1. Spirit Fanfics >
  2. Anjos Solitários - Wincest >
  3. A dor de quem se cala

História Anjos Solitários - Wincest - A dor de quem se cala


Escrita por: Takealookmenow

Notas do Autor


Olá amigos,

Segue mais um capitulo decisivo para
o fim.

Desculpem os erros.

Ótima Leitura !!!!

Capítulo 62 - A dor de quem se cala


Fanfic / Fanfiction Anjos Solitários - Wincest - A dor de quem se cala

 

Os dias passavam devagar no grande castelo de Amalfitana, na costa rochosa da Itália, ainda mais com todos tão ocupados, cada um desempenhando sua função para os negócios e cuidados com clã e com o vampiros, todos empenhados em reerguer tudo que se destruiu com a guerra.

Com o passar dos dias, Noah não expressava mais tanto seus sentimentos como se esperava dele, principalmente, Sophie, que se agoniava ao ver o marido, o seu eterno amor, agora, tão mais, calado. Após o malfadado encontro com Margareth, Noah se fechou no seu próprio mundo, de números e cálculos, das contas do clã, sendo observado constantemente por Sophie, mas, sem que esse notasse, também estava sendo observado por Ludovico, que mesmo cuidando com esmero de Castiel, dedicava tempo para manter, uma conversa que fosse, com Noah, o interrogando sobre seu estado e sobre qualquer assunto que fosse do interesse de ambos, somente para poder ouvir a voz do neto, e demonstrar seu carinho.

Ludovico tomou conhecimento do encontro de Noah com Margareth, poucas horas depois do mesmo, mas respeitou o neto, que não extravasou qualquer reação do sofrimento causado com o encontro, alegando que desejava poupá-lo de mais problemas, ainda mais, que Ludovico tinha sido o principal alvo das lamúrias insanas de Margareth, que não precisavam ser repetidas para Ludovico, e o ferir mais.

Todos passaram a tratar Noah com uma certa tensão, nos olhares e cuidados excessivos com as palavras, sabendo o quanto o seu coração de pai estava ferido, já que ele tinha deixado claro que agora seu único filho vivo era Dean, em meio as poucas palavras que trocou com Sophie.

Todos no castelo ficaram felizes com a notícia dada por Dean, ao telefone, de que estaria se casando com Sam, porém Noah não ocultou a tristeza ao ouvir a notícia da boca do próprio Ludovico, permanecendo o dia mais calado ainda, e sempre com semblante carregado, deixando o híbrido preocupado ainda mais, por ver o quanto ele estava abalado.

Na manhã em que Liah se despediu de todos, para o seu tour pelas cidades mais turísticas do mundo, acompanhada de uma dama de companhia, uma transformada, que iria lhe proteger e secretariar em tudo que necessitasse, conforme ordens expressas de Ludovico, Noah se afundou um pouco mais em si mesmo, e apesar dos olhos marejados pela separação de sua avó e saudades que iria sentir dela, logo adentrou ao castelo em busca de suas planilhas repletas de números, após o carro se afastar do castelo, levando embora a matriarca.

Ludovico ficou chateado com a partida de sua companheira de outrora, contendo as reações vindas de seu coração, para não correr atrás dela, e a impedir de se afastar dele, mas buscando forças no que seria mais justo para eles dois. Com certeza, deixar Liah seguir seu rumo, seria o melhor para ela, e isso era o que mais lhe importava. A sua  alma deixava um pedaço para trás, o pedaço que pertencia a Liah, por todos os anos de amizade, respeito e compreensão da híbrida, que conviveu por séculos ao seu lado, em sua passividade amorosa, sempre cuidando da família que construiu.

Ludovico viu a alegria e a tristeza se confrontarem nos olhos de Liah, enquanto a abraçava na despedida, e se sentiu da mesma forma, indicando que o elo nunca seria quebrado, por mais que se afastassem.

