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História Anjo Diabólico - O Rio do Tempo nunca para de fluir


Escrita por: MannyChuva

Notas do Autor


Oooooooi, meus anjooooooos!
Aiin, não demorei tanto, ne? Eu queria demorar mais, pq me recuso a sentir o fim dessa fanfic! Mas eu não posso... tenho que terminá-la, e vocês precisam de um final.
E este é... não é bem um final... kkkkkkk tem o epílogo, e é nele que eu vou passar a sensação de "final" (apesar de não ser realmente um fim, pq... ah, deixa quieto)
Só queria agradecer a todos vocês por serem pessoas maravilhosas. Sério, sei que cada um de vocês é incrível do jeitinho que é, nada mais, nada menos. Obrigada por existirem, e muito obrigada por lerem e acompanharem Anjo Diabólico. Me sinto honrada por escrever pra vocês também!
Enfim... espero que o capítulo esclareça as pontas soltas... kkkkkkk sério, vou colocar "entendi, só que não" na sinopse, pq... hauahauahauahau
Bem, boa leitura! :3

Capítulo 22 - O Rio do Tempo nunca para de fluir


Fanfic / Fanfiction Anjo Diabólico - O Rio do Tempo nunca para de fluir

 

Capítulo 22

O Rio do Tempo nunca para de fluir

 

Quando me dei conta, estava flutuando em um rio de águas negras, sentado em um barco rústico e silencioso. Simplesmente estava ali. Não me lembro de nada antes disso, e de nada depois de ter sido lançado no Rio do Tempo por Baekhyun. Talvez fosse melhor assim, não precisar ter tanta dor gravada em mim.

Apenas continuei sentado no barco sem saber para onde ia, sem saber o que seria de mim. Me sentia exausto, o corpo leve demais, sensível. Fiquei um tempo observando as cuias e sementes amarradas na coluna em frente ao barco. O único som que eu ouvia vinha de lá, um leve chacoalhar das sementes. Era tranquilizador.

Mas após um tempo inerte, revolvi tentar descobrir onde estava. Olhei em volta, avistando a margem do rio distante. Tudo estava em uma penumbra silenciosa. Não parecia haver vida alguma naquelas águas, e elas não me eram nada convidativas. Sabia que suas lágrimas eram poderosas demais para que se nadasse nelas. Tanto poder assim não podia ser sustentado por ninguém.

Olhei em volta e, enfim, olhei para trás. Havia alguém ali comigo. Alguém em vestes escuras e com um capuz que escondia seu rosto. A criatura conduzia o barco com um remo apenas o movendo suavemente na água para fazer o barco mudar de direção enquanto seguia a tênue correnteza.

— Quem é você? — perguntei. Minha voz estava baixa demais, era quase um sussurro. Eu me sentia fraco para falar mais alto, mas, naquele silêncio, um sussurro parecia ser o suficiente.

A criatura ergueu mais o rosto e eu pude enxergar seu rosto abaixo do capuz.

Lay.

— Olá, Chanyeol — ele diz suavemente.

— Olá... — observei seu rosto delicado e expressivo. Ele parecia cansado, magoado. Seus olhos me passavam uma terrível sensação de pesar. — Onde estamos?

— No Rio do Tempo. Em um momento de tranquilidade e luto.

Voltamos ao silêncio. Lay continuava a me olhar e eu fazia o mesmo. Me virei para me sentar de frente para o anjo.

— O que aconteceu? Digo, eu caí no rio, não? Que fim levou a batalha? E Baekhyun?

Lay abriu a boca, mas não disse nada. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele suspirou tentando contê-las.

— A batalha acabou. Nós, anjos, conseguimos subjugar os demônios. Todos foram enfraquecidos e resgatados, inclusive Zholo. Eles receberão ajuda para se livrarem da essência demoníaca. Os jovens anjos... saíram do controle da essência. Oferecemos ajuda, mas nem todos aceitaram.

Balancei a cabeça mostrando que entendia. Lay desviou o olhar e as lágrimas desceram por seu rosto.

