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História Anomalia - Capítulo 38 - O monstro de terno impecável.


Escrita por: Duda_104

Capítulo 39 - Capítulo 38 - O monstro de terno impecável.


Fanfic / Fanfiction Anomalia - Capítulo 38 - O monstro de terno impecável.

 

 

Jonas sabia desde o início duas coisas. Primeira; Rae e Kim seriam motivos de murmúrios da semana na escola. Segunda; seus amigos saberiam sobre seu autismo. 

Ouviu no meio da aula de literatura, uma das poucas da qual Jonas prestava atenção em pelo menos meia hora da aula e lhe prendia interesse no assunto, do que determinada pessoa falou delas. Uns culpavam-a do que acontecia e estar envolvida no trote, outros diziam que ela estava sendo perseguida e que se fosse ela faria uma quarentena ao redor da casa (Jonas já cogitou essa ideia no quarto dele), e o resto acha que ela só quer chamar atenção. Essa é a explicação mas usada hoje em dia. 

Já Kim, ela foi chamada de CDF Mãos de Superman. Um nome até engraçado. Christopher ganhou um olho roxo e uma marca preenchia uma pequena parte da bochecha de Sharon. Kim até gostou, pois era melhor do que CDF exibida, mas sabia que não deveria confiar demais nas pessoas que diziam que ela acabou com Sharon e Christopher. 

O diretor conversou com as duas, e Rae deu a mesma desculpa que deu aos policiais. Kim foi poupada graças ao seu comportamento exemplar e boa aluna, ganhando apenas uma advertência. Ela tinha problemas maiores. Quando se encontrou com ela, Rae e Owen, disse-lhe que iria tirar fotos para o site do concurso de beleza. Ela não escondeu seu desânimo. 

A parte mais difícil foi fingir que eles nem se lembravam de seu autismo. 

— Terra para Jonas! 

Em um sobressalto, Jonas voltou a realidade, infelizmente. Desviou seus pensamentos do relógio que mexia e olhou para Rae. 

— Onde está seu livro de literatura? 

— Lá na sala de artes. Eu esqueci ele... 

Rae o chamou para irem lá. Iriam fazer uma atividade juntos. Tinham de levar o livro para a aula de amanhã. Entraram na sala de artes, procurando o livro pelas carteiras. 

— Foi aqui onde você e Sue os viram? 

— Sim — respondeu-lhe Jonas enquanto conversavam sobre os assassinos mascarados que viram — Vi o Eyeless Jack do lado de fora — apontou para a direção de onde viu — E o morcego atrás da porta. 

— Vai ver só querem nos assustar! 

— Está funcionando — suspirou Jonas — Eu achava que estava alucinando. Eu... 

Ele segurou a língua, percebendo que iria falar coisa que não queria falar. Mas foi tarde demais. 

— O que? 

Rae se aproximou dele. 

— Eu achava que era tudo da minha cabeça. Desde o início. Desde a noite em que aquele vampiro apareceu... 

— Ah, entendi... 

Os dois ficaram em silêncio. 

— Por que isso te incomoda tanto? — Rae tomou coragem para perguntar. — Eu sei que eu não entendo, mas... 

— Eu tenho problemas de ansiedade — revelou ele — Eu fico acordando de repente toda noite, e aquele homem de terno e branco fica passando toda hora na minha cabeça... Eu estou ficando louco. 

Jonas a olhou. 

— Eu estou ficando completamente louco. 

Ele desviou os olhos dela, suspirando fundo. 

— Então eu também estou ficando louca. 

Jonas riu baixo dando de ombros. 

— Eu já sou um nada na vida, e agora sou louco. — disse sorrindo de deboche. 

— Então também sou um nada na vida — persistiu Rae — É basicamente o que os amigos fazem, eu acho... 

— Estarem na pior com o amigo? 

Rae riu. 

— Acho que sim — virou o rosto para ele — E você é meu amigo. 

Jonas fitou ela abrindo um sorriso. 

— Eu não acho você louco. Tudo que estamos passando é uma loucura. 

— Obrigada Rae. 

Os dois dirigiram um sorriso um ao outro. Jonas por um minuto se esqueceu do seu autismo. 

