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História Animalia - A Revolução - A Carta de Animalia


Escrita por: Avioteto e _iludidap

Notas do Autor


Olá, como andam pessoas? ^^

Bem, para quem entrou na fic, leu a sinopse e ficou "Coelho?!" Deixa eu explicar aqui...

A fic se passa em uma universo semelhante a antiga animação do Robin Wood ou com o atual Zootopia, aonde não há humanos, porém os animais são civilizados, usam roupas, trabalham e etc...

Bem, no começo fica só por isso mesmo, até as notas finais ^^

Capítulo 1 - A Carta de Animalia


   As nuvens pairavam no céu da madrugada inconbrido quase que completamente a lua cheia. No meio da floresta, duas figuras se escondiam dentro de uma moita enquanto vários homens andavam pela floresta, armados e com tochas.

- Temos que nos separar. - Uma voz feminina dispara enquanto analisava o redor com seus olhos felinos e atentos. - Só assim vamos passar por eles. - ela diz se voltando para a raposa ao seu lado.

- Eu contei três deles. - ele respondeu enquanto voltava seu olhar astuto para a guepardo. - Talvez tenham mais... - ele vestia um longo casaco de couro que ia até as patas traseiras, por dentro usava uma roupa de linho azul. Abriu o casaco e guardou lá um papel dobrado.

- Você vai pela esquerda e eu pela direita, vou atrair os homens do rei. - a outra diz olhando para o papel que o homem guardava. - Guarde essa carta com sua vida. - ela diz apontando para o pedaço de papel.

- Pode ter certeza que guardarei. -  ele diz dando um sorriso de canto para a felina ao seu lado. - O ponto de encontro é nas Tocas. -

A jaguar concorda com a cabeça, da uma ultima olhada para o seu parceiro.

- Fique bem, Robert. - ela diz antes de se levantar. Sua cauda manchada ajudava ainda mais que ela se camuflasse, porém propositadamente amaçou várias folhas no chão para que se partissem e chamasse a atenção de seus perseguidores.

- Ei! Ali! - uma voz estridente avisa aos demais guardas a direção da mulher.

Robert fica alguns segundos calado, esperando o silêncio ser completo.  

- Você também Audrey... - ele diz em voz baixa, a raposa então se levanta do seu esconderijo e corre para a direção oposta a da amiga.

Horas depois, o sol nascia timidamente, enchendo o dia com as primeiras luzes.

Na vila de Orangrass porém, os cidadãos não precisavam dele para acordar, muitos já trabalhavam antes dos raios clarearem o céu. A grande população de coelhos no lugar fez a vila ganhar o apelido de "As Tocas", e ninguém melhor que os coelhos para cuidar de uma vila repleta de hortas, principalmente cenouras.

Em uma casa um tanto distante do centro da pequena vila, um jovem coelho dormia no segundo piso. Diferente dos outros, ele tinha uma certa dificuldade para levantar.

- Caleb, acorde. - uma voz suave diz próximo a orelha do jovem, o que fez com que ela se agitasse no ar. - Como está se sentindo hoje? -

Caleb abre seus olhos claros, pisca algumas vezes antes de se sentar na cama, coçando o rosto suavemente.

- Estou me sentindo bem, mãe. - ele diz olhando para ela, que estava em pé ao seu lado, alguns pelos grisalhos apareciam no topo de sua cabeça e ela usava um pequeno par de óculos apoiado no focinho.

Mesmo com a fala do filho, a senhora se aproxima, colocando sua mão na testa do garoto.

- Você ainda está um pouco quente... - ela fala preocupada, seu focinho se mexia agitadamente.

O jovem tocou a mão da mãe com um sorriso suave para acalmá-la.

- Eu estou bem, mãe - ele diz de forma calma e paciente. - Eu prometo. - Na verdade ele já não suportava mais ficar trancado em casa. 

A mãe concorda com a cabeça, mesmo que sua expressão entregasse que não estava tão convencida disso.

