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História Another way - Enigmas


Escrita por: nanyseskiene

Notas do Autor


Ói nóis aqui, travez~

Pois é, gente linda de mai rart, quando você pensa que a coisa vai resolver... A coisa fica ainda mais complexa. Só grito aqui. Imagina gritar lendo sua própria criação? Essa sou eu. :(

Aproveitar esse espaço aqui também para agradecer todos os lindos comentários que vocês tem me dado, suas curiosidades, seus elogios. Realmente me faz sentir muito feliz, de coração. Dá cada vez mais empenho para eu continuar escrevendo. Diga-se de passagem, são exatamente 6:05 da matina. Claramente só tenho empolgação pra escrever na madruga, mds.

Bom, sem mais delongas, o epi novo está aqui! Espero que gostem.

Capítulo 3 - Enigmas


No episódio anterior...

 

- É verdade... – Ele começou. – É verdade que eu, há algum tempo atrás, fui o... – Mesmo o nome daquela aberração que ele havia sido não queria sair de sua boca. – Sim, ele mesmo. Eu fiz coisas horríveis... Coisas que, na época, pareciam lógicas e sem importância. – Ele mordeu o lábio com força. Queria conter as lágrimas. Nem todas as lembranças vinham, mas as que vinham, eram horríveis o bastante para tal. – Mas depois que eu soube... Depois que eu soube o mal que causei, não tem um dia em que eu não pense nisso, não tem um dia em que eu não queira reparar o meu erro. Não há um dia em que eu não me condene. Eu me arrependo. Me arrependo profunda e sinceramente dos meus crimes. Eu... Eu peço que me perdoem, do fundo do meu coração. – Ele terminou seu breve discurso fazendo uma reverência respeitosa.

Miyako estava choramingando atrás e depois bateu palmas para ele. Palmas que foram seguidas pelos Digimons ao redor. Ao menos, até um deles voar até ele. Ken ficou sem ação. Era enorme, ameaçador. Um Raptordramon, suas asas rápidas, suas mãos de aço. Ele pensou que fosse morrer.

A Kaiserin limpou suas lágrimas e deu um passo à frente. A mão metálica e cheia de garras do Digimon se elevou diante do outro e Ken cobriu o rosto.

Era muito tarde. Miyako não conseguira impedir o acontecimento. O Raptordramon fizera contato com o corpo de Ken. Sorte era, o contato feito não foi violento. Ao invés disso, o Digimon tocava a cabeça do garoto com gentileza. Era uma carícia.

- Você teve muita coragem para vir até aqui. Não sei quanto aos outros, mas por mim... Você está perdoado. A verdade é que, nós conseguimos sentir o quanto você se arrepende. Cometer erros é normal.

- Pois é. Errar é completamente normal. Teve aquele dia em que eu peguei a comida da minha amiga, mas foi sem querer. – Disse um Pupumon.

A amiga em questão, uma Tanemon, fez uma boca surpresa e depois sorriu.

- Eu te perdoo, só lembra de pedir da próxima vez!

Outros Digimons contaram suas experiências e falhas, pedindo perdão uns aos outros, se abraçando.

- Alguns erros são piores que outros. Mas o mais importante é reconhecer esses erros, pedir desculpas, se arrepender e tentar repará-los. Acreditamos que você vai reparar seu erro, não é?

Digimons ao redor batiam palmas, concordando com o que Raptordramon dissera. Mais que isso, alguns deles também falavam palavras de encorajamento para ele. Ichijouji sentiu os olhos arderem, eram lágrimas de novo? Sim. Mas não de dor, não de sofrimento. Suas lágrimas eram de alívio. Ele acenava com a cabeça, concordando com as palavras gentis.

Miyako estava um pouco atrás. Ela não estava chorando, nem rindo. Ao invés disso, analisava a cena com uma expressão neutra.

- ‘Arrependimento não é suficiente para apagar todos os erros. Mas não se preocupem, esse garoto, nunca mais vai causar problemas de novo. O problema não é ele.’ – Ela considerou, no silêncio de sua mente.

- Kaiserin! Kaiserin! – Gritou um Labramon, aquele mesmo que havia conhecido os Digiescolhidos há algum tempo antes. – Devíamos fazer uma festa para comemorar o dia de hoje não é?

- Comemorar o dia de hoje? – Ela perguntou, voltando a sorrir de seu jeito animado. – Eu já sei, será proclamado o dia do perdão! O que acham?