Ele já superara aquilo. Seu psicólogo disse que ele poderia levar uma vida normal como uma pessoa normal, já que seu grau de autismo é mais baixo... Atualmente. Na época em que descobrira e um pouco depois de acordar do coma, ele desenvolvia os sintomas. Não falava com ninguém, mal conseguia falar, de repente apertava a mão de um colega seu em sinal de cumprimento no meio da aula, gritava toda noite, corria pela casa feito um louco... Tempos difíceis. Sem falar do seu transtorno de ansiedade em situações como essa — antigamente sendo quando apresentava trabalhos, ia para a diretoria e ao receber as notas. 

O relógio era como se fosse um apego. O fazia se lembrar de que poderia ter uma vida normal. Não sabia explicar isso direito. 

*** 

Finalmente o sinal já havia tocado. Jonas pegou sua mochila e saiu o mais rápido possível da sala, onde antes havia aula de álgebra. 

Não havia alívio maior do que estar fora da escola. Infelizmente Christopher e Hannah não o esperaram e foram para casa com Edward. Logo receberia uma bronca por ter demorado tanto. Christopher não estava lá bom com ele, e nunca esteve. Mas depois do que teve com Kim, ele não falava com Jonas. Apenas lhe dirigia um olhar ameaçador. Caminhando apressado pela calçada, sem querer se esbarrar em um assassino, viu um carro passando em velocidade média, tendo tempo de ver Kim dentro dele. Caminhou ainda mais rápido ao sentir calafrios de repente, sendo que estava apenas nublado, sem vento e agasalhado com um casaco azul claro. Pôs o capuz e as mãos no bolso. 

Um pressentimento ruim tomou conta dele. Como se fosse um aviso de que algo estava prestes a vir. Seu relógio ficou mais pesado. Jonas segurou-o dentro do bolso do casaco, até que ouviu um chiado. Balançou a cabeça inutilmente. O chiado continuava. Um formigamento lhe veio e com ele, uma imagem branca tampando seus olhos. Foi a deixa para Jonas correr. Percebeu que não havia nenhuma testemunha ali para ajudá-lo. O chiado de repente ficou mais alto ao ponto de fazê-lo parar e se curvar. 

E parou. Tudo ficou normal de volta. Mas Jonas sabia de alguma forma de que aquilo não acabou. Seu relógio esfriava. Pegou-o olhando ao redor pronto para correr, mas uma figura o fez ficar paralisado. 

Ele podia vê-lo claramente do outro lado da rua, ao lado da árvore na calçada quase despercebido graças ao seu corpo esguio e magro. A estranha figura que vira há dias atrás. Jonas teve pesadelos com ele, alguns reais até demais. E dali podia vê-lo melhor. Não tinha rosto, e sim uma cabeça branca e lisa. O terno impecável. 

Mais de três metros de altura, os membros super longos capazes de abraçar milhares de pessoas. De suas costas ele viu algo preto, como se fossem tentáculos. Jonas se perguntou se não tinha como ficar mais estranho do que já está. 

Aquela entidade o hipnotizava. Como se estivesse colado no chão. Seu relógio esfriou mais e com o peso de um chumbo. Jonas não sabia como conseguia segurar aquilo. Ele basicamente ignorava os "avisos" que o relógio lhe dava. O chiado voltou, e a entidade desapareceu num piscar de olhos. Jonas já ia fazer suas teorias mentalmente quando o viu "teleportando-se" na sua frente. Ele gritou, lógico, e recuou para trás, mas não correu. 

As memórias já vinham. De repente um pensamento lhe veio; ele sabia o que era aquilo mas as palavras não surgiam, como se estivesse enfeitiçado a esquecê-las. Será que a Vindicta foi capaz disso? A entidade ergueu a mão para tocar no ombro de Jonas, mas este tomou coragem para correr. Gritou o mais alto que podia, mas não passou de três metros de distância e uma mão branca e grande pegou na sua cintura. Ele parou de gritar por não ter mais um fio de voz saindo de tão nervoso que estava. Respirava ofegantemente enquanto ele puxava-o de volta. Jonas não teve tempo de pegar sal ou a faca que levava na sua mochila por precaução. A mão branca tocou na sua cabeça, bloqueando sua visão e fazendo-o gritar. 

