História Anjos e Demônios - O Julgamento.

Park Jimin.

Estávamos todos sentados em volta daquela grandiosa mesa redonda e branca. Minhas mãos estavam soando por conta do nervosismo. O futuro dos meus pais vai ser decidido nesse momento. Suspirei abaixando minha cabeça, e me assustei um pouco quando senti algo confortável segurar minhas mãos, olhei para as mesmas e vi que era a mão de Jungkook.

– Bom, todos que deveriam estar estão. Vamos começar com a reunião. – O diretor do Conselho começou a falar, quebrando o silêncio presente. – O senhor e senhora Park vão ser condenados pelos seus... Erros. Não deveriam ter ajudado um demônio puro, todos sabemos que é uma regra que...

– Ele era da família! – Minha mãe o interrompeu, falando em um tom alto. O homem lançou um olhar mortal, e logo em seguida ela se remexeu na cadeira, desconfortável. – Desculpe, mas mesmo o YoungJae sendo um Demônio Puro, ele não é mal. Vocês têm que entender que isso, a descendência não define nada e sim os atos!

– Não estamos aqui interessados se vocês são parentes ou não. E para vocês, – Olhou diretamente a meus pais – é Senhor Kim e Senhor Jung. Mais respeito por favor! – O homem ao lado do diretor se pronunciou, em voz de autoridade.

– Iniciem logo isto! É doloroso demais ver minha família sofrer. – Meu Appa disse baixo, mas todos puderam escutar. Dava para ver o medo em seus olhos. Eu tenho certeza que me encontrava nesta mesma situação.

– Sem mais delongas, vamos decidir. Então, é certo que, vocês ajudaram um Demônio Puro, que está no projeto contra o Conselho?

– Eu ajudei um primo de minha família, mas ele não está envolvido com esse projeto ridículo. – Minha Omma falou. – Ele é uma pessoa confiável e merece respeito.

– Continuando... – Jung falou, revirando os olhos.

[...]

– Sua sentença é esta. Vocês vão ser executados amanhã. – Kim ditou em tom seco. Eu já não segurava minhas lágrimas que escorriam sem parar.

– Vocês não podem fazer isso! – Eu repetia enquanto chorava. Jungkook ainda segurava minha mão esquerda por baixo da mesa, ele estava com algumas lágrimas prestes a cair, mas as impediu. – É ridículo! Vocês são inacreditáveis! – Disse em um tom irônico. Como eles são capazes?

– Aceite. Será menos doloroso. – Alguém falou friamente, eu não pude ver quem era, porque meus olhos estavam embaçados com o choro.

– Filho, isso não irá nos separar! – Minha Omma me abraçava com muita força, soltando minha mão de Jeon. – Eu te amo muito. – Meu Appa se aproximou, deixando um selar em minha testa.

– Eu amo vocês. E irei vingar suas mortes. – Disse a última frase quase em sussurro. Só isso passava pela minha mente nesse instante.

[...]

O dia chegou. Eu não havia dormido, só durante 1 hora, por ordem de meus pais. Meu mundo estava totalmente acabado! Eu já estava prestes a chorar novamente, mas segurei as lágrimas quando escutei duas batidas na porta.

– Entre. – Disse apenas isso em um tom seco, o que foi doloroso demais, porque estava muito fraco. A porta se abriu revelando um Jungkook não muito feliz, ele parecia até pior que eu. Meus pais eram como tios pra Jeon.

– Hyung, posso me sentar? Ao seu lado? – Ele pronunciou receoso enquanto esfregava suas mãos em seus pequenos olhinhos. Que fofo.

– Claro, Kook. – Eu disse num sorriso fraco. Assim que ele se sentou, me abraçou, colocando seu rosto na curvatura de meu pescoço, pude sentir minha camiseta velha molhar pelo choro silencioso de Jungkook. Havíamos ficado muito mais próximos desde o julgamento, desde aquele abraço muito significativo para ambos. O mesmo se afastou suficientemente apenas para me olhar.

