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História Angst Anthem - Mad City: Bem-vindo ao sonho


Escrita por: pcydreams

Notas do Autor


E mais uma fic dela mesma, Xofanna Mello. /solta confetes e pula
Minha gente eu tô tão orgulhosa dessa fic <3 Meu novo xodózinho, sinceramente, demorou uma vida pra concluir apesar de que pra bolar o plot foram segundos -qq
Fiquei tão satisfeita que até mandei minha mãezinha ler, e não é que ela gostou? (te amo lynda)
Mais uma vez (já deve ser a terceira) agradeço a minha beta oficial q Marina ~não Silva~ que só me arrasa nas betagens
Agradeço a mim mesma Xofanna Mello por ter conseguido criatividade o suficiente para fazer uma boa capa na qual estou cheia de orgulho (Eu me amo miesmo)
Agradeço a minha amiga por ter escrito um poema exclusivamente para a fanfic <3 (Mary você mora no meu core)
Espero que gostem dela tanto quanto eu!

Capítulo 1 - Mad City: Bem-vindo ao sonho


Fanfic / Fanfiction Angst Anthem - Mad City: Bem-vindo ao sonho

“Somnus est frater mortis. ”

 

BaekHyun acordou em uma cama que mais parecia ser feita de nuvens, era tão confortável que ele julgava quase como irreal, de certa forma, nada naquele ambiente teoricamente hospitalar aparentava ser real, tudo era branco, as coisas pareciam ser de alta tecnologia, algo tão superior quanto as invenções mais recentes dos japoneses. Haviam pessoas lá, homens e mulheres vestindo roupas iguais, calças brancas acompanhadas por jalecos da mesma cor, todos possuíam crachás dourados que se destacavam em meio as vestes límpidas. BaekHyun ouvia vozes, eram suaves como vozes de anjos, vozes tão doces e calmas que tranquilizavam qualquer alma atormentada, de certa forma, aquele lugar parecia um pedaço do paraíso.

Mas logo BaekHyun parou de admirar o local e perguntou para si mentalmente.

“O que faço eu aqui? ”

Mas aquela não era a única pergunta que cercava a mente confusa do jovem rapaz, que aliás, não sentia cansaço, nem aquela sensação enjoada que todos sentem assim que acordam, ele estava perfeitamente normal fisicamente, apesar de sentir uma leve sensação de ardência em seu peito, mas não estava psicologicamente apto para pensar muito bem sobre as questões que lhe incomodavam naquele momento. BaekHyun não possuía memoria alguma de qualquer acontecimento de sua vida, ele nem sequer sabia quem era, e não conseguia encontrar respostas para aquela situação infame, não sabia ao certo o que fazia naquele local, nem quem o havia deixado ali.

— Mikael, ele acordou. – Disse uma voz feminina, BaekHyun não conseguiu ver a mulher, pois ela estava atrás da cortina branca que separava seu leito do de outra pessoa, mas por algum motivo, aquela voz lhe parecia familiar.

Aproximou-se um homem alto, de cabelos grisalhos e com leves rugas no canto dos olhos azuis grandes, que mais pareciam um par de safiras. Os olhos daquele homem com certeza poderiam hipnotizar alguém facilmente. Ele sorria de forma simpática, parecendo alheio ao fato, e logo sentou-se em uma cadeira ao lado da cama onde BaekHyun estava sentado.

— Olá, eu sou Mikael, você está sentindo algo incomodo? Estou aqui para ajuda-lo e sanar suas dúvidas, pequeno. – O homem pousou a mão no ombro de BaekHyun afim de tranquilizá-lo, já que o medo do menor era completamente visível para todos no local. — Não precisa ter medo, todos nós estamos aqui pelo mesmo motivo, nosso objetivo é apenas cuidar uns dos outros.

A frase do mais velho ecoou pela mente do jovem, que estava se perguntando o que seria aquele lugar, e como assim todos estavam lá pelo mesmo motivo? Era algum tipo de hospital como ele havia imaginado anteriormente ou apenas uma espécie de abrigo para pessoas com necessidades especiais? BaekHyun não poderia afirmar ao certo se possuía alguma necessidade especial, afinal ele nem mesmo sabia algo sobre si mesmo.