Foi nessa hora que o nome lhe veio. Slender Man. Um minuto depois, nenhum rastro jazia na calçada onde Jonas seguia para voltar para casa. 

*** 

— Rae, já chega! 

— Eu quero saber de mais! 

Joel suspirou profundamente sem tirar a atenção do trânsito. Lhe irritava essa teimosia dela. 

— Só conversamos e a levei para casa. Pronto. — resumiu ele pela milésima vez. 

— Quando vai ser o próximo? 

Joel a olhou rapidamente e se irritou, voltando a olhar para frente. 

— Daqui a dois dias. 

— Vai com calma... 

— Chega, Rae — disse Joel tentando tirar as expectativas dela. — Eu tenho outras coisas para resolver. E ela também. Trabalhamos na polícia, e você sabe como está lá! 

— Quer dizer, com o xerife Kevin? — supôs ela — Por que o odeia tanto? 

— Eu não odeio. Só não vou com a cara dele — ele falou como se fosse algo simples — Acharam um vídeo suspeito hoje que indica algo dos desaparecimentos. 

Rae de repente viu o semblante dele tentando esconder a preocupação. 

— Joel... O que tinha no vídeo. 

Demorou para responder, como se uma batalha estivesse dentro de si sobre dizer ou não dizer. Ele parou em um semáforo, cinco carros na frente dele, e olhou-a. 

— Só falo isso para prevenir você, Kim e Jonas — disse ele pegando algo do bolso. — Eu não devia ter feito isso, mas você sabe como a coisa funciona. 

— Você roubou? 

— Não! Eu só copiei o vídeo num pen-drive — explicou ele. Rae pegou o notebook dele no banco de trás e viu o vídeo. 

As pessoas corriam de algo em meio a floresta de noite. No último segundo deu para ver um homem alto até demais, e a câmera falhou. 

— Wendigo? 

— Não. Wendigos não seriam pegos pela câmera tão facilmente assim — teorizou ele. 

— Então o que seria? 

Joel pegou um livro pequeno. Rae abriu na página marcada, aparecendo o desenho de uma criatura extremamente magra. 

— Slen... — Rae espremeu os olhos. 

— Slender Man — completou ele. — Há histórias sobre ele na internet e é muito conhecido. 

— Acha que ele é responsável pelos desaparecimentos? — haviam poucas informações sobre ele. Apenas a aparência e o que faz com as vítimas — Aqui diz que ele tira os órgãos das vítimas... Em casos raros põe as pessoas no alto de um pinheiro com o corpo preso sobre o galho... 

— E sequestra crianças — acrescentou — Tudo isso aconteceu nesses dias. Ainda acho que haja Wendigos, mas ele... 

— Vindicta o mandou? 

— Slender Man não é de aceitar ajuda de bruxas. Costuma trabalhar sozinho, ou usando os Proxys. 

— Proxys? 

— Tem muita coisa para dizer — Joel olhou envolta — Mas sei que ele tem algumas afiliações com outras... Coisas. 

Rae achava aquilo misterioso. 

— Que tipo de coisas? — perguntou ela — Joel, posso te fazer uma pergunta? 

— Isso já é uma pergunta! 

— Por que você teve medo quando Jonas e Owen falaram naquele dia sobre creepypastas? 

— Eu não fiquei...

— Não tem nenhum problema com isso. Mas eu queria saber o porquê! 

— Aconteceu uma coisa comigo quando criança — Joel se viu sem saída. Rae endireitou o corpo. Joel não gostava muito de falar sobre sua infância. Não que esta tenha sido ruim. Muito pelo contrário. 

— Tem algo que você não me contou? 

Ele a olhou apreensivo. 

— Foi há muito tempo atrás e eu queria esquecer. 

— Joel... 

— Nada de demais... 

— Joel — Rae foi mais severa. — Me fale! 

— Rae... 

— Foi com o Slender Man? Teve a ver com ele? 

— Não! Não com ele! 

— Então o que foi? Se quer me ajudar, então deixa eu te ajudar também! 

— Não há nada que você possa fazer! 

— Só quero que me conte — insistiu ela. Joel suspirou — Foi algo sobrenatural? 

Joel bufou frustrado. 

— Já ouviu falar em um cara chamado... Jef... Eu não me lembro agora — ele estranhou, mas continuou. — Digamos que teve uma... Pessoa nem um pouco agradável que me visitou nas férias que eu fiz com meus pais em um lago... E que não acabou muito bem. 

