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História Ângulos - (In)Descartável


Escrita por: GirafaEsquilo

Notas do Autor


Er... Oi, tudo bem com você?
Creio que esteja tudo bem comigo...

Ah, boa leitura ;)

Capítulo 4 - (In)Descartável


Era mais um dia, como qualquer outro. Então, como em todos os outros dias, ele abriu os olhos relutantemente e lutou contra si mesmo para sair da cama. Alguns minutos e pronto, o garoto estava arrumado e pronto para mais um dia com os amigos. Deu um beijo na testa da avó, pegou a bicicleta, abriu e fechou o portão, enfiou o par de fones nos ouvidos e escolheu uma música qualquer.

O mesmo turbilhão de pensamentos aleatórios que o rodeava desde manhã e no caminho até o ponto de encontro continuava ali, como sempre esteve. E, envolto nas melodias de uma música que agora tocava num ponto longínquo de sua mente, olhando para seus amigos ao longe, ele percebeu que talvez sua presença ou ausência ali não faria diferença.

Ora, aquela cena de todos eles se divertindo a sua frente já havia se repetido infinitas vezes, e com toda certeza não seria a última. Mas… Assistindo-os ao longe, por algum motivo o fez pensar “a minha inexistência aqui não traria mudança alguma”.

Ele já havia tido um punhado de “momentos ruins”, aqueles nos quais ficamos tristes ou isolados dos demais, por algum motivo. Não um motivo qualquer, mas um o qual traz uma dor lancinante ao peito e nos faz repensar sobre nosso próprio caráter. Pois bem, em todas as vezes uma sensação de fardo acrescia-se ao seu coração, pelo fato de seus amigos sempre o olharem com preocupação e diversas vezes, terem agido de forma desnecessária apenas na tentativa de trazê-lo de volta ao seu “eu de verdade”. Todos aqueles “você está bem? ”. Os “momentos” estavam se tornando um tanto constantes o que acabava fazendo com que seus amigos viessem à sua procura com mais frequência. “Estou sendo um fardo”, pensou. Pensamento o qual ecoou nas paredes de sua cabeça.

Então, se ele não estivesse ali, as coisas poderiam ser melhores. Já estavam boas. Seus amigos estavam felizes uns com os outros, estreitando os laços. Se ele simples e silenciosamente cortasse os laços que às suas vistas estava tão frágeis, ninguém notaria e assim poderiam até ser mais felizes ainda.

Isso. Ele faria isso. Estava decidido. Poderia vir a doer no início, mas depois acabaria se acostumado à solidão. Não é como se o garoto tivesse se esquecido de anos atrás. “Não estou sendo amigo de verdade. Não estou acrescentando, então só me resta sair”, era a lógica que permeava seu cérebro. Seus punhos estavam até mesmo cerrados em sinal de determinação. Mas, como um tiro de um franco-atirador em plena guerra, toda a certeza que o tomara há poucos instantes atrás ruiu. Ali, ainda apoiado sobre o banco de sua bicicleta, ele notou o sorriso singelo de um deles, olhando-o como quem diz “você chegou”. Como uma reação em cadeia, todos os outros também o olharam e sorriram, riram, fizeram caretas. Como amigos de verdade. Como irmãos de outros pais e mães. Um deles gesticulou para que ele se aproximasse. O garoto relutou, mas algo dentro de seu peito era puxado para frente, como um imã. Ele QUERIA estar entre eles. AMAVA estar ali, cercado por aquelas pessoas que sabiam tão pouco sobre o que a vida lhes reservava quanto ele. Se sentia FELIZ ali, num lugar estático no tempo, onde as preocupações dos adultos e o egoísmo do mundo eram impotentes contra seus laços.

Em passos vacilantes, ele chegou até os amigos, que o inundaram com uma onda de cumprimentos, brincadeiras, abraços, carinhos.

Uma lágrima escorreu pelo canto de seus olhos, tão frágil quanto seu coração. Porque ele havia duvidado de tudo aquilo? Porque? Ele os amava, e se sentia agraciado com o amor deles.

E como um reator que tem seu núcleo reativado, seu peito se reaqueceu.

-Ei. – Chamou um de seus amigos. – Você está chorando?

-Ah… - Respondeu o garoto, enxugando o filete de água dos olhos com a manga da blusa. – Eu só estou feliz por ter vocês comigo aqui.

Numa onda de risadas, todos e quaisquer resquícios de dúvida foram destruídos. No fim das contas, seria sempre aquilo: eles estariam sempre ali, por ele. E o garoto daria tudo de si para retribuí-los.

“Ele”, não tem nome. Não “existe”. “Ele” sou eu, é você, somos todos nós. 



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