— Que lugar é este? O que faço eu aqui? – Atirou as duas perguntas que mais o atormentavam naquele momento, e por fim acabou por esquecer de responder à pergunta do mais velho, ao perceber sua falta de educação, BaekHyun se repreendeu mentalmente. — Me sinto muito bem, obrigado.

— Você está em Angst 127, meu jovem, para ser mais específico, está em nosso centro de recuperação. – Respondeu com calma e logo segurou a canhota do mais jovem. — Pelo que posso sentir, você está no lugar certo, é realmente uma pena que tenhas tanto a fazer antes que possa encontrar a paz definitiva. – Mikael suspirou, aparentava estar triste pelo mais jovem, porém este não sabia distinguir o porquê. — Irei ser breve, porém claro, então por favor preste atenção no que lhe direi.

BaekHyun assentiu brevemente com a cabeça e passou a fitar o mais velho com atenção, a única coisa que desejava no momento era sanar suas dúvidas para assim ter uma noção básica de tudo o que acontecia ao seu redor.

— Angst 127 é um local situado em outra dimensão, é para onde os espíritos de pessoas que estão em coma, ou em estado vegetativo vão, você está basicamente entre a vida e a morte em sua dimensão original. – Explicava com suavidade para que o mais jovem não entrasse em pânico. — Aqui você tem uma chance de recuperar seu psicológico, por isso não sentimos nada, porém,  caso você tenha assuntos pendentes em sua dimensão, você sentirá algo em partes específicas do corpo que lhe indicarão qual o seu assunto pendente, em Angst 127, nós te damos a chance de concluir seus assuntos na Terra para que possa alcançar a paz infinita tranquilamente, você pode decidir se deseja alcançar a paz ou voltar para sua dimensão de origem, a qual nós chamamos de Mad City, a dimensão do caos.

Eram informações demais para que BaekHyun conseguisse processar rapidamente, ele respirou fundo para que não entrasse em pânico, Mikael aparentemente notou tal comportamento e parou sua explicação para que o menor se recuperasse.

“Eu estou entre a vida e a morte? ” BaekHyun repetia a frase em sua mente, logo seus olhos marejaram e algumas lágrimas deslizaram por sua face, cujo a pele era macia como a de um recém-nascido, não possuía defeitos, nem mesmo as tão temidas espinhas.

— Pois como conseguirei decidir meu destino? Sequer sei quem sou eu, poderia muito bem preferir a morte e abandonar o pobre corpo que sofre em minha dimensão. – Disse em tom de desespero, suspiros fracos eram audíveis, Mikael apertou de leve a mão de BaekHyun e lhe deu um sorriso singelo.

— Calma meu jovem spiritum, tudo será esclarecido quando você for enviado para Mad City, porém lembre-se, apenas algumas pessoas conseguirão vê-lo, outras poderão ouvir-te, há aqueles que consigam apenas sentir tua presença, e apesar de serem poucos, também haverá aqueles que poderão vê-lo, ouvir-te e sentir tua presença, mas só um poderá te tocar, e este é aquele que possuí uma dívida com você, os outros são pessoas que despertaram habilidades especiais que pertenciam a seus antepassados.

— Mas, quem é esta pessoa? Como farei para encontrá-lo em Mad City?

— Você sentirá quando o encontrar, confie em mim. – Mikael soltou a mão de BaekHyun e se afastou, logo se levantou e saiu do local.

Uma mulher de vestes brancas tomou o lugar de Mikael no leito de BaekHyun, esta segurava uma seringa com um conteúdo azulado, BaekHyun sentiu medo, e lhe veio uma vaga lembrança de seu medo de agulhas, ele tentou se afastar, porém a mulher segurou seu pulso com força, impedindo-o de sair. A agulha penetrou na pele do rapaz de cabelos negros e o conteúdo azulado desapareceu em um instante, BaekHyun sentiu-se sonolento, e assim não demorou para fechar os olhos e adormecer tranquilamente.

 

“Mad city I don’t know how you’ll view me.”

SeHun estava disposto a tudo para trazer seu amado de volta, não que ele fosse alguém rico o suficiente para pagar os melhores médicos, ou inteligente o suficiente para ser um médico excepcional, ele era apenas um adolescente que estava prestes a concluir o ensino médio, diferente de seu amado, que estava a poucos passos de concluir o curso de música na melhor faculdade da Coreia do Sul. SeHun não saia de casa, não frequentava mais a escola desde que seu amado ficara internado do hospital, entre a vida e a morte, o adolescente não tinha mais vontade de viver, ele não achava justo ter uma vida tranquila enquanto o amor de sua vida estava sofrendo em um leito de hospital.

