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História Anjos Solitários - Wincest - Desenlaces


Escrita por: Takealookmenow

Notas do Autor


Olá amigos,

Segue mais um capítulo,
dos finais....kkkk.

Desculpem os erros.

Ótima leitura.

Capítulo 59 - Desenlaces


Fanfic / Fanfiction Anjos Solitários - Wincest - Desenlaces

 

Ludovico deixou escapar um sorriso triste ao descer as escadas do avião particular da família Fatinelli, olhando em volta e revendo sua tão amada Itália, berço de toda sua família, nascida no país de toda a divisão do Império Romano, sede do Império Bizantino  e maior celeiro cultural e artístico do mundo,  um país, quase um mundo à parte, por suas grandes transformações seculares, muitas das quais assistidas pelos olhos cansados de Ludovico, que parou um instante nos últimos degraus da escada, para pensar o quanto já tinha vivido, criado e procriado, naquele velho mundo.

Ludovico estava especialmente saudosista naquela viagem, diante dos seus pensamentos terem sido voltados para uma pessoa em especial, alguém que era a expressão nítida de seus pecados, sua ex companheira de longos e longos séculos, Liah. A única híbrida estava numa posição desconfortável, desde que pediu a separação em sua hombridade, ao se ver apaixonado por Baltazar, e mesmo depois da conversa mais sincera de suas vidas, Ludovico não se sentia bem diante da figura de sua ex mulher. Não era culpa, pois sua rigidez de caráter não o deixou errar com ela, mas era quase um sentimento de lástima, não piedade, mas sim uma parcela de complacência misturada com clemência. Liah tinha sido muito importante em sua vida, e não a queria longe de si e de sua família, mas sabia que algo dentro dela havia se partido com relação a ele mesmo, todos os sentimentos que notava nos olhos dela estavam presentes, mas uma pequena fagulha de esperança havia se apagado, como bem lembrava, da última vez que se viram. E isso martirizava seu coração naquele momento, em que pisava no solo italiano, o levando a pensamentos tão profundos, na terra na qual construiu seu próprio universo, ao lado de Liah.

Castiel, ao lado de Ludovico, percebendo suas emoções conturbadas, não iniciou nenhuma conversa, permanecendo no silêncio mordaz que vinha mantendo durante toda a viagem, onde trocou poucas palavras usuais e educadas com os demais, Noah, Ludovico, alguns puros e a tripulação. Além de sua infinita tristeza, Castiel tinha preocupações em sua mente, que não o deixavam avançar em qualquer distração que fosse.

Quando Ludovico e Noah adentraram ao carro que os levaria direto ao castelo, após as despedidas e agradecimentos aos puros pela ajuda, com a promessa de em breve reunirem a família novamente, viram Castiel quieto, encolhido num canto, deixando claro que pretendia se manter daquela forma até a chegada ao destino, e assim o fez.

Tão logo, pararam o carro na frente do castelo, bem diante de sua frondosa estrutura intacta por mais uma guerra entre as espécies, já que não tinha sofrido grandes ataques, não passando de pequenas ameaças isoladas de demônios desgarrados, observaram a elegante Sophie estagnada ao lado de avó, Liah, as duas lindas mulheres estavam esperando o retorno do seus, para liderar novamente a família.

Sophie estava extremamente nervosa, e antes mesmo de Noah conseguir descer do carro direito, ela já se jogava em seus braços, chorando e o beijando no rosto todo, sem se conter, a saudade e a preocupação com o marido eram gigantescas, ainda mais depois de algumas conversas com Dean, que a informou do estado emocional de seu amor, tão estafado a sua frente.

Ludovico sorriu diante do quadro dos seus netos, comovido com o amor que os unia, sem se importar com a falta de modos de Sophie, mesmo diante de sua presença, mas que assim que foi notada, a neta, antes mesmo dos cumprimentos de sua avó a ele, passou a cumprimentá-lo com um forte abraço, quase o sufocando, tamanho o contentamento de o rever, sabendo de sua depressão, e da morte de seu amor recém descoberto, também querendo lhe passar sua solidariedade no momento delicado que vivia.

Liah abraçou Ludovico, como a um amigo somente, deixando o nó da garganta dele se apertar, até não conseguir segurar algumas lágrimas, mal sabendo ela que os pensamentos dele estavam voltados à sua situação, dentro da família, e as lágrimas eram de tristeza e culpa. Castiel cumprimentou as mulheres com abraços amigáveis, como sempre o fazia, quando estava com Dean. Sophie continuava agarrada em Noah, caminhando ao seu lado, com suas mãos entrelaçadas, encostadas em seu peito, até entrarem todos juntos no castelo, e cada um tomar um rumo diverso do outro, devido ao cansaço generalizado em todos.

