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História Another way - Desculpas


Escrita por: nanyseskiene

Notas do Autor


Aeeee, consegui postar a segunda parte antes de completar uma semana. Viva eu! Mas agora estou morta de sono e preciso de um dormezinho. <3
Espero que gostem.
É agora que a treta se digitransforma.

Capítulo 2 - Desculpas


No episódio anterior...

- Você... Você é... Aquela menina... Inoue Miyako, não é? – Ele franziu as sobrancelhas.

- Ouviu isso, bebê? – Ela falou próxima à casca do ovo. – O grandioso ex-Imperador se lembra do nome que eu abandonei. Não, sinto informar que não sou mais essa pessoa. Eu juro que pensei em vários outros nomes, mas dado o fato de que nossas roupas são tão parecidas... Achei que seria apropriado. Agora, deverei ser somente conhecida por Kaiserin.

 

- É você a responsável por tudo o que está acontecendo no Digimundo? – Ele perguntou, com  a surpresa desenhada claramente em sua face. Sua atenção se dividia entre falar com ela e olhar para seu digitama.

- Quer mesmo ter essa conversa agora? – Ela perguntou caminhando na direção dele e posicionando o ovo em sua direção. – Poderia fazer as honras?

- As... Honras? – Ken olhou ao redor. Nenhum Digimon a vista. Aquilo não era nenhum tipo de plano maligno? Ela não iria ataca-lo quando estivesse distraído?

- Sim. Ele está esperando por você faz tempo. Toque a casca! – A última frase saiu no tom agitado que ela sempre usava com Daisuke e ele obedeceu, por reflexo.

Uma luz encheu a sala e a casca se abriu, tornando-se um bercinho, com um pequeno Digimon verde, que tinha uma folhinha despontando, tal qual um broto que acabara de nascer. Miyako posicionou o bercinho no chão e limpou um par de lágrimas dramáticas que lhe caíam.

- É a primeira vez que vejo um nascimento desses. É lindo, como eu esperava.

Ken não ouviu o que ela disse. Ao invés disso, caiu de joelhos diante do berço e alcançou o corpo pequenino do parceiro.

- Wormmon...? É você mesmo?

- Agora eu sou Leafmon, Kenzinho. Mas ainda sou o mesmo...

Ichijouji abraçou o digimon junto a si com carinho. Queria chorar, queria rir.

- Me perdoe... Me perdoe por tudo que eu fiz, tudo que eu disse... Leafmon...

- Eu nunca fiquei bravo com você... Nunca. Você é meu parceiro. E eu o amo muito.

Agora sim, o garoto chorava. Foi impossível segurar mais os sentimentos querendo vasar de seus olhos, já que não achavam espaço para sair pelas palavras.

- Essa reunião está linda, não é, Hawkmon? – Ela perguntou acariciando o bico do próprio parceiro com doçura.

- Eu nem consigo imaginar como teria sido se eu tivesse perdido você. – O Digimon ave confessou para sua melhor amiga de todo o mundo.

- Nem eu. Mas isso não vai acontecer conosco. Somos aliados. Para sempre. – Ela sorriu e não interferiu o momento entre os dois logo à frente.

Quando viu que eles haviam conversado o suficiente, ela veio para perto, sentada em sua cadeira flutuante, com Hawkmon em seu colo.

- Estou feliz que fizeram as pazes, senhores. – Ela bateu palmas algumas vezes e vibrou em sua cadeira.

- Você... Está feliz? – Ken sentia um conflito interno. O fato de estar com as roupas tão semelhantes às do Kaiser, de ter conseguido ser aclamada em tão pouco tempo... Parecia trabalho das trevas, mas ainda assim, ela, de livre e espontânea vontade reuniu um Digiescolhido com seu parceiro. – Por que está feliz?

- Claro que sim! – Ela respondeu e não entendeu a pergunta que veio a seguir, ficando a considera-la por algum tempo antes de responder. – Não faço ideia. Só sinto que foi bom para o Leafmon. Ele queria te ver, eu te trouxe para ele.

- É... Só isso?

- Sim... Esperava uma resposta mais elaborada? – Miya bateu com o lado do punho fechado na palma da mão como se tivesse ‘sacado’ alguma coisa. – Ah é... Agora as coisas complicaram consideravelmente também...

- Por que?

