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História Anjo Diabólico - Um olhar no passado


Escrita por: MannyChuva

Notas do Autor


Oooolá, pessoas! Tudo beleza?
Voltei rapidinho porque o capítulo anterior gerou um rebuliiiiço fenomenaaal! Obrigaaada por lerem, comentarem fervorosamente, apoiarem a fanfic e me matarem de amor e de rir algumas vezes, hehe. Adoro deixar vocês curiosos :3
Enfim, alguns avisos na notas finais, leiam, por favor. Ou não leiam, e fiquem no escuro xD WHATEVER
Boa leitura, capítulo levinho com mais informações :)

Capítulo 12 - Um olhar no passado


Fanfic / Fanfiction Anjo Diabólico - Um olhar no passado

 

Capítulo 12

Um olhar no passado

 

Existiam raros momentos no ano em que eu tinha uma refeição com toda a minha família. Meus pais tinham uma breve pausa – que coincidia uma com a do outro – em suas rotinas dinâmicas de trabalho; minha irmã vinha pra casa durante a semana; e eu... bem, eu sempre estava aqui, então só saía do meu quarto.

Normalmente pedíamos comida, porque ninguém, a não ser eu, se aventurava na cozinha. Sentávamos todos juntos pra comer e atualizar uns aos outros sobre as novidades que famílias normais saberiam logo, como morte do hamster, gravidez e tumores cerebrais. Acho que isso aliviava a culpa dos meus pais por serem negligentes com a família. Por sorte, nenhuma dessas coisas foi tópico pra conversa.

— Então, Chanyeol, como está indo a escola?

Isso era algo que nunca saía da boca do meu pai. O olhei desconfiado e ele estava prestando a atenção mesmo. Sem celulares durante a reunião anual.

— Ahn... está indo bem. Entrei para o time de basquete.

Eles paralisaram e me encararam como se eu fosse um alien no corpo de um antigo filho perdedor.

— Desde quando se interessa pelo time de basquete da escola? — perguntou minha irmã, desconfiada.

— Desde que tive chance de entrar no time.

— Ah, Chanyeol... não sei porque estava preocupado com esse ano — minha mãe disse, feliz.

Ela só sabia dessa minha preocupação porque me ouviu conversando com o Chen antes do início das aulas.

— É mesmo, filho, você está indo tão bem. Eu sempre soube que tinha talento para os esportes.

E meu pai “sabia” disso porque houve uma vez na minha vida em que ele parava de se importar mais com o trabalho e brincava comigo. Ou talvez eu tenha visto isso em um filme e idealizado. Não sei bem.

— Aposto que ele está apaixonado — alfinetou Chamin.

Girei os olhos.

— Está apaixonado, Chanyeol? — minha mãe se iluminou como uma árvore de natal.

Ela amava romance, sempre levava algum livro de amor entre seres sobrenaturais pro trabalho e lia escondida entre reuniões. Era a parte mais emocionante de seu dia. E olha que, como advogada, ela tinha que encarar criminosos em julgamentos toda hora.

— Não estou apaixonado — respondi, ignorando um rosto que aparecia na minha mente, como se nunca houvesse pensado nisso.

A campainha tocou.

— Estão esperando alguém? — perguntou meu pai, se levantando pra atender sem esperar uma resposta.

Meus pais também adoravam visitas. Talvez pra tentar compensar como eram antissociais. Se não havia muito tempo na vida deles pra família, havia muito menos para amigos, foi o que pensei, enquanto bebia meu suco.

— Oh, olá, Baekhyun, entre!

Engasguei com o suco, que quase saiu pelo meu nariz.

— Olá, senhor Park!

E lá vinha ele acompanhado de meu pai. Minha mãe e minha irmã o cumprimentaram animadas. Pelo jeito, eles o adoravam.

— Oi, Chanyeol-ah! — ele sorriu fofo, mas pude notar, no fundo de seus olhos, aquela faísca escura de malícia.

Balancei a cabeça como mensura e desviei os olhos, me focando no meu prato.

— Coma com a gente, Baekhyun — minha mãe convidou. — Querido, coloque mais um prato pra ele.

— É pra já — respondeu meu pai.

E então estávamos, nós, voltando ao jantar. Agora com meu Anjo da Guarda sentado ao meu lado.

— Então, Baekhyun, já que é amigo de Chanyeol e ele parece se recusar a dar muitos detalhes da vida dele, me conte — minha mãe dizia com empolgação: — Chanyeol tem alguma namoradinha?