Um grande e confortável apartamento tinha sido comprado e mobiliado por Dean e Sam, em Nova York, nos Estados Unidos, conforme opção da avó, que assim que voltasse de sua longa viagem, sem previsão de retorno, se instalaria e viveria no mesmo, já que o Estado de Nova York é vizinho de Connecticult, e até mesmo de trem, poderia estar, em poucas horas, junto de Dean e Sam, que tiveram que prometer a Ludovico que sempre estariam com ela, que sempre a visitariam e cuidariam de tudo que ela precisasse, caso ele próprio não pudesse atender, devido a distância da Itália para a América.

Ludovico, mesmo com aperto no peito pela partida de Liah, não deixou de notar o comportamento evasivo de Noah, e não querendo mais que o neto carregasse tanta amargura sem desabafar com ninguém, o seguiu até o escritório do castelo, e firme no propósito de arrancar a verdade de seus sentimentos, pousou sua mão encima das planilhas que Noah estudava com afinco, chamando sua atenção imediata.

Noah: Oi, vô....precisa de alguma coisa?....(Perguntou tímido).

Ludovico: Preciso sim, Noah....preciso que largue esse papéis agora....(Noah o olhou assustado pelo tom um pouco áspero de Ludovico)....e converse comigo.

Noah: (Sem questionar)....Sim....me desculpe....eu que deveria estar mais atento....e ficar ao seu lado....logo na despedida da vó.....(Se levantou da cadeira, por detrás da mesa, e colocou a mão no ombro de Ludovico, como quem desejava o consolar).

Ludovico: (Retirou a mão dele do seu ombro, e o puxou para se sentarem juntos na chaise em frente a grande mesa de escrivaninha)......Noah...me fala o que está acontecendo.....(Pediu após um longo silêncio com ambos sentados, um ao lado do outro, com Ludovico o encarando, e ele fugindo de seu olhar, de cabeça baixa).

Noah: Não tem nada acontecendo, vô....(Respondeu sem requer os olhos).

Ludovico: Noah....por favor....converse comigo.....eu preciso de você inteiro, ao meu lado.....e você não está sendo você mesmo já alguns dias.....(Segurou em sua mão, perdida entre os dois).....Me fala, Noah....por favor...(Pediu abaixando a voz e se ajeitando para poder estar mais próximo de Noah).

Noah ficou calado por alguns segundos, e se levantou, andou calmamente pelo cômodo, indo até um carrinho de bebidas num canto, e se servindo de um uísque, que foi negado por Ludovico, após um oferecimento mudo com o gesto. Despois Noah se sentou de frente para Ludovico em outra chaise, separadas por uma mesa de centro de madeira.

Noah: (Encarou Ludovico, após esvaziar seu copo em um só gole).....Sabe vô.....as vezes eu tenho tanta saudade de Benedict, que penso que não vou aguentar a dor de o perder....mesmo depois de tanto tempo....(Falou baixinho)....ele era um filho tão amado, foi tão querido por mim e por Sophie....ele foi uma luz em nossas vidas....ele não era somente uma produção assistida pelo senhor....como já ouvi esse termo....ele foi o fruto do nosso amor....ele foi muito desejado, e o tempo todo em que Sophie estava grávida, eu só pensava no quanto ele seria tudo para mim e para ela também.....e quando ele nasceu....(Enxugou as lágrimas que caíram em seu rosto)....ele era tão lindo, tão inocente e indefeso....e eu só queria o colocar em uma redoma para que nada pudesse o atingir...e o afastar de nós....depois que ele cresceu, sempre tão interessado em aprender tudo que podia, sempre tão meigo e carinhoso conosco, como se quisesse retribuir o amor que ele recebia o tempo todo, eu acreditei que ele iria se afastar de nós.....até pela ordem natural da vida....mas não....ele sempre quis ficar perto de nós, de mim e de Sophie....mesmo com as constantes batalhas da época....ele sempre voltava o quanto antes para ficar conosco....e quando ele encontrou Dean....ele logo o trouxe para nós, para que pudéssemos o conhecer também, e ele ficou tão feliz quando o aprovamos e o aceitamos em nosso meio, porque o medo dele, não era perder Dean, o medo dele era ter que se afastar de nós....ele me confessou.....(Pausou e chorou com a lembrança).....e quando eu o vi, morto, nos braços de Dean.....ah, vô.....a dor foi tão forte....foi tão intensa....tão profunda, parecia que iria me matar sufocado.....o meu menino que tinha virado homem, que sempre nos colocou em um pedestal, que sempre nos amou tanto, estava morto....diante de mim.....o meu filho, carne da minha carne, estava estirado no chão....como senão fosse nada....como se nunca tivesse estado em meus braços, dormindo junto de mim, nas noites frias e de tempestades....nada tinha me preparado para aquilo....e mesmo assim....eu me calei....porque eu vi minha esposa destruída, se arrastando por meses e por anos, em busca de um momento que aliviasse a dor de perder um filho....apesar de eu também estar sofrendo tanto....eu me calei....por ela, em respeito a dor dela, que era insuportavelmente maior que a de todos nós.