- Oras, porque não posso deixar que você vá embora. Eu correria o risco que você contasse aos outros Digiescolhidos que eu estou aqui. Eles viriam atrás de mim e tentariam me convencer a voltar para casa e eu seria forçada a abandonar o trabalho que tenho feito por tanto tempo aqui... – Conforme falava, contou cada item em seus dedos. – Eu não quero isso. Hawkmon não quer isso. Os digimons não querem isso. E você não deveria querer isso também. – Terminou apontando para o rapaz.

- Mas... por que?

- Tenho que te explicar tudo? – Ela o olhou com um dos olhos fechados e um bico nos lábios. – Porque eu estou limpando a sua bagunça. A bagunça física, mental e emocional que você causou enquanto brincava de dominação mundial. Agora, eles podem confiar uns nos outros de novo.

Fazia sentido. Fazia um sentido horrível e Ken não queria aceitar o quanto.

- Está bem, concordamos que você não quer que os outros Digiescolhidos saibam, mas eu preciso voltar pra casa. Meus pais ficarão preocupados... Como vou explicar minha ausência novamente?

- Pois é... Mas tenho uma solução. – Um Guardromon entrou no recinto e ofereceu para Miya uma tira de metal cor-de-rosa. A Kaiserin se levantou, pegou a mão dele e bateu a tira contra o pulso dele e esta se fechou ao redor. Não causou nenhuma dor, nem estava apertada, só o deixou de olhos arregalados.

- O que é isso? – Com o Leafmon no colo, mal conseguia fazer nenhuma tentativa para tirar aquilo dali.

- Isso é uma pulseira. O design foi feito por mim e por Andromon. Queríamos algo que não machucasse, mas que pudesse ser usado o tempo todo para impedir a necessidade de uma cela.

Ichijouji elevou uma sobrancelha e fechou a cara, segurando seu Digimon mais próximo dele e saiu correndo. Se ela falava a verdade, não mandaria nenhum guarda para ataca-lo e se chegasse ao grande corredor, podia ir apagando as tochas e ela nunca iria pegá-lo.

Miyako soltou um suspiro de tédio e sentou na cadeira novamente. Ficou observando-o correr pelo lugar durante um tempo pelos telões. Até que ele cruzou uma espécie de arco pouco depois de ter passado o portão para o corredor. Seu braço começou a pesar. Pesava tanto, tanto que ele caiu no chão, incapaz de se mover. Leafmon pulou ao seu redor, tentando desconectar a pulseira do chão, depois a pulseira do braço dele. Nada se desconectava. Uma telinha menor, impulsionada por uma hélice veio até o rapaz caído.

- Já terminou seu treinamento pra maratona, Ken-chan? – Ela perguntou um pouco risonha. – Seus pais vão demorar bastante a perceber que você saiu. O tempo no Digimundo é diferente do tempo na Terra. E além disso... Quando eu terminar meu trabalho, você vai voltar para a Terra. É uma promessa. – Ela sorria largamente, animada. – Volte para cá. Juro que nada vai acontecer a você ou a Leafmon. Vocês são meus convidados.

Aquele mesmo Guardromon de antes veio até ele e amarrou um cordão em volta da cintura do garoto. Quando o fez, Ken não tinha mais peso nenhum. Flutuava como um balão e era carregado pelo Digimon que veio busca-lo. Leafmon foi pulando atrás, sem entender direito o que estava acontecendo por ali.

Só quando chegaram à presença da Kaiserin é que o garoto recuperou o peso normal. Se sentia tonto com toda aquela viagem louca de mudar de peso tão rapidamente.

- Pulseiras anti-gravidade são a coisa mais legal do mundo. – Ela disse batendo palmas algumas vezes, hiperativa como ela só. – Bem-vindo de volta. Agora, eu devo confiscar o seu D-3 para garantir que você não vai escapar.

- Você já não tem garantias disso com essa pulseira maluca? – Ele retrucou sem ter se dado conta que o fez.

- Você acabou de me responder? – Ela o olhou com irritação. – Me dê logo esse aparelho.

- N-Não. – Ele tentava ser firme quanto àquilo. Era sua única, remota, chance de fuga.

Miyako saltou da cadeira flutuante e estralou os punhos.

- É sua última chance.

 Mas o rapaz não respondeu, apenas virou a cara para o lado.