- Tudo bem, eu irei fazer o café da manhã... Chame seu irmão quando for descer. - ela diz e então sai do quarto. Caleb ainda consegue ouvir seus passos na escadaria para o andar de baixo.

O coelho suspirou, por um minuto pensou em voltar para a cama, mas sabia que não adiantaria nada.

Ele se levanta e vai em direção ao banheiro. Se lava e fica alguns minutos vendo seu reflexo na água, seus pelos acinzentados estavam bagunçados, seus olhos pareciam cansados, resultado de noites mal dormidas.

Caleb mergulha as patas na água fria e passa pelo rosto, para tentar inutilmente arrumar seus pelos rebeldes.

- Ei! Vai demorar?! - uma voz masculina grita do lado de fora, ele logo reconhece a voz e percebeu que não teria que acordar seu irmão.

- Já vai, já vai! - Caleb grita em resposta. Lava uma última vez o rosto antes de sair do banheiro. seu irmão estava com um largo sorriso do lado de fora. - Como você consegue acordar tão animado, Gabe? - ele resmunga para o mais velho, que logo passa por ele e entra no banheiro.

- Talvez você também ficasse se saísse de casa. - Ele diz em um tom debochado na voz. - Além disso, eu vou encontrar meus amigos hoje. - então ele fecha a porta do banheiro na cara do mais novo.

Caleb bufa, se virando e indo embora, desce as escadas e segue até a mesa da cozinha, aonde sua mãe fazia uma sopa de cenoura.

Ele se sentou e olhou ao redor, a casa era simples, feita de madeira, assim como os móveis. "Carvalho nos pisos e amoeira nas paredes." Sempre dizia sua mãe. Diante do garoto, uma colher de metal e uma tigela, também de madeira, que estava vazia até o momento em a mãe trouxe a sopa para a mesa e lhe serviu com uma grande concha.

Antes do garoto começar a comer, seu irmão aparece descendo as escadas, seus pelos castanho escuro estavam impecáveis e ele portava no rosto um sorriso alegre.

- Gabe, eu precisarei que você me faça um favor. - a mãe diz assim que o filho mais velho chega, só essa fala faz o sorriso do mais velho se desfazer em segundos. - Eu precisarei cuidar da horta e você terá que ir ao mercado hoje. -

- Mas... Eu já tinha plane... - o filho não teve chance de completar antes que a mãe lhe desse um olhar sério.

- Então você irá se replanejar, preciso disso pasta fazer o almoço. - ela diz se levantando da mesa, ela tira uma pequena bolsa de couro de dentro do bolso do vestido. - Não vá gastar tudo e a lista do que preciso está na porta. - ela diz, dando um breve sorriso pra contrapor a expressão de infelicidade do filho.

- E eu posso ir com ele? - Caleb pergunta após ouvir a conversa.

- Claro, se você se sentir bem pra isso. - a mãe diz, Gabe acaba tendo uma idéia e um leve sorriso surge em seu rosto.

Caleb estava tão animado que voltou correndo para seu quarto, vestiu uma camiseta de algodão cinza que era semelhante a cor de seus pelos, uma calça de algodão marrom e deixou os pés livres. Pegou a mochila que pertenceu ao seu pai e colocou três livros dentro da mesma.

Quando chegou no andar de baixo, seu irmão já o esperava, ele vestia um colete de couro, uma calça semelhante a de Caleb e no cinto carregava a espada de seu pai, algo que era muito estimado pelo garoto.

- Vamos, pedaço de algodão. - o mais velho diz com um tanto de superioridade. Caleb resmunga algo em resposta, mas procura não se incomodar com a provocação. Juntos eles andam até a porta. Antes de ir, Caleb vai até a parte de trás da casa, onde a mãe trabalha na pequena horta de cenouras que eles tinham.

- Tchau mãe! - o mais novo grita acenando o braço, sua mãe apenas devolveu o aceno e voltou a trabalhar na horta.

