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História Anjo ou Fera? - Capítulo 3


Escrita por: Carine_Pereira

Notas do Autor


O que estão achando? Me digam please!!! Boa leitura!

Capítulo 3 - Capítulo 3


Acordo com Tonia gritando pela casa, ela entra em meu quarto passa por cima de mim correndo e sai do quarto, papai corre atrás dela tentando colocar seus sapatos para ir a escola, mas é claro que ela não quer ir... Todo dia é a mesma coisa. Me levanto, pego minhas roupas, que sempre se resumem à jeans escuros, blusas pretas e botas e vou para o banheiro me arrumar. Prendo meu cabelo em um coque frouxo, saio do banheiro vestida, perfumada e com os dentes limpos. Pego minha mochila e desço, vou direto para a sala pegar minhas chaves. Saio de casa com mais pressa do que um gato corre de um cachorro.

Eu não tomo café da manhã em casa porque sempre é uma bagunça, Tonia sempre acorda de mau humor e acaba deixando todos de mau humor, o que ocasiona sempre discussão, então prefiro não arriscar mais. Passei muito sufoco quando eles se mudaram lá para casa.

Chego à cafeteria mais próxima do meu colégio e peço um chocolate quente e um brownie. Tomo meu "café" e vou para a escola. O estacionamento está cheio de carros quando chego, mas ainda está cedo. Procuro por uma vaga e não a encontro, acabo optando por deixar meu carro na rua atrás do colégio. Vou andando até a frente da construção e chegando às escadas dou de cara, não literalmente, com Adam. Ele me vê e vem em minha direção, disfarço fingindo que não o vi, mas ele sabe que vi. Ele se aproxima...

– Oi, por que não me ligou de volta? – Pergunta segurando a mochila, parece nervoso.

– Tenho três perguntas para te fazer. Primeira : Como conseguiu meu número? – Eu o encaro.

– Bem, eu perguntei a Jack qual era o seu número e ele me deu. – Ele diz.

 

Jack seu babaca!

 

– Okay, segunda : Por que me ligou? – Ele segura a mochila mais forte, o que há com ele?

– Ah, era para falar sobre o trabalho, não combinamos o horário e nem o lugar. – Ele parece estar mentindo.

– E você não podia esperar para perguntar o horário e o lugar aqui na escola não?

– Foi mal, acho que fiquei ansioso. – Ainda está mentindo.

– Tá, nem vou perguntar a respeito disso porque realmente não estou afim de saber, agora terceira : Por que cargas d'Água você achou que eu ligaria de volta? – Essa eu quero ver ele responder.

– Hã... Eu... Eu não sei... Pensei que... – Ele não termina.

– Pensou o que?

– Eu não sei o que pensei. Foi um erro.

– Sim, foi!

 

Ele me olha feio.

 

– Você é sempre assim tão arrogante? – Pergunta elevando o tom de voz.

– Sim eu sou, sou pior ainda depois que me conhece! – Digo e saio andando.

 

O corredor está lotado de gente e quando esbarro em uma menina todas as minhas coisas caem no chão, tento arrumar tudo enquanto a garota briga comigo.

 

– Ah vá se foder! – Falo e ela sai xingando.

 

Vejo uma mão estendida e quando percebo que é Adam solto um palavrão. O que ele quer agora?

 

– Espere, vou te ajudar. – Ele diz calmamente.

– Não quero a sua ajuda, eu me viro. – Digo um pouco irritada.

– Calma, não vou te fazer nada não, só estou tentando ser legal.

– Não me importo, não quero a sua ajuda! – Falo mais alto e irritada ao extremo, todos olham para mim, parece que o corredor fica em silêncio por muito tempo.

– Você é louca mesmo! – Adam quase grita.

– Se me acha louca por que ainda fica perto de mim? O que você quer comigo hein garoto? Você não percebe que sou o tipo de pessoa que gosta de privacidade? Que gosta de ficar sozinha? Porra vê se me erra, vai encher o saco de outro! – Grito e logo depois minha garganta doe por causa do esforço.

– Tá bom, quer ficar sozinha? Ótimo. Mas saiba que você não vai se livrar de mim tão fácil, esqueceu que sento do teu lado nas aulas?

– Agradeço que não são em todas! – Estou começando a ficar rouca, estresse e irritação me deixam rouca.

