História Another - A história continua - Escombros

Misaki

... Misaki...

O que foi? O que está acontecendo?

... Misaki...

Tem alguém me chamando? Quem está me chamando?

- Misaki... Acorda!

- Ai... Minha cabeça...

- Você está bem Misaki?

- Sim, eu acho... Quem é que está falando? – Pergunto tentando retomar minha consciência.

- É o Arison.

- O que aconteceu? – Falo tentando abrir meus olhos por completo.

- Eu já te explico... Vamos... Ajude-me a acordar aos outros!

- S-sim... Certo, claro. – Respondo firmemente após tomar parte da situação.

Olho para os lados e vejo alguns escombros, mas mais que isto, vejo pessoas caídas no chão.

Samy está logo ao meu lado. Já atendendo ao pedido de Arison, começo a ajudar a acordar a todos.

- Vamos Samy. Acorde! – Enquanto ajoelhada ao lado dela, falo balançando-a de um lado para o outro.

Escuto alguns gemidos vindos de todos os lados. Levanto minha cabeça, ainda ao lado de Samy, para ver com mais detalhes a situação em que estávamos.

Avisto Yuuya e Mirume, um ao lado do outro, logo a minha frente. Arison agora tentava acordar Naoya, mas, diferentemente de mim, talvez por Naoya ser um menino, Arison age de maneira um pouco mais “incisiva” do que fora comigo.

- Acorda Naoya! – Grita Arison no instante em que o mesmo acertava-lhe um tapa em seu rosto.

- Ahhhh! O que? O que foi? – Levanta Naoya as pressas.

- Alguma coisa explodiu e agora eu preciso de sua ajuda pra acordar os outros!

- Ah sim. Certo... P-p-pera ai... Como assim explodiu?

- Depois eu explico, mas agora, ajude-me a acordar os outros! Você também Misaki!

Ouvindo aquilo, volto a tentar reanimar Samy. Com algum trabalho ela também acorda.

- Você está bem? – Pergunto a ela.

- Acho que sim... Mas minha perna e barriga doem.

- Não se preocupe, deve ter sido só o impacto de quando você caiu no chão, logo deve passar.

- Talvez sim...

- Venha... Ajude-me a acordar a Mirume.

- Está certo.

Voltamos, então, nossa atenção para Mirume. Arison já estava ao lado de Yuuya e acho que ele iria fazer a mesma coisa que fez com Naoya, com ele.

- Vamos Yuuya. Acorde.

Desta vez ele simplesmente balança Yuuya de um lado para o outro.

- O-o que? O que foi? – Diz Yuuya.

- Eu já explico. Primeiro vamos ajudar a acordar a Mirume.

- Não precisa, ela já está acordando. – Falo.

- Você está bem Mirume? – Pergunta Arison.

- Acho que sim...

- Muito bem então... Vocês querem saber o que aconteceu... Alguma coisa explodiu dentro das lanchonetes e nós fomos arremessados pela explosão. Eu, por alguma razão, não apaguei depois de cair, mas vocês sim, então eu estava tentando acordar vocês.

- Mas e o Kouichi? – Pergunto.

- Eu não tenho certeza, mas acredito que ele estava na parte mais frágil da estrutura quando ocorreram as explosões.

- Como assim? – Pergunta Naoya.

- Isso quer dizer que ele provavelmente caiu ali quando o chão cedeu.

Ele aponta para trás de nós. Ao olharmos observamos uma cratera larga, relativamente profunda e bem escura.

- Esse buraco provavelmente deve levar até os estacionamentos subterrâneos.

- Nós temos que achá-lo!

- Sim, é claro. Mas antes nós precisamos achar um jeito de chegar lá embaixo, não é?

- S-sim, é verdade...

Reunimos-nos e decidimos ir atrás de Kouichi. Não havia um modo seguro de chegar até onde ele estava por aquele buraco, então decidimos procurar por outra entrada.

Ao que tudo indicava, Kouichi estava em algum lugar no estacionamento subterrâneo.

- Vamos por aqui! – Diz Arison seguindo para um lance de escadas de emergência. – Estas escadas devem estar ligadas com os estacionamentos, e também deve ser a entrada mais próxima de onde ele está.

Descemos as escadas apressadamente. Era realmente bem profundo. Andamos sob luzes fracas acredito que uns seis lances de escada.

- Aqui está! – Afirma Arison.

Ele empurra a porta, mas ela não se mexe.

- Talvez esteja emperrada. – Diz Naoya.

- Eu espero que esteja. Venham me ajudem aqui!

Mesmo com a combinação da força dos três rapazes empurrando nada aconteceu.

- Muito bem, vamos mudar de estratégia. Se afastem um pouco. No três, nós emburramos com toda a força.

- Ok.

- Então... Um... Dois... Três!

No sinal de Arison todos eles investem contra a porta. Um grande barulho acontece quando eles colidem nela. Mas apenas uma pequena fresta se abre.

- Esperem um pouco. – Diz Yuuya. – Pelo que posso ver por aqui, esta porta está bloqueada do outro lado pelos escombros.

- Será que se nós forçarmos mais um pouco não conseguimos passar? – Pergunta Naoya.

- Podemos tentar. – Afirma Arison.

Os rapazes fazem mais uma tentativa. Mas desta vez a estrutura dos escombros que estavam do outro lado desmorona, bloqueando mais ainda a nossa passagem.

- O que nós faremos agora? – Pergunta Mirume.

- A única coisa que nos resta é encontrar outra passagem para lá. – Afirma Arison.

- Mas por onde?

- Pelo... Pelo mesmo lugar em que os carros entram. – Diz Yuuya.