Os irmãos voltam para a pequena estrada de terra batida que levava até o centro da cidade, onde se encontra o mercado.

Os dois irmãos andavam conversando, trocando algumas brincadeiras entre si no caminho, eles encontram também muitos conhecidos, afinal a vila era pequena e os dois nasceram lá.

Quando chegaram no mercado o sol já estava clareando o céu azul. O lugar estava cheio, mercadores tentavam chamar a atenção dos clientes, donas de casa compravam verduras e frutas, crianças brincavam e riam, usando gravetos como espadas. Tudo naquela vila parecia cheio de vida no momento.

Caleb estava distraído olhando tudo ao seu redor quando de repente vê uma folha de papel e uma bolsa de moedas ser jogada em suas patas. Ele olha para o irmão mais velho que já se distanciava.

- O que você ta fazendo? - o jovem pergunta andando atrás dele.

- Eu vou encontrar meus amigos, você faz as compras. - ele diz sem se virar para trás.

- Mas... E a mamãe?! - o mais novo diz preocupado, sabendo que para todos os efeitos ele também seria castigado.

- Ah, você inventa algo. - Gabe diz dando de ombros. Antes que Caleb pudesse retrucar, seu irmão já de misturou a multidão.

O jovem bufa irritado, mas sabia que o que ele poderia fazer no momento era comprar o que a mãe lhe pediu.

Ele adentra a feira movimentada, olhando ao redor para ver se encontrava algo que estivesse na lista. Até ele se deparar com uma figura conhecida.

- Caleb! Como esta? - a voz feminina fala, era Sônia, amiga de sua mãe, ela era uma gata de mais idade, seus pelos eram alaranjados, seus olhos eram de um castanho escuro profundo e pequeninos que quase não se podia notar, na cabeça ela usava um pano amarrado e luvas de couro nas mãos, a mulher vestia um pequeno avental sobre as roupas de pano. Diferente do que muitos pensam, Orangrass não era um lugar exclusivo para coelhos, por mais que a grande população fosse.

- Olá Tia Sônia. - O jovem diz com um sorriso fraco. 

- Rapaz! Você cresceu desde minha ultima visita! - ela diz, a gata se inclina para passar a mão entre as orelhas do coelho. - E então? Aonde está seu irmão? - ela pergunta sorridente.

- A-Ah... Ele... - o garoto foi pego um tanto desprevenido. - Foi ajudar uma senhora com as compras. - diz por fim, forçando o melhor sorriso possível.

- Ora, o jovem Gabe sempre foi um garoto de ouro, não? - ela diz sorrindo mais ainda. - E então? Posso ajudar com algo? -

O garoto entrega a lista para mulher, que a lê atentamente.

- Pelo visto sua mãe irá fazer um ensopado daqueles, não? - a felina diz com um largo sorriso, desce de um pequeno banco que usa para ficar mais alta e poder olhar melhor os clientes. - Pode esperar aí que acho que temos tudo o que ela precisa. -

Caleb concorda com a cabeça enquanto Sônia se afasta. O coelho fica olhando ao redor, prestando atenção aos detalhes, ele nota um grupo de homens conversando não tão distante.

- ... Homens do rei? Por aqui? Você não acha que o Thimot apenas exagerou na bebida? - um deles fala um tanto nervoso e estressado.

- É! Eles não tem porque vir pra cá certo? Todos nós pagamos o maldito imposto! - um outro retruca em voz alta. Ao notar que elevou o tom de sua voz, se cala e olha ao redor, claramente preocupado. - Quer dizer... O que mais aquele rei de araque quer de nós? -

- Ei ei, não fale assim, o rei tem ouvidos em toda parte. - Um terceiro diz em voz baixa, nesse ponto Caleb quase se jogava para o lado para poder ouvir melhor. - O Thimot também disse que viu outra pessoa... E escutem só, ele jurou que era alguém da Animalia. -

- Animalia?! - o primeiro homem diz em voz alta, o que chama atenção de alguns mercantes, mas tudo volta ao normal em instantes. - Então esses rebeldes existem mesmo?! Achei que eram uma lenda! -

O terceiro homem a falar iria dizer algo, porém uma sacola fez Caleb voltar ao foco.

