1. Spirit Fanfics >
  2. Angels of Evil >
  3. Amnésia

História Angels of Evil - Amnésia


Escrita por: venusbirds

Notas do Autor


Oi, Angels! Perdoem-me a falta de atualizações, é complicado fazer isso com tanta frequência, mas darei meu melhor.

Obs.: O capítulo era pra ter saído no domingo passado e eu acabei saindo, então, sorry sorry ♥

NOTAS FINAIS!!

Capítulo 3 - Amnésia


Fanfic / Fanfiction Angels of Evil - Amnésia

As semanas seguintes após a chegada de Demi passaram rápido, talvez por causa da rotina corrida que tínhamos por conta dos horários exagerados de treino. A garota novata era extremamente fácil de treinar, sabia o básico, mas em um mês cada movimento seu foi aperfeiçoado, agora ela oficialmente fazia parte da equipe Mitchell.

Mas nem tudo foi fácil nesse um mês, como Kim e Travor discutindo boa parte do tempo, a maioria das discussões eram pelos mesmos motivos; o estúpido modo de demonstrar sentimentos que Travor usa e Kimberly e sua nova paixão, o álcool.

Com essas brigas acontecendo a maior parte do tempo, era difícil organizar as coisas que eu estava encarregada; os gritos e xingamentos só cessavam pela madrugada, dando lugar ao silêncio ou então a gemidos descontrolados, que nem sempre eram da Kim.

Sentada a beira da piscina, observava as nuvens brancas se misturando com as nuvens em tons escuros de cinza, o tempo iria mudar de modo repentino e eu ficaria feliz por ver aquele sol escaldante ser substituído por gotas de chuva.

— Resolveu não treinar a Lovato hoje? — Liam questionou se sentando ao meu lado.

— Ela já sabe o suficiente.

— Você virou o desânimo em pessoa.

— Não querendo ser grossa, Liam, mas eu realmente prefiro ficar sozinha do que ouvindo qualquer coisa que você diz.

— Fala como se eu estivesse mentindo, mas não estou. Desde que travor te proibiu de sair, você fica isolada em algum canto.

— Quer que eu faça o que? Discuta com ele? — O encarei seria, mas ele mantinha seu olhar sereno. Isso me irritava nele. — Ao contrário de você, eu obedeço às regras.

— Agora quem não quer ouvir baboseiras sou eu. — Ele respirou fundo e acariciou meu rosto, pressionando seus lábios de leve contra os meus. — Por favor, é mais chato ver você dessa forma com o Travor do que ele e Kim.

— Ele não vai ceder.

— Você tentou para ter certeza que ele fará isso? Huh? Tente. Isso não é por mim, é por você mesma.

— Afinal, quem te vez vir aqui?

Minha pergunta fez Liam sorrir e beijar mais uma vez minha bochecha.

— Uma parte foi meu consciente que já não aguentava mais te ver aqui, e outra parte foi Marie, que também odeia te ver assim. Mas nós não podemos te ajudar, sabe mais que qualquer um o quanto é difícil fazer o Travor protetor desaparecer.

Me levantei e respirei fundo, puxando além do ar, uma coragem que era difícil ter. Ir contra as palavras do líder dos Mitchell era pedir para castigos piores.

— Ele não vai mudar de opinião... Mas já que insiste.

Dei as costas a ele e entrei novamente na casa, subindo as escadas e indo para o escritório de Travor o encontrando rodeados por homens velhos e chatos. Negociadores.

Recebi um olhar ameaçador de Travor e outros um pouco curiosos. Mitchell não gostava que eu aparecesse no escritório quando esses caras estão por aqui, alguns deles gostam de negociar vadias e por algum motivo eu viro motivo de ofertas milionárias, quais são negadas.

— Querida, pode esperar alguns minutos? Levarei esses senhores até a porta e logo volto para conversar com você. — Tão falso. Travor apenas me deixou sozinha, indo com aqueles velhos para o lado de fora da casa.

