História Anjo ou Fera? - Capítulo 7

Adam e Tonny estavam em uma conversa descontraída sobre futebol e a vitória deles na sexta, eu como não ligo muito para esse tipo de assunto continuo quieta e tentando ignorá-los. Até que uma música me chama atenção, olho para o lugar onde está o som e vejo Lila mexendo no computador que tem as músicas, vou até ela e a cumprimento.

– O que faz aqui Lila? – Pergunto com um sorriso no rosto.

– Eu seria uma prima horrível se não viesse receber Adam e minhas pequenas.

– Ah não, você é prima dele?

– Do Adam? Sim, espere, você o conhece? – Ela para de mexer no computador e me olha esperando minha resposta.

– Hã, sim... Eu tenho algumas aulas com ele.

– Ah... E vocês conversam? – Ela quer saber.

– Mais ou menos, a gente briga muito.

– Entendi. Bom, o que você faz aqui?

– A tia dele convidou minha família... Vem vou te apresentar a eles.

Andamos até onde meus país estão, agora conversando com nossa vizinha e o marido dela, eu encosto em meu pai fazendo-o virar para mim.

– Pai essa é a Lila, a minha nova amiga do colégio.

– Muito prazer em conhecê-la, essa é minha esposa Caitlyn. – Ele puxa a minha madrasta pelo antebraço de uma forma carinhosa e isso me deixa enjoada.

– Prazer em conhecê-los. – Lila diz enquanto Caitlyn faz um aceno de cabeça.

Saímos de perto deles e vamos em direção a minha mesa, já que Adam nos chamou. Ele me olha fixamente enquanto ando em sua direção, então o vejo sorrir para logo depois eu perceber que estou sorrindo também.

Mas que porra está acontecendo comigo? Chega Valerie, você não pode ser assim!

Chegamos na mesa e eu me sento em minha cadeira enquanto Lila se senta ao lado de Adam que está de frente comigo. Percebo que Tonny presta bastante atenção na garota enquanto ela conversa com o primo, eu fico quieta só o observando. Tonia vem correndo com as irmãs de Adam e pula no meu colo, quando ela faz isso eu quase caio para trás, porém acabo rindo do que poderia ter acontecido.

– Tonia, eu quase caí sua bruaca! – Falo brincando com ela.

– Desculpa, eu gosto de fazer isso.

– Ah e eu não sei? Você sempre faz isso quando estamos em casa! – Digo fazendo cócegas nela, ela gosta, apesar de me pedir para parar.

Tonny a pega por trás e diz que é um vampiro e que vai sugar o sangue dela se ela não correr, ela corre o mais rápido que pode e ele corre atrás dela, fico observando e então tenho a impressão de estar sendo vigiada, olho em direção a Adam e ele está sorrindo...

– O que foi? – Pergunto na defensiva.

– Nada, só estou impressionado, agora entendo o seu comportamento com as minhas irmãs.

– Espera aí, como assim? Você já conheceu minhas primas? – Lila pergunta claramente interessada na nossa conversa.

– É, fizemos um trabalho para nosso professor de química ontem e eu acabei conhecendo as meninas. Elas são legais. – Digo me encolhendo, nunca me senti tão envergonhada de dizer que fiz trabalho com um garoto.

– Ah sim... Entendi. – Ela se vira e olha para Tonny, brincando com sua irmã.

Hum. Acho que senti um clima entre eles. Vai rolar algo, se não rolar eu faço rolar.

Me levanto depois de um tempo e vou até os brinquedos sem graça que tem no parque, Tonia está no balanço e Tonny a está empurrando. Chego mais perto deles e dou um susto em meu meio irmão, que furioso, vem correndo atrás de mim à procura de vingança. A vingança dele seria fazer cócegas em mim porque ele sabe que eu odeio, então quando me alcança, me puxa pela cintura, me joga no chão e faz várias cócegas em mim. Minhas gargalhadas chegam aos ouvidos de Adam e Lila, que em pouco tempo depois vem em nossa direção e nós começamos a brincar de pique pega como se fossemos crianças, Tonia e as irmãs de Adam entram na brincadeira e aí tudo fica mais engraçado.

Brincamos assim a tarde inteira até que a noite começa a cair e todos começam a se despedir. Me viro para meu meio irmão e digo que não quero ir embora ainda, foi legal e eu quero me distrair com esse momento divertido. Ele assente e vai conversar com meu pai. Ele só deixa eu ficar quando Tonny diz que vai ficar comigo. É engraçado como meu pai não confia em mim para nada, nem para ficar no parque.

Todos os convidados vão embora e só ficamos eu, Tonny, Adam e Lila no local que agora já não tem mais nada além de grama e brinquedos velhos do playground. Tudo já foi arrumado.

Lila e eu nos deitamos na grama com as cabeças apoiadas nas pernas dos nossos familiares, ou seja, Lila com a cabeça no Adam e eu com a cabeça no Tonny. Eles estão sentados lado a lado conversando sobre coisas aleatórias quando Lila pergunta para meu meio irmão como ele conseguiu ficar com o rosto todo machucado. Eu prendo a respiração quando escuto a pergunta, acho que Tonny vai lhe dar um fora e que ela nunca mais vai querer vê-lo. Ele não gosta de falar sobre coisas ruins, muito menos quando o assunto são ex-namoradas. Mas para minha surpresa ele responde calma e tranquilamente.

– Me meti em uma briga por causa que fui traído pela minha ex.

– Ah, isso é horrível, traição não devia nem existir. – Lila diz, parece que ela o compreende. – Está vendo essa cicatriz que eu tenho abaixo do lábio? – Ela pergunta se levantando para que ele pudesse ver.

Eu, curiosa, me levanto e me aproximo para poder ver. É uma cicatriz interessante.

– Consegui ela quando tinha quatorze anos. Eu estava namorando pela primeira vez e o cara tinha dezoito anos na época. Eu o vi beijando outra garota e o empurrei quando ele veio me pedir desculpas, com isso ele se irritou e me bateu, depois pegou uma garrafa de vinho que tinha na casa dele e me acertou... Até hoje tenho trauma de ver uma garrafa igual aquela em qualquer lugar. – Ela conta sua história e eu fico apavorada, que coisa terrível.

– Caramba, mas você só tinha quatorze, como ele pôde pensar em te machucar? – Perguntei chocada.

– Ele usava drogas, além de mim eu soube que ele maltratou mais duas garotas com quem ele ficou.

Chocada eu me deito novamente e presto atenção nas estrelas. Mas acontece que eu sei o que é sofrer na mão de um cara.