano demais.

Limpei o local dos ferimentos e coloquei esparadrapo por cima.

– Agradeceria se você não usasse suas asas por enquanto.

– Obrigado – falou colocando novamente a camiseta.

– Não foi nada.

– Aposto que me chamou pra conversar sobre o Jimin.

– É, eu meio que pesquisei pra tentar entender o que aconteceu com o Tae mas aparentemente não tem explicação.

– O que aconteceu com ele?

– Tae viu o assassinato.

– E por que não impediu?

– Esse é o problema, ele enfraqueceu.

– Isso é um problema enorme.

– Você sabe o que é isso?

– Depois te falo, não quero que surte agora.

– Então me conta do Jimin, como ele está?

– Está lá na minha nova ‘’casa’’ em chamas.

– Ele realmente foi pro inferno – abaixei a cabeça chateada, não acredito que perdi mais um deles pra esse lugar horrível.

– Ele vai ficar bem, vou ensinar ele a usar os poderes, vai poder ver ele ainda.

– Vai poder vir nos ver como você pode?

– Sim – sorriu.

– E desde quando está com as costas machucadas desse jeito?

– Desde que aquele garoto morreu.

– Por que sinto que tem uma conexão aí?

– Porque tem.

– Um dos protegidos, não é?

– Péssimo jeito de descobrir isso.

– Eles te puniram por não ter impedido.

– Eu amo a sua lógica – sorriu.

– Mas por que não está curando?

– Lembra que eu falei que estou me sentindo mais humano?

– Sim.

– Acho que eles estão tirando alguns dos meus poderes, me tornando mais humano, me enfraquecendo aos poucos.

– Eu posso ser boa com lógica mas nunca vou entender o que esses caras tão fazendo com vocês.

– Nem eu entendo. Queria poder ficar mais mas tenho um demônio novo pra treinar – sorriu sem graça.

– E o Tae?

– O que tem ele?

– Você falou que ia me falar o que está acontecendo com ele.

– Usa sua lógica, ok? Digamos que eu normalmente não sentia a aura do Tae, era leve e pura demais pra mim, agora estou começando a sentir.

– Ele não está mais tão puro como antes então.

– E o que acontece quando os anjos perdem a pureza?

– Eles caem.

[...]

No dia seguinte acordei determinada a mudar os rumos das coisas.

Não podia deixar Tae se tornam um anjo caído.

Não podia deixar nenhum dos meninos pecar ainda mais.

Não podia deixar Yoongi ser humanizado.

– Vim te buscar – dei um pulo ao ouvir a voz de Jungkook.

– Você e o Yoongi com essa mania de aparecer do nada, dá pra avisar quando vai surgir na minha cama do nada?

– Desculpa, queria te fazer uma surpresa.

– Tá bom, eu desculpo – fui em sua direção, fazendo com que ele levantasse para que pudesse o beijar.

Então o puxei pela nuca, o beijando com calma.

– Ótimo jeito de começar o dia – sorriu.

Tomei um café rápido, peguei minha mochila e logo estávamos Jungkook e eu de mãos dadas à caminho da faculdade.

– Aquele é o Jimin? – perguntei confusa ao ver o garoto de cabelos agora rosados encostado no muro.

– Aparentemente sim – Jungkook ressaltou também confuso.

Assim que nos aproximamos tivemos a certeza, aquele rosto era inconfundível, e estava surpreendentemente ainda mais bonito que o normal.

– Oppa!? – falei alto e o rosado nos encarou, vindo em nossa direção.

– Eu mesmo – falou sorridente me dando um abraço.

– Achei que não ia te ver mais, seu imbecil – deitei em seu ombro durante o abraço e senti sua mão passando pelas minhas costas.

– Estou aqui, melhor e mais forte que nunca.

– Quase matou todo mundo do coração, sabia?

– Desculpa, não era minha intenção, aquele cara me tirou do sério.

– Não peça desculpas, o que importa é que está bem.

– Estou ótimo.

Jungkook abraçou seu hyung e então entramos juntos, mas logo nos separamos já que Jimin queria acalmar os outros hyungs.

Abracei Kook com força e ele deu um beijo na minha bochecha.

– Algo está te deixando nervosa.

– Como sabe?

– Eu sinto seu coração, esqueceu que tenho essa parte aflorada? Eu mexo e decifro sentimentos com um estalar de dedos.

– Às vezes esqueço que você não é como eu.

– Normal – sorriu – Agora me conta, o que está te incomodando tanto?

– Estou preocupada com você, com o Tae e com o Yoongi.

– Por que? – poderia falar a verdade pra ele, mas acho que o poupar de tantos detalhes pode ser a melhor opção.

– Esquece, não é nada demais, vou resolver logo logo.

– Jura? Posso te ajudar se quiser.

– Não é nada demais.

– Ok então, não se preocupa comigo.

– Kook...

– O que?

– Você pretende mesmo passar o resto da sua pós morte comigo?

– Tirando a parte da pós morte isso foi até bonito – respirou fundo – Sim, eu pretendo.

– Obrigada, precisava ouvir isso – dei um beijo em sua bochecha e ele acabou virando, me beijando de forma fofa.

– Você me ama?

– Claro que sim.

– Então diz.

– Eu te amo, Jungkook.

– Obrigado, precisava ouvir isso – sorrimos e novamente trocamos selinhos.

Eu te amo tanto que tenho medo de não conseguir te proteger.

[...]

Cheguei em casa, joguei minhas coisas no sofá e fui trocar de roupa. Jungkook e eu tentaríamos novamente ter um encontro como pessoas normais, por mais que ele não fosse bem uma pessoa.

Sentei na cama e peguei o esparadrapo no qual tinha enrolado a tal coisa que havia tirado do corte do Yoongi.

Era uma pena branca, estava cheia de sangue e parecia ter sido queimada em algumas partes.

Mas só tinha um detalhe estranho nisso tudo.

Por que tinha uma pena branca nas costas do Yoongi sendo que as penas das asas dele são pretas?

Poderia desconfiar que ele estava evoluindo e voltaria a ser um anjo, mas isso não faz sentido. Demônios não podem virar anjos.

E o fato dele estar se tornando humano era o que mais me preocupava.

Demônios podem voltar a vida?

Mas esse era o problema, se ele estivesse voltando a vida, voltaria ainda mais fraco.

E o machucado dele não curou sozinho como deveria.

E se os protegidos eram sua barreira entre a vida e a morte?

Talvez ele já esteja vivo, eu realmente o senti mais humano ontem.

Talvez ele não seja nem um anjo e nem um demônio, pode ser que ele esteja num patamar único. Como se ele fosse um tipo raro de espírito.

Mas o pior é que eu sinto que ele está morrendo mesmo que já esteja supostamente ‘’morto’’.

O que você está se tornando, Yoongi?