- Ei jovem, aqui estão as coisas. - Sônia já havia retornado com tudo da lista. Caleb agradece e paga. - Quando chegar em casa, diga pra sua mãe que irei fazer uma visita amanhã. -

- Tudo bem. - O jovem fala sorridente, quando ele olha para aonde os três homens se encontravam... Eles não estavam mais lá.

O garoto voltou a andar para casa, porém fez um pequeno desvio, queria passar em um lugar antes. Em poucos minutos ele chegou em frente a livraria. O lugar era velho, uma placa de madeira lascada escrito "Viagem de Papel" se encontrava encima da porta entreaberta.

Caleb adentrou o lugar, a livraria era grande em seu interior, algumas mesas ficavam espalhadas para caso alguém quisesse aproveitar o local calmo e relaxante para ler. No final da parede de frente para a porta havia um largo balcão aonde se encontrava o dono da loja, uma lebre branca rechonchuda e de longas orelhas caídas que chegavam até o fim de suas costas, no rosto ele usava um óculos fundo de garrafa que deixavam ele com uma expressão mais sábia. Ele conversava com outro cliente enquanto Caleb se aproximeava, quando a lebre o viu, abriu um largo sorriso. Pediu licença para o homem com quem conversava e se aproximou do coelho.

- Oh, jovem Rabfoot? O que lhe trás ao meu estabelecimento? - a lebre diz animada. 

- Eu estou aqui pra devolver isso... - o jovem coloca a sacola com as compras no chão ao seu lado e coloca sua mochila encima do balcão. De dentro dela ele tira os três livros que havia guardado.

- Já acabou de ler?! - o homem falou em tom de susto e, ao mesmo tempo, impressionado. - Mas não demorou mais que três dias! -

- Eu passei os últimos dias doente e minha mãe não queria me deixar sair de casa, então tempo livre foi o que mais tive. - o jovem respondeu com um sorriso simples. - E então? Qual livro irá ser dessa vez? -

- Ora rapaz, não tão rápido, se esqueceu do nosso pequeno jogo? - a lebre fala com um breve sorriso enquanto o coelho concorda com a cabeça. 

O mais velho pega os três livros que estavam com o garoto, empilhou os três e arrumou seu óculos. Ele abriu o primeiro livro em uma página aleatória.

- Bem... Vejamos. - a lebre viaja seus olhos pela página até os fixar em uma palavra. - Página 143, vigésima primeira linha, quinta palavra. - ele diz e então volta a olhar para o garoto.

O garoto nem sequer precisou pensar.

- Assobiava. - ele disse com um breve sorriso.

- Muito bom... - a lebre fecha o primeiro livro e passa para o do meio, o mais grosso. Ele folheou o livro pensativo. - página 787, vigésima segunda linha, nona palavra. - ele disse e então olhou para o garoto.

O coelho demorou alguns minutos pensando.
- Cinturão! - respondeu por fim, o mais velho concordou com a cabeça sorridente.

- Ora, achei que ia te pegar nessa. - ele disse contente. Então deixou o segundo livro de lado e passou para o ultimo. - Página 75, décima linha, quarta palavra. - o homem falou e novamente Caleb não precisou pensar muito.

- Terrível! - ele vociferou animado. O homem sorriu, fechou o ultimo livro e depois se virou para uma estante atrás de si, de lá tirou outros três livros, dessa vez os três bem grossos. 

- Espero que demore mais para ler esses três, se não daqui a pouco não haverá mais livros aqui para você. - ele diz entregando os três para o jovem, que logo os guarda na bolsa.

- Obrigado senhor! - ele diz animado, assim que os guarda, ele pega a sacola do mercado e corre na direção da porta.

