1. Spirit Fanfics >
  2. Anonymous -Criminal Life Sequel >
  3. Vinte e Um

História Anonymous -Criminal Life Sequel - Vinte e Um


Escrita por: fab4styles

Capítulo 27 - Vinte e Um


Eu nem cheguei a contar ao Jason sobre a verdade de quem mandou matar o Logan.

E ele agora estava aqui à minha frente, em carne e osso.

Não conseguia evitar em sentir um pouco de raiva dele por aquilo que ele fazia à mãe do Jason e por também lhe ter causado marcas a ele. Se o Jason é como é, deve-o ao pai.

Este homem nem é um pai, é um monstro.

Vi-me obrigada a reagir à sua presença antes de acharem que o gato me tinha comigo a lingua “É verdade.” ri leve e forçadamente “O meu pai também nunca me falou de si.”

Dirigi o olhar para o meu pai que permanecia calado e ainda no mesmo sitio. Quando o Jeremy olhou para ele, ele riu-se também. O meu pai ia ter tanto mas tanto que explicar.

“Ah desculpa Nora, esta é a minha mulher. Karen.”

Quem visse a maneira como ele olhava para a sua atual mulher, não diria que quase matava a anterior à pancada. Será que a Karen sabia disso?

Quais eram as probabilidades de ele ter mudado e conseguido construir uma familia? Eram quase nulas, de acordo com o que penso. Não vejo isso a acontecer porque se ele tivesse mudado, tinha ido à procura do filho e da ex-mulher para algum tipo de perdão, não se tinha metido com outra. De certo modo, o Jason transmitiu-me alguma raiva quanto ao Jeremy mesmo antes de eu o ver. O simples facto de saber que ele foi a pessoa que mais o magoou já me deixava passada.

A mulher sorriu-me e eu vi-me obrigada a cumprimentá-la também com um sorriso “Prazer em conhecê-la.”

“É todo meu.”

“Será que as vossas conversas têm sempre de ser tão chatas?” o Dean revirou os olhos ainda a agarrar o seu telemóvel nas mãos “Vou para o meu quarto.”

Ele começou a subir as escadas e desta vez quem o repreendeu foi o meu pai “Dean Montgomery, desce já as escadas e pede desculpa!”

Mas o meu irmão não o ouviu e fechou a porta do quarto com força. Ou pelo menos fingiu que não ouviu. Não conseguia entender de onde tinha vindo toda aquela raiva, ele já tinha ultrapassado a morte da minha mãe. Ele só se revoltou desta maneira, há uns meses para cá mas porquê?

O ambiente tornou-se constrangedor com o desrespeito que o Dean teve pelo pai. A gargalhada do Jeremy cortou o silêncio e tudo o que imaginei foi esse mesmo som depois de ele bater com um sinto num pobre rapaz de nove anos. A minha pele arrepeou-se. A gargalhada dele era fraca, mas na minha cabeça soou pior.

“É normal. É um adolescente, está na idade de se revoltar. Mas não é dada que aqui o grande papá não resolva, não é, Roger?” o Jeremy bateu nas costas do meu pai e logo percebi aquilo a que ele se referia.

“Eu jamais seria capaz de bater no meu filho.” O meu pai defendeu-se quase que ofendido.

Isto só podia ser para testar os meus limites.

“Não é correto bater em crianças. Principalmente sem motivo nenhum.”

Esforcei-me ao máximo para a minha voz não sair uma acusação mas não estou certa de como soou. O meu olhar era um lobo mascarado de cordeiro. Um espinho mascarado de rosa. Sentia-me em chamas por dentro. Quem é que ele pensava que era para sugerir aos outros que devia bater nos filhos? Ao que parece ele não mudou.

“Calma, não precisas de entrar na defensiva pelo teu pai. Apenas estou a dizer que umas palmadas nunca fizeram mal a ninguém.”

O meu queixo caiu com as suas palavras “Desculpe? Você já bateu nos seus filhos?”

“Eu não tenho filhos.” respondeu curto e frio. Como assim não tem? Será que sofre de amnésia e não se lembra do Jason nem da Pattie? “E acho que a conversa devia acabar.”