Entrei no escritório e encarei os papéis sobre a mesa, estava apenas aproveitando para ficar por dentro das negociações e esquemas que ele tem escondido de mim.

Em uma das folhas que parecia ser apenas um monte de palavras aleatórias, encontrei o sobrenome "Bieber". Logo abaixo informações, porcentagens.

 

· Chegada da carga ao norte, 3AM;

· partida ao sul no dia seguinte - 2PM;

· detonadores;

· o endereço da mansão Bieber;

· mais alguns nomes aleatórios espalhados pela folha.

 

Seja lá o que for, Travor deu duas semanas para que isso acontecesse. Não seria nada agradável para a equipe adversária.

Ao escutar os passos de alguém no corredor, me afastei da mesa e fingi estar encarando alguns dos livros sobre a estante, como tenho costume de fazer.

— Você já leu todos eles, por que ainda os encara?

— Quero reler, posso ter perdido algum detalhe importante que possa mudar minha primeira impressão da história.

— Diga logo o que quer, Alexia. Não tenho todo o tempo do mundo pra você.

— Você não tem tempo para ninguém. Nem para sua namorada, que provavelmente deve acabar na cama de outro uma noite dessas.

— Se veio até meu escritório para falar mentiras, saia daqui.

— Não é mentira. Afinal, ela apenas volta pela manhã.

Minhas provocações incomodavam cada vez mais Travor, era perceptível na forma de que ele abria e fechava os punhos.

— Saia daqui, não irei mudar de ideia sobre sair.

— Então comece a procurar outro alguém para ser escravizado por você.

— Você não sabe o que está falando. — Ele disse ríspido e eu me aproximei dele.

— Eu nunca fui um Bieber para ter medo de te enfrentar. Eu nunca tive medo de você.

Senti os dedos de Travor em meus pulsos, apertando-me com força.

— Têm certeza do que diz, Collins?

Puxei meu braço e andei em direção ao corredor, estava irritada por não ter conseguido nada ao ir ali, apenas mais incômodos.

No meio do corredor senti meu peito arder, a sensação de que o ar não existia mais e levando junto consigo a claridade do dia, me fez tentar me apoiar em algo, mas eu apenas senti meu corpo cair e minha cabeça se chocar contra o chão.

 

“ Minha cabeça parecia estar sendo martelada, as dores eram fortes e traziam consigo um som agudo agoniante que aos poucos, bem lentamente, foram tomando uma melodia, e por fim eu pode reconhecer as notas de Paper Cuts. Mas ainda não conseguia abrir meus olhos, nas falhas tentativas, tudo que conseguia ver eram o mesmo clarão que me deixava cega.

O som pareceu retroceder, fazendo a música voltar desde o início e senti que esse era o momento para poder abrir os olhos.

Abri cautelosa meus olhos, percebendo estar sentada no chão de alguma casa desconhecida, pelo menos eu não me recordava dela em nenhuma de minhas poucas memórias. Meus dedos em um ato impulsivo seguraram algo que me fez olhar atentamente para a boneca em minhas mãos.

Os rangidos de molas me fez olhar para a minha direita e ver que alguém pulava sobre a cama, cantarolando a música que tocava no rádio. Seu rosto borrado pareceu entrar em pânico e saltar da cama, correndo para o corredor e aos berros chamar pelo nome de alguém. Octávio.

Me levantei, deixando minha boneca para trás, estava sem interesse algum por ela depois de ver a menina de cabelos longos, que usando um vestido jeans em cima de uma blusa branca, correr para do quarto me deixou com a sensação de aflição. Mas não tive coragem de passar além da porta, apoiei minha mão no batente e curvei meu corpo para frente, vendo o corredor vazio.

Distraída demais, não percebi a movimentação do outro lado do corredor, me dei conta apenas quando duas mãos agarraram meus braços e me puxaram para cima, sentia-me pequena demais.

 — Alexia, nós precisamos ir, pequena.