— Eu falhei, Chanyeol — falou baixo sem me olhar. — Falhei como mentor, falhei com Baekhyun. Por minha causa ele se desviou de seu caminho, e agora... — ele parou de falar por um momento, como se fosse doloroso demais. Mas depois continuou. — Há muito sofrimento agora, Chanyeol. Ele perpetuará por muito tempo. Mas devemos ser fortes, sim? O Rio do Tempo nunca para de fluir. Ele nos levará para a superação. Você entende isso?

Acenei em silêncio, olhando atentamente para o mentor. Ele secou as lágrimas com a túnica e sorriu.

— Estamos quase chegando.

Olhei para trás, vendo que nos aproximávamos de uma das margens. Uma ponte estava mais adiante, imersa em névoa.

O barco parou e Lay saiu primeiro. Depois segurou minha mão, me ajudando. Era difícil andar, tudo doía, e ao mesmo tempo meu corpo parecia desgovernado. Quando Lay soltou minha mão, pude ver minha pele se desfazendo brevemente, como se fosse feita de cinzas. Assoprei as cinzas pra longe. A pele abaixo parecia fina demais. Ela ardia por dentro, como se eu estivesse queimando de dentro pra fora. Como se meus ossos estivessem em combustão.

— O que está acontecendo comigo? — perguntei agoniado.

— Sua alma sofreu lesões muito graves no Rio do Tempo. Agora ela tem que ser curada. Isso irá demorar muito, mas existe uma maneira de você passar por isso sem muita dor.

Olhei para o mentor que acenou para alguém mais afrente. Outro anjo se aproximava devagar e silencioso em meio à névoa. Quando estava próximo o suficiente, o reconheci.

— Junmyeon...

Meu coração se encheu de alegria ao rever o sacerdote da minha Angelus nimbus. Ele sorriu e andou até mim.

— Chanyeol. É hora de irmos.

— Pra onde? O que aconteceu? Por que não está no castelo?

Os Anjos Sacerdotais regiam as Angelus nimbus. Eles sempre ficavam nas nuvens. Mas se Junmyeon estava aqui agora, isso quer dizer que...

— Eu não sou mais um Anjo Sacerdotal, Chanyeol — disse Junmyeon. — Agora sou um Anjo do Nascimento.

Olhei admirado para Junmyeon. Anjos do Nascimento eram tão raros como Anjos da Morte. Na verdade, um era o oposto do outro. Mas, ao invés de trazer a morte, o Anjo do Nascimento trás a vida. Acompanha almas para renascerem. Olhei brevemente para Lay e depois para Junmyeon.

— Está aqui... por mim? — perguntei a Junmyeon.

— Sim, Chanyeol. Você renascerá entre os humanos.

— É assim que sua alma poderá se curar — explicou Lay. — Será um longo processo, mas terá suas vantagens para as pessoas a sua volta.

— Como um anjo pode nascer como humano? — perguntei surpreso.

Junmyeon sorriu.

— Almas são almas. Elas nascem onde é necessário para seu aprendizado. Ou para o aprendizado de outros. Ou para o auxílio. Você, além de se recuperar, irá auxiliar os a sua volta. Poderá demorar um pouco, mas você vai pegar o jeito.

— Humanos também podem nascer como anjos?

— Se for necessário, sim.

Balancei a cabeça mostrando que entendia. Eles esperaram por mais dúvidas, mas eu não sabia o que pensar. Tudo estava acontecendo rápido demais. Eu nasceria entre os humanos para curar minha alma, e iria auxiliar os a minha volta.

— Como vou poder ajudar os humanos? Eu lembrarei que sou um anjo?

— Você não precisará se lembrar, sua natureza angelical ainda estará dentro de você. Você só terá que despertá-la. Anjos não podem interferir diretamente nos assuntos dos humanos, então eventualmente anjos nascem entre eles, para levar esclarecimento e esperança. São os chamados Anjos Missionários.

Ergui as sobrancelhas, surpreso. Eu acreditava que os Anjos Missionários ainda fossem anjos, mas na verdade eles eram anjos nascidos como humanos. Era por isso que eu nunca esbarrara com um.