A mãe de SeHun o atormentava todos os dias para que ele voltasse à antiga rotina, ela não sabia o que se passava com o filho, apenas sabia que ele havia faltado demais na escola ultimamente, ela não conseguia desligar o telefone e parar de perguntar como ele estava fazendo tudo sozinho, mas o Oh já estava sem desculpas esfarrapadas, então simplesmente passou a abusar das piores mentiras para ignorar as chamadas da mãe.

“É que estrelas estavam caindo, mãe. ”

“Os lobos estão lá fora uivando. ”

A mulher não caia nesse tipo de coisa, obviamente, porém com o tempo acabou optando por deixar o filho decidir o que faria, afinal as opiniões e sugestões dela sempre foram como formigas para SeHun, eram todas facilmente ignoradas.

A senhora Oh não sabia da existência do rapaz mais velho que se relacionava com seu filho, ela não sabia que SeHun havia deixado o próprio apartamento para viver com aquele rapaz, e ela tampouco sabia que o rapaz em questão estava prestes a morrer. SeHun nunca havia comentado com a mãe pois sabia qual seria a reação dela, a família era muito preconceituosa e não aceitaria um filho homossexual, muito menos um filho homossexual que saía com caras mais velhos, seria algo completamente inaceitável, ela também não sabia o que o filho fazia para se sustentar, afinal ele sempre mentia dizendo que trabalhava em um restaurante à noite, nunca se passaria pela cabeça dela que o filho trabalhava para homens ricos, cometendo delitos no lugar deles.

SeHun se escondia em seu quarto no escuro, o único sinal que indicava que havia vida lá dentro era o incessante barulho de tiros vindo de um vídeo game que ele jogava todos os dias, sem parar nem mesmo para comer.

 

 

BaekHyun acordou novamente, porém não estava mais na cama confortável do Centro de recuperação de Angst 127, estava deitado em uma superfície dura, e apesar de estar de manhã, sua visão ficava escura de 15 em 15 segundos. O jovem se levantou e por fim deu-se conta de que estava no meio de uma rua movimentada de uma possível grande cidade, porém os carros que passavam não lhe atingiam, eles o atravessavam, BaekHyun lembrou das palavras ditas por Mikael quando estava em Angst 127 e finalmente percebeu.

BaekHyun era um espirito, e estava em Mad City, sua dimensão de origem para uma espécie de “acerto de contas” com alguém que ele nem ao menos sabia quem era. O jovem caminhou e parou na calçada, passando a avaliar as pessoas que passavam por si sem o ver, eram adultos, idosos e crianças, todos pareciam ocupados ou preocupados com coisas demais para se importarem uns com os outros.

BaekHyun sentiu aquela ardência no peito tornar-se mais forte, era como se seu coração estivesse prestes a explodir, ele pousou a mão sobre o peito e fechou os olhos.

— Guie-me até onde devo ir, meu pobre coração. – Disse com sinceridade, em seguida abriu os olhos e observou um prédio um tanto velho comparado aos outros que estavam próximos, era simples, com varandas espalhadas pelos andares, algumas estavam vazias com placas de “aluga-se”, outras eram cheias de plantas ou possuíam algumas mesas ocupando o espaço, BaekHyun achou aquilo bonito, a leve bagunça, a variedade de gostos, a cor azulada do prédio, era tudo de certa forma agradável para si. O jovem espirito se sentiu atraído pelo local, então acabou por entrar no prédio, afinal, seria difícil encontrar alguém que pudesse vê-lo entrar e perambular pelos apartamentos. Ele subiu a escada, sentindo um ar de nostalgia tomar conta de si.

“Venha, meu amor, cuidado ao subir com as malas, estão muito pesadas para que você possa carregá-las ao mesmo tempo! ”

Sua própria voz ecoou em sua mente, então ele viu a si mesmo subindo as escadas carregando algumas caixas pequenas, ele notou o sorriso no rosto daquela lembrança de si mesmo, então sentiu o peito arder fortemente, fazendo-o se agachar em um dos degraus, a dor era tanta que ele sentiu que iria desaparecer. Mas ele tinha que resistir, ele sentiu que deveria seguir em frente até o último andar, BaekHyun se arrastou lentamente até finalmente chegar ao andar que tanto desejou.