 A voz sutil de uma mulher me deixou mais tranquila, mas de qualquer forma estava confusa por não a reconhecer; confusa por não poder ver seu rosto enquanto a escuridão tomava conta do lugar mais uma vez, porém não houve mais clarões ou aquele som irritante, apenas chamados pelo meu nome. ”

 

 

— Alexia! — Abri meus olhos, apoiando-me a parede enquanto via a feição preocupada do Mitchell mais novo, enquanto Travor apenas observava da porta do seu escritório. — Você está bem?

— Estou.

Empurrei os braços do garoto que estavam em minha cintura e ele não pareceu se importar se eu não o queria por perto, tentando mais uma vez se aproximar, mas o empurrei de forma mais bruta, caminhando em direção ao meu quarto.

— Ale...

— Eu estou bem, só me deixa em paz.

Eu realmente estava bem, apenas um pouco zonza e sem entender direito o que minha mente acabou de projetar. Poderia ser alguma alucinação, mas ao mesmo tempo que sei que não uso nem uma droga, algumas partes de mim dizem que não é apenas algo criado pela minha imaginação em um algum tipo de surto.

As perguntas que me fazia não tinham respostas e nem sentindo.

Quem era aquela garota e aquela mulher? Nós tínhamos que ir para onde?

Entrei em meu quarto e tranquei a porta antes de me jogar sobre o colchão e suspirar. Eu precisava descansar e não pensar nessas coisas.

Depois de algumas horas, eu acordei, mas me mantive parada no mesmo lugar, até que alguém ousou bater em minha porta. Pelo atrevimento eu desconfiava que era Demi, ela não tinha medo de mim como os outros. Minha dúvida se confirmou assim que eu ouvi sua voz do outro lado da porta.

— O que quer? — Questionei após abrir a porta e voltar para minha cama.

— Vim ver como está. Soube que desmaiou no corredor depois de discutir com seu pai. — Ela se sentou em minha cama, seu olhar demonstrava sua preocupação.

— Estou bem, não foi nada demais.

Desviei meu olhar para a parede. Queria contar a ela meus devaneios ao desmaiar, ou seriam lembranças? De qualquer forma, não conseguia expressar o que senti depois daquela cena, que agora se repetia em minha mente.

— Demi...

— Oi?

— Já despertou de acordar de um sonho onde só haviam pessoas desconhecidas em um lugar desconhecidos, e teve a sensação de que eram conhecidos? — Olhei em seus olhos ao terminar de falar, eu precisava conversar com alguém que me entendesse.

— Já tive a sensação de conhecer alguém que sequer lembro de ter visto pessoalmente, mas não entendi o porquê da pergunta.

— Apenas tentando ter certeza que não estou surtando.

Me deitei na cama e fechei os olhos, ouvindo-a pigarrear e eu a encarei mais uma vez.

— O que está escondendo de mim?

— Nada, apenas estou com dor de cabeça por ter caído.

— Ale... posso te fazer uma pergunta? É que nós conversamos bastante e mesmo assim você não fala muito sobre você.

— Sobre o que quer saber?

— Seus pais biológicos... como eles são?

Minha voz travou, ficou presa em minha garganta e eu me via sem respostas para a sua pergunta. Eu nunca me questionei isso, até agora. Como eles eram?

— Eu... Eu não sei.

— Como não sabe?

— Por algum motivo eu não me lembro da minha infância, não lembro de que forma fui adotada por Travor.

— Mas... você não pode ter simplesmente brotado do chão. Nunca perguntou a ele?

— Não tenho curiosidade sobre eles, Demi, eu aprendi a ser grata por ao menos ter Travor me protegendo. Ele é o meu pai, não importa se não temos o mesmo sangue.

— Mas você não tem sequer curiosidade em vê-los uma vez ou saber o que aconteceu?

Sim. Foi o que tive vontade de responder, mas apenas balancei a cabeça, negando.

— Minha mente tem um grande espaço em branco, Demi, e eu não quero ocupa-lo com alguma coisa que pode ser dolorosa.