A Imperatriz não teve nenhuma dúvida. Pulou em cima dele como uma gata e o derrubou no chão. Sua posição a fez ficar de quatro sobre o corpo estirado dele. A capa dela caía ao lado de ambos, como se fizesse uma cobertura. O rosto dele estava vermelho como um tomate e sua respiração tinha acelerado. Tudo só ficou pior quando ela começou a apalpar aqui e ali em busca do bendito digivice.  Apalpadas que arrancaram ruídos dos lábios do garoto, mesmo quando ele queria abafá-los. Eventualmente, ela achou o D-3 guardado dentro do bolso da calça, perto demais do que, agora, ele queria esconder mais que seu aparelho. Ela se levantou vitoriosa e bateu a poeira do corpo.

- Hawkmon, esconda isso. Esconda num lugar que nem eu saiba. – Ela instruiu.

- É pra já. Você sabe que eu sou o melhor pra esconder coisas! – O Digimon levantou voo e saiu por uma janela.

- Você é o melhor em tudo! – Ela gritou enquanto seu parceiro se afastava. Daí voltou-se para Ichijouji, que ainda estava no chão, atordoado. Seu rosto ainda não tinha voltado totalmente a cor natural, inclusive. – Vamos, levante daí. Você chegou bem na hora porque o jantar está pronto.

- O... O jantar? – Ele tombou a cabeça para o lado com a dúvida. Miyako desfez o nó do cordão que o havia segurado antes. Estendeu a mão para ele, levantando-o do assoalho. Colocou as mãos em seus ombros, conduzindo-o para outra sala. Era um grande salão de jantar, também com formas lúdicas por toda parte, cores vibrantes. Havia digimons naquela sala e eles se curvaram para ela quando entrou.

- Não precisa disso. Somos todos iguais. – Ela respondeu com um sorriso e apontou uma cadeira para ele se sentar.

Miyako achou uma cadeira para si própria e junto com eles, várias espécies de Digimons diferentes sentaram. Eram líderes de várias aldeias e vilarejos. Todos socializando naquele evento.

Ken foi servido com arroz, ramen, misoshiro, salmão e vegetais grelhados... Era tanta comida que ele não fazia ideia de onde enfiaria tudo. Seu estômago não era assim tão grande. Enquanto comia, observou a Imperatriz, do outro lado da mesa. Conversando alegre com uma dupla de Digimons. Ela não comia nada. Para não dizer que não houve nenhuma coisa que tocou seus lábios naquela noite, ela tomou um pouco de bebida trazida especialmente do vilarejo Palmon. Mas lhe pareceu que ela apenas o fez por educação. Hawkmon, porém, comia normalmente.

Os Digimons na mesa não pareciam reconhecê-lo como a pessoa que lhe causara tantas desgraças no passado. Ao invés, eram cordiais e conversavam frivolidades com ele. De fato, eram um pouco gentis demais, como se ele também, fosse algum tipo de autoridade. Isso o fazia se sentir retraído e corar constantemente.

Em um dado momento, Miyako se levantou da cadeira e bateu a colher contra seu copo, fazendo um ruído agudo que chamou a atenção de todos na mesa.

- Amanhã será um dia muito especial, meus amigos! – Ela disse alegremente. – Eu farei um pronunciamento público.

Os digimons na mesa se entreolharam e concordaram com o que ouviram, batendo palmas e comemorando. O jantar coletivo se encerrou e Miyako manteve Ken perto dela enquanto se despedia de cada um dos participantes. Quando a sala só estava povoada pelos dois, Hawkmon, Leafmon e uma dupla de Floramons, ela sorriu para ele também.

- Você também irá ao pronunciamento, Ken-chan. – Ela disse sem se preocupar com lhe pedir. Estava apenas informando e isso era mais que suficiente.

Ele só bufou baixinho e apanhou seu Digimon no colo. As Floramons logo o conduziram para um quarto que explicaram ser dele.

- Eu não quero um quarto, eu só quero ir embora... – Tentou argumentar. – Será que vocês não podem me ajudar?

- Desculpe, senhor. A Kaiserin-sama precisa da sua presença aqui. Sua presença é importante. – A Floramon o reverenciou e saiu.

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- Pessoal, más notícias! – Daisuke entrou na sala de informática cansado da corrida que deu desde muito longe até ali. – O Ichijouji... Ele também começou com as mensagens evasivas.

