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História Anomalia - Capítulo 29 - Tenho muitos motivos para ter medo.


Escrita por: Duda_104

Notas do Autor


Voltei!!!!

Este capítulo foi finalmente narrado pela Rae. Espero que gostem.

Boa leitura!!!! :) :D

Capítulo 30 - Capítulo 29 - Tenho muitos motivos para ter medo.


Fanfic / Fanfiction Anomalia - Capítulo 29 - Tenho muitos motivos para ter medo.

"Você pode não ter sido atigindo por um raio como eu fui, mas hoje você arriscou sua vida para salvar alguém que nem conhecia. Isso é ser herói, Barry." 

- Flash. 

***** 

Nos primeiros dias que conheci Joel, o interpretei como alguém ranzinza e de poucos amigos. E quando soube que era um lobisomem, tive mais medo ainda. 

Mas nos mostramos mais parecidos do que já somos; gostamos de ser reservados, escondemos o que realmente somos do resto do mundo, temos um grande "bom" humor e não nos damos muito bem na cozinha. 

Mas eu posso jurar pela cena em que o Han Solo atirou primeiro, Joel me dava medo naquela hora. Eu sei, coisa muito geek, não? Mas eu gosto. 

Ele gritou para nós dentro do carro o quanto somos loucos e idiotas. Estando no banco de carona da frente, do lado dele, é mais aterrorizante. Não tiro a razão dele de nos dar um sermão. Tecnicamente, ele é o nosso responsável perante aos acontecimentos em que estávamos envolvidos. Ele me olhava de vez em quando com uma certa raiva que me fazia sentir do tamanho de uma formiga e envergonhada. Não confiei nele. Fui contra as ordens dele achando que fazia o certo. Eu roubei dele, e esse é um hábito um tanto peculiar para mim. 

Mas eu queria poupa-lo. Sabe como é angustiante vê-lo tão preocupado? Às vezes da vontade de bater nele e manda-lo descansar um pouco. Contamos o que vimos e Kim foi obrigada a lhe entregar a filmadora. Jonas e Sue receberam uma ligação dos pais deles. Joel os deixou em frente à escola, já que os pais de Sue, Kim e Jonas estavam à espera deles. Ao saírem, olhei para eles e os mesmo retribuíram com um olhar de boa sorte. 

Ele deu partida e nos afastamos da escola. Ficamos num silêncio pesado. Fingi interesse na estrada pela janela do meu lado, e por um segundo vi uma coisa estranha. Joel parou em um semáforo e, quando já ia andar com o carro para frente, vi um garoto me observando. Devia ser da minha altura ou um pouco mais alto do que eu. Seus cabelos pretos lisos chegavam até a nuca. Estava de cabeça baixa mas me olhava por baixo do capuz. Mal conseguia descrever o seu rosto, pois este me era bem imperceptível. Usava um casaco branco sem zíper e uma calça preta. Suas mãos estavam no bolso da peça de cima. Eu sentia o olhar dele sobre mim e me deixou com calafrios. 

Por sorte, ele saiu de vista. 

— Você sabe bem pelo que estamos passando! — a voz de Joel soou séria. Eu o olhei instintivamente. — Não podemos nem contar com a polícia, Kim foi atacada e o pai de Sue é um idiota corrupto que pode chegar a ganhar as eleições! 

— Mas nós... 

— Eu não quero saber, Rae! — ele me interrompeu — Que ideia foi aquela? Irem para um celeiro abandonado sem ninguém? E sem me avisarem? 

— Nós já te falamos que... 

— Vindicta me quer longe para pegar vocês! — retrucou ele, de novo, me interrompendo — Raven, eu não treinei você, Jonas e Kim para... 

— Não me chame de Raven! — foi a minha vez de o interromper — Somos treinados por algum motivo, Joel! 

— Mas não para se suicidarem! Podiam estarem presos agora! 

— Mas não estamos! 

— Mas podiam estar! — Joel falou mais alto, quase gritando e me olhando por um minuto — E ainda por cima roubou de mim! Por que fizeram isso, Rae? Por que não... 

— Eu preferi fazer isso do que te cansar mais! 

— Cansar mais? — perguntou Joel. 

— Você não dorme, não come e anda muito distraído! Eu sei que não está bem! Eu sei que você está cansado! E isso tudo por minha causa... 

— Para não deixar vocês morrerem! 