Apartamento número 144, aquele número era tão familiar para BaekHyun que ele se arrastou até a porta que estava decorada com um apanhador de sonhos de cor rosa claro, o jovem espirito bateu na porta e sentiu a dor piorar, um nome lhe veio à cabeça, um nome que para si pareceu significar esperança.

—SeHun... –Ele bateu na porta mais algumas vezes, estava desesperado. —SeHun! SeHun!

O adolescente escutou as batidas e pausou o jogo, logo se aproximou da porta e arregalou os olhos ao ver quem estava debruçado no chão chamando seu nome, aquilo não parecia ser algo possível para o rapaz alto de cabelos castanhos, BaekHyun estava em coma no hospital, como ele poderia sair do hospital em tal situação? SeHun viu o estado do mais velho, ele sequer conseguiria andar, mesmo que acordasse perfeitamente bem.

SeHun não pensou duas vezes e segurou o mais velho pela cintura, erguendo o corpo do mesmo e levando-o para dentro do apartamento, por incrível que pareça BaekHyun estava extremamente leve, como se não possuísse massa, SeHun estranhou aquilo, porém estava feliz e assustado demais para pensar nesse detalhe, já BaekHyun, sentiu a dor aliviar, ele se sentiu seguro nos braços do desconhecido que possivelmente se chamava SeHun, mas porque SeHun poderia vê-lo e ouvi-lo? E qual a dívida que BaekHyun tinha com ele?

O adolescente fez com que o mais velho se sentasse no sofá acinzentado e velho, ele sentou ao lado dele e tocou o rosto do mesmo, BaekHyun não possuía os hematomas e machucados feios que SeHun havia visto no dia anterior, ele estava perfeitamente bem, não estava machucado, e ele parecia não se sentir mal nem nada.

— Como eles te deixaram sair tão rápido sem ligar? Você fugiu, BaekHyun? – Perguntou o adolescente que estava claramente assustado e nervoso, BaekHyun temeu que ele o levasse de volta para o hospital e se passasse por louco.

— N-Não.... É que eu... ainda estou lá, SeHun.

SeHun arregalou os olhos e logo suspirou, não entendia porque o menor estava agindo daquela forma, no entanto, ele também não sabia porque aquele dia estava tão estranho.

— Fale a verdade, eu odeio quando você mente. – Disse sério.

— Eu ainda estou lá, estou entre a vida e a morte SeHun, esse que você vê é meu espirito, deve ser difícil entender, eu também não digeri tudo rapidamente. – BaekHyun abaixou a cabeça e passou a fitar as próprias mãos que eram incrivelmente pálidas. — Eu estou aqui para quitar uma dívida com você, assim eu decido se quero ficar ou se vou embora.

Obviamente, SeHun demorou um certo tempo para compreender, tudo aquilo era completamente estranho para si, ele não sabia se acreditava em BaekHyun e seguia com essa história louca até essa tal dívida ser quitada ou se ele simplesmente fugia dali para o mais longe possível daquele que dizia ser seu namorado, afinal, muitas pessoas queriam acabar com a vida de SeHun, e seria muito fácil usar BaekHyun novamente.

— Eu preciso de mais explicações ou se não, vou chamar a polícia. − Ameaçou, porém nunca chegaria a tal ponto.

— E-Eu não posso explicar tudo! Eu não sei ao certo quem sou, nem qual é essa tal dívida, você vai precisar me ajudar a lembrar. – Disse em tom de suplica, afinal não queria policiais nem médicos perto de si. — Se você é mesmo a pessoa que faz meu coração doer quando está longe, por favor, acredite em mim.

SeHun reconheceu aquela frase, BaekHyun sempre dizia aquilo quando precisava viajar para algum congresso de artes da faculdade e SeHun ficava desconfiado, eram as mesmas palavras, sem qualquer alteração. Porém ele sentiu medo, se BaekHyun não possuía memórias e precisava recuperá-las, ele acabaria lembrando do que SeHun havia feito naquele dia fatídico, talvez ele tivesse que enganar o mais velho novamente.

— Tudo bem.... Eu vou arriscar, mas explique-me, como posso te ver, te ouvir e te tocar ao mesmo tempo? Que eu saiba espíritos não podem ser tocados, eles atravessam as coisas, se fosse assim você não poderia nem estar sentado nesse sofá, que espirito tosco você é.

