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História ANIMALS - A Newtmas Fanfic - Epilogue


Escrita por: LadyNewt e DearTommy

Notas do Autor


Animaiszinhos,

Agora sim A CA BOU!
Vamos ver o que aconteceu?!

B o a L e i t u r a!
LadyNewt
&DearTommy

Capítulo 65 - Epilogue


Fanfic / Fanfiction ANIMALS - A Newtmas Fanfic - Epilogue

Point of View of Newton Brodie-Sangster

 

Mestre. Mestre. Mestre.  Thomas O’Brien é meu mestre.

Repito e afirmo a mim mesmo, desde que ele partiu. Me lembro de cada segundo final da nossa nada fácil despedida. Seu olhar marejado, sua respiração falha, seu sangue. Ah, o sangue! Tão vívido e palatável, escorrendo pelas frestas dos meus dedos, manchando de escarlate não só a ponta da lâmina depurando sua carne até a base, mas manchando de sangue seu corpo sujo, sua mente perturbada e sua alma negra.

Eu tingi sua alma de vermelho, porque vermelho é a cor do fogo que ele propagou, é a cor da energia que ele liberou, a guerra, o perigo, a força, o poder, a determinação que fez questão repassar ao seu garotinho. Mas escolhi pintar sua alma de vermelho por ser também a cor do amor que ele me negou, a paixão que despertou - que tanto me feriu - e o maldito desejo. Ainda sinto sua pele sob a minha deixando seu cheiro viril, seus dentes raspando na minha mandíbula, os dedos tencionando cada centímetro do meu pescoço, reivindicando o que chamava de seu.

O problema do vermelho está no fato de ser uma cor emocionalmente intensa, capaz de aumentar o metabolismo, a pressão arterial e a taxa de respiração. Ela emana uma energia masculina forte e poderosa, indica coragem e está associada com nossas necessidades físicas e vontade de viver.

Agora entendo a fixação dele por vermelho, aquela gana em sujar as mãos de sangue, brincando com a vida dos outros, controlando, decidindo, ditando, se achando Deus. Eu também sei brincar de Deus. Não foi divertido, essas imagens ainda fodem minha cabeça.

Mestre. Mestre. Mestre. Thomas O’Brien é meu mestre.

Eu achava que não, mas a dor da separação me devastou. Uma onda me arrastou para o fundo do oceano, frio, escuro, solitário, inesgotável em sua profundidade. Cada vez mais fui descendo, me perdendo, esgotado dessa luta onde querem tirá-lo de mim. Lembro-me como se fosse a primeira aula de natação quando tinha três anos. Eles me jogam na água, eu bato os braços e agito as pernas, mas ao invés de voltar a superfície, sou tragado para o fundo, incapaz de lutar contra a fúria da água. Mas é só a porcaria de uma piscina! Imagine um grão de areia no oceano. A sensação é a mesma.

Eu me afogo. Não porque queira, mas porque assim ele deseja, como se tivesse planejado todos os meus passos, todo o meu sofrimento, mesmo depois da sua morte.

- Quem é Thomas O’Brien? – a voz rude questiona logo quando sou atado a uma maca, a sala fria e sem vida tem a mesma opacidade dos olhos dele, me pune da mesma forma que me punia todas as vezes.

Fios e mais fios presos a minha cabeça, ligados a uma máquina de tortura. Pequenos grampos pressionam minha têmpora, eu sei que vão me machucar. Dizem que é para meu bem, que preciso passar por isso depois que ele se foi...

- Meu mestre. Thomas O’Brien é meu mestre.

- Errado! – dedos grosseiros dão a primeira punição.

Reteso meu corpo com violência ao primeiro choque, agarrando com firmeza a lateral da maca, desejando fincar minhas unhas nela com a mesma intensidade em que parti meus lábios em dois, segurando a dor. Oi, dor! Senti sua falta! Tenho um riso gigantesco dentro do peito, como o urro de um animal ganhando a liberdade. O gosto de ferro já dança dentro da minha boca, trazendo de volta lembranças vivas de nós dois. Meus pulsos amarrados, presos com firmeza nas algemas de couro são como um orgasmo explodindo toda vez que apertam, marcam e ferem minha pele.

Mestre. Mestre. Mestre. Thomas O’Brien é meu mestre.

Essas pessoas em casacos brancos querem tirá-lo de mim. Meu pai quer tirá-lo de mim, arrancá-lo da minha cabeça, trazer de volta um garoto que nem mesmo sei se ainda existe. Com o tempo a paciência deles começam a diminuir. Todos eles são hostis, me tratam como um experimento.