Ludovico: Nossa....Noah eu nunca imaginei.....meu amado...(Se levantou e estava pronto para ir até Noah, que o interrompeu).

Noah estendeu a mão em sinal para Ludovico parar e esse assim o fez, se sentando em sua frente, novamente, o encarando, aturdido e perplexo com a confissão de Noah, que enterrou tanta dor por tanto tempo, lhe deixando estarrecido somente de pensar no que o neto tinha passado todo esse tempo.

Noah: Eu vou terminar.....(Explicou o motivo de ter estagnado Ludovico)....me deixa falar.....senão for agora, eu nunca mais conseguirei....(Balançou a cabeça, tomando coragem).

Ludovico: Tudo bem, Noah....estou te ouvindo....(Ludovico o observava se remoendo por dentro por nunca ter percebido o quanto Noah tinha se fechado com a morte de Benedict).

Noah: Quando Dean aceitou ficar conosco, depois da morte de Benny....quando ele se aconchegou em nossos braços, ele estava tão carente, tão despedaçado....tudo que se via nele era tristeza.....cada olhar, cada palavra, de cada minuto, de cada maldito dia....ele estava sempre tão perdido e se sentindo sozinho, sem o Benny....que ele refletia a imagem do meu filho, para onde quer que ele fosse.....tudo em Dean, lembrava o Benny, e ele estava feliz em ser desse jeito....era o único modo que ele tinha de ter um pouco do Benny consigo....ele não deixou o Benny morrer de verdade.....ele o manteve em seu mundo, de todas as formas que lhe era possível....mesmo se acabando, cada vez que se deparava com lápide do meu filho....ele o mantinha dentro de si.....até mesmo depois que se envolveu com Castiel, décadas depois da morte de Benny....Dean continuou cultuando a memória do meu filho....entende?....Dean era meu filho, tanto quanto Benny o foi.....eles eram almas tão parecidas, tão iguais e próximas, que não podia ser diferente....eu passei a ter Dean como meu próprio filho.....e assim o foi.....ele sempre se manteve próximo de mim, sempre procurou me orgulhar, me reconfortar em sua presença, que trazia Benny mais perto de mim novamente....(Falou com saudosismo).....e paralelo a tudo isso eu tinha minha menina.....tão doce, tão linda....(Noah enxugou uma lágrima e foi interrompido por Ludovico)....mesmo sendo mãe, ainda tão jovem, quando o irmão morreu....(Pausou, engolindo o nó na garganta).

Ludovico: Noah...não precisa se martirizar assim....meu amado...não quero que sofra mais....(Foi cortado por uma risada sem humor de Noah).