— Eu não sou um espirito qualquer! – Resmungou infantilmente e cruzou os braços, logo corou ao escutar o maior lhe chamar de tosco. — Ei! Eu não sou tosco, tá? Eu sou o espirito de alguém que está prestes a morrer, só pessoas que possuem dons especiais podem me ver, me ouvir e me sentir, mas só você pode me tocar. – Explicou com calma, lembrando de tudo que Mikael havia lhe dito. — Não era pra você me ver, seu esquisito! – BaekHyun se levantou, e foi em direção a varanda. — Podemos sair? Eu quero andar lá fora, me sinto meio preso.

— Então eu devo ter dons ué, não é à toa que eu andava vendo KyungSoo por aí. – Murmurou ainda confuso com toda aquela situação, desde quando SeHun via espíritos? — Você lembra de KyungSoo, não é?

BaekHyun balançou a cabeça negativamente, afinal não se lembrava de nada.

— No caminho eu te explico.

 

 

Eles caminhavam pela calçada lado a lado, as pessoas atravessavam BaekHyun, algumas olhavam para ele e se afastavam para que ele passasse, como se pudessem vê-lo. SeHun olhava para os lados, preocupado, afinal, ele evitava andar na rua não só porque havia perdido a vontade de viver quando BaekHyun sofreu aquele acidente, mas sim porque aquelas pessoas ainda estavam procurando pelo adolescente.

— O que foi? Você parece assustado... – BaekHyun sentiu uma estranha preocupação tomar conta de si. — Se for por minha causa, é só fingir que eu não estou aqui que ninguém vai te achar louco.

— Não é por causa disso, eu não me importo. – O jovem riu seco e forçado, logo coçou a nuca, onde estava escondida a cicatriz que ele mais odiava e suspirou. — Você quer ir pra um lugar mais calmo? Eu odeio multidões, nunca se sabe o que pode acontecer quando você anda no meio de muita gente.

BaekHyun apenas concordou, ele não se incomodava com as multidões, mas aquilo parecia deixar o mais novo em pânico, então ele apenas optou por fazer o que deixasse o outro mais confortável.

— Ah, você não me contou sobre aquele tal KyungSoo. – O mais velho tentou mudar de assunto para fazer o outro esquecer de suas preocupações, logo ele viu um rapaz triste de vestes negras e olhos grandes demais para os padrões coreanos caminhar próximo a um beco escuro, ele parecia triste, e quando este olhou para BaekHyun, seus olhos se arregalaram. — SeHun, quem é aquele?

— É KyungSoo, ele sempre está nesses becos, é bem estranho, ele nunca fala comigo, apenas me encara. – Deu de ombros e segurou a mão do mais baixo, guiando-o até uma praça que estava vazia por causa do horário.

— Ele parece surpreso em me ver, fale mais sobre ele. – BaekHyun insistiu, afinal sua curiosidade era maior do que si.

— Ele era nosso amigo, estudava artes cênicas na mesma faculdade que você, era um cara quieto, mas bem legal, cozinhava para nós dois todos fins de semana porque você é péssimo com as panelas.

— Ah, ele parece ser legal, mas porque estava tão triste? Ele parecia sentir falta de algo. –BaekHyun sentiu pena do rapaz, parecia ser realmente uma boa pessoa.

— Ele desapareceu já tem três anos, Baekkie. – SeHun abaixou a cabeça, sentindo a dor e o remorso tomarem conta de si, ele não pretendia chorar na frente do amado, então apenas engoliu em seco e passou a encarar uma árvore. — Nunca encontraram o corpo, ele com certeza foi morto, por isso parece triste o tempo todo, o ex-namorado dele, Chanyeol, se casou com a psicóloga que cuidou dele durante esses três anos, parece que ele andava ouvindo KyungSoo e sentindo a presença dele.

BaekHyun sentiu tristeza ao escutar a história, como alguém teria a audácia de fazer algo assim com alguém tão bom? A ideia de que KyungSoo foi sequestrado e morto lhe causava náuseas, e ainda mais, ele não havia quitado a dívida com Chanyeol, talvez por isso suas vestes fossem negras e ele aparentasse estar triste o tempo todo como SeHun havia dito. Mad City com certeza era a dimensão do caos.