Houve mais palmas e sons de aprovação em todo lugar. Ela caminhou até Ken, colocou-lhe uma mão nas costas e depois o envolveu, de forma que se levantasse.

- Ken-chan, você não pode mais chorar, nós vamos ter uma festa e cada par de mãos para ajudar é importante. – Miyako limpou as lágrimas dele com doçura e manteve seu sorriso lindo, brilhante.

- V-você... Você sequer é real? – Sua mente falou através de seus lábios e ele não conseguiu impedir.

- O que disse?

- Que vou ajudar... Desculpe pelas... Lágrimas.

Um tapinha nas costas depois e ele estava assistindo Miyako explicar para seus súditos como deveriam ser feitas as coisas na festa. Ela ouvia as ideias deles e se fossem muito absurdas, adaptava da forma como podia para fazer todos felizes. Antes de a noite chegar, barraquinhas haviam sido montadas ao redor da praça mesmo e tudo parecia um festival, como os que aconteciam em suas escolas ou bairros.

Aliás, a coisa do festival foi tão séria que ele mal se deu conta quando recebeu um yukata de presente pra vestir. Ela também estava vestida diferente, alegre como ela só. Participou de competições com Digimons.

A noite terminou com fogos. Eles assistindo um do lado do outro. Seu coração estava quente de uma forma que ele não entendia. Ele só conseguia reconhecer aquele sentimento como alguém o entendendo de verdade. Alguém que estava mesmo fazendo esforço para aceita-lo como ele era. Ele sorriu um pouco. Agora, não só seu coração estava quente, como também a palma de sua mão. Ela estava segurando-a.

- ‘Eu... Não quero que isso termine.’  

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Os Digiescolhidos entraram no Digimundo na manhã seguinte.

- O que exatamente estamos fazendo aqui hoje? – Perguntou Iori, olhando ao redor. Se ouvia os ruídos do vento, das ondas quebrando, da areia praiana cedendo aos pés deles.

- Procurando pistas. – Respondeu Daisuke que comicamente levantou uma concha e olhou debaixo dela.

- É sobre a Miyako-san e o Ichijouji-kun? – Hikari perguntou, também olhando ao redor, querendo ver algo de suspeito.

- Olhem aquilo... – Takeru é o primeiro a perceber uma coisa diferente na distância. Um Kuwagamon carregava uma grande pedra em suas patas. Ele não era o único, outros grandes digimons voadores faziam o mesmo.

Todos voltaram-se para a direção apontada e acompanharam o cortejo de Digimons carregadores de pedras. Eram pedras quadradas, cortadinhas com precisão. Não pareciam muito pesadas para quem as carregavam, porém.

- Aquele é o... Holsmon? – Hikari apertou os olhos um pouco e foi seguida pelos amigos.

- É sim! É ele sim! – Disse Iori com os punhos fechados de alegria. – Talvez nós os encontremos afinal!

- Rápido, V-mon! Vamos seguir aqueles Digimons!

- Claro!

- Vai Digiovo!

A digievolução levou V-mon a se tornar Lightdramon e Daisuke montou nele. Os amigos também evoluíram depressa e num instante, Nefertimon, Pegasumon e Digmon estavam presentes.

Conforme Holsmon continuava seu voo, acabou seguindo para sobrevoar o mar afora. Nefertimon, Pegasumon e Digmon não tiveram problemas para segui-los, mas... Lighdramon ficou na margem.

- Desculpe, acho que não posso ir mais daqui...

- Você pode. Você precisa. É a única chance que temos de encontrar nossos amigos. Por favor, por favor. 

A voz de desespero vinda do parceiro. Quando é que V-mon conseguiria negar alguma coisa ao seu melhor amigo do mundo? Seu corpo reagiu sozinho. A luz da Digievolução o envolveu mais uma vez, tirando-o de sua atual forma e trazendo uma nova. Asas grandes e fortes, tal qual um corpo atlético.

- XV-mon? – Daisuke perguntou com os olhos vidrados na cena e um sorriso natural de surpresa nos lábios.

A nova forma de seu parceiro apanhou-o em seus braços e num minuto, os dois já estavam voando em direção aos outros.