— Mais alguma coisa, Chanyeol? — disse Lay.

— Sim... eu quero ver Baekhyun.

Se eu fosse partir, então teria que vê-lo mais uma vez. Ele estaria lúcido? Como lidaria com o que fez comigo? Eu jamais o culparia, ele nunca me machucaria de propósito. Mas Baekhyun devia estar odiando a si mesmo, e eu não podia deixá-lo assim.

Lay e Junmyeon trocaram olhares tristes por um momento.

— Você o verá — falou Junmyeon. — Mas só por um momento, e ele não poderá ver você.

— Mas ele vai achar que eu o abandonei — argumentei angustiado.

— Não, Chanyeol, contamos que você está se recuperando. Ele compreendeu, e não fez objeção alguma.

— Mas... ele sabe que nascerei de novo?

— Não. E será melhor assim. Ele não compreenderia no momento.

Suspirei mas deixei claro que entendia.

— Então vamos — falou Junmyeon. — Agora seguiremos você e eu.

Olhei para Lay por um instante e ele sorriu. Acenei me despedindo e segui caminho com Junmyeon pela ponte. Andamos em silêncio e eu pude olhar em volta, constatando que aquela era a mesma ponte onde a batalha acontecera. Cinzas caíam do céu negro, flutuando como neve.

— Veremos Baekhyun pelo caminho — Junmyeon interrompeu o silêncio. — Precisa saber que ele não está bem. Você poderá querer ficar, tentará ficar por ele. Mas você precisa nascer, Chanyeol. Sua alma está muito debilitada. E você não poderia ajudá-lo ficando aqui. Você compreende?

Ele me olhava nos olhos, da mesma maneira que fazia quando me ensinava coisas sobre o mundo, os humanos e os anjos no Castelo de Cristal. Sorri para Junmyeon e disse para não se preocupar. Ele pareceu aliviado e, quando continuamos a andar, imaginei se Baekhyun estaria pior do que eu pensara.

Eu não fazia ideia.

Próximos ao meio da ponte, pudemos ouvir o que parecia uma lamúria. Hesitei por um momento, mas Junmyeon não parou de andar. Conforme continuávamos, a lamúria se transformava em gemidos e soluços. Senti um terrível aperto me sufocando, já imaginando o que aconteceria.

Quando pude ver Baekhyun, meu coração se partiu. Ofeguei ao vê-lo jogado no meio da ponte, curvado ao chão, com o rosto escondido. Suas asas escuras pareciam frágeis e estavam cobertas de cinzas, mas pelo menos não apresentavam aquelas rachaduras de fogo terríveis que eram sintoma da essência demoníaca.

Me aproximei de Baekhyun, com as lágrimas correndo livres pelo meu rosto, e me agachei em sua frente. Ele parecia distante, não só sua presença, mas fisicamente também.

— Ele não pode nos ver? — perguntei com a voz fraca.

— Não — Junmyeon respondeu suavemente. — Estamos em outro plano, uma dimensão sobreposta. Nós o vemos, mas ele não pode nos ver.

— Há quanto tempo ele está aqui?

Não houve resposta. Me virei para o mentor e ele parecia arrasado.

— Ele não saiu daqui?

— Ele saiu. Quando a batalha acabou, levamos os jovens para a desintoxicação. Mas quando recobrou a lucidez, quis saber tudo que havia acontecido. Foi... muito difícil. Ele veio para cá para tentar te achar, nada do que disséssemos adiantava.

— Mas não podem deixá-lo aqui. Você tem que ajudá-lo, Junmyeon.

— Ele sairá. Mas no momento não há nada que possamos fazer. Devemos respeitar a escolha dele. Deixá-lo sentir a dor, para que ela não fique presa dentro de si. Seria muito pior. Eu sinto muito, Chanyeol.

Eu sinto muito...

Era o que Baekhyun repetia sem parar. Sussurrava frases desconexas, mas que faziam algum sentido, sobre morte, sobre perdão e sobre dor. E eu sabia que elas eram pra mim. Mensagens que ele tentava, inutilmente, fazer me alcançar. Mas agora eu estava ali para ouvir.