— Isso é estranho. Poderia dizer que é amnésia psicogênica, mas isso teria voltado em dias.

— Amnésia o que?

— Você pode ter sofrido algum trauma quando pequena, como briga de pais, morte de alguém e sua mente para amenizar a “dor” que você sentia, fez as lembranças apagarem. Mas eu não sei se duraria anos.

— Pra ser sincera, eu não estou curiosa em lembrar das pessoas, apenas queria entender a situação...

Antes de ouvir uma resposta da Demi, a porta do quarto foi aberta e Travor nos encarou sério.

— Melhor deixa-la descansar, Demi.

Demi sorriu para mim e se levantou, saindo do quarto; Travor continuou me olhando por alguns segundos e saiu do quarto, fechando a porta com cuidado.

Me deitei de forma confortável na cama e encarei o teto. Tentei lembrar de alguma coisa, somente um pequeno detalhe, mas nada vinha em minha mente.

Fiquei tão focada em lembrar alguma coisa que dormi em meio a meus pensamentos.

 

" A mesma mulher estava ali mais uma vez. Cabelos longos e castanhos, eu podia ver o que parecia ser um verde na íris dos seus olhos, mas os traços do seu rosto continuavam sendo apenas borrões.

Os cabelos longos sela balançavam enquanto ela corria pelos corredores, se chocando contra a parede. Mas ela parou em frente as escadas e então um homem se aproximou, cabelos loiros e longos, uma barba rala e nenhum sorriso estampado em seus lábios; ao contrário da mulher, eu podia ver seu rosto claramente.

— Não tem como sair, Octávio.

— Me dê a Alexia, e saia daqui. Quando eu sair daqui nós nos encontramos.

Ele me pegou nos braços e correu pelas escadas, parando em frente a um corredor cheio de portas.

Um som parecido com uma explosão me fez virar e olhar para trás, sentindo meus olhos marejados e querendo gritar pela minha mãe. Essa distração não me fez ver para onde Octávio estava indo, apenas ouvi ele abrir alguma porta, dando a um quarto delicado; o papel de parede era rosa com pequenos laços, nas prateleiras haviam ursinhos.

Octávio entrou no pequeno closet e abriu uma porta aleatória do guarda-roupa, me colocando no chão, ele afastou algumas peças de roupa e me colocando sentada lá e sorriu me encarando.

— Olhe para mim, querida. Você não vai sair daqui, está m ouvindo? Só vai sair se a mamãe ou eu te chamar, tudo bem?

— Mas papai... — Meus olhos marejaram, uma lágrima desceu pela minha bochecha e eu quis chorar mais, fazendo ele virar um borrão como o rosto da mulher.

— Fique aqui, pequena Ale. —

Ele me afastou para o fundo do guarda-roupa e o fechou, deixando-me sozinha fechada no escuro, os pequenos feixes de luz que entravam pelos detalhes da porta não eram suficientes para me deixar a vontade.

Pela fresta da porta, pude ver que Octávio estava parado em frente a porta e se afastou, andando para fora do closet, mas o vi voltar com os braços levantados.

— Tentando fugir de mim?

— Não devo nada a você, Travor Mitchell, sequer sei o que está fazendo aqui.

— Me deve a sua vida, Octávio. Eu o quero morto, quero que seja jogado em algum esgoto nojento e que apodreça no inferno.

— Não vejo nada te impedindo de fazer isso. — Ele abriu os braços, deixando seu peito livre para que o outro homem pudesse atirar.

— Onde está, Alexia?

— Acho que agora, está longe o suficiente, com a mãe dela... em algum lugar onde você não vai poder encontrá-la.

Os punhos de Travor acertaram o rosto de Octávio. Os olhos do Mitchell transmitiam fúria, ele aparentava sentir um ódio enorme e agora tinha a oportunidade de se livrar do que sentia, seja lá qual fosse seu problema.