Ludovico, sem demora, encaminhou Castiel para um quarto de hóspedes, ficou o observando enquanto esse se preparava para um banho, separando as roupas disponibilizadas no quarto para ele, conforme Liah sempre se cuidava desses detalhes. Antes de se retirar para dar privacidade ao amigo, Ludovico sem dizer nada, se aproximou de Castiel, segurou seu ombro, o parando um pouco, em seus movimentos de ir e vir da cômoda de roupas.

Ludovico: (Vendo o arcanjo lhe encarar)....Castiel, notei que esteve muito calado durante a viagem e sei o motivo....mas, eu quero que saiba que pode conversar comigo, eu gostaria muito que confiasse em mim para estar ao seu lado, na sua tristeza...(Pediu).

Castiel abaixou a cabeça e abraçou Ludovico, depois, lentamente, se separando do abraço, voltando a olhar para Ludovico, ambos um pouco mais aliviados pelo contato reconfortante do abraço.

Castiel: Eu sempre serei triste Ludovico, não tenho como evitar.....depois de tudo que aconteceu .......(Pausou e suspirou)....mas eu acho que você precisa mais desse abraço que eu....(Olhou nos olhos de Ludovico, o deixando até um pouco constrangido).....eu sinto sua emoção, e posso te dizer.....ninguém tem culpa, você não deve se sentir culpado de ter se apaixonado por Baltazar e com isso, magoando Liah....(Pousou a palma da mão no rosto de Ludovico)....ah, meu amigo, não se culpe por amar....você agiu corretamente com ela, mesmo sabendo que não ficaria com ele, porque estávamos juntos.......e agora.....que ele se foi.....(Pausou com a voz embargada).....seja sincero consigo mesmo.....cuide dela, sem se sacrificar.....a culpa leva a erros...(Desceu a mão do rosto de Ludovico e apertou sua mão, lhe passando força).

Ludovico: (Se sentiu melhor com as poucas palavras de Castiel e sussurrou)....Obrigado arcanjo.

Castiel: (Que já estava na porta do banheiro com a roupa em mãos)....Obrigado a você, meu amigo....obrigado a você.....(Entrou no banheiro e fechou a porta atrás de si).

Ludovico sorriu com o coração mais confiante novamente, saiu do quarto, deixando Castiel embaixo do chuveiro, com suas lágrimas se misturando a água morna que caía sobre si, sentindo tanta saudade de Baltazar, que quase podia irradiar sua dor, que não conseguia esconder. A viagem, aquele país, aquele castelo antigo, o clima pitoresco do lugar, lhe traziam lembranças de sua vida com Dean, e das milhares de vezes que o viu se auto destruir em sofrimento, sobre o túmulo gelado de Benedict, naquele mesmo lugar, e por algumas vezes não o compreendia, mas agora, ele estava no lugar de Dean, sentindo a mesma dor da perda, que tão ironicamente, também o matava em vida, dia após dia.

 

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Liah estava acomodada em uma poltrona da varanda de seu quarto, olhando o oceano ao longe, com seu coração conformado pela situação em que se encontrava no castelo. Esteve esperando, pacientemente, aquele momento chegar, o retorno de Ludovico para o lar, para o reencontro do convívio, pelo menos naqueles poucos dias que pretendia ainda permanecer no castelo. Contemplou com pesar, a figura mais magra e abatida de Ludovico atravessar as portas do castelo, que um dia deixou em sua plenitude e altivez, certo de sua vitória na guerra que se prometia, mas não prevendo os efeitos da mesma em si próprio, como bem, mirou no semblante tão sofrido do gran mestre.

Em nada, aquele momento de Ludovico lhe trazia contentamento, não possuía sentimentos vingativos contra Ludovico, por muito contrário, desejava ver o hibrido bem e voltando com um largo sorriso nos lábios por sua vitória notória contra os demônios, e quando se deparou com as lágrimas do mesmo, ainda na chegada, admirou-se por sua aparência e o coração destruídos do mesmo, pior ainda, o vendo acompanhado por Noah, que estava muito mais alquebrado que o próprio avô. Liah sentiu, imediatamente, os efeitos da guerra sobre Ludovico e Noah, e o sentimento angustiante da sua visão transpassar para o seu coração, o tornando mais castigado do que já estava. O sofrimento de Ludovico lhe trazia dor, de modo algum, jamais se sentiria bem o vendo tão destruído, mesmo que grande parte e razão para aquilo fosse a morte do seu grande amor, pelo qual se confessou e pediu a separação.

