História Ângulos - Devaneios

É engraçado como o ser humano se comporta. Nós choramos e rimos das mais variadas coisas e por diversos motivos. Nunca nos deixamos abalar, quase como se fossemos incapazes de desistir. É semelhante àquelas histórias onde o herói ganha forças incomensuráveis no último segundo e derrota vilão junto com todo o seu mal. Claro, a vida não é tão simples quanto nos gibis. Até porque o “vilão” de nossas vidas somos nós mesmos somados às nossas crises de orgulho e consequências de atos impensados as quais jogamos em tudo ao nosso redor. Ao menos era assim que Joana pensava. Ela era filha única e filhos únicos acabam se tornando pessoas observadoras e pensativas. Naquela hora, como todos os dias, ela estava deitada no campo que havia atrás da sua casa. Joana adorava ficar ali horas e horas olhando para céu pontilhado de estrelas. Ali não havia nada que a incomodasse. Apenas as estrelas e a lua eram seus companheiros. Ela se envolvia em seu devaneio e ia longe. Não era como se sua vida fosse ruim ou algo semelhante. Seus pais eram maravilhosos e davam a ela todo o amor do mundo. Era uma das melhores na escola e tinha bons amigos. Joana apenas queria ir longe, ver coisas e pessoas dos lugares mais diversos no mundo. Queria voar. Ela sentia que não ficaria ali por muito tempo. A vida no campo era muito boa, mas não era para ela. Nas diversas noites em que ela ficava deitada na grama sua mente ia longe e refletia sobre a natureza humana. No egoísmo arraigado na pele. Na falta de autocrítica. Ela se dava conta de tanta coisa e entendia que ela também, por ser humana, carregava o mesmo defeito de todos os outros. A diferença em Joana era a consciência. Ela sabia que deveria agir. Sabia que deveria começar por si mesma toda a mudança, caso contrário não teria qualquer autoridade para apontar o erro nos outros.

E como todas as noites, Joana entrou para casa ao som da voz de sua mãe a chamando. Ela recebeu um doce beijo no rosto e voltou para se aninhar nos braços confortantes de seus pais. Joana queria e faria muita coisa, mas todas elas teriam seu tempo devido.

Joana era única, pois tinha tal mentalidade como apenas treze anos de idade. Joana tinha grandes planos. Ela mudaria o mundo.