Octávio foi ao chão no quinto soco que recebeu do Mitchell, mas chutou as pernas do mesmo, fazendo-o cair ao chão também e se levantou, ficando sobre Travor e tentando se vingar pelos golpes que levou. 

Os dois giraram no chão e o homem loiro foi imobilizado, aparentemente não tinha mais forças para revidar, até mesmo respirar doía e isso era visto nas expressões que fazia ao respirar.

Travor se levantou e tirou a arma da sua cintura; a destravou e sem hesitar a mirou na cabeça de Octávio.

— Diga olá para o diabo por mim.

— Nos veremos no inferno, Mitchell.

Fechei os olhos com força e ouvi três disparos seguidos, me escolhia mais a cada um deles. Mesmo com minhas pequenas mãos cobrindo meus os ouvidos, eu podia escutar o som dos tiros, então coloquei as mãos em frente a boca, tentando conter os soluços.

Abri os olhos e os pisquei repetidas vezes, deixando as lágrimas descerem pelo meu rosto e livrando minha visão daqueles borrões. 

Uma pequena poça de sangue começou a se formar em baixo do corpo, e aos poucos seu tamanho dobrava.

Me encolhi mais, abraçando minhas pernas. Não conseguia entender o que estava acontecendo, se era certo ou errado, somente conseguia escutar os gritos de Travor pelos corredores."

 

O som forte de algo batendo me fez acordar em um pulo; havia esquecido a janela aberta e estava ventando forte por conta do início de uma tempestade.

Eu podia sentir meu rosto molhado, tanto por suor quanto por lágrimas.

Me levantei da cama e dei alguns passos em direção a janela para fechá-la, mas minhas pernas ficaram fracas e meus joelhos bateram contra o chão.

Meus olhos marejaram e eu solucei alto, as lágrimas desciam pela minha face. No meu peito a sensação de vazio, de uma parte incompleta que eu não tinha as peças certas para concertar.

As gostas de chuva adentravam pela janela, sendo empurradas pelo vendo até acabarem respingando em meu rosto.

Me deitei no chão e chorei por algum motivo que nem sabia compreender. 

 

···

 

Por alguns dias seguidos o mesmo sonho, os mesmos e incompletos detalhes; nada era novo, tudo apenas se repetia todas as noites, incluindo acordar e chorar sem motivos até dormir mais uma vez.

Era sexta e hoje estavam todos animados pela festa de gala que Connor faz anualmente para reunir os traficantes mais poderosos do pais; um dia de trégua, um dia para poderem se vangloriarem pelas suas conquistas.

De todos da casa, somente eu permaneci sentada no sofá, limpando uma das minhas armas, observando cada um dos seus detalhes.

Travor desceu as escadas e o encarei de relance. Ele usava um terno, cabelos penteados e perfume forte, que exalava por onde ele ia.

— O que ainda está fazendo sentada aí? Vá se arrumar, Collins.

Mantive meu silêncio, pegando o cartucho de munição da nove milímetros e o encaixei em seu devido lugar; destravei a arma e respirei fundo, pensando nas consequências dos meus atos.

Me levantei e mirei a arma sem hesitar em direção ao peito de Travor, vendo sua expressão ainda mais confusa. Então foi como se todos resolvessem surgir de repente naquela sala, todos exibindo luxo.

— O que você está fazendo, Alexia?

— Octávio... — Foi a única coisa que consegui dizer.

A expressão no rosto de Travor se tornou seria e pude ouvir Liam questionar quem era Octávio.

— Como? Como ficou sabendo?

Sua pergunta fez meu coração acelerar. Então era verdade? Ele havia matado meus pais e era esse o motivo de estar aqui?

Sorri sentindo uma lágrima descer pela minha bochecha.

— O que leva um ser nojento como você, a matar os pais de uma criança na frente dela? — O tom áspero da minha voz fez todos se calarem.

— Alexia, não... — Interrompi Travor.

— Não adianta negar quando eu me lembro das coisas.