Noah: Vô, sofrer mais?....Não tem como passar disso.....(Riu novamente e sacudiu a cabeça)....quando o senhor sofreu calado, aguentando tudo de todos nós e ainda se manteve firme, cuidando de tudo...e só descobri quando ficou deprimido e me confessou.....eu me identifiquei, mais ainda com os senhor....por causa do Benny, mas eu não tinha ciência do que minha garotinha tão pura, sempre tão comunicativa e amorosa, estava nos apunhalando, estava tramando sua morte....e por consequência a minha também....(Abaixou a cabeça e continuou com a voz embargada)....porque ela me matou em vida....com essa traição....ela só deu sequência à minha dor insuportável pela morte do meu filho....e essa traição que queria a sua morte, cravou em mim, ainda mais fundo, uma estaca....nada me preparou para isso, para perder dois filhos.....e.....só de pensar em como o Margareth se tornou tão vil e desprezível, me deixa com essa dor constante no peito, como se uma tonelada estivesse parada dentro de mim....e eu não consigo pensar em outra coisa que não seja minha própria culpa por ela ter se tornado assim.....eu não percebi o que se passava com ela, eu não vi nada, porque eu estava tão atolado em sofrimento por causa do Benedict, que não vi que a minha criança estava sozinha assistindo a dor de seus pais....sem que esses lhe desse a atenção devida.....(Passou a mão em seu próprio peito e no rosto pálido)....ela não tinha mais ninguém, além de nós, só que nós não estávamos realmente lá, para ela, para ouvi-la, para corrigi-la e acho, que nem mesmo, para amá-la, como ela necessitava....(Ludovico fez menção de falar, mas foi cortado).....Nem diga que não somos culpados de nada....porque somos sim....e eu, muito pior do que Sophie, muito mais culpado do que ela, porque ela, pelo menos demonstrava seus sofrimento, e assim de certa forma, só sobrava eu, e ela tinha ciência de que poderia correr para mim, mas eu estava tão morto por dentro, que até meu melhor sorriso foi falso o suficiente, para ela perceber, e se afastar de mim também, já que eu não nunca explicitei nada...ela confiava em mim....eu era tudo que tinha sobrado para ela....e eu estava fechado em mim mesmo....e eu não enxerguei quando ela mudou...quando ela abraçou o mal como seu guia....simplesmente porque eu não estava realmente lá ....entende?

Ludovico: Noah....não pense assim...por favor....(Levantou a mão para acariciar o cabelo dele, mas Noah fugiu de seu toque)....Ninguém poderia prevê, que ela estava se entregando para o mal....e ela já era adulta o suficiente para entender o que você e Sophie estavam passando....ela já tinha os próprios filhos dela....ela sabia o quanto vocês poderiam estar sofrendo.....você não pode dar ouvidos as coisas que Margareth lhe falou....porque ela enlouqueceu por esse ódio contra mim....que não consegue discernir nada mais, além de nos atacar....(Parou de falar com Noah negando).

Noah: (Sacudiu a cabeça freneticamente)....Não...não....ela tem razão...ela tem toda razão quando disse que ninguém a apoiou.....porque é verdade....a diferença é que nenhum de nós se entregou ao mal....mas todos nós nos sentimos tão solitários, quanto ela se sentiu....todos nós....(Apontou para Ludovico)....inclusive o senhor....(Pausou)....só que nos apoiamos uns aos outros....e ela não tinha ninguém para se apoiar.

Ludovico: Sim.....ela tinha...(Se aproximou de Noah novamente que abaixou a cabeça)....ela tinha a todos nós....a cada um de nós...mas ela optou por se isolar e cultivar esse ódio....esse lado ruim dela....ela simplesmente nos culpou por tudo....culpou ao Benedict por ser infeliz....culpou ao Dean porque nós o amamos....ela nunca nos procurou para pedir um carinho, nunca nos procurou entender nada...ela simplesmente se revoltou em silêncio......ninguém tem culpa por isso....não poderíamos saber o que ela não nos disse.

Noah: (Pensou alguns segundos, e andou para outro lado da sala escapando de um possível abraço de Ludovico).....Vô....eu preciso pensar um pouco....eu preciso ficar sozinho.

Ludovico: (Ficou nervoso com a hipótese de Noah se isolar)....Por favor Noah, não faça isso consigo mesmo.....não se retraía em seus sentimentos....não deixe essa dor te sufocar.....você ainda tem a Dean....ele é seu filho, assim como o considera....e ele precisa tanto de você....ele precisa muito de você....por favor...Noah.