- Síndrome de Estocolmo, Sr. Presidente. Isso vai levar algum tempo para passar. Ele sente amor pelo seu agressor.

Reviro os olhos todas as vezes que a Dr. Arthur Arden me obriga a entrar na sua sala e ouvir a conversa entre meu pai, como se eu fosse invisível, como se não estivesse ali. Janson vem toda semana, passa horas comigo no jardim quando tenho permissão para sair após ser um bom menino. Eu sempre sou um bom menino. Faço tudo que pedem, meu mestre estaria orgulhoso disso.

É um monólogo longo e entediante. Vejo sua boca abrir e fechar, produzindo sons e palavras diversas, mas tudo que minha mente produz é um chiado arrastado dos gemidos aprisionados entre as quatro paredes do seu apartamento, a doce lembrança do prazer.

- Eu te amo, filho. Nunca se esqueça disso.

Me esquivo do seu beijo no topo da minha cabeça. Quero ficar sozinho. Não permito que ninguém encoste em mim.

 

*

 

Sento novamente na maca estranha, seus vários instrumentos e fios embutidos moldando e pressionando minhas pernas, troncos e pulsos. Prendem inclusive minha cabeça, impedindo os reflexos involuntários. Culpa minha; o último enfermeiro tem agora quatro pontos na testa por tentar conter minha fúria. Os grampos voltam para as têmporas, mas desta vez Arden tem um sorriso ordinário no rosto. Abre meu avental e prende eles em meu pescoço, peito, pulsos e curvatura dos cotovelos. Liga a máquina de tortura, seus dedos devem coçar a essa altura para apertar o pequeno e singelo, porém cretino botão vermelho que emite ondas até meu corpo. Tenta fazer um cafuné nos meus cabelos. Eu rosno ao menos sinal da sua mão alcançar minha cabeça.

Mestre. Mestre. Mestre. Thomas O’Brien é meu mestre.

- Quem é Thomas O’Brien?

- Meu mestre. – insisto na verdade.

De canto de olho vejo seu rosto ganhar uma curvatura extravagante nos lábios, ele desliza os dedos com precisão pela máquina e aciona o botão vermelho, arqueando a sobrancelha. Seu riso explode. E o meu também. Quero que a dor me consuma, pois ela traz quem amo para perto de mim. A eletricidade me atinge e faz meu corpo trepidar na maca de ferro, propagando um som alto, o baque do meu corpo atingindo o metal é delicioso.

- Vou perguntar mais uma vez! Quem é Thomas O’Brien?

Eu não sou estúpido, embora as vezes pareça com mais de doze sessões semanais de tortura me punindo por não internalizar o que desejam. Então eu minto rangendo os dentes, os choques sessam lentamente dentro de mim.

- O assessor do meu pai!

- Acho que não acredito em você. – seus olhos azuis brilham com uma intensidade sem fim.

Um simples clic com a ponta dos dedos emana novas ondas de eletricidade, corrigindo a força o que minha mente não quer apagar. O que é um dedo? Sob o poder do Dr. Arthur Arden é uma diversão sem fim ao me atormentar com sua terapia intensiva. Sob o poder de Janson é um ato de controlar a minha vida toda vez que o coloca em riste, ditando as regras. Pra mim um dedo é uma arma e assim como esses cretinos, o que eu mais gosto é o indicador. É ele quem vai puxar o gatilho da semi automática que anseio diariamente empunhar, acabando de vez com essa palhaçada.

 

*

 

Mestre. Mestre. Mestre. Thomas O’Brien é meu mestre.

Seu rosto tem sempre a mesma pigmentação avermelhada toda vez que me enfia naquela maldita sala. Noto uma agitação incontrolável dentro dele. Se seu jaleco branco significa paz, acho melhor esse idiota parecer nu na próxima sessão. Hoje será um lindo dia para padecer na escuridão e abraçar o mal que pode me fazer. Ele quer me ferir.

- Tudo que você tem que fazer é aceitar. Quem é Thomas O’Brien?

A mesma pergunta se repete dia após dia, mês após mês. O tom quase sempre é o mesmo, mantendo um padrão no timbre rouco da sua voz envelhecida e acho que até cansada de mim. As vezes Dr. Arden a eleva, tentando me intimidar. Outras vezes parece que solta de propósito sussurros no meu ouvido, só para me atormentar com as recordações de meses atrás.

- Quem é Thomas O’Brien?

