História Anjo ou Fera? - Capítulo 1

"Tem horas que a gente só precisa de uma boa arma e bastante munição."

Essa é a minha frase favorita. Eu a li em um site que falava sobre as Bad Girls e sinceramente? Eu adorei! Acho que todos me veem como uma garota má, mas acho que é apenas porque faço o que quero sem ter que perguntar se posso. Odeio pedir permissão para fazer ou falar algo então isso me torna alguém "fora do padrão de comportamento referência". Odeio isso!
No meu colégio todos são certinhos, há uns ou outros que aprontam mas é apenas para chamar a atenção e serem engraçados, eu "apronto" porque quero que me expulsem daquele hospício, detesto o colégio, é um lugar onde tenho que aturar pessoas que usam : camisas engraçadas (pelo menos eles acham que são engraçadas), maquiagem delicada, saias e sapatilhas. ODEIO TUDO ISSO! Principalmente as patricinhas da escola, elas são repugnantes, andando para lá e para cá com seus lábios cheios de gloss, bolsas de marca e celulares sempre na mão, twittando ou mandando mensagens no WhatsApp, pelo amor de Deus! Onde esse mundo vai parar?!

Nesse exato momento estou olhando para a patricinha mor, Suellen Vandergueld. Ela está encostada no seu armário com seu diário rosa e brilhante na mão. Para quê um diário? Ela já tem 17 anos, pelo amor, né? Diário é para menininhas de 7 anos. Ela tem idade para estar transando, e eu sei que não faz isso por causa do namorado dela, Maison. Ele espalhou para o colégio inteiro que tentou transar com ela mas ela não foi sexy o suficiente. Ele quis humilhá-la e mesmo assim ela continua com ele. Ridículo!
Ele se aproxima dela e a beija no pescoço, que coisa nojenta, acho melhor eu ir para a aula afinal de contas a aula que tenho agora é da única matéria que eu não detesto, química. Eu sei, eu sei. Como uma bad girl pode gostar de química? É estranho, mas eu gosto de mexer com as substâncias químicas e ver no que elas podem se transformar, ver como duas coisas se transformam em uma apenas. Tá isso é ridículo, parece que estou falando de um relacionamento, que escroto! A propósito, nunca tive um relacionamento de verdade, já fiquei com vários caras por aí mas nunca um namorado, não tenho saco para isso, vejo esses casais no shopping ou até mesmo no condomínio em que moro e sinceramente... Argh, que melação. Odeio isso!

Ok, entendi que falo muito que odeio isso e aquilo outro, mas o que posso fazer? Nada me agrada, a não ser química, vou para a aula.

Entro na sala e me sento na mesma cadeira de sempre, uma encostada na janela e nos fundos do ambiente, gosto de ser reservada, apesar de algumas coisas que faço... Eu sou a primeira a entrar, logo atrás de mim vem o casal doce, ou seja, o casal grudento, meloso, sim é a patricinha mor e seu namorado escroto. Foco minha atenção no professor que acaba de entrar e já começa a falar sobre uma prova que faremos em menos de uma semana, enquanto ele começa a explicar o conteúdo que será da prova a porta da sala se abre, um garoto alto e bonito entra e entrega um papel ao professor se apresentando.

– Classe, esse é Adam Bruston, ele foi transferido de Londres e passará a frequentar essa aula. Deem as boas-vindas a ele. – O professor fala e a turma explode em saudação.

Eu fico calada, só observando o garoto se sentar ao meu lado, cujo assento não está ocupado desde que começaram as aulas, ninguém se atreve a sentar perto de mim por causa da minha reputação de bad girl. Ah, mas ele não sabe disso né? Em breve saberá.

Ele percebe que estou olhando para ele e me encara, eu desvio o olhar e me concentro em meu caderno onde há um desenho inacabado. Pego o lápis e continuo o desenho só para poder me distrair, enquanto o professor termina de explicar o que vai cair na avaliação. Sinto o olhar do garoto em mim e no meu desenho, mas não me mexo, exceto minha mão, ela precisa trabalhar no que está em progresso.

O professor Edward Preston começa a falar sobre as pesquisas que devíamos ter entregue na aula passada, como tivemos um contratempo na outra quarta não deu para entregar a ele. Todos pegam suas pesquisas e eu como sempre não pego nada porque nunca faço as pesquisas dele, apesar de ser a aula que mais gosto eu não faço os trabalhos.

– Senhorita Declan, onde está sua pesquisa? – Ele me pergunta.

– Perdão querido professor Edward, eu simplesmente não consigo ligar meu computador, acho que ele está com defeito. –  Falo em uma voz teatral e um pouco sarcástica. Todos riem.

– Minha cara, você sabe que se não me entregar essa pesquisa você irá ficar com uma nota baixa, não é? Ah menos que vá bem na prova. – Ele pergunta me olhando nos olhos.

– Sei sim, senhor Preston. – Falo dessa vez com a voz triste. Sei que se não entregar pelo menos esse trabalho dele minha nota será baixa, levei bomba no teste. – Mas vou me esforçar para conseguir passar na prova.

– Espero mesmo que sim! – Ele diz e se dirige ao novato. – Olha, sei que é seu primeiro dia, mas preciso que você faça essa pesquisa, esse trabalho vale metade da sua nota, já que você não fez o teste.

– Tudo bem, posso lhe entregar na semana que vem? – O garoto novo pergunta.