Ele tem um olhar de quem vai cometer homicídio, ele está irritado mas logo vejo sua expressão mudar e o olhar também, fica mais suave, mais calmo. Adam ajeita a postura e anda pelo corredor como se nada tivesse acontecido, as outras pessoas olham ele virar à direita no final do corredor e voltam o olhar para mim, nesse momento eu quero muito me esconder, chamei atenção demais.

As quintas-feiras temos aula de Educação Física, quatro tempos seguidos. É exaustivo... Os dois primeiros tempos são dos meninos e os dois últimos são das meninas. Tem dois professores, um homem que se chama Albi e uma mulher que se chama Josy. Albi da aula para os garotos e Josy para as garotas. Vou ser sincera, preferiria ter aula com o Albi porque a minha professora pega pesado com a gente. Nesse momento ela está dando uma bronca em algumas meninas por causa do short, eu até concordo com ela que estejam um pouco curtos, mas e dai? As garotas não querem chamar atenção? Deixa, assim elas vão engravidar mais rápido e ter que arcar com as consequências. Eu até me divirto com essas coisas, chega ser engraçado a forma como essas meninas fazem de tudo para que os garotos mais bonitos as olhem. Meu short não é tão curto e nem tão grande, está na medida certa. Os delas estão aparecendo a bunda.

Enquanto Josy dá a bronca nelas eu observo a aula dos meninos, infelizmente é uma das aulas que tenho com Adam, mas eu não preciso olhar para ele, posso ver outros garotos. Só tem um problema, ele chama muito a atenção com aqueles músculos aparecendo. Não consigo desviar o olhar, é hipnótico! Em algum momento ele percebe que estou encarando e dá um meio sorriso, isso me afeta de alguma forma, por que eu não sei. Eles estão jogando vôlei e o time em que Adam está, está ganhando, falta poucos minutos para a aula deles acabar quando um garoto entra no ginásio correndo e adivinhem, ele está nu, tem algo escrito em sua barriga, acho que é algo assim : "Eu sou o maioral". As garotas começam a rir e os garotos também enquanto os professores correm atrás do garoto tentando cobri-lo e levá-lo a direção da escola. Eu fico quieta só observando as reações. São tudo um bando de idiotas. Por que algo assim é engraçado? E por que todos riem menos eu? Espera, Adam também não está rindo, ele está sério e fazendo o mesmo que eu, observando os outros, quando seu olhar se encontra com o meu ele sorri, não um meio sorriso como antes, um sorriso inteiro, que mostra uma covinha na bochecha esquerda. Isso me faz corar. Sinto meu rosto queimando e saio correndo para que ele não perceba que fiquei sem graça.

Ouço do vestiário a apito da minha professora, parece que a nossa aula vai começar. Me levanto do banco que tem e vou em direção ao ginásio. Passo pelas portas e percebo que tem vários obstáculos espalhados por aí. Ah não, vai ter circuito. Que saco! Nesses circuitos o meu maior desafio é a corda, vou explicar. Você tem que subir a corda que vai até o teto, tem vários nós por sua extensão para que facilite o processo de subida, mas acredite, isso não ajuda em nada, continua sendo difícil. Você tem que chegar no teto e bater em uma placa que faz um barulho assim que é tocada. Quer saber se alguma vez eu já cheguei a encostar nessa placa? Bem, na verdade não. Se eu já tivesse conseguido teria deixado de ser meu maior desafio. Fora a corda, tem a escalada, que me dá medo, acho que tenho medo de altura, mas eu não deixo ninguém saber. Em todos os circuitos eu nunca chego na escalada, porque para chegar lá tem que passar pela corda. Os obstáculos de chão eu faço na maior tranquilidade. Tem os cones : que eu tenho que correr em zigue-zague, tem o estepe : que tenho que pular várias vezes como se fosse corrida, só que subindo e descendo, tem a corda para pular, tem a corrida com obstáculos : que é preciso você pular cada obstáculo e tem as flexões e os abdominais.