Seguindo o conselho de Yuuya, todos nós nos dirigimos para o lado de fora do shopping.

- Caramba. Olha só essa chuva! – Diz Naoya.

Ele estava certo. A leve chuva, que mais parecia uma garoa, que caia quando nós havíamos chegado aqui agora transformara-se em uma chuva torrencial.

- Vamos! É por aqui o estacionamento! – Diz Mirume.

Não se preocupe Kouichi. Nós estamos a caminho.

Sakakibara

Não posso perder a minha concentração. Preciso achar uma forma de tirar este senhor daqui. Preciso de uma alavanca para poder erguer esta pedra, mas tudo o que tem aqui são mais pedras.

Levanto-me de onde estava.

- Não se preocupe. Eu volto logo com ajuda ou algo para tirá-lo daqui. Eu prometo!

Ainda um pouco dolorido, devido aos ferimentos, começo a procurar por qualquer coisa e qualquer um que possa ajudar.

Os pequenos veios de água, que antes escorriam pelas paredes, agora se haviam transformado em pequenas quedas d’água, o que indicava que a chuva esta mais forte do lado de fora.

Droga! Não importa para onde eu olhe, só tem escombros e mais escombros, restos de concreto e barras de aço tão grandes quanto eu.

Não posso desanimar! Preciso encontrar alguma coisa!

O som da água escorrendo tornava-se mais forte. O som da água é a única coisa que quebra o silencio deste lugar, isso e eventuais sons de pequenos desmoronamentos de escombros que ocorriam por toda a parte.

- Ughhh!

Andando despercebido quase acabo caindo em um buraco relativamente profundo no chão, acho que ele deveria de ter uns três metros de profundidade. Grandes porções de água escorriam diretamente para dentro dele.

- Essa foi por pouco!

Meu pé estava bem na beirada dele. Um simples movimento que faço para afastar-me já faz com que caiam pequenas pedras dentro dele, o que indicava o quão próximo estive de cair ali.

- Um pouco mais e eu teria caído em mais um buraco... Caido...!?

Começo a lembrar de algumas coisas. Isso mesmo. Lembro de ouvir uma explosão e cair no chão. Tão logo quanto isto aconteceu lembro-me do chão desabando sob mim e isso é tudo o que consigo me lembrar.

Olhando para o chão enquanto recobrava um pouco de minhas memórias acabo notando algo dentro daquele buraco. Será que aquilo é...?

Isso mesmo! Uma barra de ferro entortada mais ou menos da minha altura. Mas como que eu vou pegá-la?

Após refletir um pouco sobre isto, decido entrar no buraco e ir buscá-la.

Segurando-me em tudo o que eu consigo, começo a descer o buraco.

Normalmente isto não seria uma tarefa difícil, mas nas condições em que me encontro essa pequena descida torna-se muito desafiadora.

Desço aproximadamente um metro e meio segurando-me nas paredes de escombros. Após descer esta medida resolvo saltar, afinal um metro e meio restante não deve me machucar, mesmo no estado em que me encontro.

Determinado solto-me da parede e caio no chão, mas o buraco era mais fundo do que previra. Caindo no fundo do buraco acabo ficando com água até mais ou menos a altura do meu peito, ou seja, tinha aproximadamente um metro e meio a mais de profundidade o buraco, este tanto que já estava cheio de água.

Bom... Agora não tem mais volta. Deixe-me pegar aquela barra de ferro e dar o fora daqui. Mas onde ela estava mesmo?

Olho em volta e encontro ela novamente a minha esquerda. Seguro firme e puxo, mas ela continua onde estava.

- Mas o que...?

Analiso bem a situação e percebo que ela não faz parte de nenhum bloco e que está apenas presa na parede entre dois escombros. Tudo o que eu preciso fazer é dar um jeito de tirá-la daqui.

Com um pouco mais de força percebo que a barra move-se alguns centímetros. Começo a forçá-la para cima e para baixo tentando mover as pedras que a cobriam.

Após algumas tentativas percebo que a barra estava quase solta, mas com mais um movimento escuto um som arrepiante de algo desmoronando, mas não consigo ver nada a minha volta.

Quase lá! Só falta mais um pouquinho!

Com mais um esforço eu consigo remover a barra, mas com isso a estrutura que estava estável entra em colapso.

Pedras começam a desmoronar e cair no buraco. Fecho meus olhos e tento me proteger da melhor maneira possível. Escuto um forte som, o que parecia que uma grande pedra havia caído, e com isso tudo se acalma.

Voltando a abrir meus olhos acabo me deparando com algo muito, muito preocupante.

Um grande bloco de concreto e aço agora tapava o buraco bloqueando minha saída.

Tento escalar para ver o que se passava, mas ao fazer isso, as rochas da parede não estavam mais estáveis começam a cair.

A chuva piorava e mais água escorria aqui para dentro.

- Não, não, não, não, não... Merda!

A situação piorara consideravelmente. Agora não só estava preso naquele buraco, mas ele também está enchendo d’água. E mais rápido do que antes.

- Socorro! Alguém ai!? Alguém me ajude!

Merda. Quando vim para cá não havia ninguém no caminho, então acredito que também não vá haver ninguém por perto.

Fico gritando e pedindo ajuda pelo que acredito ter sido meia hora até desistir.

A água já subiu ao ponto de eu estar boiando nela, meus pés não encostam o fundo já tem algum tempo.

Tudo o que pode me restar agora é esperar o que quer que vá acontecer. Se houver algum sinal de que tem alguém por perto, então eu vou pedir socorro, mas se não houver, então eu me prepararei para morrer.