Ludovico bateu na porta do quarto de Liah, não recebendo nenhuma resposta, entrou chamando o nome da híbrida, a encontrando distraída na varanda, para onde se encaminhou, sentando ao seu lado, numa poltrona gêmea a que ela estava, e segurando suavemente sua mão, repousada no braço do assento. Liah acordou de seus pensamentos e lhe sorriu fraco, deixando Ludovico conduzir sua mão de volta ao lugar.

Liah: (Recolheu um pequenina lágrima que descia na lateral do bonito rosto)....Ludovico....estou feliz que tenha voltado e trago meu neto em segurança.

Ludovico: (Sorriu terno para a mulher).....porque está chorando, se está feliz...(falou simpático com ela).

Liah: (Abaixou a cabeça)....Eu ....eu....sinto muito .....(Se engasgou no esforço de dizer aquelas palavras doídas).....eu sinto de verdade por tudo que passou, Ludovico....sinto muito por sua perda.

Ludovico: (Sentiu a pontada de tristeza sabendo a que a mulher se referia, se segurando na imagem de Baltazar no inferno para se confortar diante dela)......Liah, está tudo bem....eu estou bem .....(Se levantou e ficou de costas para ela, se concentrando em não desabar por todos os outros motivos de seus sofrimentos).....essa guerra......esses malditos conflitos com os demônios.....e tudo que aconteceu em nome disso, me enfraqueceram, me modificaram, mas não me destruíram, Liah.....(voltou a ficar de frente para a mulher)....agora temos que cuidar de Noah, ele, sim, está muito infeliz....e não sei o quanto ele foi atingindo de verdade com tudo que viu.....(Se lembrou de Noah o consolando em seus piores momentos).....ele me ajudou muito, mas caiu depois do que aconteceu com Margareth....(Pigarreou com o olhar fixo de Liah sobre si)....ele precisa muito de todos nós.

Liah: (Notou a mudança de foco no assunto para Ludovico não se abrir).....Eu entendo....ele agora terá a Sophie, e é dela que ele mais precisa.....(Se levantou e ficou ao lado de Ludovico, se encostando na sacada).....Ludovico, seu sofrimento está estampado no seu rosto, não tente negar....não há mais lugares para omissões de sentimentos, depois dessa guerra.....eu vejo dor quando olho para você....e realmente quero te ajudar de alguma forma....a tentar superar tudo isso....eu não conseguiria seguir adiante, lhe vendo dessa forma....me deixa entrar no seu coração para lhe ajudar, ao menos....(Olhou para Ludovico que se mantinha de lado para si, e que tinha os olhos fechados e apertados).......eu não me alegro com a sua tristeza....somos separados agora....mas os anos que nos uniu foram suficientes para eu lhe amar e lhe respeitar, ao ponto de querer seu bem....mesmo que eu não esteja mais aqui....(Se aproximou e tocou no peito de Ludovico)....no seu coração.

Ludovico segurou sua mão, abriu os olhos marejados e a encarou.

Ludovico: Eu queria muito não me sentir culpado com você....mas eu ainda estou aprendendo isso....nunca se iluda, acreditando que não é importante para mim, porque você é....muito importante....eu só....(Balançou a cabeça afastando seus medos).....eu só preciso me encontrar novamente, Liah.....para ser alguém melhor....eu estou tentando....o que estou sentindo agora....não é nada comparado ao quanto eu já sofri....e eu voltei para poder resgatar a mim mesmo....e você faz parte desse pedaço meu....esse pedaço que ficou aqui na Itália....eu não quero que se afaste de mim.....e nem de nossa família....eu aprendi a te amar, do meu jeito antigo....meio frio e arrogante....mas valorizo sua presença em minha vida..

Liah: Não se sinta culpado por nada, Ludovico, sua sinceridade bastou para afastar qualquer sentimento de rancor que eu pudesse ter contra você.....eu só sinto muito pela morte do caído que tanto amou...(Falou sincera).

Ludovico: Não sinta....ele está num lugar bem melhor....ele está livre e eu estou conformado por ele.....de verdade....(Retrucou acreditando no que seus olhos tinham visto no inferno).