Percebi que não existem mais problemas com o Digimundo, logo, não tenho mais interesse de ir para lá. Eu agradeceria se parassem de me procurar.

- Ichijouji Ken

Hikari torceu um pouco o bico.

- Mas isso não é por que ele ainda não está pronto pra ficar com a gente?

- Devia ser. – O garoto de cabelo espetado comentou. – Mas não é esquisito que ele tenha simplesmente ficado assim de repente? Foi a mesma coisa com a Miyako.

Takeru acenou positivamente com a cabeça.

- Faz sentido. Será que...?

- Não pode ser coincidência. – Disse Iori. – Aposto que foram capturados pela tal líder perfeita!

- Se é isso mesmo... Vamos precisar inventar alguma desculpa para os pais deles... Uma desculpa muito boa... – Hikari disse, pensando a respeito.

- Não. Chega de desculpas. – Daisuke mordeu o lábio. – É melhor explicarmos a verdade e dizer que estamos fazendo nosso melhor pra encontra-los.

- Isso é muito arriscado, Daisuke-kun. Eles podem nem acreditar na gente. – Hikari explicou.

- Eu também concordo com dizer a verdade. – Iori comentou com a voz baixa. – Eu vi a Inoue-san saindo de casa para trabalhar e ela estava tão desanimada. Não ter nenhuma notícia é pior que qualquer coisa.

Takeru e Iori, pela proximidade que tinham da casa, ficaram com a missão de contar e explicar para os pais de Miyako sobre o desaparecimento dela. Daisuke e Hikari, com o dever de falar com os Ichijouji.

Houve choro, irritação, perguntas. Perguntas para as quais, ninguém tinha resposta. Aquele foi mais um baque na vida dos Digiescolhidos. Haviam perdido seus amigos e a ameaça que assolava o Digimundo era diferente de tudo que já tinham visto. Não havia nenhum tipo de comunicação entre eles. Era assustador. Mais assustador do que qualquer coisa que tinham vivido até ali. Na situação em que estavam, não adiantava ser mais forte, ter uma mega evolução. Precisavam sim, de uma direção.

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O dia mal tinha raiado quando as Floramons entraram no quarto de Ken, acordando-o do mísero soninho da manhã que conseguira ter depois de passar a noite em claro, conversando até certo ponto com Leafmon e depois relembrando coisas do passado. Elas o conduziram para um banho quente com ervas relaxantes. Como era de se esperar, ele não se sentia à vontade com toda aquela paparicação, mas agradecia pelo esforço delas.

- Ela não comeu... – Ele considerou enquanto seu corpo estava semiafundado na banheira. – Tinha comida o suficiente... Tinha muito mais do que o necessário, mas Inoue-san não comeu. Se eu me lembro... – A memória de seus tempos de Kaiser estava precária, mas ele conseguia captar algumas coisas. A maioria delas, sem importância, como aquele mero detalhe. – Ela comia bastante.

Leafmon flutuava na água como se fosse um patinho de borracha, aproveitando o calor agradável da banheira.

- O que isso quer dizer, Ken-chan? – Ele perguntou enfim. – Talvez ela tivesse comido antes e na hora não estava com fome... Não é? Não é?

- Pode ser... – A teoria fazia sentido. Talvez ele estivesse se preocupando demais com ela, quando devia estar arrumando um jeito de escapar. Porque se preocupar com ela para começo de conversa? Era seu prisioneiro. Não entendia nada sobre aquela garota e ainda mais... Ela não tinha o menor respeito pelo espaço pessoal dos outros. Invadira o seu sem sequer pedir permissão. A sensação dos toques ainda parecia vívida em sua pele. Como podia ser maluca desse jeito? Ele mordeu o lábio com força, querendo se afastar daqueles momentos. Ela havia se declarado sua inimiga e era tudo o que seriam.

Quando saiu do banho foi logo recebido pelas Floramons que lhe deram roupas novas para vestir. Uma jaqueta ao estilo militar preta com detalhes dourados. Sua calça era branca e também tinha os mesmos detalhes dourados.

Leafmon ruborizou e fez ruídos de satisfação em ver seu precioso parceiro tão bem vestido. Depois que já estava completamente arrumado, foi para a sala dos telões, esperar pela garota. Ela não demorou a vir, mas ele quis, internamente, que ela tivesse demorado.