Ele estava destruído por dentro. Saber que tudo o que mais detestava – a morte e o estado demoníaco – estava agora em seu passado deve ter sido demais para ele. Em sua mente, ele se tornara o próprio carrasco. E mesmo que eu não aceitasse que pensasse isso de si mesmo, não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento.

Baekhyun se mexeu e eu pude ver que segurava alguma coisa fortemente. Era um cristal de nuvem. Era o meu cristal. Eu devia o ter perdido durante a batalha. De qualquer forma, eu não precisava mais dele. Baekhyun seria o único para o qual eu entregaria aquele objeto tão importante, que continha meu passado como anjo. Fiquei satisfeito por ele guardar pelo menos algo meu.

— Chanyeol... — chamou Junmyeon — sinto muito, mas temos que ir.

Concordei e sequei minhas lágrimas com as costas das mãos. Pele se desprendeu como cinzas e eu senti a queimação nos meus ossos de novo. Me levantei, mesmo que quisesse continuar ali. Andei pra longe de Baekhyun com Junmyeon, mesmo que não quisesse deixá-lo. Seus soluços e lamentações foram ficando para trás, mesmo que eu quisesse consolá-lo.

— Sei que é difícil, mas você tem que ser forte por ele, sim?

Olhei Junmyeon que tinha os olhos cheios de lágrimas. Imaginei que isso devia ser difícil pra ele também, afinal, Baekhyun e eu fomos seus guardados por anos.

Segui meu mentor resignado. Andamos até o final da ponte onde eu sabia que estaria a parede de diamantes. Mas quando chegamos lá, ela não parecia mais uma parede. Poderia ser pelo fato de estarmos em outro plano, o plano das almas. Mas o Portal do Além-Mundo estava ali, como uma coluna de luz suave que pulsava e rodopiava.

Paramos em frente ao Portal, e eu refleti que estava para descobrir o que havia do outro lado. Me virei para Junmyeon e ele sorriu.

— Não posso entrar. Você segue sozinho agora. Mas, Chanyeol, você não estará sozinho. Sua vida como humano poderá ser difícil, mas estaremos tomando conta de você, sim?

Concordei.

— Como são meus pais?

— Ah, você vai gostar deles. E vai ter uma irmã. Mas como humanos, eles estão muito presos à terra e à matéria. Podem parecer um pouco insensíveis, mas são boas pessoas.

Inspirei fundo, ansioso.

— Tudo bem, pode ir quando estiver pronto — disse Junmyeon.

Olhei para o Portal por um momento, e antes de seguir, me virei para Junmyeon e agradeci. Ele sorriu e disse que eu não precisava agradecer. Mas eu ainda tinha a sensação de dever algo a ele. Talvez fosse por ele e Lay terem salvado minha alma.

Mesmo assim, sorri para meu mentor e me virei para o Portal, andando até as luzes dançantes. Elas pareciam ficar cada vez mais brilhantes. Tanto que eu precisei fechar os olhos antes de me sentir colidindo com um véu morno e suave.

Então, parecia que eu flutuava no espaço.

 

 

Abri os olhos devagar. Avistei o céu por uma janela larga. A cortina semifechada balançava suavemente com a brisa. Respirei fundo antes de tentar me sentar. Um calafrio percorreu minha espinha por um momento e então eu me lembrei de tudo.

Eu sou um anjo. Baekhyun me matou por um descontrole momentâneo e induzido por demônios, e eu renasci como um humano.

Baekhyun...

Então era por isso que ele havia fugido. Ele percebeu quem eu realmente era. Então ele ainda se culpa.

Olhei em volta. Bichos de pelúcia me encaravam de todas as partes. Eu estava em um quarto desconhecido. Parecia estar em algum prédio, já que a paisagem pela janela era alta. Me levantei e andei até a janela. Seoul se estendia à minha frente, deslumbrante durante o dia. Eu não sabia se era manhã ou tarde, mas a noite parecia estar longe ainda.