Noah fez um gesto com a mão, querendo sair da sala, pedindo para Ludovico não falar mais, mas Ludovico o alcançou rapidamente e segurou em seu braço.

Ludovico: Noah....por favor....não faz isso....(Pediu humilde, querendo o acolher em seus braços, mas se contendo diante das recusas silenciosas de Noah).

Noah: (Levantou o seu rosto e encarou Ludovico).....Meus filhos estão mortos, vô....e ninguém melhor que o senhor para saber o que é isso....(Falou se referindo a morte dos filhos de Ludovico pelos humanos no passado, vendo o brilho dos olhos de Ludovico se apagarem naquela frase)....só que cada um sofre a seu modo....me deixe sofrer ao meu modo a morte de minha filha Margareth.

Ludovico: (Ficou com os olhos marejados, magoado)....Tudo bem...eu te respeito muito para insistir....mas não se afaste de mim...não se afaste de nós....só te peço isso.

Noah: Eu jamais me afastaria das pessoas que eu amo....jamais....(Viu o jeito de seu avô e se arrependeu de sua própria recusa)....e eu te amo muito vô....(Colocou a mão no ombro de Ludovico e saiu da sala).

Ludovico: (Disse para si mesmo, sozinho na sala)....Você já se afastou....(Saiu, amargurado).

 

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

 

Margareth continuava em sua cela, se entregando gradativamente a loucura, em meio as sombras das pessoas que passaram por sua vida, e lhe faziam companhia, na sua mente doente, que produzia diálogos intermináveis com as mesmas, sendo sempre observada pelos dois carcereiros, os vígias da masmorra, que em várias oportunidades, e por pura piedade, lhe jogavam algum alimento, fosse bolsas de sangue, quando conseguiam ou pequenos animais, como roedores que habitavam detrás das paredes mórbidas daquela torre, feita de prisão, de masmorra. Assim Margareth sobrevivia dia após dia, não sendo visitada por ninguém, mesmo que Ludovico se mantivesse a observando, em  idas esporádicas à cela, sempre se mantendo por detrás da imensa porta de ferro, e ela absorvida por sua própria escuridão, sequer se atentava para os olhos acinzentados que a olhavam com atenção através da portinhola. Ludovico fez até mesmo vistas grossas para o fato de Margareth está sendo alimentada clandestinamente, lançando apenas olhares de reprovação contida para seus seguranças, que entenderam perfeitamente o recado do mestre, de que sabia, mas preferia não noticiar sua ciência, por pura compaixão com a própria neta.

Estavam todos reunidos na sala de jantar do castelo, sentados à mesa, para se alimentarem, com o sangue servido nas taças que eram postas à disposição dos mesmos, na frente de cada um. A pequena parte da família dos puros, vinha acatando com louvor o ordenamento eterno de se reunirem em torno da mesa no jantar, com Ludovico a cabeceira, conversando baixo e descontraidamente com Sophie e com Noah, que somente acompanhava a tudo que era dito, concordando e discordando  de algo, sem grandes manifestações de animação com o assunto do casamento de Dean, apenas sendo o exemplo de boa educação que era, já que não tinha se findado o segundo dia, após a conversa que teve com Ludovico, não conseguindo assim ser nem mesmo o Noah tímido de sempre, ficando mais exilado em si mesmo, ainda. A mesa ainda contava com a presença de outros puros, incluindo Luca e Enzo, irmãos de Noah e Sophie, sendo Luca, o ex companheiro de Margareth, assim como seus filhos e suas companheiras atuais, tendo Ludovico os convidado para se juntarem no castelo, em busca dos parentes direto para ajudarem com os negócios, já que estava sem Castiel, por aqueles dias.

Ludovico sentiu a presença perturbadora de um dos funcionários do castelo em pé ao seu lado, querendo lhe falar de forma urgente. Ludovico fechou suas feições e apertou seus olhos, sentindo seu peito pesar, sua garganta se fechar em torno da palavras que ficaram suspensas sobre o assunto que desenvolvia  à mesa. Institivamente, olhou para Noah, se lamentando pelo que viria. Com lentidão, gesticulou para o transformado em pé, que passou a notícia que trazia para os ouvidos de Ludovico, em particular, sem nenhuma palavra para os demais, se retirando em seguida.