– Claro! A propósito, por que você não faz com a garota ao seu lado? Ela não fez e meio que precisa dessa nota. – Edward diz e o menino me olha.

– É, pode ser. – Ele diz.

– Ótimo! – O professor fala e sai para recolher o restante dos trabalhos.

Depois de explicar a matéria nova o Senhor Preston nos libera e todos saem correndo para o intervalo, para mim essa é a pior hora do dia, todos saem de suas salas e vão para o refeitório, onde pegam suas comidas, vão para suas mesas e começam uma competição para ver quem ri mais alto... Chega ser humilhante a forma como os grupinhos competem. Para que tudo isso? Desnecessário!

Eu vou para o campo de futebol onde a essa hora não tem ninguém e eu posso relaxar e ficar sozinha. Sento na arquibancada e me concentro em meu sanduíche de peru que Nana fez com muito carinho. Nana é a empregada lá de casa, ela que faz a minha comida, lava a minha roupa e de vez em quando atura a minha cantoria. Sim, gosto de cantar e não, não é música do Justin Bieber. Sou do tipo que escuta kpop, se você não sabe o que é vá procurar, te fará bem! Ah perdoe-me, fui grossa? É, é o meu jeito. Se acostuma fofura!

Acho que meu plano de ficar sozinha vai por água abaixo, o time de futebol entra em campo para treinar, me esqueci que na sexta eles terão um "grande jogo", não é assim que os atletas falam? Ei, espera aí, não é o novato? O que ele está fazendo lá embaixo junto com o treinador? Ah tá de sacanagem com a minha cara? Ele vai entrar no time.

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.

Foi mal, tive uma crise de risos aqui, ele não parece ser do tipo atlético, tá certo que ele tem músculos grandes e definidos mas... Jogar futebol? Não parece ser o forte dele. Ele parece ser do tipo que gosta de ficar na piscina o dia todo, ele seria um bom nadador. Não que eu tivesse reparado nele, mas nadar tem mais a ver do que futebol, mesmo que atletismo não combine com ele.
Tá bom, vou parar de falar e vou só observar. O treinador lança a bola para ele e ele faz algumas embaixadinhas, perai acha que eu não entendo de esportes? É tem razão, sei algumas coisinhas só, o básico na verdade. Detesto esportes!

Uma coisa que eu não deteste? Bom, não detesto foder com a vida das pessoas que eu não gosto. Confuso? É também achei. Voltando ao treino de futebol, aí Deus... Ele tirou a camisa, por que ele fez isso? Caramba ele é gostoso, tenho que admitir. Quem sabe eu não paquero ele? Afinal de contas essa é uma das minhas diversões aqui nessa prisão, acho que já flertei com todos os garotos desse colégio, tirando os geeks é claro, não faria isso nem morta.

Me levanto da arquibancada e vou até onde ele está, já mostrou tudo o que sabe sobre o esporte e agora ele está arrumando sua mochila, o cutuco e ele se vira...

– Oi. – Eu digo.

– Ah, oi, ei você não é da minha turma de química? – Ele pergunta.

– É talvez. – Falo.

– O que está fazendo aqui no campo? Não era para você estar no refeitório? – Ele pergunta.

– Não gosto de lá é muito movimentado. Quando vamos fazer o nosso trabalho? – Olho para o lado quando Jack assobia para mim.

– Por que ele está assobiando? – Adam pergunta.

– É porque ela é muito gostosa cara, você não vê? – Jack responde.

– Vai se foder Jack e me deixa em paz. – Eu solto.

– Ah que isso Val, vai me dizer que não gostou da minha mão apertando a sua bunda ontem? – Ele pergunta.

Eu me viro e saio andando, Adam vem atrás de mim.

– Do que ele está falando? – Ele pergunta.

– Ontem ele quis fazer ciúme na ex dele e veio passar a mão em mim, claro que eu não concordei, mas, mesmo assim, ele fez. – Digo querendo me afastar o máximo possível de Jack.

– Imbecil! – Adam fala. – Ei, e o lance do trabalho? Que tal sábado?

– Pode ser! – Digo e continuo a caminhar.

– Onde você vai? Não vai mais conversar comigo?

– Na verdade não, você é atlético demais! – Falo e me afasto.

Vou até o meu armário para pegar o livro de história para a próxima aula e quando fecho o armário Adam está grudado a ele.

– O que você quer? – Pergunto.

– O que você quis dizer com "Atlético demais"? – Ele faz aspas com os dedos.

– Não gosto de atletas, e você é do tipo exagerado então... – Falo e me ponho a caminhar pelo corredor.

– Você é doida, você que veio conversar comigo e agora quer se afastar? – Ele pergunta.

– Primeiro : fui falar com você por causa do trabalho. Segundo : acho que você ainda não percebeu que eu sou o tipo de pessoa que anda pelos corredores fazendo merda e depois finge que não foi ela que a fez. Então sim, eu sou doida! – Falo parando na porta da sala. – Vai para a sua próxima aula, o sinal já vai bater.

– Essa é a minha próxima aula, essa sala não é de história? – Ele pergunta franzindo a testa, que coisa mais fofa gente, ei para, você não acha nada fofo!

– Sim... É essa a sala. – Entro na sala emburrada e logo me sento no lugar de sempre e como já era esperado Adam se senta ao meu lado, pois é o único lugar vago.

Mas que merda!