– Desculpe, eu deveria estar te ajudando a ser forte. – Eu neguei com a cabeça, não era culpa dele. – Falta uma hora, você já não quer se arrumar e se despedir?

– É mesmo. Muito obrigado por me avisar – Ele sorriu. – E você está me ajudando sim, já estando ao meu lado é o suficiente. E nós iremos juntos, digo, com meus pais. Se você quiser, é claro – Sorri sem jeito.

– Tudo bem. – Ele abaixou um pouco a cabeça, logo levantando-se. – Vou deixar você se preparar. – Em seguida, se dirigiu a porta, e saiu, apenas deixando uma pequena fresta.

Respirei fundo. Seria uma longa manhã, olhei para à escrivaninha ao lado, e vi que já eram 09h47. Faltavam treze minutos. Resolvi me levantar e me arrumei rapidamente, quero passar os últimos minutos da vida de meus pais ao lado deles. Quando sai do quarto fui diretamente para a sala, encontrando as três pessoas que mais amava com expressões tristes fixadas em seus rostos, era de partir meu coração.

– Pai? Mãe? Jeon... – Fui caminhando lentamente em suas direções, dando um forte abraço em conjunto. – Eu os amo tanto. Não quero que vocês partam.

– É necessário. Nos encontraremos, um dia. – Minha mãe sorriu de leve, suspirando. – Precisamos ir. Os homens já estão a nossa espera. – Ela direcionou seu olhar para o antigo relógio pregado na parede. Novamente, as lágrimas rolavam em meu rosto, sem controle.

Fomos com o carro enviado pelo Conselho, todos em um silêncio sufocante. Eu apenas pensava, "será que valeu a pena ter salvo o YoungJae para ter condenado meus pais?", eu realmente espero que a resposta seja que sim.

O que eu faria depois? Estaria sozinho, quer dizer, ainda teria meus amigos, mas não seria a mesma coisa. Eu não tinha família, o único parente que conhecia era YoungJae, o meu primo por parte de pai, porém ele estava fugindo. 

Realmente, essas regras não fazem sentido. Meu pai foi um dos únicos que conseguiram viver e se adaptar no mundo dos Anjos, provando sua inocência. Quanto preconceito, nem todos os Demônios querem dominar tudo. Ridículo isso! Por culpa dessas regras totalmente inúteis, meus pais serão mortos!

Se eu tivesse a oportunidade de destruir as coisas impostas... Ou o Conselho, eu faria isso sem pensar duas vezes. Afinal, ninguém precisa deles, certo? É claro que, dizem que as regras estabelecem ordem no nosso mundo, mas não creio nisso. Só causou desordem e mortes. Por isso os Demônios, e pouquíssimos Anjos, querem destruir os "comandantes".

Eu os entendo, até porque as coisas impostas são muito injustas e sem aprovação da maioria da população. Não sei quem inventou que os Demônios eram maus, deve ser pelas crenças dos humanos, o que é totalmente idiota.

Só porque tem um lado "obscuro" mais ativo? Tudo poderia ser controlado com ferramentas capazes que temos, incluindo a de transformar Demônios em Anjos, quer dizer... é só um mito, mas eu acredito.

[...]

Eu não assisti à execução. Apenas me despedi novamente e esperei na sala de fora do local, até que dois homens altos e fortes aparecerem, informando que já havia ocorrido aquilo.

– Sinto muito mesmo Jimin. Mas lembre-se que você não está sozinho, você tem eu, Jin e Tae. Sua outra família. – Ele deu um abraço forte em mim, me reconfortando. – O que vai fazer agora?

– Além de chorar? Irei vingar meus pais. – Disse em um tom de voz calmo, mas por dentro estava explodindo de raiva e tristeza.

- Não diga isso. – Ele falou triste, acho que se sentia culpado de alguma forma. – YoungJae era jovem e seus pais acreditavam nele. Creio que tudo fará sentido depois. Só não guarde mágoa. Mas... espere. O que você quis dizer com vingar seus pais?

- Talvez terei que fazer algo muito errado. Mas não consigo evitar essa mágoa, ódio e tristeza presente dentro de mim. – Me virei, o encarando.