Noah percebeu a movimentação atípica e prestou toda sua atenção na figura de seu avô, que deitou seu olhar entristecido sobre a mesa.

Noah: Vô, o que aconteceu?....(Perguntou antevendo problemas na família e temendo por eles).

Ludovico: (Segurou na mão de Noah que estava sobre a mesa, e olhou de Noah para Sophie).....Noah, infelizmente....a Margareth.....(Pausou, com a mão de Noah sendo puxada violentamente de debaixo da sua própria).

Noah: (Se colocou de pé, nervoso, com lágrimas se formando no canto dos olhos).....Já era previsto, né mesmo?....(Deu a volta na mesa e segurou nos ombros de Sophie, que não tinha compreendido nada).

Sophie: O que foi, Noah....porque essa reação? O que tem a Margareth?....(Perguntou perdida no assunto subentendido entre os dois).

Todos pararam de falar e beber, e passaram a olhar para a cabeceira da mesa, onde os três estavam sentados, agora, com Noah e Ludovico em pé.

Noah: Vamos Sophie.....vamos para o nosso quarto...(Puxou a vampira amorosamente pela mão, a entrelaçando em seus dedos e a conduzindo para fora da sala de jantar, deixando um último olhar inexpressivo,  em meios as lágrimas,  para Ludovico).

Ludovico esperou ambos saírem da sala, e segurando as costas da sua cadeira, suspirou pesado, desviando o olhar para os puros a mesa.

Ludovico: Desculpem,  mas irei me retirar também, mas quero deixa-los cientes de que Margareth  morreu na cela dos traidores, onde vinha sendo mantida, e ao que tudo indica a mesma se matou....(Abaixou a cabeça com medo da reação dos puros, em talvez o culpar, mas todos mantiveram silêncio em respeito ao híbrido).....eu vou tomar algumas providências...(Saiu da sala de jantar, e aos tropeços foi para a porta de entrada do castelo).

Ludovico sabia que aquela seria sua última grande batalha, pelos muitos anos que teriam à frente, anos de paz que iriam solidificar sua família, porém a única expectativa que jamais poderia ter era, justamente, que sua última batalha fosse travada com Noah, que interpunha uma barreira entre eles, por causa das palavras de Margareth que o embutiram em culpa. O coração de Ludovico não podia estar em maior aflição que ver o sofrimento de Noah e ser impedido por ele mesmo, de o ajudar, tão diferentemente de quanto precisou e teve a ajuda do neto, mesmo sem pedir.

Sem imaginar as condições reais do suposto suicídio de Margareth, que sequer tinha meios para o cometer, na cela completamente vazia de móveis e objetos, Ludovico andou até o acesso para a masmorra, praticamente se arrastando, desolado, preocupado e mais uma vez, se sentindo sozinho, sem Noah, sem Dean, sem Castiel.

Ao adentrar na pequena cela, logo se deparou com o corpo de Margareth disposto no chão, com seus longos cabelos loiros espalhados em torno de sua cabeça e ombros. Seu cheiro era de podridão, apesar de o suicídio ter sido descoberto há menos de duas horas, o odor vinha do corpo da vampira, que mesmo em vida, já o exalava, devido a sujeira acumulada no corpo sem asseio, suas roupas estavam esfarrapadas e imundas, assim como se via, na sua pele do rosto. Ludovico parou sua busca pelo modo de suicídio, notando o pequeno artefato, feitos com ossos, cravado no coração de Margareth, provavelmente de alguns dos pequenos animais dados como alimentos pelos vigias, à ela. Os ossos estavam unidos por pedaços de tecido, que visivelmente era da blusa de Margareth, e cada um desses pequenos ossos possuía sua própria ponta afiada, que unidos tiveram a sustentação para perfurar o peito e atingir o coração da vampira, que já muito enfraquecida pela ausência do sangue humano, logo veio à óbito, deixando seu corpo cair, exatamente do modo em que encontrou para forçar o artefato contra si mesma, tendo ambas as mãos seguras ainda no objeto. Enfim, Margareth sucumbiu a sua própria tragédia e condenação ao exílio extremo.