— Mas eu não gosto de ver você assim! 

— Eu que não gosto de ver você fazendo isso! Será que dá para você pensar antes de agir? 

— O mesmo vale para você! 

— A discussão não é sobre mim, Raven! — ele gritou, parando o carro em frente à minha casa — A partir de agora é escola e casa! 

— O quê? Vai me privar de sair? 

— Não estou te privando! Estou te castigando! Seu padrasto pediu para que eu tomasse conta de você! — seus olhos encontraram os meus — Acha que Samuel gostaria de ver você fazendo isso? 

— Samuel não está mais com a gente! 

— Não! Não está! Mas ele não iria querer que fizesse uma coisa dessas! — retrucou ele com um tom de voz que chegava a incomodar meus ouvidos de tão alto que ele falava — Você vai atender todas as minhas ligações! Nada de mensagens, apenas ligações... 

— Que tal pôr logo uma câmera no meu quarto? 

Joel fez uma cara pensativa. 

— Boa ideia... 

— Você não é meu pai! — gritei. 

— Eu sou o seu responsável, Raven! E enquanto essa situação não se resolver, você não vai nem pôr o pé para fora! Podia ter se machucado! 

— Mas não me machuquei! Não sabe ao menos valorizar isso? 

— Valorizo que você não esteja morta agora! Se fizer isso de novo, eu tomo seu celular! Eu esperava que você fosse melhor do que isso... 

— Melhor do que isso? Eu descobri mais coisas do que você! 

— Mais coisas do que eu? — eu tinha falado impulsiva, e já me arrependi — Mais coisas do que eu, Raven? Você ousa falar isso? 

— N-Não foi bem assim... 

— E quem é que está trabalhando duro para deixar vocês protegidos? Quem está treinando vocês? 

— Você está nos treinando por alguma causa! 

— Não para serem burros como você foi! 

— Tá me chamando de burra? — se não fosse por estarmos dentro do carro, aposto que metade da rua já nos ouviria. 

— Sim, Raven! Você foi muito burra! Burra de achar que podia dar conta disso sozinha! Eu sou apenas um mentor para você? 

— Eu estava querendo te poupar de mais trabalho! 

— Não quero fazendo isso... 

— O quê? Te poupando de... 

— Não, Rae! Não me ajudou! Você me deixou mais preocupado do que já estou! — Joel me interrompeu. 

— Então esse é o seu plano? Me castigar? 

— Eu tenho esse poder sobre você! — eu não sabia distinguir se ele estava desapontado ou bravo comigo. 

— Não, Joel! Você não tem... — dessa vez meu tom de voz foi mais baixo do que o dele. 

— Ah é? E por que não? Eu sou seu tio! — ele disse lentamente, e desviei de novo meus olhos dos dele, mas Joel pegou meu braço, me fazendo me virar para ele — Samuel não está mais com a gente! Está me ouvindo? — pegou no meu queixo com um pouco mais de delicadeza do que a maneira de como segurava o volante, e me fez olhar para ele de novo. Seus olhos penetraram nos meus e se aproximou mais, falando mais calmo: — Ele não está mais aqui! Meu irmão não está mais aqui e queria que eu cuidasse de você! E é isso o que eu vou fazer! Se for necessário te por de castigo, eu faço! 

— Você não é... 

— E por que não, Raven? Me diz! 

— PORQUE VOCÊ NÃO ME ADOTOU, DROGA! — eu gritei o mais alto que podia. 

Me afastei dele, querendo ao máximo chorar. 

A razão de eu ter dito aquilo? Eu e Joel temos uma boa relação e vejo ele como uma figura paternal. Por que raios ele não me adota? Pode até ser meio intrometido de minha parte, mas ouvi uma conversa entre ele e meu padrasto, dias antes dele morrer, onde conversavam na sala e Samuel disse que, se acontecesse algo com ele, queria que Joel cuidasse de mim. Até me adotasse, por medo de Amanda me rejeitar por completo. Considero a casa de Joel como a minha. E ele sabe o desprezo que Amanda tem por mim e me lembro perfeitamente da conversa que os dois tiveram hoje cedo. 

Por que Joel está receoso com isso? Já nos damos bem! Ele não precisa trocar frauda alguma! Não sou intrometida, mas nessa hora eu cheguei no meu ápice e aquela frase estava guardada dentro de mim há muito tempo que alguém imagina. 