Quando ele a olhou, Rae estava atenta. Abriu a boca para confessar, mas suas pupilas dilataram a partir de um som estranho que só ele poderia ter ouvido com seus instintos de lobisomem. 

Olhou para fora, vendo apenas o tempo nublado. Fungou três vezes, sentindo um cheiro fresco. 

— O que foi? 

Ele levantou a mão num sinal para ela esperar um pouco. Rae o obedeceu, sabendo que seria algo estranho para deixá-lo assim. Joel sentiu um cheiro fresco de... Sangue. Sua respiração ofegante... 

A pessoa, sabendo que Joel a ouviria, disse baixinho: 

— Olá Joel! 

Um arrepio chegou nele. Uma voz que há muito tempo não ouvia. Uma voz que esteve presente nos seus piores pesadelos, quando contava o que aconteceu a polícia e ao psicólogo. Uma voz que não estava longe dali. 

O semáforo ficou verde e os carros seguiram em frente. Joel pisou no acelerador e saiu em disparada. Os carros tomaram direções diferentes enquanto Joel avançava em alta velocidade, recebendo algumas buzinadas. 

— Ficou maluco? Quase batemos... 

— Pegue sua arma! 

Ela arqueou a sobrancelha. 

— Agora! 

Rae pegou debaixo do banco de trás duas escopetas, onde Joel as mantinham escondidas para emergências. Joel pegou bruto uma delas das mãos de Rae. Esta recarregou uma. 

— Quem está nos seguindo? Slender... 

— Não fale o nome dele — mandou Joel — Não fale o nome dele em voz alta! 

— Joel... 

— Não tenho tempo pra explicar, Rae! Apenas segure a escopeta firme! 

Ela assentiu com a cabeça. Mas a angustiava não saber do que estavam fugindo. 

— É a Alcateia? 

— Quem dera que fosse — suspirou ele. 

— Então quem... 

— Rae, cala a boca! 

Rae sentiu culpa, mas a culpa deu lugar a raiva. Só um nome era do que precisava. 

— Ele ainda está atrás de nós? 

— Eu não sei! Mas não vou parar para ver! 

Aquilo a impressionou. 

— Quem no mundo te deixaria desse jeito, Joel? 

Joel olhou para ela um segundo, irritado e segurando o volante firmemente fazendo movimentos bruscos. 

— Jeff, the killer! — ele praticamente gritou. 

Rae teve um Deja vu. Aquele nome não era desconhecido para ela. 

— Eu já ouvi falar dele, mas não sei... 

— Ele me pegou quando criança. Ele tentou me matar e machucou meus pais. 

— Ele estaria com Slender Man? E por que... 

— Rae, segure a escopeta firme! 

Bufou baixinho e fez o que ele pediu. Quando virou a curva para uma rua vazia, Joel e Rae viram duas pessoas naquela rua, no momento em que o celular de Rae toca. Uma ligação de Kim. Estranhou, pois às 14:35 estaria tirando fotos para o concurso. 

Uma delas era um garotinho de aproximadamente cinco anos de idade. Ele falava com uma pessoa agachada. Esta estava com um capuz cobrindo seu rosto. Tocou no seu ombro, mantendo-o parado ali. Os dois olharam para o carro de Joel se aproximando. Em poucos metros prestes a bater, por mais que Joel quisesse atropela-lo, o garotinho era inocente. 

— JOEL! — gritou Rae quando viu os dois. 

Joel girou o volante, indo para a direita e batendo contra latas de lixo e um poste. Rae não sabia o que aconteceu, mas sentiu o carro capotar duas vezes. 

Segundos depois ela abriu os olhos tonta. Joel, do seu lado, protegia-a do airbag com o braço. Ele também estava do mesmo estado, mas inconsciente. Alguém abriu a porta do seu lado. A sombra do garoto a cobriu, só tendo tempo de ver seu casaco branco com uma mancha de sangue e uma faca na sua mão. Rae levantou o rosto, não conseguindo vê-lo melhor. Tentou segurar a escopeta, mas o garoto a abaixou tranquilo e aproximou sua boca de seu ouvido. 

— Vá dormir!



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