— Por que as pessoas são tão cruéis SeHun? – BaekHyun queria chorar, porém não conseguia, afinal, espíritos não choram, apenas se lamentam em silêncio.

— Não sei. – SeHun parecia desconfortável em falar sobre aquilo, e se arrependeu amargamente por ter tocado em um assunto que lhe causava tanta dor.

BaekHyun sentou-se ao lado de SeHun e segurou a mão do mesmo, logo sentiu seu peito doer, e quando seus olhos se fecharam, ele viu SeHun abraçando-o e em seguida beijando-o, SeHun dizia “Eu te amo, BaekHyun, eu prometo jamais te ferir, entendeu? ” Porém a imagem mudou, ele estava na sala e SeHun conversava com homens bem vestidos, porém mal-encarados, eles falavam sobre a morte do neto esquizofrênico de um gângster, SeHun dizia que estava tudo certo e que havia sumido com o corpo, porém antes que o diálogo entre o jovem e os homens acabasse, eles olharam para BaekHyun, SeHun parecia estar em pânico. Logo vieram memórias com KyungSoo, os dois na faculdade sorrindo e conversando sobre seus namorados, os dois cozinhando e BaekHyun com medo de que KyungSoo tivesse alguma alucinação de repente e acabasse machucando a si mesmo como fazia. Algumas de suas memórias não haviam voltado, porém boa parte das coisas já faziam sentido para si.

BaekHyun imediatamente largou a mão do mais novo, estava ofegante e tremia, ele demorou alguns segundos para finalmente associar o que havia visto quando segurou a mão de SeHun.

— Você matou KyungSoo? Você fez aquela atrocidade com o meu melhor amigo apenas por dinheiro, eu confiei em você e você me magoou, como ousa fazer isso SeHun? Então foi você que fez isso comigo também, não é? Você me deixou daquele jeito porque eu ouvi tudo. –BaekHyun havia se afastado de SeHun, no entanto, o mais novo o puxou pela mão e selou os lábios gélidos do espirito.

— Me perdoe, por favor, eu te amo tanto, eu fiz tudo isso por você, para que você tivesse uma vida confortável, eu te amo tanto que você me fez enlouquecer.

Mal sabia SeHun, mas as memórias de BaekHyun haviam voltado por completo, as lembranças de seus bons e maus momentos ao lado de SeHun, os risos e os choros abafados durante o banho, os carinhos e os gritos de raiva, as brigas que sempre acabavam em amor. BaekHyun sorriu e enfim conseguiu chorar, e suas lágrimas eram puras como agua destilada.

— Oh SeHun, o garoto que eu amei e amo com todas as minhas forças, eu juro que nunca te abandonarei na vida, independente da minha escolha, eu ainda estarei cuidando de você. – Disse sereno, logo SeHun notou que o amado estava desaparecendo e quando foi tocá-lo novamente, não conseguiu. — Você não matou KyungSoo, apenas sequestrou-o e depois o libertou para que ele fugisse, mas uma coincidência trágica tirou a vida dele, eu sabia disso pois ele me ligou no dia do sequestro te agradecendo por tê-lo poupado, mas nunca te contei. Por favor diga-me, o que aconteceu comigo?

SeHun assentiu brevemente com a cabeça enquanto chorava em silencio, sem sequer perceber. — Naquele dia quando você me viu com aqueles homens, eles te consideraram uma testemunha e quiseram te matar, eu tentei impedi-los, mas eles eram mais fortes que eu. – SeHun soluçava. — Eles correram atrás de você, mas você conseguiu fugir e quando estava atravessando a rua para se livrar deles, aquele carro apareceu...

BaekHyun assentiu brevemente com a cabeça e fechou os olhos. — SeHun, minha dívida com você era te livrar do peso que a morte de KyungSoo lhe causava, afinal eu sabia de tudo, mas não contei porque não compreendia, e após três anos eu tomei coragem para te contar e esclarecer tudo, mas aquilo aconteceu e eu fui impedido.

— Por favor, não me deixe só, Baekkie! O que vai ser de mim nesse mundo que me odeia?

BaekHyun iria dizer suas últimas palavras para SeHun, porém já havia desaparecido por completo, deixando o adolescente sozinho enquanto chorava como uma criança.

“Always disappear as soon as I try to grab it.”