A porta se abriu e eu me virei. Junmyeon me olhava da entrada do quarto. Ele sorriu. Era tão estranho vê-lo ali, pois a última vez que havíamos nos visto, eu estava andando até a minha nova vida como humano, e isso parecia ter sido ontem.

— Chanyeol, fico feliz por ter acordado. Você está bem?

Pigarreei antes de falar. Minha boca estava seca.

— A-acho que sim. O que aconteceu?

— Ah, você não devia ter usado o cristal no meio da ponte. Devia ter esperado para chegar em casa, mas eu sei que estava curioso. Você ficou inconsciente e tivemos que te trazer até aqui. Está na minha casa no mundo humano.

Pisquei confuso. Nós? Minha casa? Talvez Junmyeon seja que nem Baekhyun, que tem um apartamento.

Baekhyun. Eu preciso vê-lo.

— Junmyeon, onde Baekhyun está? Preciso falar com ele. Preciso dizer que não é culpa dele. Pode me levar até onde ele está?

Ele riu.

— Calma, Chanyeol. Baekhyun virá até você. Ele só precisa de um tempo para assimilar as coisas.

— É... deve ter sido um choque pra ele. — Foi um choque pra mim também. — Mas onde ele está?

— Lay está conversando com ele.

— Lay? Ele também está aqui?

— Sim, Chanyeol. Eu disse que cuidaríamos de você.

Sorri e abaixei a cabeça. O cristal ainda estava pendurado no meu pescoço.

Junmyeon me levou até a cozinha para comer. Lá eu tive outra surpresa. Jongin estava sentado à mesa. Ele sorriu quando me viu.

— Hyung!

Sorri, pensando que eu realmente era seu hyung.

— Jongin... como você está?

— Ah, vou sobreviver. Sabe, o Junmyeon não me deixou tocar no bolo antes de você acordar.

Ri, pensando em como ele era incapaz de deixar as brincadeiras de lado.

— Bom, agora que Chanyeol está acordado, você pode comer.

— Finalmente!

Jongin atacou o bolo e eu ri, me sentando ao seu lado.

Eu havia ficado desacordado durante quase vinte e quatro horas, estava faminto. Enquanto comíamos, Junmyeon me contava sobre como sempre me guardara de longe. Ele ainda era um Anjo do Nascimento, mas atuava na Coreia do Sul, então sempre podia me vigiar.

Jongin também estivera me vigiando de longe desde que apareceu. Antes ele estava se recuperando longe de Seoul, terminando de aprender os deveres, já que havia ficado longe por muito tempo se recuperando da essência demoníaca.

— Hyung, você deve saber que eu fiz de tudo pra te encaixar com os populares — comentou Jongin orgulhoso.

— Sim... de tudo — Junmyeon o olhou repreensivo.

— Ah, Suho, não seja assim. Você sabe que eu não resisto em dar um pouquinho da minha essência pros humanos. Eles adoram, ficam tão adoráveis...

— Você os deixou fazer coisas pervertidas!

— Eram só beijos, seu chato. Beijos. Não muito diferente do que você e o Lay fa-

— COMA O BOLO, JONGIN.

Lay também continuava com a mesma função de Anjo da Morte, atuando na mesma região que Junmyeon. O anjo da vida e o da morte. E eles se davam super bem, eram inseparáveis. Quando não estavam exercendo sua função, passavam o tempo juntos. A primeira coisa que tinham em comum era eu. Mas agora tinham muitas outras também.

— Lay é fascinado por bichos de pelúcia — explicou Junmyeon. — Então estocamos um monte deles por toda parte. Ele costuma deixar para crianças cujos pais ele leva, assim ele pode cuidar delas de longe.

— E vamos combinar que ele também adora ficar abraçado a eles — falou Jongin com a boca cheia de bolo. — Muito adorável!

Sorri, imaginando como Lay podia ser doce.

E falando nele, Lay apareceu de repente na cozinha. Quando me viu abriu um sorriso gentil.

— Chanyeol, que bom que está acordado.