Engasguei de novo, e achei que fosse cuspir meu pulmão pra fora.

— Ou namoradinho — acrescentou minha irmã. Minha família era bem cabeça aberta, e sabia sobre eu ser pansexual.

— Hum... Chanyeol é muito popular na escola. Agora que está no time de basquete, aposto que vai ganhar um fã-clube.

Olhei de esgueira, vendo que ele ia me ferrar.

Ah, com certeza ele ia me ferrar.

— Mas não sei se ele tem alguma pessoa em especial. Ele não parece se interessar muito em namoro, Chanyeol adora ficar observando pássaros. Ultimamente, bem de perto.

Não engasguei dessa vez, mas só porque não tinha comida na minha boca. Congelei na cadeira, sem saber o que fazer e aonde aquilo ia dar.

— Pássaros? — meu pai falou confuso. — Um observador de pássaros?

— Que estranho — disse Chamin.

— Talvez você pretenda ser um ornitólogo*? — indagou minha mãe pra mim.

— Talvez... — respondi incerto.

— Foi assim que se conheceram? Também gosta de observar pássaros, Baekhyun? — Chamin perguntou, contendo uma risada.

— Ah, não, eu prefiro muito mais comê-los — ele respondeu enquanto abocanhava um pedaço de frango.

Meus pais e minha irmã gargalharam.

E eu quis escorregar na minha cadeira e me esconder debaixo da mesa. Baekhyun não poderia ser um anjo. Ou então, todas as definições de anjo conhecidas pelo homem estavam erradas e precisavam de atualização.

Olhei pra Baekhyun, que sorriu enquanto mastigava e me direcionou uma piscadela. Mordi os lábios e voltei a encarar meu prato, sentindo as bochechas queimando.

Quando o almoço acabou, meus pais insistiram para que Baekhyun e eu fôssemos para o quarto jogar algum videogame ou qualquer outra coisa. Então eu andei apressado até o quarto com o anjo me seguindo. Quando entramos, ele fechou a porta.

— Seus pais são bem legais — ele comentou.

O ignorei e liguei meu computador, sentado de costas pra Baekhyun.

— Oh-ow... você parece zangado... — ele comentou com voz de criança.

Continuei quieto e abri o LOL.

Chanyeol-ah... não seja assim com seu anjinho, ham?

Senti suas mãos deslizando pelos meus ombros em uma massagem. Apertei os lábios, me contendo pra não ceder.

— Aish... estávamos nos dando tão bem... — ele falou rente à minha orelha. — Eu te fiz carinhos, fiz o que me pediu, te ajudei a entrar no time... o que mais você quer, hein, gatinho?

Baekhyun beijava minha nuca, minha clavícula e meu pescoço, ao mesmo tempo em que deslizava as mãos sobre meu peito e braços.

Engoli em seco, minha cabeça pesava, inclinando pra trás. Minha pele se arrepiava a cada contato. Senti algo fluindo pra fora da minha mente e pareceu que todas as preocupações que eu tinha haviam fugido.

Ou sido postas pra correr.

Pisquei os olhos, como se acordasse, e segurei as mãos de Baekhyun, para que ele parasse.

— O que foi? — perguntou.

Respirei fundo e girei a cadeira de rodinhas, ficando de frente para o anjo.

— Como faz isso? — perguntei desnorteado.

— Isso...?

Ri com sarcasmo.

— Uma hora eu estou furioso, ou assustado, ou triste. Então você faz alguma coisa e... tudo some...

Ele ficou me olhando pensativo.

— Está me manipulando com algum poder de anjo? — indaguei sério.

Baekhyun ficou em silêncio.

— Você está, não é? — me irritei. — Está colocando coisas na minha cabeça!

— Não estou colocando nada na sua cabeça — ele suspirou.

— Está, sim. Você sempre faz isso. Sempre me deixa... furioso com você. É isso. Eu olho pra você e alguma coisa dentro de mim fica puta da vida, querendo te estraçalhar.

Ele sorriu.

— Não é a mim que ela quer estraçalhar, Chanyeol.

— Como assim? É você, sim. Você que aparece na minha mente. Eu olho pra você e sinto isso.

Baekhyun suspirou e se sentou na cama, na minha frente.