Liah: (Não querendo continuar naquele assunto que Ludovico se esquivava de falar).....Podemos ser amigos ao menos....(Ludovico assentiu rapidamente)....eu já tinha me decidido a deixar o castelo antes da guerra e minha decisão não mudou.....ainda quero deixar o castelo....(Ludovico ficou a olhando, admirando sua postura decidida e firme).....eu pretendo viajar um pouco e depois eu pretendo morar em uma de nossas casas nos Estados Unidos, talvez alguma perto de Dean....(Disse e sorriu).

Ludovico: Eu me agrado dessa ideia, mas porque não fica no castelo, Liah?.....Você pode acompanhar Sophie e Noah, como sempre o fez....eles sentirão sua falta.....e...(foi interrompido).

Liah: Não, Ludovico....eu realmente acho que esse lugar, esse castelo....(Olhou em volta).....é o seu lugar....o centro do clã, de nossa família, e é aqui que deve estar....mas eu....eu não.

Ludovico: Porque não, Liah?...Podemos viver bem, juntos aqui.

Liah: Porque eu não me sentirei bem quando reconstruir sua vida, com outra pessoa, Ludovico....eu espero que compreenda....(Se calou e abaixou a cabeça)....e eu desejo muito que faça isso....porque quero te ver sorrir novamente.

Ludovico: Sim, compreendo....eu sinto muito, te obrigar a isso, de certa forma.

Liah: (Sorriu e acariciou o cabelo de Ludovico, ao seu lado).....Não se sinta assim, eu quero que fique aqui e se reencontre....que volte a ser o nosso líder, a nossa fortaleza.....(Levou a mão de Ludovico a sua boca e a beijou, com os dedos entrelaçados ao dele).....eu vou aproveitar um pouco desse mundo que ainda não conheço.

Ludovico: (Viu a nota de tristeza no olhar da mulher, apesar do esforço para parecer alegre)....Quando quiser, você pode voltar, essa casa é muito mais sua do que minha....eu te respeito muito Liah, quero muito que seja feliz....quero que toda a felicidade que um dia eu possa ter, seja toda sua....(Puxou a mulher para um forte abraço).....eu sempre estarei aqui....se um dia quiser voltar para que sejamos amigos de verdade....(Falou no ouvido da mesma).

Liah murmurou um obrigada no ouvido de Ludovico, e ambos choraram no aperto do abraço, até acalmarem seus corações aflitos, e Liah se separar dele.

Liah: Então, eu acho que posso dizer que estarei partindo em uma semana.....(Limpou o rosto com a mão, tentando não chorar mais).....eu vou marcar umas passagens....mas quero ainda ter certeza de que ficará bem, e o Noah se recupere junto de Sophie....(Sorriu e voltou a se sentar, dando por encerrada a conversa).

Ludovico percebeu o momento e deu um beijo em sua testa e saiu do quarto, se apoiando na porta, assim que a fechou, sentindo o chão se esvair sob seus pés, com o coração palpitando, por sentir uma grande parte de sua vida lhe deixando, junto com a partida prometida de Liah. A híbrida, corajosamente, tomou a decisão que, talvez, Ludovico um dia tivesse que tomar, não a deixaria sair do castelo, mas ele mesmo sairia. Naquele momento ela não aceitaria isso, e assim somente lhe caberia concordar com todo o teor dos planos de Liah. Estava envergonhado pela postura da mulher, quando ele mesmo tinha optado pela separação, que a levava a deixar o seu lar de tantos séculos, mas sabia, em larga escala, que era a opção dela, que agora viveria sua vida independente dos laços que os mantiveram unidos. Ludovico tocou no mesmo lugar onde os dedos de Liah haviam tocado sobre seu peito, sentindo vividamente o amor que sentia por Baltazar ainda, não se esquecendo dele.

Ludovico: Como eu queria que você morasse aqui Liah, como eu queria....(Murmurou para si mesmo).....eu não a teria feito sofrer....você nunca mereceu sofrer.

 

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O silêncio daquele terrível lugar o fez lembrar dos momentos anteriores, da viagem de volta à Itália, quando ainda era uma suposição visitar aquele inferno, onde estava prestes, a encontrar sua filha Margareth. Noah não conseguiu esperar mais do que poucas horas para estar diante daquela porta de ferro, que o separava da realidade de sua própria vida. Sophie tinha feito de tudo para o desencorajar, mas o seu coração desalinhado não lhe deu ouvidos, pois necessitava ouvir, saber o real motivo daquela traição, que não queria compreender, que não deixava sua alma descansar nem do sofrimento da guerra. Noah sabia o lhe esperava, mas não sabia o quanto de Margareth estava presente naquela vampira que abraçou a escuridão, e seu uniu com demônios, sua pequena filha, sua garotinha de olhos azuis tão claros e raros, não condizia com a frieza daquela que pactuou a morte de seu avô, o homem que todos amavam.