A professora explica como vai ser, manda a gente fazer uma fila e apita para que comecemos. Os garotos agora estão sentados nas arquibancadas enquanto nós sofremos no circuito. Eu me arrepio na fila e quando olho para Adam o pego me encarando, acho que ele vai ficar a aula inteira me observando. Começo com a corrida com obstáculos, sou boa em correr, então esse é um bom começo. Passo por todos os obstáculos sem derrubados ou eu cair. Em seguida vou para as flexões e os abdominais, faço tudo certo enquanto minha professora cronometra o que faço. Depois vou para o estepe, o faço rápido demais. Parto para a corda de pular. Logo vou para os cones, corro em zigue-zague, ida e volta. Em seguida vou para a corda. Putz, fodeu. Agora que vai ser o problema. Olho para minha professora que para o cronômetro.

– Calma, está tudo bem, você vai conseguir. Na corda eu não vou cronometrar, porque é algo que você tem que fazer com tranquilidade e não sob pressão. – Todo circuito ela fala isso.

– Josy eu não vou conseguir. – Falo encarando-a.

– Valerie, toda vez é esse dilema, acredite em você mesma. Vamos lá, comece! – Ela ordena e eu obedeço.

Começo a subir e quando chego no terceiro nó já estou gritando de dor, porra essa corda machuca as mãos e os pés, nós não podemos subir na corda de tênis, tem que ser descalço, então já viu né? Eu falo novamente que não consigo e Josy grita comigo, diz que eu tenho que continuar. Olho de relance para Jack, ele está rindo de mim, por que não consigo subir, então olho para Adam que está ao seu lado, ele está rindo também, volto a olhar para Jack, filho da puta, ele está as gargalhadas as minhas custas. Ele vai ver só! Minha determinação em conseguir é maior que a dor que sinto. Crio forças e continuo, estou quase lá quando meu pé escorrega e eu quase despenco de lá de cima, desço um pouco porque só me seguro com as mãos, que já estão esfoladas e com um pouco de sangue escorrendo. Consigo colocar meus pés de volta no nó e continuo, chego no teto e bato na placa, desço e o cronometro volta a marcar o tempo, corro para a escalada e subo ela toda, com medo e com muita raiva de Jack, chego ao topo e desço, o cronometro para assim que ponho os pés no chão.

– Uau, Valerie, seu tempo superou o tempo de todas. Três minutos e quarenta e seis segundos. – Josy diz e eu fico surpresa.

– Como é? – Digo.

– Se você está surpresa imagine eu? Você não conseguia subir a corda, o que a fez conseguir dessa vez? Tenho certeza de que não foi a minha voz. – Ela fala e me entrega um paninho quando vê minhas mãos. – Pegue, limpe-as.

 

Eu pego o pano e o passo por minhas mãos para estancar o sangue.

 

– Foi força de vontade. – Digo simplesmente, não vou lhe contar a verdade.

 

Saio andando e me sento em um dos bancos das arquibancadas, Jack vem até mim e diz :

 

– Achei que nunca iria conseguir subir aquela corda, você sempre foi péssima nisso, como conseguiu hoje?

– Não é da sua conta, aliás porque você não tenta subir aquela corda enquanto eu rio de você? Talvez você goste de saber que as pessoas te zoam por você não conseguir fazer algo. – Olho para ele furiosa e ele percebe como me sinto, ele se afasta pedindo desculpas.

Me viro e presto atenção no resto da aula, tento ignorar a presença de Adam e de Jack, e também a conversa que eles estão tendo com relação a minha fúria. Sim, eu escutei.

                                                                                         ***

Depois de me trocar sigo para a aula de cálculos, uma das piores matérias que eu já tive. Como sou a primeira a chegar, coloco meu material em minha mesa e volto para o corredor para beber água. Olho para a direita e vejo Adam vindo em minha direção. Puta que pariu, ele está bonito, tomou banho e seu cabelo está úmido, a camisa gruda um pouco na pele e faz com que seus músculos se sobressaltem. Valerie pare de pensar nisso! Volto a minha atenção para a água.

– Ei, você quase caiu de lá de cima né? Você está bem? – Ele pergunta.

– Estou, só com um pouco de dor. – Saio de perto do bebedouro e vou para a sala, ele me acompanha.

– Dor onde? Nas mãos?

– Sim...

– Deve ser difícil não é? Subir aquilo?

– Sim.

– Olha, eu sei que você gosta de ficar sozinha e tal, mas eu realmente quero ser seu amigo, você parece ser uma pessoa legal, apesar dessa sua grosseria e marra. – Ele diz e eu paro na porta da sala.