Chanyeol, escuta. Isso que está aí dentro de você, é uma parte de mim, como eu já te disse uma vez. Mas também é uma parte de você. Uma parte realmente importante que está sendo deixada de lado. E quando você pega ela e a usa só por um momento, ela fica revoltada e protesta contra isso.

Franzi o cenho, sem chegar à lugar nenhum.

— Está dizendo... que eu não estou zangado com você... mas, sim... comigo mesmo?

— Bem, resumindo, é isso.

Baekhyun sorriu convencido.

Encarei aquele sorriso, sentindo aquela zanga “minha” ferver, borbulhar. E quase explodir.

Me levantei subitamente e avancei contra ele, o pegando pelo colarinho da camisa. O empurrei pra trás, fazendo-o se deitar na cama e me ajoelhei por cima dele, o apertando contra o colchão.

— Estou zangado comigo? Por que parece muito que é com você — contestei, rangendo os dentes pra não gritar e alertar meus pais.

Baekhyun me fitava serenamente. Pela primeira vez, não consegui detectar nenhum fragmento de perversidade em seus olhos castanhos.

— Essa raiva que você sente é ruim? — ele perguntou em voz baixa.

Bufei.

— É horrível.

Baekhyun ficou quieto por um instante. Então ergueu suas mãos, as levando até as minhas ainda em seu colarinho. Elas estavam esbranquiçadas por infligirem tanta força. Baekhyun as acariciou de leve, sem desviar seu olhar do meu. De repente, senti minha fúria se transformar em tristeza. Por que ele era assim? Uma hora, era diabólico e, então, se tornava angelical.

— Por que você brinca comigo assim? — perguntei com a voz embargada. — Que droga! Eu pensei que só as garotas fossem emotivas na adolescência, mas você faz isso comigo. Por quê?

Soltei sua camisa e me abaixei, apoiando a testa em seu ombro. Eu estava cansado de me sentir bipolar, de ter tantos conflitos internos por culpa de Baekhyun. Queria que isso parasse, mas queria sem que ele fosse embora. Só não sabia se isso seria possível.

Baekhyun passou os braços ao redor do meu corpo, me apertando gentilmente em um abraço reconfortante.

— Me desculpe por te fazer sentir assim — ele murmurou tão baixo, que duvidei ser capaz de ouvir se não estivesse tão próximo. — Às vezes eu faço as coisas que faço, ajo da maneiro que ajo, sem pensar realmente nas consequências. São velhos hábitos. Não era minha intenção te perturbar.

Depois ficamos em silêncio naquele abraço por alguns minutos. Eu fui me acalmando e comecei a sentir uma paz, certo alívio e leveza. O cheiro de sol que Baekhyun tinha me acalmava.

Me ergui e deitei ao lado de Baekhyun. A luz da tarde entrava pela janela, combinando com a presença do anjo. O ventilador de teto estava ligado e a fitinha vermelha em uma das hélices voava velozmente.

— Eu amarrei aquela fitinha quando era criança — falei ao me recordar. — Eu tinha visto todos os filmes do superman de uma vez, estava obcecado. Queria que ele aparecesse no céu e salvasse Seoul de algum vilão. Então amarrei a fitinha pra parecer que era ele bem longe no alto. Foi divertido por um tempo, mas depois eu me esqueci. Acho que foi porque cresci e notei que o superman é de mentira.

Virei a cabeça, olhando pra Baekhyun.

— Você também parece de mentira algumas vezes. É tão... inconstante. Só sei que não é invenção da minha cabeça, porque é imprevisível demais. Mas anjo seria a última coisa que eu pensaria que fosse.

Baekhyun concordou com um leve aceno.

— Todos os anjos são como você? Meio... maldosos?

Ele abriu um pequeno sorriso.

— Nem todos... — ele ponderou por um momento. — Acho que sou só eu. Meio maldoso.

— Por que é assim?

— Existem muitos anjos, Chanyeol. Cada um é único, assim como as pessoas. Temos personalidades diferentes. Funções diferentes.

— Funções?

Ele concordou.

— Sou um Anjo da Guarda. Mas existem também Anjos Missionários, que trazem inspiração e ideias, Anjos do Nascimento, que cuidam de bebês desde a gestação, Anjos do Milagre, que... bem, fazem milagres.

— Jongin me disse que também é um anjo... ele disse que é um Anjo da Guarda.

Baekhyun logo ficou carrancudo.