Noah ordenou que abrissem a cela, com pânico do que estava por vir, mas mesmo assim se atreveu a continuar enquanto ainda tivesse coragem. Margareth estava sentada diante da pequenina janela da cela, olhando o céu pelo pedaço de espaço muito limitado que a janela cabia, e com isso, de costas para a porta, que mesmo sendo aberta, ela não se moveu, e continuou sentada, com os joelhos e pernas encostadas no peito e abraçadas por seus braços e mãos.

Noah: (Respirou fundo, naquele odor insuportável que vinha da cela)......Margareth....(Chamou a filha).

Noah não conseguia sequer se segurar nas paredes para lhe apoiar, em pé no meio do pequeno lugar, quando viu a mulher se virar, com o rosto muito sujo em meio ao emaranhado de cabelos loiros, embaraçados e sujos de manchas negras indefiníveis. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar, em meio a pele maltratada, terrivelmente descamada e, igual ao cabelo, com manchas de sujeiras por todo lado. Suas roupas negras estavam tão imundas que se via manchas esbranquiçadas e mal cheirosas. Não havia nenhum vestígio daquela vampira que gostava de usufruir da vida boa, que o dinheiro do clã lhe proporcionava, com roupas caras e sempre seguindo as tendências da moda, diferente de Sophie, sua mãe, Margareth costumava ser fútil e não manter o estilo clássico e elegante, sempre optando por algo mais casual e despojado, sendo complementado com tratamentos de beleza em seus cabelos e pele, sempre tão bem cuidados.

Tudo agora não passava de uma imagem borrada no fundo da memória de Noah, que se deteve de se abaixar para segurar sua filha, que se rastejou, até suas pernas e pés, os agarrando fortemente.

Margareth: Papai...papai...que bom que veio....que bom que está aqui comigo...eu sabia que alguém iria acabar com essa loucura...eu sabia...(Falou sôfrega, apertando as pernas de Noah, desesperadamente).

Noah: Margareth......(Falou estremecendo sua voz, mas sabendo que deveria manter a firmeza)....Margareth, eu estou aqui para conversarmos....me solte, por favor.....(Se conteve, para se manter frio, quase imitando o jeito que viu Ludovico adquirir muitas vezes).

Margareth: (Se levantou depressa, e abraçou Noah, que não correspondeu ao abraço).....Primeiro me tira daqui....vamos embora daqui, papai....depois eu juro que converso tudo que quiser.....mas só vamos embora daqui...(Disse após se afastar de Noah, sem perceber que o mesmo não lhe correspondeu e não se movia, e já se encaminhando em direção a porta da cela).

Noah: Margareth.....você não vai sair dessa cela...(Ordenou se sentindo despedaçar por dentro).

Margareth correu e deu a volta no corpo de Noah, se pondo diante dele, o encarando e segurando em seus braços, quase o sacudindo.

Margareth: Não, papai....eu já estou aqui há dias.....eu tenho que ir embora....já entendi meu castigo....mas eu preciso sair daqui....aquele anjo nojento do Castiel, não sabe nada sobre nós....ele não entende que eu sou uma pura....que sou neta do mestre e que eu não pertenço a esse lugar.....ele me trouxe para cá errado, com certeza....(Disse tudo de uma vez só, se exasperando, quando percebeu que Noah não movia um músculo sequer).....Vamos papai....vamos, eu preciso de um banho...e...(Foi interrompida).

Noah: Você nos traiu, Margareth.....você traiu toda a sua espécie...e por isso está aqui, presa para sempre, nesse lugar horrível.....(Margareth foi se soltando devagar do aperto que fazia nos braços de Noah, espantada com a convicção que as palavras dele saíram).....você foi condenada a morrer aqui.

Margareth: NÃO !!!.....(Gritou)....eu não aceito isso.....aquele imbecil do meu avô....aposto que ele que fez isso comigo.

Noah deu um forte tapa no rosto de Margareth, que caiu sentada no chão duro, e ficou com os olhos lacrimejados.