Ele me olhou tenso, como se já previsse que uma hora ou outra ele falasse aquilo, mas me olhou diferente ao ver que eu tinha os olhos já lacrimejados. A cada dia que se passa, eu penso mais que Joel não me vê do jeito que eu o vejo; como um pai. Será mesmo que ele só fica comigo para me proteger da radiação? Eu não queria acreditar nisso, mas meus nervos à flor da pele me diziam outra coisa. Ele podia até me amar, mas me amar mesmo como uma filha sua? Ou só uma simples garota com problemas para controlar sua radiação? 

— Rae... 

— Eu ouvi você falando com Samuel e com Amanda sobre me adotar! Você sabe que não sou feliz naquela casa! — voltei a gritar. — Você sempre me recebe na sua casa e às vezes me deixa dormir lá! Você... Sabe sobre minha radiação! Por que você não faz logo isso? 

— É mais difícil do que pensa... 

— O quê? Assinar papéis? Arranjar um quarto para mim? Pagar a minha escola? Eu te ajudo se for esse o caso! — senti uma lágrima prestes a escorrer — Se não quer, por que não falou para eles que não queria? Por que não falou nada? Você é que é o burro aqui! 

— Raven, eu não me dou bem com um papel de pai! E a conversa não é essa... 

— Então não seja o meu pai! Seja o meu tio e me deixe morar com você! — ele continuava sem falar nada, o que me angustiava muito — É só me dizer, Joel, que não me quer! E acabamos com isso! 

Ele parecia em dúvida do que falar. 

— Eu te amo! 

Quando falei aquilo, esperava falar para um garoto. No momento em que tomaria coragem para dizer aquilo. Mas eu falava aquilo para Joel, em uma tentativa de fazê-lo entender de que ele era mais do que um tio ou um lobisomem ranzinza. Ele era meu pai. E daí que ele não é responsável? Eu quero mesmo assim! Dane-se os que acharem ruim! 

— Eu só tenho você! 

Joel não sabia o que dizer. 

— Rae... Eu também só tenho você! Mas... Com tudo que está acontecendo, não dá... 

— Nós já estamos em perigo! 

— Mas eu não sirvo para isso! — devolveu ele — Você ficará bem morando com Amanda! E não pense que me esqueci que estou bravo com você! 

Eu balancei a cabeça. Não concordando com ele, mas sim aceitando o fato de que isso era impossível. 

— Mas você sempre me vê, Rae! Sempre vem para a minha casa... 

— Esqueça! — disse abrindo a porta e pondo a mochila nos ombros. — Eu não quero saber! 

— Rae... 

— Eu não quero saber! 

— Eu estou falando, e você ouve! — ele aumentou o tom de voz. Mas pus o corpo para fora — Raven, estou falando com você... 

— Me deixa em paz, Joel! — gritei — Eu não vou obrigar você a fazer isso! 

Bati a porta com toda a força que tinha e contornei o carro. Enquanto entrava em casa, limpei as lágrimas com as costas das mãos e me tranquei no meu quarto. Onde eu estava com a cabeça? Eu fui muito estúpida! Bem, parece que sou destinada a fazer besteiras. 

*** 

Demorei para dormir e, para piorar, tive um sonho esquisito. 

Eu estava numa sala desconhecida aos meus olhos. Era toda branca e os móveis e objetos do local estão totalmente borrados. Por algum motivo, eu sabia que alguém me esperava. E essa pessoa entrou no cômodo. Não conseguia ver o rosto dele, mas se aproximou o bastante de mim e tocou no meu rosto. 

— Aí está você, Raven! — ele parecia satisfeito. O toque dele me deu conforto e uma sensação boa. — Sua mas já está preocupada! Não é para você se afastar dela! 

Parecia que eu não tinha voz, pois não o questionei. Peguei a sua mão sem hesitar, como se ela fosse meu escudo. Um vulto passou num corredor atrás dele. 

 — Ei, não fica assustada, Rae! — a pessoa se ajoelhou. — Não tem o que ter medo! 

Aquela frase se repetiu inúmeras vezes. Não tem o que ter medo. Claro, por querer medo? Tem monstros, coelhos assassinos e coisas querendo nos matar. Eu vou ser mais corajosa e forte que o Chuck Norris. 

Mas por que aquela frase me era tão familiar? 