— Lay! Você já voltou... então...

Ele acenou positivamente.

— Baekkie está lá em cima. Você pode falar com ele agora — Lay disse com um enorme sorriso.

— Acho melhor você subir e falar com ele antes que ele fuja de novo — comentou Jongin.

— Ele não faria isso, Jongin... — Lay o repreendeu.

Me levantei rapidamente e hesitei por um instante.

— Vá logo, hyung!

— Tá...

Andei pra fora do apartamento com mil pensamentos correndo pela minha cabeça. E se Baekhyun não quisesse mais me ver? E se ele não tivesse se perdoado e fosse embora? E se ele não estivesse mais lá, se tivesse fugido como Jongin falou?

Mas, espera. Onde Baekhyun estava me esperando mesmo? Lá em cima? Eu não fazia ideia de que prédio estávamos, mas andei mesmo assim até as escadas, subindo alguns andares até chegar a uma porta de saída. A abri e vi um terraço. Era o mesmo terraço em que eu e Baekhyun estivemos, o mesmo de quando ele fugiu.

Mas ele não havia fugido dessa vez. Estava ali de pé, parado de costas, olhando para a vista da ensolarada Seoul. Segurava um unicórnio de pelúcia pela pata de trás, deixando o bicho de ponta cabeças. A porta se fechou atrás de mim e chamou sua atenção.

Quando Baekhyun se virou e meu viu, fez cara de choro esfregou os olhos já úmidos com as costas das mãos. Andei até ele rapidamente e o abracei com força, enfiando o rosto em seus cabelos macios, inspirando seu cheiro de sol. Ele apertou os braços em volta de mim e escondeu o rosto contra o meu peito. Ficamos assim por um tempo, eu balançava de leve, sentindo o quanto meu coração doía por notar os anos que eu passei da minha vida humana longe do anjo mais importante da minha existência.

Baekhyun soluçou e murmurou alguma coisa que ficou abafado contra minha camisa. Afrouxei um pouco o abraço para ouvi-lo, mas quando escutei logo o calei.

— Não quero que peça desculpas — falei olhando em seus olhos. — Chega de desculpas, Baek... não foi sua culpa, não foi minha culpa, só aconteceu. Mas passou, foi há muito tempo, e eu estou bem, e você está bem. E o mais importante de tudo – estamos juntos de novo.

Ele fungou, as lágrimas ainda escapavam, mas ele soltou uma risada.

— Olha só, está tão confiante...

Sorri.

— Eu acabei de me lembrar de uma vida inteira, acho que isso muda alguém.

Ele riu e concordou. Então ficou sério.

— Temos que conversar...

— Eu sei...

Ele pegou minha mão, e eu entrelacei nossos dedos. Nos sentamos virados para a paisagem e ficamos em silêncio por um momento. Era tão bom ficar perto dele, sentir que ele estava presente. Eu não havia me dado conta de como estava agoniado por estar longe dele. Passei meu braço envolta de seus ombros, como se pudesse garantir que ele não escapasse. Mas eu sabia que não faria isso.

Conversamos sobre coisas menos importantes primeiro, como sobre o unicórnio de pelúcia que Lay dera a Baekhyun para que ele não se sentisse tão triste. Depois passamos para como Baekhyun havia se acertado com seu mentor Anjo da Morte e visto como ele era um anjo bondoso e carinhoso que fazia o trabalho que devia fazer. Ele sabia que os mentores estavam na região, apesar de nunca ter imaginado por que.

Baekhyun ainda não entendia bem a morte. Depois do incidente que me matara, ele se encontrou em meio à confusão e ao desespero, e isso o sufocou por um tempo. Mas depois de anos, ele estava começando a aceitar que tudo tinha um começo e um fim, e depois, um recomeço. Era o ciclo da vida. O Rio do Tempo nunca para de fluir.

Sendo assim, Baekhyun aprenderia o dever com Lay. Eu achei ótimo, já que Lay estava naquela região, então eu veria Baekhyun sempre.

— Você vai poder continuar sendo o meu Anjo da Guarda — comentei sorrindo.