– Você quer ser mesmo meu amigo? – Pergunto colocando o dedo indicador em seu peito.

– Hã... Quero. – Ele diz distraído com meu dedo.

 

Eu também me distraio e esqueço o que iria falar.

 

– Val?

– Sim?

– Você pode se afastar um pouco?

– Hã? – Só então percebo que me aproximei dele, me afasto irritada e digo. – Não podemos ser amigos e outra, para você eu me chamo Valerie! – Entro na sala e ele segue para outra.

A aula de cálculos foi um porre, eu não fiz nada a aula inteira, apesar de ter vários exercícios no quadro branco. Fiquei olhando o tempo todo para o campo de futebol. O time está treinando para amanhã e eu não consegui tirar os olhos de Adam. Ele é bom no exporte. Saio da sala e vou para o campo observá-lo mais de perto. O treinador está, nesse momento, gritando com um garoto, acho que ele se chama Tolby, ele é do primeiro ano e não tem muita experiência em futebol, mas ele se esforça bastante coitado. Acho uma injustiça o que o treinador está fazendo então decido ir até ele...

– Ei, deixe o garoto em paz, você não vê que ele está se esforçando? Seu Idiota! Pare de gritar com ele. – Sou superagressiva quando quero e acho que o treinador percebeu.

– Volte para onde você estava, você não tem nada a ver com isso, não se meta! – Ele grita comigo e eu também elevo o meu tom de voz.

– Vai a merda! Tolby é apenas um garoto do primeiro ano que não tem experiência, ao invés de gritar com ele ensine-o o exporte. Cacete!

Sinto um braço me puxar pela cintura mas não olho para a pessoa, continuo encarando o mal-educado a minha frente, que grita para Adam me levar para longe dali. Espera, Adam? Olho para ele irritadíssima, ele não aguenta me ver daquele jeito e acaba me soltando, talvez por medo de eu bater nele ou algo assim. Aproveito que ele me largou e vou em direção ao treinador que continua gritando comigo, eu não ligo, apenas quando paro na sua frente e o bato que percebo a merda em que me meti.

 

Ah Deus, que porra eu fiz?

 

Jack e um outro garoto chamado Patrick me seguram e me levam para longe do treinador. Apenas quando chegamos a porta da secretaria é que eles me largam.

– Val em que merda você estava pensando? – Tonny, meu meio irmão me pergunta furioso.

– Eu não sei, eu só o vi gritar com aquele pobre coitado e fui em direção a ele, não pensei em nada. – Falei mais calma.

– Sua burra! – Ele grita. – Você pode ser expulsa do colégio, você sabia? Você bateu em um professor, além de ter xingado ele! – Esqueci que Tonny era ajudante do treinador.

– Eu não o xinguei, apenas o mandei ir a merda.

– Você o chamou de Idiota.

– Isso não é xingar! – Elevo o meu tom de voz.

Há um minuto de silêncio antes que meu meio irmão volte a falar.

– Pelo menos você estava certa ao dizer para ele não gritar e sim ensinar o Tolby. – Ele diz e dá um sorriso fraco, desapontado.

– Fiz merda não foi?

– Sim, você fez. Vou ver o que posso fazer para que você não seja expulsa, mas acho que vai ser difícil, você agrediu um professor.

 

Tonny abre a porta da secretaria e antes de fechá-la eu o abraço.

 

– Obrigada por me ajudar.

 

Ele fica surpreso, eu geralmente não faço isso, mas a julgar a situação em que estou é preciso.

 

– De nada. – Ele diz e me dá um beijo na testa, depois fecha a porta e eu me sento no banco do lado de fora.

                                                                                    ***

Minha madrasta foi chamada no colégio para que a situação fosse explicada e para ela saber que eu preciso de um terapeuta. Já é a terceira vez que eu vou parar na secretaria só esse semestre e dessa vez eu passei dos limites, segundo o diretor Gordon. Eu protesto a caminho de casa dizendo que não preciso de terapeuta e ela briga comigo, diz que ou eu arranjo alguns amigos para me darem conselhos ou ela vai arranjar um terapeuta. Sinceramente eu não sei o que será pior. Talvez o terapeuta! Mas só talvez.


Notas Finais


E então?


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