Ela usava uma roupa ao estilo militar também, mas a dela era super colada, marcando as curvas atrevidamente. Tinha um chapéu na cabeça no lugar de sua coroa e suas madeixas lilases estavam caídas ao lado do rosto de uma forma perfeita.

Enquanto os dois tomavam café – ou melhor, ele tomava -, os olhos dele nunca conseguiam ficar nela durante muito tempo. Parte porque ainda estava incomodado com toda a situação e a outra parte porque ele temia ter um ataque cardíaco.

- Agora que estamos ambos prontos, vamos fazer o pronunciamento. – Ela não deixou espaço para dúvidas. O conduziu até o lado de fora onde dois Unimons estavam aguardando.

- Bom dia, Majestade! – Eles disseram em uníssono quando a viram.

- Bom dia, meus queridos. Esse é meu convidado. Voe com cuidado com ele.

Eles concordaram e ela montou num. Ken acabou montando no outro quando ela gesticulou.

- Hawkmon, cuide de tudo para mim enquanto não estou, sim?

- Claro! – A ave mostrou uma das unhas da mesma forma que mostraria o polegar.

Ao chegar ao local do pronunciamento, uma enorme praça com um palanque no meio, cheia de digimons de todos os tipos ao redor, Ken sentiu o coração apertar. Se ao menos eles soubessem quem ele havia sido...

Ela o conduziu a subir e subiu junto com ele.

- Meus queridos compatriotas... Meus irmãos diferentes... Eu venho aqui hoje, em nome da amizade que cultivamos no último ano, lhes fazer um pedido. Esse garoto humano que está aqui comigo, não é uma pessoa comum. Em tempos passados, ele foi o temível Digimon Kaiser. – Um som de ‘oh’ coletivo ecoou pela praça. Alguns Digimons começaram a ficar irritados e se agitaram no meio da multidão proferindo palavras desagradáveis. Miyako provavelmente esperava por isso. Ela aguardou até que eles se acalmassem. – Porém! Eu acredito no poder de regeneração de uma alma através do arrependimento. E eu acredito também que, mediante a um pedido sincero de desculpas, não devemos sentir rancor. Eu não sei também, o quanto esse garoto aqui está arrependido pelo que fez, mas sugiro que o deixemos falar. – Ela se voltou para ele e gesticulou o microfone.

Os olhos dele estavam arregalados. Será que era a felicidade dela fazê-lo se constranger? Ele sacudiu a cabeça negativamente. Seu corpo não queria lhe obedecer. Aqueles Digimons grandes, assustadores... Eles não iam perdoá-lo, não importava o que fizesse. Não é? Ele não se perdoava. Talvez, aquilo tudo era um grande teatro e ela ia oferecê-lo em sacrifício para consolidar seu poder. Era típico de ditadores fazerem coisas do tipo.

Ichijouji se aproximou do microfone e sua voz não queria sair. Ele pigarreou um pouco para ver se suas vias aéreas permitiam, enfim, que as palavras saíssem.

- É verdade... – Ele começou. – É verdade que eu, há algum tempo atrás, fui o... – Mesmo o nome daquela aberração que ele havia sido não queria sair de sua boca. – Sim, ele mesmo. Eu fiz coisas horríveis... Coisas que, na época, pareciam lógicas e sem importância. – Ele mordeu o lábio com força. Queria conter as lágrimas. Nem todas as lembranças vinham, mas as que vinham, eram horríveis o bastante para tal. – Mas depois que eu soube... Depois que eu soube o mal que causei, não tem um dia em que eu não pense nisso, não tem um dia em que eu não queira reparar o meu erro. Não há um dia em que eu não me condene. Eu me arrependo. Me arrependo profunda e sinceramente dos meus crimes. Eu... Eu peço que me perdoem, do fundo do meu coração. – Ele terminou seu breve discurso fazendo uma reverência respeitosa.

Miyako estava choramingando atrás e depois bateu palmas para ele. Palmas que foram seguidas pelos Digimons ao redor. Ao menos, até um deles voar até ele. Ken ficou sem ação. Era enorme, ameaçador. Um Raptordramon, suas asas rápidas, suas mãos de aço. Ele pensou que fosse morrer.

A Kaiserin limpou suas lágrimas e deu um passo à frente. A mão metálica e cheia de garras do Digimon se elevou diante do outro e Ken cobriu o rosto.


Notas Finais




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