E então, janeiro chegou. Eu estava contando os dias para a minha primeira apresentação no The Voice, mas não sabia que ela iria chegar tão cedo. No dia 10 de janeiro eu estava no carro com minha mãe e com Luana a caminho dos estúdios com um milhão de documentos nas mãos para provar que éramos nós mesmas.
Coloquei o pé dentro do set de filmagem e tentei controlar minha respiração. Olhei ao redor, para aquele teto cheio de fios e vigas e câmeras em todo lugar e por um momento me imaginei atriz. Viver aqui todos os dias deve ser o máximo.
– Estúdio B, por favor. – disse o homem que nos guiava, eu não sabia o nome dele.
Entramos no estúdio e ele disse:
– Vocês duas participantes venham comigo para eu colocar o crachá de vocês, e a mamãe fica a plateia, ok?
– Boa sorte, meninas! Tomara que todos virem para vocês!
Ela deu um beijo em casa uma e foi guiada por outro carinha até a frente do estúdio.
Crachás com nossos nomes foram colocados em nossas roupas, um microfone foi dado a cada uma e nos juntamos a outras pessoas que participariam. Todos ali pareciam ter mais de 18 anos.
– Será por ordem alfabética a chamada, se preparem! – nos foi avisado – Entrarão em 3 minutos.
Foi os três minutos mais rápidos da minha vida.
– Annelise!
Uma garota alta, loira e de olhos azuis passou por nós até o palco. Meu coração batia forte. Será que algum deles viraria para ela?
Silêncio.
E então ela começou a cantar.
Eles tinham que virar! Tinham que virar para ela!
Tudo era televisionado para nós, e quando o Mr.Brown virou, todos aplaudiram.
Fechei os olhos e pedi mentalmente para que, se fosse apenas um que viraria para mim, que fosse o Victor e Leo.
A garota foi para o time dele, enquanto todos aplaudiam, o guia disse o nome da próxima.
– Beatriz!
Ela acabou indo parar no time da Cláudia Leitte.
– Emanuelle!
Dois viraram para essa. Ivete e Cláudia, mas ela escolheu Ivete.
– Giulia!
Todos viraram para essa garota. A voz dela era realmente ótima, eu só não gostei do jeito que ela olhava para as pessoas. De cima. Com um ar de superioridade.
Ela escolheu Victor e Leo.
Fiquei com uma pontinha de inveja.
Ok, muita inveja.
– Isabela!
Sou eu! Obriguei meus pés a andarem e entrei no estúdio.
Silêncio.
Demorei uns dois segundos para perceber que estavam me esperando cantar. E se eu fizesse algo errado?
Levantei o microfone. Abri a boca.
No primeiro verso de Love me or live me, da Little Mix, eu ainda estava insegura.
E se ninguém virasse? E se eu vim aqui por nada?
"Você é perfeita cantando" – o Anônimo me disse uma vez.
"Todos vão virar para você! Eu vou ver ao vivo, me imagine do seu lado, cantando junto"
Foi o que eu fiz.
No refrão, soltei a voz como nunca havia feito em casa enquanto cantava para as paredes. Soltei a voz de verdade.
Ivete virou.
No final do refrão, Cláudia virou.
Fechei os olhos, aliviada.
Quase no fim da segunda parte, Mr.Brown virou, e eu já está conformada de que todos virariam, menos o que eu queria.
Na última palavra da última frase da última melodia, Victor e Leo viraram a cadeira.
Todos viraram. Todos eles...
Thiago Leifert veio até mim.
– Todos viraram, Isabella – ele riu – Tem que escolher um agora.
Era agora.
– Victor e Leo.
O pessoal aplaudiu.
– Só porque são bonitos! – gritou Mr.Brown – NÃO VALE.
Ah, filho, vale sim. O se vale.
Eles vieram me cumprimentar no palco. Óbvio que morro de vergonha, mas... O que eu podia fazer?
– Você tem uma voz incrível, Isabela. – disse Victor – Sua variação de timbres é enorme.