Margareth: Papai.....você nunca me bateu....(Colocou a mão sobre o lugar onde o tapa pegou).

Noah: (Entre os dentes).....Aquele que chama de imbecil.....gerou a minha vida e a sua....ele criou e deu origem a todos nós.....sua arrogância cega sua inteligência....nunca mais se refira a ele com falta de respeito....sua traidora.

Margareth: Papai.....(Olhou assustada para Noah, que sentia o sangue em ebulição ainda, mas estava se sentindo um miserável por dentro)....eu pensei....eu só pensei que tivesse vindo me tirar daqui...

Noah: (Andou de um lado para o outro)....Não....eu vou manter a ordem de seu avô, e você ficará aqui....eu só estou aqui para entender no que você se transformou e porquê fez isso conosco.

Margareth analisou Noah, o olhando de cima a baixo, com seu terno azul escuro e seu sobretudo preto, pensou em se fazer de vítima e tentar amansar o coração de Noah, mas não conseguia manter sua máscara, nem em pensamentos.

Margareth: Deveria perguntar para o grande Ludovico, o motivo que me levou a trair todo mundo....isso sim....aquele esnobe e autoritário.....ele me fez ficar presa ao Luca por anos da minha vida....quando eu poderia ser livre como Benny era....ele sempre me deixava de lado quando Benny tinha tudo dele, eu tive que procriar e o Benny foi respeitado em sua opção sexual, ele me odeia, sempre odiou.....ele fez tudo isso comigo, diante de seus olhos e da mamãe, e ninguém fez nada....ninguém me ajudou.....acha isso justo?

Noah: (Prestou atenção no que ela disse e gesticulou com as mãos assim que terminou)....Ora, cala-se, você gostava do Luca, poderia não amá-lo, mas gostava de ficar com ele, ninguém te forçou a nada, você nunca reclamou de ter tido seus filhos.....(Pausou, criando coragem)......você só invejava seu irmão, e queria ser ele e ter tudo que ele tinha, sem limites, e inventou essa história para justificar um ódio pelo nosso procriador....eu estava lá, não se esqueça disso...(Rodou  dedo no ar).

Margareth: Todos vocês....todos se apoiam e sempre me deixaram de fora de tudo....da família, dos negócios e até mesmo do convívio no castelo.

Noah: Ah, por favor.....você saiu do castelo por que quis, não trabalhou com os negócios da família por que nunca aceitou trabalhar e quanto a sua família, você optou por construir uma outra família longe de nós, na Espanha....e agora vem querer justificar o que não tem perdão.....(Pausou).....você esfaqueou e quase matou seu avô, nosso mestre....entende a gravidade disso....entende que nos traiu....a todos nós...(Falou alto)

Margareth: E o que vocês fizeram por mim......nada....nunca fizeram nada por mim....porque eu tinha que ser a obediente quando nunca fizeram nada.....e só me usuram desde quando eu nasci....eu já estava preparada para dar a luz aos filhos daquele louco, do Ludovico....filhos de sua criação...os puros.

Noah: Você viveu séculos de uma vida de luxo....séculos de riqueza e fartura...o que mais queria....nós te demos tudo que pedia...te demos amor e carinho enquanto crescia.....nós te amamos assim como amamos seu irmão.....você esteve conosco, ao lado dele, enquanto estava vivo, e mesmo assim, se ressentiu....mesmo vivendo tudo que proporcionamos igualmente para ele e você.......(Soltou o ar preso na garganta que ardia como se estivesse queimada)......então, me diga, porquê?.....Eu só quero entender....onde errei com você....em que ponto da sua educação, eu me perdi, e não lhe dei o que precisava...(Deixou uma lágrima furtiva cair).....me diz....por favor...Margareth.

Margareth: (Pensou um pouco, irritada com tudo que foi dito)......Não me faça rir com suas palavras amorosas, papai....(Falou calmamente, se levantando do chão e dando as costas para Noah)......vocês sempre amaram muito mais ao Benny do que a mim.....basta olhar para o que fizeram pelo viúvo dele.....o querido de Ludovico....olha onde ele está, e olha onde eu estou.....eu sou a pura, meu sangue é puro, e o dele é misturado com o dos humanos.....ele é um transformado qualquer....um humano moribundo que deu a sorte do meu irmão se apaixonar por ele......(Bateu palmas sozinha, ironizando).....e olha que mesmo depois do meu irmão morto...todo mundo caiu de amores por ele...como se fosse a continuação do Benny.....como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo para vocês.....mas deixa eu te falar uma coisa....(Virou encarando Noah).......ELE NÃO É O BENNY....(Gritou).....aprendam isso de uma vez.....ele nunca será o Benny....nunca.