- O que foi isso? - o cliente que estava só prestando atenção na conversa dos dois pergunta curioso. - Como ele se lembra dessas palavras? -

- Aquele garoto tem uma memória incrível! - a lebre diz ainda olhando para a porta. - Sempre que ele lê algo, não esquece mais. - o homem diz com um breve sorriso de admiração.

Caleb volta seu caminho até sua casa e não demora muito para chegar. Se deparando com o jardim arrumado e bem cuidado.

- Mãe! Cheguei! - o jovem avisa assim que adentra a casa.

- Estou aqui na cozinha! - a sua mãe responde.

O garoto levou a sacola para a cozinha e a colocou encima de uma bancada. A mulher se aproxima, abrindo a sacola, da uma olhada rápida no seu conteúdo, talvez para garantir que seus filhos não se esqueceram de nada.

- Tudo bem, chame seu irmão para eles ajudar a lavar as verduras. - a mulher fala já retirando tudo de dentro da sacola.

Caleb engoliu em seco no mesmo momento, ele pensou em um milhão e meio de desculpas. Enganar a senhora Sônia havia sido fácil, mas será que sua mãe cairia da mesma forma?

- O... Gabe... Ele ficou na feira... - o garoto diz procurando as palavras.

A mãe se virou no mesmo segundo, seu focinho agitado demostrava sua desconfiança.

- Na feira? Porque? - ela pergunta diretamente.

- Ele ficou ajudando uma mercadora de mais idade a guardar as mercadorias... - o mais novo fala, ele tentava ao máximo não gaguejar para não chamar a atenção.

Sua mãe lhe analisou por alguns minutos, que na cabeça de Caleb pareciam uma verdadeira eternidade, então por fim a voltou sua atenção para a panela a sua frente.

- Ora, que bom o Gabe ajudar outras pessoas para variar. - ela diz. - Então venha me ajudar você. -

Caleb respirou fundo, aliviado pela mãe não ter suspeitado, mas culpado por mentir para ela. O garoto se aproximou do balcão e começou a lavar os legumes.

Quando Gabe chegou, o almoço estava pronto, os três se reuniram na mesa para comer o ensopado, depois Caleb voltou para seu quarto, aonde começou a refletir sobre a conversa que ouviu no mercado.

O jovem ouviu poucas vezes mencionarem o nome "Animalia", o maior motivo era que até mesmo a menção ao nome do grupo era considerado crime punível com prisão caso fosse pego por algum homem do rei. 

As histórias que se ouviam raramente era sobre um grupo rebelde, dispostos a tudo para derrubar o rei e seu regime. Alguns viam o nome Animalia como salvadores que queriam libertar o povo, outros como baderneiros atrás de confusão, haviam até os mais radicais que os viam como um grupo criminoso que deveria ser executado. Claro que esse ultimo grupo era mais comum na capital de Sylvigard, Palast. A informação que lá era completamente controlada pelo rei e seus homens. A maioria da população, porém, acreditava que eram apenas conto de fadas, uma mentira para tentar amenizar a dor do povo... E era nisso que Caleb acreditava.

Ele decidiu que não valia a pena passar tanto tempo apenas pensando em uma conversa aleatória... Aliás, não queria mais passar tempo em casa! Os 3 dias doentes já haviam sido o suficiente.

O jovem desceu as escadas correndo, encontrando a mãe lavando a louça utilizada.

- Mãe, posso caminhar pela floresta? - ele pergunta animado.

A mãe o observa por cima do ombro.

- Se você se sentir bem para isso... Mas seu irmão deve ir com você. - ela acrescenta.

- Mas mãe, eu já sou grande suficiente para andar sozinho! - o garoto reclama, porém sua mãe se vira com o cenho franzido.

- Caleb Rabfoot, você esteve os últimos três dias de cama, se não quer que seu irmão vá com você, então você não sairá de casa! - ela fala com firmeza. - Ele está nos fundos. - 

As orelhas de Caleb ficam caídas, ele sabia que não haveria discussão.