— Vamos conversar com calma, eu posso explicar. Você precisa me ouvir. 

Ele deu alguns passos em minha direção e atirei em sua direção, mas por sorte, ou azar, o tiro não o acertou; porém Travor sabia que eu tinha a coragem de atirar nele e seria cauteloso para que isso não acontecesse.

— "No momento da morte não existe dó ou piedade, ou você faz o que é preciso ou acaba se tornando o alvo." Palavras suas, Travor, mas... quem era seu alvo afinal?

— Abaixe essa merda ou será pior pra você, Alexia Collins.

— Vai me matar também, como matou meus pais?

O ódio me desconcentrou, não percebi a aproximação de um segurança. Minha mão foi chutada e minha arma deslizou pelo chão, indo parar aos pés do Mitchell mais novo.

O segurança se aproximou ainda mais e bateu o cotovelo na lateral do meu rosto, me deixando um pouco zonza. Senti meu braço ser puxado e um tapa forte acertar meu rosto, fazendo alguns fios de cabelo ficarem em frente ao meu rosto.

Coloquei a mão em meu rosto e olhei para frente, vendo Travor me encarando fixamente.

— Você não é nada para mirar uma arma para mim, Alexia. Deveria me escutar ao invés de presumir as coisas que não aconte...

Cuspi em seu rosto, fazendo-o se calar e passar a mão a limpando. Sua mão veio em direção ao meu pescoço e o apertou com força, sem se importar se eu sufocava em meio a seus dedos.

— Travor... — Bella gritou mais já era um pouco tarde, Demi estava pulando sobre ele, cravando suas unhas no rosto do mais velho.

Os dedos de Travor demoraram um pouco para se afrouxarem no meu pescoço, mas assim que me soltou eu cai de joelhos quase sem forças. 

Travor andou para trás, indo de costas contra uma parede, derrubando Demi e a empurrando do meu lado; ambas fomos forçadas a levantarmos pelos seguranças.

Os olhos azuis de Travor demonstravam muito do seu ódio, mais ele preferia deixar mais claro o ódio dele fechando os punhos e batendo contra meu rosto.

— Então quer me matar, Alexia? É isso? Faça-o então!

— Nos veremos no inferno, Mitchell.

Travor ficou em silêncio assim que repeti as últimas palavras utilizadas por Octávio. Ele respirou fundo e chamou os seguranças.

— Eu quero que deixem essas duas trancadas em um quarto, sem comida e nem nada. Alexia por mirar uma arma para mim, e Demi por ser amiga demais a ponto de defende-la mesmo não tendo razão nenhuma.

— Você é ridículo! — Gritei enquanto era arrastada para o andar de cima pelos seguranças, enquanto o resto do pessoal apenas nos observava. — Eu ainda terei o prazer de dar um tiro em seu coração, Travor Mitchell.

Demi e eu fomos jogadas dentro do meu quarto, trancadas como dois animais.

— O que está acontecendo, Ale? 

Não respondi à pergunta de Demi, apenas caminhei até o meu closet, abri uma das últimas portas e empurrei tudo que havia lá para os lados; abri o fundo falso na parede e abri meu pequeno cofre, pegando uma das minhas armas que ali estavam guardadas.

Larguei três armas no chão, e uma faca prata com alguns detalhes em ouro em seu cabo.

Tirei minha roupa e vesti uma calça jeans com alguns cortes na altura dos joelhos; coloquei uma regata branca e sobre ela uma jaqueta de couro preta.

Enquanto colocava os tênis, pude ouvir os sons dos carros partindo, então me levantei.

Ajeitei o suporta para facas em minha coxa, girei a mesma entre meus dedos antes de colocá-la em seu lugar. Ergui um pouco a blusa e coloquei a arma presa ao cós da calça, escondendo-a pelo tecido da blusa.

— Demi?

Ela apareceu na porta do quarto, com a mesma expressão confusa no rosto.

— Quero que vasculhe o guarda-roupa e troque sua roupa. Não vai querer sujar esse vestido de festa.