Ludovico ordenou a limpeza do corpo e o preparo do mesmo para ser enterrado no mausoléu imponente que abrigava Benedict, ao lado de quem Margareth repousaria, por respeito e consideração ao netos amados Noah e Sophie, pois nada devia à própria defunta aos seus pés, trazendo em seu próprio peito a marca da estocada recebida pelas mãos da mesma. Não havia lamento por parte de Ludovico para com Margareth, mas havia a mais profunda tristeza por seu neto, que tanto lhe ajudou a se reerguer, e agora chorava a morte da filha. Ludovico sentia toda a culpa que Noah sentia, mas não sentia culpa por sua decisão com relação a Margareth, por isso tinha dado o arbítrio do destino da mesma para Noah, de modo que quando essa hora chegasse, não houvessem culpados, que não fosse a própria Margareth. E Noah, acima de tudo, era justo, e jamais daria liberdade a filha traidora.

Ludovico deixou a cela, sem olhar para trás, desejando nunca mais ter que presenciar o fim de um vampiro, puro ou transformado, daquele modo, preso naquela cela até a morte. Cumprimentou os vígias sem denotar nenhum tipo de reprovação para com os mesmos, já que o ato de fornecer alimento se tratava de compaixão, e não um meio  ardilosamente usado, para que a mente louca e perversa de Margareth criasse um objeto capaz de lhe tirar a própria vida, compactuando mais uma vez com Crowley, em sua covardia.

Ludovico saiu da masmorra para os ares da maresia libertadora, que limparam seus pulmões dos odores nauseantes da masmorra, e sem perceber seus atos, alçou voo, expondo suas frondosas asas, até a sacada do quarto de seus netos, querendo os observar e se pudesse, cuidar deles, naquela hora tão difícil.

Sophie estava deitada de lado na grande cama, vestida de um pijama aparentemente confortável em seu corpo pequeno, coberto até seus ombros, e ao seu lado, sentado numa cadeira, que tinha sido posta ao lado da cama, estava Noah, com a mão estendida, segurando firmemente na mão de Sophie, que dormia com o rosto alvo marcado por caminhos de lágrimas ressecadas.

Noah: (Não levantou a cabeça para notar a presença de Ludovico).....Eu lhe dei alguns calmantes para que ela dormisse....(Apontou para Sophie com a mão livre).....achei que seria o melhor para ela.....(Sorriu olhando o rosto bonito de sua esposa, arrumando uns fios de cabelos ao lado do mesmo).....ela parece tão frágil dormindo....mas a força dela é gigantesca.....aguentando a morte do segundo filho que perde....e ainda lutando....(Disse com admiração).

Ludovico: Eu sei que ela é.....assim como Liah foi para mim.....ela é sua fortaleza...continuem se amando assim...que tudo ficará bem....(Olhou carinhoso para ambos).

Noah: Sempre fica tudo bem.....(Falou com um tom quase imperceptível de sarcasmo).

Ludovico: Sim, sempre fica.....e não será diferente dessa vez....iremos superar....iremos ficar bem novamente....(Respondeu sem querer questionar o tom na voz de Noah).

Noah: Tem razão....agora é seguir com nossas vidas....ver a felicidade de Dean, para que possamos nos sentir inteiros de novo...(Falou olhando para o alto).....ninguém mais do que ele, dentre nós, merece ser mais feliz....(Sorriu fraco).....eu sabia que a morte de Margareth era inevitável, e fico aliviado que a mesma aconteceu agora, antes do casamento dele....não quero que nada estrague o momento dele com o seu amor verdadeiro....mas gostaria muito de poder ver o rosto do meu filho antes do enterro de Margareth....quero ter certeza de que ele ainda estará aqui quando dermos adeus definitivo a nossa segunda filha.