Noah: (Olhou fixamente para Margareth, horrorizado).....Você enlouqueceu....o mal que mora em você, deixou que esse ódio criasse raízes profundas para todos os lados.....você julga a todos nós....seu rancor vai além do seu avô.....porque nós amávamos o seu irmão e quando ele morreu, por continuarmos amando o companheiro dele, que esteve ao nosso lado por séculos, que respeitou e amou o seu irmão até séculos depois dele morto....(Passou a mão no rosto, nervoso).....você não tem ideia de que Dean é o vampiro mais trabalhador de todos nós, ele foi o que mais sofreu em todos os sentidos.......ele nunca teve um minuto de paz de verdade, desde que seu irmão morreu.....e mesmo assim....ele nos ama e nos respeita como se fossemos a família verdadeira dele.....o sentimento que nos une a ele, é amor, e  o mesmo amor que tivemos pelo seu irmão, é o mesmo amor que sentimos por você......ele é nosso filho, sempre foi, desde que se uniu com seu irmão, ele fez por merecer o nosso amor por ele e nós queremos ser a família dele.....ele é meu filho, assim como Benedict, assim como você.

Margareth: (Riu antes de falar)...Ele traiu a memória do meu irmão, e está com outro.....e ninguém acha que isso poderia afastar ele....acha mesmo que ele vai continuar com esse teatrinho de bom moço dele.....depois que transformou o seu amado humano.....(Gesticulou, jogando as mãos pro lado).....Benny nem era o amor verdadeiro dele.....e esse humano que ele transformou, que é.....ele vai se esquecer de vocês rapidinho.....e o vovô vai ficar tristinho quando o queridinho dizer adeus à família querida.....(Fez cara de deboche e afinou a voz)......e você, papai, vai perder um filho de novo....(Riu alto da cara de assustado de Noah).....eu sei de tudo, papai.....por todo mundo....pela mamãe e até mesmo pelo pequeno Dean....todo mundo me contava tudo....(Riu debochada)....e por isso sei tudo que o amado Dean vai fazer com vocês.

Noah: Um coisa você tem razão....(Margareth deu de ombros como se reconhecesse sua fala)....eu realmente vou perder um filho de novo, e será você....eu já perdi, na verdade....porque para mim....você está morta....(Olhou nos olhos maliciosos de Margareth, vendo o ar de deboche se desmanchar totalmente de suas feições).....eu e sua mãe só tivemos dois filhos....e os dois estão mortos....(Deixou o choro chegar manso em seus olhos).....mas quer saber, o destino foi tão justo conosco que nos deu um terceiro filho, o motivo de maior orgulho para nós....o nosso melhor amigo, nosso tesouro em vida...e seremos felizes enquanto ele viver....simplesmente porque ele respira...ele é tudo para nós....nossa razão maior de viver....o nosso pequeno Dean, assim como o seu avô o chama.

Margareth derrotada pelas palavras de Noah, se sentou num canto escuro da cela, encostada na parede, não permitindo que Noah visse seu rosto pela sombra transversal que encobria sua face.

Margareth: Quer mesmo saber porque eu traí todo mundo?.....Por que eu odeio todos vocês?.....Eu sempre odiei ser uma vampira, nascida de um casal de irmãos vampiros, programados para procriar, odeio ter sido obrigada a ser o que todos queriam durante grande parte de minha vida, simplesmente porque meus pais sempre foram dois fracos, que não enfrentariam o poderoso mestre deles por nada.....eu odeio não ter sido livre para fazer minhas escolhas, ter sentido inveja do meu irmão perfeito, porque ele era o mais amado, e podia viver tudo que quisesse, e quando ele morreu, ao invés de me darem mais atenção, me deixaram de lado para adotar a droga de um transformado como substituto....e odeio muito, mais do que tudo, o grande causador de tudo isso, aquele que eu mataria quantas vezes fosse necessário até ver a luz dos olhos dele se apagar lentamente na ponta de uma faca em seu coração, como eu tive o prazer de ver.....eu odeio Ludovico....odeio você e odeio a todos vocês....(Rosnou alto, descontrolada)... Vá embora daqui....e não volte, senão for para me soltar....seu fraco....volta para sombra de Ludovico.....e continue lá....você merece ser somente isso, uma sombra......(Se calou, após desferir seu último insulto no coração de Noah).