— Não vai me querer como Anjo da Guarda. Eu sou manipulador, brinco com as pessoas. Brinquei com você. Sou o pior Anjo da Guarda que você poderia ter.

— Ainda assim, eu só quero que seja você.

— Eu te matei. Olhei em seus olhos e te lancei pra morte — falou indignado.

— Mas você também me salvou — respondi convicto. — Consertou seu erro quando podia ter me deixado afundar e morrer lentamente, por dentro, o que seria mil vezes pior do que a morte misericordiosa pra qual me mandou. Eu sempre imaginei que anjos fossem criaturas perfeitas, incapazes de errar e também de fazer escolhas, só seguindo ordens. Mas aprendi, por experiência própria, que são tão falhos quanto nós, humanos. Têm livre-arbítrio, muito poder e deveres que podemos seguir, ou abandonar, sofrendo consequências no futuro. E você pode tê-los abandonado por um tempo, mas depois encontrou o caminho pra eles de volta. E me salvou. Conseguiu me salvar. Algo que eu não consegui com você, eu falhei.

Ele tinha os olhos marejados de novo.

— O que quer dizer com falhou? Como pode dizer isso?

— Não notei o que você estava passando naquela época, não vi os indícios, e estavam todos lá. Eu falhei como sua família.

Ele suspirou.

— Você não falhou, Chanyeol. Eu só procurei o caminho de volta pelo peso que seu sangue tinha em minhas mãos. Isso me despertou daquela névoa de essência demoníaca. Antes disso eu vivia tendo pensamentos que não eram realmente meus. Você conseguiu me salvar, e assim, salvou a si mesmo.

Engoli em seco, sentindo meus olhos lacrimejarem.

— Talvez tenhamos salvado um ao outro.

Baekhyun sorriu com lágrimas nos olhos.

— Sempre.

Abracei Baekhyun com força, sentindo que tudo no mundo ficaria bem. Pela primeira vez, eu podia sentir aquela paz que só conseguia quando ainda éramos jovens anjos brincando no lago da nossa Angelus nimbus.

— Eu te amo tanto... — ele falou. — Quase não sobrevivi depois do que eu... depois do que aconteceu com você. Eu nunca mais vou sair de perto de você, e vou te vigiar vinte e quatro horas por dia. Ainda mais agora que você é um humano fraco e ingênuo.

Soltei uma risada.

— Não sou fraco e ingênuo. E humanos não são assim. Somos fortes e persistentes — o olhei sorrindo. — Mas não vou me importar nem um pouco por ter você comigo toda hora.

Ele riu.

— Eu te amo. Pra sempre — falei olhando em seus olhos brilhantes.

Baekhyun sorriu e roçou o nariz no meu, beijando meus lábios devagar depois. Suspirei, querendo mantê-lo comigo pra sempre. O beijei como se não fizesse isso há uma vida, pois era o que parecia. Baekhyun deslizou as mãos pela minha cintura, descendo pelas minhas pernas. Me afastei rapidamente.

— Só uma coisa: eu não me lembro de você ser tão tarado assim, o que aconteceu nesses anos? — brinquei.

Ele gargalhou.

— Não reclame, são os efeitos colaterais diabólicos que eu ainda sofro.

— Ah! Arrume uma desculpa melhor! — sorri com malícia.

— E você pare de reclamar, porque eu sei que gosta desse meu lado.

Nós rimos e nos abraçamos. Até que ouvimos um pigarreio atrás de nós. Jongin estava parado ali contendo um sorriso. Segurava a bandeja com bolo.

— Aish, você tem que ser tão irritante? — perguntou Baekhyun.

— Baekkie... não seja assim, eu trouxe bolo...

Baekhyun cruzou os braços.

— Está tentando me comprar com comida, por acaso?

— Isso ainda funciona? — Jongin perguntou sorrindo esperançoso.

Baekhyun ponderou por um momento, então girou os olhos.

— Passa isso pra cá — falou. — E é melhor me chamar de hyung, seu abusado.