E como ele sabia o meu nome? 

*** 

Às vezes queria que determinadas emoções fossem postas em uma sala coberta por titânio. 

Pelo que soube até começar a aula de matemática, parece que fizeram algo com o armário de Melanie. E nem quero saber. Sei bem com o pessoal dessa escola lida com bullying. Kim pesquisou na internet sobre as matérias dos jornais que vimos. E Owen a ajudou. Já Sue, ela se propôs a investigar sobre os pais dela. Eu nunca pensei que esse "clube" fosse tão grande assim. O que era uma coisa que apenas eu e Joel sabíamos, em um dia se tornou nós dois, Kim e Jonas. Depois foi Sue. Katie, Luke e Michael descobriram também. Em seguida, Owen e Melanie. E sem contar com Alice e David que querem entrar de penetra. 

A essa altura, não sei se me prontifico como "a garota reservada e fechada". Por mais que eu não goste de entrosamento, eles são muito úteis. Não sei mais o que está acontecendo. 

Bem, falando no nosso "clube", Michael e Katie brotaram atrás de mim e se sentaram um em cada lado, como se me cercassem e não deixassem outra opção a não ser falar com eles. Os mesmos me tiraram dos devaneios. 

— Oi! — cumprimentou os dois. Ao vê-los falando comigo, já me sinto mais... Sociável. Eu não estou bem! 

— Oi! — o meu foi mais cabisbaixo. 

— Eu vi Joel deixando você, Jonas, Kim e Sue na escola ontem! — alegou Katie — Tá tudo bem? 

— Não — minha honestidade falou mais alto — Só tivemos uma pequena discussão! 

— Desculpa ser intrometida, mas é sobre... 

— Sim! — eu sabia do que ela estava falando. Katie e Michael se entreolharam. 

— E o que aconteceu? 

Olhei para ele com súplica. Saquei o que estavam fazendo. Tentando se aproximar de mim. 'Não é da sua conta' seria a resposta perfeita e estava prendida na minha garganta, mas me lembrei do que Jonas disse. Se estão puxando papo comigo, devo deixar ser levada por eles. Mas não faço a mínima ideia de como fazer aquilo. 

Expliquei a eles o que aconteceu, sem saída. 

— Vocês são loucos? — exclamou Michael boquiaberto. 

Claro que não falei da parte em que descobríamos que o professor Oliver Queen era na verdade um morto-vivo. Apenas contei a parte em que descobríamos os heróis. 

— Ah, vocês também não — resmunguei — Joel me deu o maior sermão e brigamos! Digo, brigamos feio! 

Senti alguém tocando no meu ombro em sinal de conforto. Pensei ser Michael, mas era Katie. 

— É normal isso! Vocês se acertam alguma hora! — ela me tranquilizou — Devia ver as brigas que tenho com o meu pai! 

— Devia mesmo! — o comentário de Michael me fez sorrir. — Melhor do que novela mexicana! 

— Não é pra tanto assim, Mike! 

— Não? Ele quase te matou quando você fugiu de casa para assistir um filme de terror com suas amigas! Ou quando foi a festa fantasia do pessoal da escola! 

— Foi uma briga suave! Nada de demais! 

— O "briga suave" dela quer dizer castigo e treinos de luta corpo-a-corpo todo dia depois da escola! — Michael cochichou para mim e eu deu uma risada discreta, ignorando o fato do "professor" castigar os filhos com treinos. — Bem, tive sorte de nunca passar por isso! 

— Ele mora com... A tia dele — Katie hesitou em falar. 

— Eu posso até te matado o presidente, meu pai não vai dar a mínima! 

— Mas ele... — eu não sabia o que dizer, pois aquilo ainda me era uma incógnita sobre os pais dele. 

— Meu pai é um ex criminoso que ganha a vida longe de mim! — ele bufou. 

O celular dele tocou. Seja lá quem era que ele foi atender, era alguém indesejado pela sua cara. 

— É complicado! — Katie falou do meu lado — Ele não gosta de falar disso! 

— Não gosta? Ele me falou isso na primeira vez que nos conhecemos! 

Ela riu. 

— Ele tem seu jeito diferente de começar uma conversa! 

— É, percebi! — falei irônica. 

— Bem, os nossos pais são bem diferentes... — murmurou ela como se aquela frase tivesse duplo sentido. 



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