- Tudo bem... - o garoto segue seu rumo até a parte de trás da casa, aonde ficava a horta. Era um espaço humilde, porém dava para a família cultivar o que fosse necessário. Lá havia um espantalho que constantemente era usado como oponente para que Gabe, que embainhava a espada deixada pelo pai de forma desajeitada e inexperiente. Ele gostava de se dizer um guerreiro, mesmo que nunca tenha lutado com nada além daquele espantalho.

- Gabe, você que ir na floresta comigo? - Caleb pergunta mesmo sabendo a resposta.

O jovem se virou, apenas agora era possível ver uma faixa que ele usava na testa, talvez para impedir que pelo caísse em seus olhos enquanto pulava com a espada.

- Não vê que estou ocupado? - ele fala com uma voz ríspida e então voltou a "lutar" contra o espantalho.

Caleb se irritou de princípio, mas então uma idéia fez ele abrir um leve sorriso.

- Se não vier comigo, eu conto pra mãe sobre o mercado. - ele diz cruzando os braços. Caleb não gostava de chantagem, porém para Gabe ele fazia uma exceção.

O mais velho se virou, mostrando um olhar de dúvida.

- Você não faria isso... - ele diz sério, beirando a irritabilidade.

- Me teste. - Caleb fala dando mais um passo na direção do irmão.

Os dois trocam olhares por um breve minuto, até que Gabe bufa irritado.

- Que seja, vamos logo então. - Ele guarda a espada na bainha e vai na direção da casa enquanto Caleb o observa com um sorriso vencedor.

Os dois se despedem da mãe, seguindo para o arco de pedra que indicava a entrada do vilareijo. Eles seguiam então para a floresta vizinha, o lugar era grande, muito diversificado e belo.

As árvores eram grandes, enormes na verdade, capazes de tapar completamente o sol, a terra era úmida e cheia de folhas secas que cobriam o solo como um tapete marrom e verde.

Os irmãos corriam, saltavam e brincavam entre os troncos caídos, era possível ouvir alguns insetos no local. Algumas borboletas voavam suavemente entre as plantas.

Eles seguiram até um pequeno lago no meio de uma clareira, era algo simples, não muito fundo porém muito refrescante nesse período do ano.

Gabe correu na frente, tirando as vestes de couro e pula dentro da água. Caleb tentou acompanhar seu ritmo, mas não pulou. Ele apenas cruzou os braços, olhando para o irmão.

- Você não devia pular assim, nós não sabemos o que pode ter aí dentro. - ele falou se sentando em uma pedra, olhando para a espada que estava junto a roupa do mais velho.

- Ah, não seja tão covarde! - ele falou dando um riso esnobe.

O cinzento se aproximou da espada, mas antes que ele pudesse pega-la, o mais velho fala.

- Ei! Nem pense em tocar na espada do papai! - ele olha para o garoto, que ainda sim não tirava os olhos da espada.

- Você ta sempre com ela, porque eu não posso ficar um pouco com ela? - apenas então Caleb olha para o irmão.

- Bem, primeiro, você tem a mochila do papai e eu não fico pedindo pra pegar nela. - o garoto fala levantado o dedo indicador. - Segundo, eu sou o irmão mais velho, quando você for o mais velho, eu deixo você ficar com ela. -

- Mas você sempre vai ser o mais velho. - o garoto responde aborrecido.

Gabe ri da própria piada.

- Poxa, como a vida é injusta né? - ele diz rindo mais ainda, sua risada era fina e um tanto incomoda. - Bem, então acho que é um sinal para você não pegar na espada. - ele diz.

Enquanto os irmãos discutiam, um barulho veio das árvores. Começou baixo, mas já foi o suficiente para chamar a atenção de ambos os irmãos. Suas orelhas se moveram na direção do som, eles ficaram calados no mesmo instante.

- Ei... Que brincadeira é essa? - Gabe diz saindo da água, seu focinho denunciava seu medo, farejando nervosamente o ar tentando procurar algo.