“Ai sim?” inclinei a cabeça para o lado “Eu acho que podia continuar, estava a ir muito bem.”

“Nora…” o meu pai tentou intervir.

Olhei para ele que parecia mais tenso e desconfortável do que nunca. Ninguém lhe mandou não me contar que era amigo do homem que batia no rapaz que eu amo como se fosse um saco de pancada durante todo este tempo.

“Não, pai. Quero mesmo ouvir o resto.” Olhei de novo para o Jeremy “Se não tem filhos, acha que isso resulta porquê?”

O maxilar do Jeremy ficou serrado. Reconheci a expressão quase de imediato. Ele era parecido ao Jason a nivel disso. Aquela cara demonstrava que ele não gostava de ser desafiado.

Pois bem, eu não gosto que façam mal às pessoas com quem me importo.

“Calculo que tu também não, Nora.” falou entre dentes mas de maneira pouco obvia “No entanto falas como se soubesses.” os seus olhos fuzilaram-me e o meu pai permaneceu calado “Apenas estou a dizer que é normal que as famílias em que são órfãos de um dos pais ou dos dois não funcionarem tão bem e nessas alturas um pouco de disciplina não faz mal a ninguém. O Dean está claramente revoltado e isso ia pô-lo nos eixos.”

Algo dentro de mim incendiou como se eu fosse explodir a qualquer momento. Comecei a sentir o sangue subir-me à cabeça e corruir-me as veias “Não se atreva a tocar no assunto da minha mãe! Já percebi o porquê do meu pai nunca me ter falado de si, se eu conhecesse alguém que defende maus tratos com tanta tranquilidade, também iria fingir que não conhecia!”

Atirei tão rapidamente que nem tive tempo de ver o Jeremy a cerrar os punhos e avançar na minha direção. Algo no seu olhar me fez ficar com medo e toda a minha coragem se dissolveu apenas com o pensamento de ele me bater. O meu pai pôs de imediato o braço, parando as suas ações e senti-me tremer com o olhar intimidante do Jeremy. Nem quero imaginar como o pequeno Jason se sentia. Ainda por cima ele nem tinha ninguem para o defender. Os olhos do homem à minha frente pareciam possuídos por um demónio e o meu sangue congelou de medo.

“Jeremy.” o meu pai rosnou “Tenho a certeza de que não queres fazer isso.”

Ele piscou os olhos algumas vezes e acabou por se afastar “Tens razão. Passei-me e peço desculpa.”

“Pede-lhe desculpa Nora.”

Mas que merda?! Eu não lhe vou pedir desculpa, ele ia-me batendo. Como é que o meu pai é capaz de me exigir tal coisa?

“O quê!? Pai!?”

O meu pai cerrou os maxilares “Faz o que te digo, Nora. Pede-lhe desculpa.”

“Não!” disse claramente ofendida e chocada “Tu estás a ouvir aquilo que estás a dizer?” quase que berrei “Ele quase que me bateu, se não estivesses aqui sabe-se lá o que ele podia ter feito.”

“Tu passaste das marcas, Nora.”

Senti o meu lábio inferior tremer. Quem era este homem e o que é que ele fez com o meu pai que me prometeu proteger sempre? Onde é que está a pessoa que mais me transmitiu força depois da morte da minha mãe? Isto era inacreditável.

O meu pai sempre foi o primeiro a defender-me quando eu tinha razão.

Ele prometeu-me que nunca deixaria que me fizessem mal.

Garantiu-me que dava a vida por mim. Então, onde ele está?

Eu ia começar a chorar. Se eu ficasse ali, era certo que o faria.

“Se calhar ele tem mesmo razão!” disse com a minha visão a ficar turva devido às lágrimas presas nos meus olhos. Não demoraria até eu começar a chorar como uma idiota. Mencionarem a minha mãe e o meu pai nem a defender doía-me até às entranhas. O meu pai apenas me encarava calado “Famílias com um pai como tu não funcionam!” berrei na cara do meu pai.

Não fiquei para ver a sua cara nem para ouvir o sermão. Sabe-se lá se ele não me iria levantar a mão? Se calhar chegamos a esse ponto e eu ainda não sabia. Devia estar admirada? É que não ficaria.