Noah abaixou a cabeça, chorando em silêncio, perdurando sua culpa. Noah estava abismado com o quanto Margareth era falsa, dissimulada, traiçoeira e maquiavélica, se atendo, que realmente, nunca conheceu sua própria filha, que aquela diante de si, era o que tinha sobrado de Margareth, após o domínio do mal, ou não, aquela era a verdadeira Margareth que nunca aceitou enxergar, o que era bem mais provável. Por fim, não queria se iludir mais com sua Margareth, e por mais que doessem as palavras ditas por ele mesmo, de que ela estava morta para ele como filha, seguiria sua própria sentença, e não permitiria que aquele mal proferido na língua felina chegasse aos ouvidos do seu único filho vivo, Dean. Nunca permitiria que a maldade do coração de Margareth magoasse a pureza do amor de Dean por eles, como sua família, jamais. E a Dean, dedicaria sua vida, sempre sendo para ele, seu verdadeiro pai.

Noah: Essa foi a última vez que nos vimos....eu só voltarei aqui....infelizmente....mas para cumprir o ritual para seu sepultamento....adeus Margareth.

Margareth: (Pensou um pouco nas palavras que tinha dito)....Papai...

Noah: Eu não sou seu pai, meu único filho está muito longe daqui....adeus Margareth.

Sem mais, Noah saiu da cela, mandou a fecharem, e passou a ouvir os gritos de Margareth às suas costas, enquanto subia devagar as escadas do corredor da masmorra, retornando ao castelo. Ela gritava pedindo perdão por tudo que disse, mas Noah não se importava mais, e mesmo com a alma esfacelada, não virou nem mesmo a cabeça de volta, para ouvir melhor.

Noah sentia seus pés pesarem toneladas por se afastar daquela forma, acreditando no que seus olhos e seus ouvidos haviam lhe provado, o mal nasceu em Margareth. O mal desde sempre, esteve com ela, dentre eles. Aquele mal original, não o criado pelas consequências da vida, como estavam acostumados em ver, como vampiros, tendo muitas vezes que matarem para sobreviver. Margareth não tinha aflorado o mal em si, até o momento que se deixou eivar pela proximidade com o demônio Crowley, que não criou o mal em Margareth, apenas o propagou, já estando desperto por si só.

Noah chegou ao seu quarto no castelo, vendo Sophie sentada na cama, o esperando, ansiosa, esfregando as mãos sem parar, e quando Noah se aproximou dela, ouviu a voz atrás de si, vinda da porta por onde tinha acabado de passar.

Ludovico: Espero que a compaixão por Margareth não tenha dominado seu coração....eu não aguentaria ver você sofrer Noah....eu preciso de você ainda....(Noah de costas, apertou os olhos)....preciso que esteja comigo, com sua família....e agora....(Ludovico se aproximou dele, que já fraquejava as pernas)....eu preciso que me deixe cuidar de você....(Noah caiu de joelhos no chão, deixando todas as emoções o invadir de uma vez só)....eu amo você, meu neto....(Ludovico o abraçou se sentando de qualquer modo ao seu lado)....eu amo você, meu querido....(o embalou como a uma criança e ambos foram abraçados por Sophie, que acompanhou o choro do marido)....eu sei o que está sentindo.....e chegou a hora de me dizer....de me deixar confortar seu coração, como fez por mim.

Noah se entregou totalmente ao sofrimento, querendo deixar sua alma ser limpa pelas mãos e palavras de Ludovico, a quem se agarrou, e chorou por muito tempo, enquanto ambos tinham Sophie ao redor deles. Noah contou tudo que Margareth havia dito, e cada palavra do que disse foi ouvida por Castiel que estava apoiado na porta, vendo a cena de dor daqueles seres especiais para si. Ficou condoído por eles, deixando de lado um pouco de seu próprio sofrimento, para poder sentir a dor sincera de Noah, vendo suas emoções, sem precisar lê-las, e pensando no quanto todos estavam afetados pelos acontecimentos da guerra, descobrindo cada vez mais, que até aqueles que pareciam intactos, inabaláveis, por fim, apresentar rupturas profundas, feitas no silêncio, e longe dos olhos de todos, como era o caso de Noah.

 

CONTINUA...

 


Notas Finais


Amigos,

Muito Obrigadaaaaa por comentários carinhosos,
agora que faltam poucos capitulos,
espero de coração que estejam curtindo....
milhões de BJssssssss !!!!!!!


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