Caleb, no entanto, não respondeu, apenas ficou calado observando a vegetação a sua frente.

Um vulto apareceu, maior que os coelhos, ameaçador também. Os dois sentiram instantaneamente o cheiro de sangue que vinha dele.

- Caleb... Vamos! - o mais velho falou recuando dois passos. Mas o mais novo não o escutava, apenas observava o vulto.

A figura saiu do meio das árvores, era um homem raposa, na mão segurava uma adaga curva, sua roupa, um casaco longo de couro e uma roupa de linho azulada, estavam encharcadas de sangue. Um corte lateral ia de um canto ao outro do peito.

- Ban... Bandido! - Gabe gritou e começou a correr na direção da vila, deixando sua roupa e sua espada ali no local. 

Ele nem sequer olhou para o irmão, que se mantinha parado, apenas observando a nova figura. O olhar do mais novo era um misto de curiosidade e medo, porém ele não se moveu nenhum centímetro sequer.

A raposa andou dois passos, esses que eram cambaleantes e frágeis, suas pernas tremiam. Porém, quando ele chegou a menos de 2 metros, ele caiu sobre o joelho esquerdo. Caleb se manteve parado, olhando o homem tentar ter forças para se levantar, porém essa parecia ter se extinguido. Ele apenas olhou no fundo dos olhos do coelho.

- Me... Ajude... - ele diz, como se suas forças acabassem, ele cai no chão.

Caleb fica alguns minutos parado, tentando digerir o que aconteceu, ele então acordou para a realidade e correu até o homem, ficando ao seu lado. Ele ajuda o homem a se virar e por mais difícil que possa parecer, a raposa estava com os olhos bem abertos.

- O que houve? - Caleb perguntou assustado, ele olhou de relance para a ferida no peito do homem. - Quem fez isso com você? -

Ele não respondeu, apenas apontou para o casaco. O coelho abriu o casaco do homem, encontrando um pedaço de papel muito bem dobrado.

- Uma... Carta? - o coelho pergunta para si mesmo. - O que isso pode ajudar? - 

A raposa manteve seus olhos fixamente sobre os dele. Seu peito subia e descia cada vez mais rápido e o sangue escória pela ferida.

- Cuide... Da carta... Ela irá vir pegar... - ele diz com dificuldade.

Cada vez o coelho tinha mais e mais dúvidas.

- Ela? Ela quem?! - O coelho pergunta assustado, ele notava que a cada segundo o homem estava mais distante. - De onde você é? -

A raposa o olhou, levou sua mão até o próprio pulso e então colocou algo na pata do coelho.

- Cuida... do... - então as mãos do homem caem sem força ao lado do seu corpo. O peito dele para de se mexer... 

Caleb o observou calado, ainda assustado, era a primeira vez que via alguém morrer e, mesmo sem conhecê-lo, sentia um enorme aperto no peito.

Apenas então ele olha o objeto que o homem colocou em sua mão. Era um bracelete de prata, ao redor dele, várias miniaturas de patas de animais diferentes estavam estampadas. O coelho olhou em seu interior, notando então uma pequena frase...

- Eterna... Animalia... - como um flash, toda a conversa do mercado retorna. - Você... É o homem de Animalia? - o coelho fala olhando para a raposa... Ele então olha para a carta que agora estava na mão oposta ao bracelete. - O que será que tem nessa carta... E porque é para eu ter cuidado? - ele diz em voz baixa, como se contasse um segredo pra si mesmo.


Notas Finais


Bem, e então? O que acharam?
Não é obrigado comentar, claro, mas me isso sempre incentiva os autores a continuar escrevendo...

Bem, é isso ^^
A fic será postada semana sim, semana não, pois tenho outro projeto nas semanas que não escrevo. Mas se vocês derem um bom feedback na fic, talvez eu poste antes.

Bem, é isso, espero que gostem ^^
Fui!


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