Consegui aguentar as lágrimas nos meus olhos até ao momento em que fechei a porta do meu quarto com força. Quase instantaneamente, as lágrimas escorreram pelos meus olhos e molharam a minha cara a uma velocidade enorme.

Estava a sentir-me atormentada pelo homem que mais fez mal ao Jason e não conseguia não me sentir revoltada. Nas poucas vezes em que o Jason tocava no assunto do pai dele, o meu coração fervia. Eu odiava-o só por aquilo que ele lhe fez. Agora odeio-o também pelo o que ele é.

Jason.

Na minha cabeça já não corria nada tirando o seu nome. Eu precisava dele naquele momento. Apenas dele.

Não lhe podia contar nada do que aconteceu, nem daquilo que eu soube sobre a morte do Logan. Se ele soubesse que o pai estava aqui e quase me tinha batido, ele passar-se-ia e quem sabe, podia acabar por o matar. Não quero que o Jason mate o próprio pai e muito menos que seja preso. Não quero que ele o volte a ver. Tinha quase a certeza de que se isso acontecesse, ele ia tornar-se irreconhecível devido às recordações. Ele nunca lidou bem com isso.

Será que o Jeremy sabe da existência dele? Porque é que o meu pai o veio meter aqui em casa? A minha cabeça fervilhava com perguntas e eu precisava de ar puro.

“Nora.”

Chamaram a minha voz e a minha cara virou-se instantaneamente para  porta.

“É o Dean.” alivio percorreu o meu corpo e fui-lhe abrir a porta, fechando-a logo a seguir. O meu irmão ficou a olhar para mim e não me preocupei no estado em que se encontrava a minha cara “O que aconteceu? Ele fez-te mal?”

Conseguia sentir a raiva na voz dele e senti-me grata por o meu irmão se preocupar comigo. Pelo menos alguém. Permaneci calada. Em vez de lhe responder, dei largos passos na sua direção e abracei-o com força. O Dean pareceu surpreso mas logo me abraçou com força.

“Nora-“

Interrompi “Promete-me uma coisa, Dean.” Disse ainda contra ele “Se o Jeremy ou o pai algum dia te levantar um dedo que seja, tu contas-me no momento a seguir.”

Olhou-me com confusão “Mas ele b-“

Voltei a interromper enquanto agarrava na sua cara com as minhas mãos “Promete-me.” os olhos dele vaguearam pelo meu rosto em confusão e ele fechou a sua boca que se encontrava aberta “Dean.” chamei a sua atenção “Promete que sou a primeira pessoa a quem contas.”

Ele cerrou os maxilares “Prometo.”

Suspirei em alivio e voltei a abraçá-lo. Eu sabia que havia uma parte do meu irmão mais novo que não estava perdida.

Sentia-me tranquila com a sua presença mas agora tinha de falar com o Jason. Afastei-nos e agarrei nos seus ombros “Eu preciso de sair mas vou tentar voltar rápido para te vir buscar, está bem? Tu vais para o meu apartamento.”

“Mas N-“ ele começou.

Abanei a cabeça “Ouve-me. Tu já tens idade para saber a verdade e vou ser honesta. Neste momento o pai dá-se com uma pessoa na qual eu não confio e eu não te quero aqui.” encarei os seus olhos “Vai fazendo a tua mala, estou aqui pouco depois do jantar.”

Sem dizer mais nada, ele assentiu e foi para o quarto. Escovei a confusão do meu cabelo com os dedos e sentei-me na minha cama a tentar acalmar-me. Respirei fundo e peguei no meu telemóvel. As lágrimas voltaram a aparecer o que influenciou a minha visão mas mesmo assim acabei por conseguir escrever e enviar a mensagem.

Podemos encontrar-nos no jardim? Preciso de falar contigo.

Quando pousei o telemóvel ao meu lado, comecei a chorar descontroladamente como já não fazia há imenso tempo.


Notas Finais


Blog: http://lostin-thestatic.blogspot.pt/
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC1tjVmjnLXajJBLCFMxpuDw
Instagram: sgdrigues
Snapchat: saragrodriguees


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...