- O assessor do meu pai! – suspiro, fechando os olhos.

- Não acredito em você!

A dor me alcança, mais forte, mais potente, mais rápida do que das outras vezes. Mal tenho tempo para assimilar a pergunta.

 

*

 

- Quem é Thomas O’Brien?

- O assessor do meu pai! – mantenho minha resposta corriqueira das últimas sete semanas.

Os choques não são mais surpresa, já espero paciente por eles, assim como a escuridão que me abraça depois.

 

*

 

- Quem é Thomas O’Brien? – ele não quer conversa hoje, como não quis também das outras vezes.

- Assessor. – choramingo agarrado a maca.

Esqueço o restante das palavras. Elas não fazem mais sentido juntas, formando a mesma frase.

Eu não vou esquecê-lo. Eu não posso esquecê-lo!

 

*

 

- Quem é Thomas O’Brien, Newton?

- Ninguém. – finalmente digo.

- Não acredito em você.

Choque. Frio. Escuridão. Dor. Ela machuca. Machuca muito e fere todo meu corpo por dentro e por fora. Arranha minha alma, soca meu estômago, parte em mil pedaços minhas lembranças.

- EU NÃO QUERO MAIS SENTIR DOR! – grito desesperado, implorando para tudo isso parar, tudo isso sair de mim.

- Quem é Thomas O’Brien? – Arden insiste, empurra, cutuca, cavouca até sangrar.

- Ninguém... – arfo fundo, molhando minha maçã do rosto com as lagrimas estúpidas que saltam dos meus olhos.

- Você conhece Thomas O’Brien?

- Não.

- Você sabe quem é Thomas O’Brien?

- Não.

- Você se lembra de alguma coisa sobre Thomas O’Brien.

- Não.

- Tudo bem, Newton. Fizemos progressos aqui em impressionantes nove meses. Mas vou te dar um último aviso. – mostra aquele sorriso diabólico, batendo seus dedinhos incansáveis na tecla vermelha.

- Não, por favor... De novo não... por favor... – murmuro para as paredes, fitando o mesmo ponto no teto sem vida, como meu coração. Então eu choro freneticamente, até perder o ar dos meus pulmões.

Como se fosse a última vez, Arthur Arden esquece seu dedo pressionando o botão, me punindo. Um choque violento projeta meu corpo com fúria para cima, é como se todos os meus ossos estivessem se partindo ao mesmo tempo. A dor é insuportável. Ela é insuportável. Eu nunca me senti assim antes. Reteso todos os meus músculos, desejando que isso passe o mais rápido possível, mas eles, assim como eu, estão exaustos. Eu não tenho mais como lutar e pelo o que lutar.

Eu não vou esquecê-lo. Eu não posso esquecê-lo!

Deixo a escuridão me abraçar.

 

*

 

Mais tarde acordo em minha cama, estou mais uma vez curvado, protegendo meu rosto e meu corpo de quem quer que se atreva encostar em mim. Ergo meus olhos pela janela lacrada, espiando se é dia ou se é noite. Faz tanto tempo que não vejo a luz do sol nem me lembro mais da sensação prazerosa do calor atingindo minha pele, trazendo conforto ao meu corpo. Acabaram-se minhas lágrimas, não sinto nada além de um formigamento desagradável pelos membros. O mundo lá fora parece-me distante, silencioso, sem vida.

Travo no instante em que o Dr. entra em meu quarto pisando duro, arrastando seu sapato social pelo piso frio. Nada além do meu coração disparado e sua respiração firme e ditadora ecoam pelas quatro paredes brancas, até que ele se senta do meu lado. Tem o brilho novo no olhar, algo pacífico, amigável, gentil. Ele abre um sorriso largo quando encosta em meus cabelos pela primeira vez, fazendo um cafuné com a ponta dos seus dedos, sua arma preciosa.

Fecho os olhos e gemo ao menor toque deles resvalando em meus fios loiros, penetrando entre a densa camada até alcançar meu couro cabeludo. Sou arrebatado por um frio na espinha e meus pelos do corpo saltam eriçados. Carinho, é isso! Eu gosto de carinho. Eles me fazem lembrar do Scott.

Oi, carinho! Senti sua falta!

- Você ama Thomas O’Brien? – sua voz doce toca meus ouvidos.

Abro os olhos, franzo a testa, deixo uma pequena ruga ganhar forma entre meus olhos. O fito intensamente, questionando:

- Quem é Thomas O’Brien? 


Notas Finais


E ai?
Gostaram?
kkkk


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