Ludovico: Irei pedir que ele venha, Noah.....espero que um dia você se sinta tão feliz quanto ele....você também merece...(Tentou reconfortar o neto).

Noah: (Acarinhou a mão de Sophie, com mais vontade)....Nós.....nós merecemos.

Ludovico concordou com a cabeça e saiu do quarto, já que Noah parecia estar se escondendo atrás das palavras mais uma vez, e preferiu o deixar sozinho com Sophie, para poder buscar a solidão que tanto queria para curar seus sentimentos.

 

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

 

Dean e Sam estavam sentados nas espreguiçadeiras da piscina, de frente para a grama verde, que se estendia por um longo pedaço de terra, analisando o tamanho do jardim, para saberem se caberia todos os puros naquele lugar, além da decoração que Sam desejava para o casamento.

Dean foi chamado no interior da mansão onde passou longos minutos, e voltou em seguida com o semblante pesado, e se sentou na mesma espreguiçadeira de Sam, chamando sua atenção.

Sam: Dean....o que foi, amor?....(Perguntou preocupado com Dean arrastando sua mão pelo próprio rosto sem parar).

Dean: Sam.....a Margareth morreu....se matou na cela......(Sam prontamente alisou as costas de Dean, o reconfortando).

Sam: Seu pai, Dean.....como ele está....e Sophie?

Dean: Minha mãe está aparentemente se recuperando....mas meu pai....(Pausou e suspirou).....meu avô disse como ele está....e desde que saiu daqui....ele já estava muito mal com tudo isso, com a traição.....mas agora com a morte de Margareth...parece que tudo piorou....ele está cada vez mais calado, e não se abre com ninguém.....(Falou sôfrego, tentando fazer com que Sam entendesse suas frases).....eu preciso ir até ele, Sam.....(Olhou para Sam).....eu preciso estar com eles....e ....o enterro de Margareth será amanhã, eu preciso ir hoje ainda.....(Se levantou pegando celular, já para providenciar as passagens).....vamos, amor....(Estendeu a mão para Sam se levantar).

Sam: (Encarou Dean)....Dean...eu acho melhor você ir sozinho....não acho que seu pai vá se sentir à vontade comigo lá, você precisa conversar com ele....e a Margareth era irmã de Benedict, vai ficar estranho eu ir nesse enterro....(Falou, esfregando uma mão na outra, nervoso).

Dean: Eu não concordo com você, nós vamos nos casar.....meus pais te conhecem....e gostam de você....os puros te conhecem....eu preciso de você ao meu lado, Sam.

Sam: Não, Dean, acho melhor não....(Olhou para Dean, vendo o olhar de decepção nele).

Dean: (Nervoso pela recusa de Sam).....Não vou insistir, sabe disso né?....(Falou indignado)......não tenho tempo para conversar com você agora.....nos falamos quando eu voltar.....(Saiu sem olhar para trás, com raiva pela atitude de Sam, sem calcular o motivo real da recusa).

Sam olhou em volta, triste pelo que tinha feito, mas ainda sentia medo dentro de si, e viajar com Dean poderia resultar em mais cobranças, ainda mais diante de sua família, e na situação em que estariam todos se encontrando novamente. Sam ficou petrificado com o receio de não ser aceito e de ser julgado pelos seus atos, naquele momento, em que não estavam mais em guerra, e não teve tempo sequer de conversar isso com Dean, mas o pânico, inexplicavelmente, cruzou seu peito e não conseguiria viajar com Dean daquela forma. Ficou no mesmo lugar, sem saber para onde ir, e sem saber o que pensar, já que não tinha tido a coragem para estar com Dean, naquele primeiro encontro com toda a família junta. Analisou tudo, em meio aos seus medos, apavorado com o que Ludovico iria pensar e como Dean iria reagir a sua atitude.

 

CONTINUA...


Notas Finais


Obrigada amigos por comentários tão lindos....
amo todos.

Muito obrigadaaaaa....bjssssssssssssssssssss


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...