— Alexia, o que está pensando em fazer?

— Se nós duas continuarmos nesse lugar, seremos mortas. Conheço Travor e sei que ele não é capaz de perdoar ninguém.

Demi foi até minhas roupas e começou a se vestir. Um short jeans, uma regata azul e uma jaqueta de couro que foi usada para encobrir as armas em sua cintura.

— Vamos, não temos muito tempo.

Caminhei até o quarto e tentei abrir a porta. Trancada. Mas seria óbvio se saíssemos por ali.

— Para onde vamos?

— Não se preocupe quanto a isso. — Sorri e fui até a janela do quarto e a abri, vendo o breve parapeito e um muro alto, que era muito distante da janela do quarto.

— Preparada para colocar os meses de treinamento em prática?

— Pra ser sincera... não.

— Não podemos pegar carros, nem motos, todos estão rastreados.

— Estou nervosa e confusa.

Sorri e encarei o pátio abaixo. Dois seguranças faziam a ronda na parte lateral da mansão, iam e voltavam em torno de sete minutos.

— Demi... vamos.

Ela suspirou e foi até a janela, se sentando na ponta e girando o corpo para o lado de fora. Apoiou os pés no local e se levantou, pegando um bom impulso antes de saltar e se agarrar ao murro.

Ela raspou os pés na parede até conseguir mantê-lo fixo e subiu, sorrindo para mim e saltando para o outro lado da mansão.

Assim que ela já estava em algum lugar seguro e escondido me esperando, sai pela janela e me segurei na parede, olhando para o chão. A arma em minha cintura se desprendeu e caiu entre arbustos. Uma queda alta demais.

Olhei para a parede da mansão e me abaixei um pouco, fechando a janela do quarto. Encarei o muro mais uma vez antes de pegar impulso e saltar em direção a ele, meus dedos trêmulos se quer pareciam ter vontade de segurar em algo e me manter segura.

Estava suspensa por uma das mãos, vendo a altura, mas respirei fundo e me segurei, usando força dos braços para subir e saltar para o outro lado, correndo para dentro da floresta que ocupava os lotes em volta da mansão Bieber.

Demi me seguiu, fazia perguntas que eu não queria responder, mas ao chegarmos no centro da cidade e precisávamos andar entre becos escuros, comecei a lhe contar os detalhes dos meus sonhos.

Demi me escutava atenta, e parecia me compreender, não disse nada assim que eu terminei de lhe contar. Não havia nada mais a se dizer e eu não me importava com seu silêncio.

— Parece que estamos indo em direção a mansão Bieber.

— É, estamos indo, mas lá não é o nosso destino.

— Tem certeza?

— Bem... uma coisa que eu aprendi foi a não confiar muito nas pessoas, elas enganam. Então eu aprendi a suspeitar e isso me fez encontrar um depósito abandonado da cidade e o fiz meu.

— Acho que se nós duas parássemos para conversar por dois anos, eu nunca saberia tudo sobre você. Você é o inesperado, Alexia.

Sorri com seu comentário e voltei a caminhar, precisávamos ser rápidas. 

Chegamos em outro tipo de floresta, mas essa eu tinha certeza de que não haveria um final certo. 

Estava escuro, nem sequer a luz da lua ajudava; o som dos galhos e folhas secas se quebrando aos nossos pés era assustador, então caminhávamos com calma para que o som não fosse tão alto.

Eu não sabia se estava enlouquecendo ou estava sã, parei de caminhar e coloquei uma das mãos em Demi, fazendo-a parar quieta e me olhar.

O som vinha de todos os cantos, me deixando sem saber pra onde olhar. Poderia ser o vento arrastando as folhas e causando aquele som, mas não hesitei de puxar minha faca.


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo!
Enfim, até o próximo capítulo ♥

Angels of evil no wattpad >> http://my.w.tt/UiNb/29hNFDb2gw
Twitter: @bringzollg


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...