 

 

BaekHyun estava de volta a Angst 127, Mikael estava sentado ao seu lado com um largo sorriso no rosto, ele parecia feliz em ver BaekHyun novamente. — Você voltou antes do prazo acabar, isso me deixa tão feliz, jovem spiritum. – O homem deu tapinhas no ombro do Byun, que ainda estava sem reação sobre tudo o que havia acontecido consigo.

— Então, o que vai acontecer comigo agora? Eu vou morrer? – BaekHyun fitou Mikael, sua expressão era de confusão. — E SeHun? O que vai acontecer com ele?

Mikael fez um sinal para que o jovem se acalmasse e sorriu fraco. — Como eu disse anteriormente, você só morre se quiser, jovem BaekHyun. – O mais velho mantinha seu tom de voz calmo, afinal não havia motivos para desespero. — Você tem duas opções, ou desiste da vida em Mad City, deixando SeHun e finalmente atinge a paz infinita, ou fica em Mad City em sua forma original, enfrentando as dificuldades e sequelas de seu acidente, porém continuando ao lado de SeHun, mesmo que seja difícil para os dois.

Eram duas opções que deixavam BaekHyun indeciso, claro que ele não queria abandonar SeHun, o mais novo precisava de ajuda e apoio que a mãe do mesmo não poderia oferecer, porém BaekHyun não queria que SeHun tivesse que cuidar de um doente, parecia tão triste ter que depender do mais novo para fazer coisas simples. Mesmo estando ao lado de SeHun, BaekHyun iria sofrer, e SeHun também iria sofrer. A dor da perda ou um fardo? Eram essas as duas opções que BaekHyun tinha, e ambas giravam em torno do adolescente que estava na dimensão do caos, tendo que lidar com milhões de coisas.

— SeHun possui uma alma impura, ele fez coisas horríveis em Mad City, suas dívidas serão tão grandes que ele não poderá vir para Angst 127, ele irá direto para o outro mundo. – Explicava o mais velho, ele não poderia estar dizendo aquilo para BaekHyun, porém apenas sentiu que era o certo a se fazer. — Ele deve purificar a própria alma, fazendo boas ações, antes que sua vida chegue ao fim.

BaekHyun fechou os olhos e pensou, suas memorias com SeHun em Mad City vieram, e ele sentiu seu coração bater mais rápido na dimensão do caos, BaekHyun sentiu as lágrimas de SeHun e escutou o choro abafado do mesmo perto de si, ele sentiu os lábios ressecados lhe tocarem o rosto e a mão que estava úmida por conta das lágrimas segurar a sua, ele ouviu SeHun dizer que o amava e que não o abandonaria. BaekHyun sentia medo de Mad City, ele detestava toda violência, tristeza e corrupção daquela dimensão, seu maior desejo quando criança era abandonar aquele lugar e ir para um lugar melhor, mas então ele conheceu SeHun, e aquele mundo pareceu ser mais bonito para si, SeHun trouxe cor para o mundo acinzentado de Byun BaekHyun, e o coração do rapaz se encheu de luz enquanto o do adolescente se enchia de trevas. O coração de SeHun estava escuro, porém ainda possuía aquele mínimo de luz, como um último vestígio de bondade, e se o adolescente desejasse abandonar as trevas, bastava ele seguir a luz que ele conseguiria conquistar a tão sonhada felicidade.

BaekHyun sorriu.

— Eu quero ficar.

 

 

SeHun chorava abraçado ao corpo de seu amado, não sabia qual seria o destino dele, porém desejava que fosse apenas o melhor, pois alguém tão doce e gentil como o Byun não merecia nada menos eu aquilo. Quando os batimentos cardíacos do jovem aceleraram, os médicos entraram na sala, aquilo era ruim, pois estes deveriam permanecer estáveis para que ele não tivesse um ataque cardíaco e viesse a falecer.

Os médicos não viam muita esperança para BaekHyun, porém precisavam arriscar para ao menos tentarem salvar o jovem músico que mal havia começado a vida direito e já estava à beira da morte. O desespero de SeHun era tão grande que eles tentaram afastá-lo com medo de que ele acabasse fazendo alguma bobagem, pondo a vida de BaekHyun ou até mesmo a própria em risco.

Mas antes que eles pudessem expulsar SeHun, os batimentos se acalmaram, gemidos roucos eram audíveis.

BaekHyun abriu os olhos.

Ele estava vivo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Muito obrigado por apreciarem essa delicinha que eu amei de coração!


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