– Sim. No começo sua voz foi mais grave, depois no refrão, você conseguiu atingir notas agudas, e foi excelente. Parabéns.
– Obrigada.
– Nossa nova participante do The Voice Brasil! Isabela Martinez! – gritou Thiago e todos aplaudiram.
Voltei para a os bastidores e fui abraçada por umas pessoas que nem conhecia. Minha prima foi uma delas.
– Você conseguiu! Mana, você tá dentro!
– Você também vai estar, sua doida.
Logo foi a vez dela. Ficou no no time da Ivete.
Mais umas pessoas e a as audições às cegas haviam acabado.
Thiago encerrou o programa e veio falar conosco.
– Pessoal, parabéns a todos, e como nem todos os times estão formados, precisaremos de outra audição para completar, essa audição será semana que vem. Dia 17. Essa semana,vocês vão ter três aulas com seus técnicos. E dia 21, que é um domingo, queria vocês aqui de novo. Aí vai começar a competição. Entenderam?
– Sim.
Eu dei graças a Deus. Só teria que voltar lá dali a duas semanas. Se fosse semana que vem, eu estaria perdida! É o show!
Saímos de lá e fomos comemorar. Nós duas havíamos passado.
Minha mãe nos levou ao McDonald's e depois ao shopping. Foi um dia bom.
Ótimo, na verdade.
Agora que a euforia do The Voice havia passado, foi que caiu minha ficha de que só faltavam 6 dias para o show. E 7 dias para o meu aniversário.
Eu vou conhecer o anônimo!!!
Ele me mandou mensagem momentos depois.
A semana passou voando, quando vi já era sexta-feira e eu, meu pai, e a Luana estávamos no carro rumo a são Paulo de novo. O show seria sábado.
Pegamos muito trânsito, mas chegamos na casa da minha tia antes de completar 5 horas de viagem. Sem trânsito seria 2.
Acordamos no sábado morrendo de ansiedade. Almoçamos e já fomos para a fila do Morumbi, que estava enorme.
– Vamos entrar amanhã. – falou Luana.
– Até que tá andando rápido, vem.
E fomos. Nossos lugares eram na área VIP. Do lado da plataforma que eles pediram para construir que ia do palco, que era lá no fundo, até o meio do campo, para que eles pudessem caminhar por ali.
– TA QUASE NA HORA! COLOCA ESSA CAMISETA! – Luana gritou. O estádio estava começando a encher.
Lá fora, nós compramos camisetas, bandeiras, pulseiras e colares da 1D. Até meu pai tava com uma bandeira nas costas.
Coloquei a camiseta deles por cima da que eu estava. A gente estava muito perto do palco.
– CINCO MINUTOS.
"Me diz o local exato onde está" – era uma mensagem do anônimo.
"Lugar 55, à minha esquerda do palco. Área VIP" – respondi.
Tentei me distrair com outras coisas, mas eu ficava remoendo "5 minutos" em minha cabeça e eu percebi que até aquela hora não havia visto o anônimo.
– SÃO PAULO ARE YOU READY???? – ouvi a voz do meu bebê 2. Louis.
Mas ele não estava no palco.
Gritos ensurdecedores emanavam das meninas.
– FIVE SECONDS, COUNT IT WITH US!! – era a voz do meu bebê 3 – Niall.
– FIVE!
– FOUR!
– THREE!
– TWO!
– ONE!
– WE PUSH!
E então eles entraram no palco correndo.
Primeiro Liam, depois Louis, Niall e por fim, Harry.
Quando ele entrou, meu coração começou a bater no ritmo dos gritos que eram lançados a eles.
Eu realmente estou aqui.
Harry está na minha frente. Ele está realmente aqui.
A ordem crescente de distância de mim que eles estavam posicionados era Harry, Niall, Louis e Liam. Ou seja, Harry estava muito perto de mim.
Ele olhou para a plateia. Para baixo. Acenou e sorriu.
"Hello" – ele disse com os lábios, sem voz.
Só então percebi que ele estava falando comigo.
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