Jongin gargalhou e eu sorri, dando um beijo na bochecha de Baekhyun. Ele mostrou a língua pra mim, mas depois sorriu e piscou um olho.

— Jongin, então você vive aqui? — perguntei quando ele se sentou ao meu lado.

— Isso aí, tenho que aguentar dois mentores de uma vez.

— Mas quem era aquela velhinha que você disse ser sua avó com Alzheimer quando fomos até sua casa mudar meu visual? E de quem era aquela casa?

Baekhyun e eu olhamos repreensivamente para Jongin. Ele deu de ombros.

— Era uma casa de uma velhinha qualquer. Você queria que eu te levasse num salão pra arrumar o cabelo? E, além disso, eu vivo com uma quase velhinha com Alzheimer. Vocês têm que ver como o Lay pode ser esquecido, a gente nem o deixa fazer arroz mais.

Francamente.

— Jongin, come esse bolo — falou Baekhyun sem paciência.

Então passamos a tarde comendo bolo e revivendo os tempos memoráveis como o trio de jovens anjos – e humano – que éramos. Nunca me senti tão bonito e brilhante antes.

 


Notas Finais


Nhya... *-*
Pelamor, fala que vocês entenderam agora... kkkkkkkk
De qualquer forma, vamos fazer uma recaptulação geral de algumas coisas.
Todo mundo entendeu que o Chan era anjo e que renasceu como humano para a alma dele se curar? E que anjos podem nascer como humanos e vice-versa?
Baekhyun estava meio que drogado pela essência demoníaca, e depois do que fez com o Chan, ele conseguiu força pra se libertar. Jongin também, apesar de não ter sofrido tanto, pq não foi ele que matou o amor da vida, ne? TuT
O Baek não sabia quem o Chan era... e tipo, como é uma fanfic, eu não mudei o nome do Chan da vida de anjo, nem a aparência por motivos óbvios, mas ele não seria a mesma pessoa... entendem? Ahauahuaha enfim, detalhes...
Os cristais de nuvem meio que armazenam as memórias dos anjos, então Chan pôde "se lembrar" usando o cristal que Kai guardou, pq era doloroso demais pra Baek guardar.
Ah, o Kai sempre foi bonzinho, apesar de seu jeito peculiar... kkkkkk e a essência que ele dava pro Kris e pro Sehun não faziam mal, pois era essência angelical. E na parte da ponte, que ele tenta beijar o Chan, o Chan fica muito mal pq o Baek quebra essa conexão de repente. Energias, sabe... kkkkkk

Os sonhos que Chan tinha:

1 - lembrança da sensação de entrar no Portal do Além-Mundo. - foi o sonho de antes de Baek revelar que era um anjo. Não pareceu sonho, mas foi ahauahauau
2 - lembrança misturada a pesadelo de Baek o lançando ao Rio do Tempo. - o pesadelo de ver dois anjos lutando e um deles lançando o outro no rio de fogo, isso foi uma perspectiva em terceira pessoa do Chan. Logo em seguida, Chan vê Baek o olhando de cima, que foi o que aconteceu antes de Baek o erguer no ar.
3 - lembrança misturada a pesadelo de quando sua alma foi resgatada do Rio por Lay, e este o guiou até a margem do renascimento para Junmyeon. - pesadelo do barco, onde Baek aparece empurrando o barco e o lançando às chamas. Isso não aconteceu realmente.
4 - lembrança de ver Baek sofrendo enquanto atravessava a ponte para renascer. Baek não podia vê-lo por estar em um plano diferente. - sonho com o anjo chorando na ponte de cinzas. Chan não estava com Junmyeon no sonho.

Não sei de mais coisas que podia esclarecer mais... ah, o time de LOL vai aparecer no epílogo hauahau e se vcs quiserem o time de basquete, eu coloco tbm...:3
Obrigada mais uma vez por ler. Espero de coração que tenham gostado dessa história doida, mas que foi feita com todo o amor e dedicação possíveis.
Aiiiiin, tô sofrendo! TuT AMO VOCÊS!
Beijinhos, e até o epílogo! :D *3* ♡♡♡


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