— Não devia acreditar em tudo que Kai diz. Ele não é um Anjo da Guarda. Pelo menos, não mais.

Franzi a testa.

— Então o que ele é?

Baekhyun suspirou e pensou um pouco antes de responder.

— Existem anjos que renegam suas obrigações. Nós, assim como os humanos, temos livre-arbítrio. Podemos escolher se queremos fazer o que nascemos pra fazer, ou podemos nos desviar de nosso caminho. Muitas vezes, isso não é uma boa escolha, e acabamos em caminhos que não devíamos. Anjos rebeldes nunca admitem quem realmente são: Anjos Zombeteiros.

— E o que eles fazem realmente? — perguntei com cautela.

— Bem, são anjos que brincam com humanos e... os manipulam para se divertir. Vocês, humanos, poderiam os enquadrar como demônios, mas não chegam à isso. Apesar de esse ser o primeiro passo para se tornarem um. Naquela noite, na ponte, ele estava tentando se conectar a você para te manipular. Por isso você ficou tão mal quando cortei a ligação. Ele tirou muita parte da sua energia.

Refleti por um momento o que ele me contara. Mas só uma coisa se sobrepunha.

— Brincam e manipulam? Isso me parece familiar.

Baekhyun me olhou e suspirou.

— Eu já pedi desculpas. Não fiz de propósito. Eram pra ser brincadeiras leves e descontraídas.

— Você já foi um Anjo Zombeteiro?

Aquilo pareceu o pegar de surpresa.

— Você disse que suas ações não pensadas são velhos hábitos. É por isso, Baekhyun?

Ele pareceu ansioso.

— Sim. Eu me tornei um rebelde por um tempo. Junto com Kai. Mas não sou mais.

— É por isso que não gosta dele? Ele te arrastou pra isso?

— De certa forma, sim. Mas eu fui porque quis. — Ele se sentou. — Só faço o que quero, foi o que te disse.

— E por que mudou de ideia? O que te fez perceber que estava no caminho errado?

Baekhyun me olhou, parecia assombrado.

— Eu pensei direito. Foi isso.

— Mas o que te fez pensar...

Chanyeol, vamos encerrar este assunto. Não há mais nada para te contar.

Emudeci com sua voz severa. Ele me fitava com os olhos antigos que tinha, e eu sentia o peso dos tempos sobre mim. Isso foi assustador.

Baekhyun desviou o olhar e abaixou a cabeça, perdido em pensamentos. Continuei deitado, olhando a fitinha sem realmente vê-la. Os minutos passaram sem dizermos mais nada.

Então Baekhyun se levantou.

— Aonde vai? — perguntei ansioso, me sentando.

— Vou embora.

— Pra onde?

— Minha casa — respondeu impaciente.

— Por quê? — não queria que fosse.

— Por que o interrogatório acabou — ele me olhou de um jeito estranho. Parecia... magoado.

Aquilo partiu meu coração. Eu não achei que aquelas perguntas fossem trazer memórias ruins. Eu nem sabia que ele tinha memórias assim.

— Baekhyun... me desculpe.

Ele abriu um sorriso triste.

— Tudo bem, Chanyeol. Não é culpa sua ser curioso. Mas é melhor ter cuidado; a curiosidade, muitas vezes, nos arrasta para pontos sem volta.

Baekhyun se aproximou e segurou minha nuca, beijando minha testa.

E, então, foi embora. Me deixando com uma sensação de frio e melancolia. Mesmo que a luz da tarde ainda inundasse o quarto.

 


Notas Finais


*Ornitólogo = estudioso de pássaros.

Nhyaaa... o que será que deu no Baek? Fique assim, não, anjinho. Vamos abraçar ele, gente!
Chanyeol é tipo eu, fala merda e nem sabe que fez isso ;u;
Família do Chanyeol é ausente, mas quando aparece... e.e

O que eu tinha pra falar, é que tô com visita em casa. E, por causa disso, minha mãe não gosta que eu fique no computador, tablet... eu tenho que socializar, e ela me convoca para atividades toda hora. Enfim, a visita vai ficar muito tempo, então o próximo capítulo pode atrasar. Não tô dizendo que vai, mas se eu demorar, vocês já estão sabendo o porquê.
Enfim, vou tentar não atrasar, escrever aos pouquinhos. Muito obrigada por lerem, meus anjinhos!
Beijinhos, até mais! *3* ♡♡♡


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