Holsmon voava na frente, cada vez mais rápido. Era dito que sua velocidade podia atingir níveis impressionantes, mas ainda assim, a perseguição continuava. Ele fazia algumas manobras, na intenção de despistá-los. Eventualmente, Holsmon parou lá na frente, numa área praticamente deserta. Lançou um golpe numa enorme rocha vulcânica vitrificada e isso refletiu luz por todo o lado, fazendo que eles perdessem a visão por alguns instantes.  Foi o suficiente para que ele desaparecesse.

Os Digimons pousaram e de todos os Digiescolhidos, Motomiya era o que parecia mais frustrado. Também pudera, conseguira fazer seu parceiro ficar mais forte, mas a força não adiantou nada diante da situação. Ele se ajoelhou na terra e socava o chão.

- Vimos o Holsmon, mas isso não quer dizer nada! Não sabemos se ele está agindo por conta própria ou sendo controlado. Se é nosso inimigo ou está tentando nos proteger.

Hikari se ajoelhou perto dele e colocou uma mão em seu ombro.

- Sim, você tem razão. Mas saber que o Holsmon está vivo e usando o Digiovo, quer dizer que a Miyako não pode ter morrido. Ela está presa, na pior das hipóteses, em algum lugar.

Daisuke não conseguia acreditar que sentir a mão de sua preciosa Hikari em seu ombro, não fez diferença nenhuma. Continuava irritado, frustrado. Mas isso lhe causou um efeito.

- Está cansado, XV-mon? – Ele perguntou, levantando do chão e batendo a poeira dos joelhos.

- Nem um pouco.

- Ótimo. E vocês, estão cansados, Digimons? – Ele perguntou para os outros e ouviu a mesma resposta negativa.

- Hikari-chan? Iori? Takeru?

 Os amigos também negaram.

- Vamos nos separar. Só assim vamos cobrir uma área maior.

Algumas horas depois, Daisuke encontrou uma estrutura sendo construída a leste da área em que estavam. Não se parecia com nada ainda. Eram só blocos alinhados. Podia ser um prédio?

Ele chegou junto de um Meramon que comandava a construção.

- O que vocês estão construindo?

- É um monumento em homenagem à nossa líder. Você sabia que há algum tempo atrás foi instituído o ‘Dia do Perdão’?

- Dia do... Perdão?

- Sim! Nossa líder trouxe o Digimon Kaiser e o fez pedir desculpas para todos nós. Então, nós o perdoamos. Agora, temos uma comemoração anual onde contamos as coisas que fizemos de errado e nos perdoamos.

- Disse que ela trouxe o Digimon Kaiser? – Enquanto o resto da história caiu na ignorância do garoto, essa parte ele ouviu muito bem. – E como foi isso? De onde vieram?

- Eles chegaram montados em Unimons, por que?

- E a roupa? A roupa dele? Como você sabe que era o Digimon Kaiser?

- Era uma roupa normal, eu acho. – Meramon cruzou os braços sobre o peito, pensando no assunto. – Não era o traje antigo que ele usava. Sabemos por que ele disse e ela disse.

- Afinal de contas, quem é essa líder? – Perguntou Motomiya ficando gradualmente impaciente.

- Não sabemos seu nome. Só a chamamos de ‘Kaiserin’.

Ele mordeu o lábio com força. As coisas continuavam sem se encaixar. Algum tempo depois, ele se reuniu com seus amigos e ouviu histórias parecidas. Outros monumentos sendo construídos. Dia do perdão. E tanto quanto no dia em que vieram da primeira vez, não havia nenhum Digimon sendo maltratado ou trabalhando forçado. Faziam tudo porque queriam.

Ele, porém, já estava determinado. Continuaria vindo ao Digimundo até conseguir descobrir alguma coisa. Nenhuma liderzinha metida iria roubar seus amigos dele pra sempre. Não se ele pudesse evitar.

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Ken estava passando um tempo com Wormmon, havia descoberto que a Imperatriz mantinha uma gigantesca biblioteca. E não pense você que era um lugar comum. Você tinha que apanhar os livros nas prateleiras de cima usando um pula-pula. Podia ler seu livro enquanto repousava numa piscina de bolinhas. Tinha um bebedouro que servia chocolate quente ao invés de água. Enquanto o pequeno Digimon pulava dentro da piscina de bolinhas, o garoto desfrutava de um livro.

- Kenzinho! Kenzinho! – Wormmon chegou mais perto de seu amigo. – Podíamos ficar aqui para o resto da vida, né? O reeeeeeesto da vida.

- O resto da vida é muito tempo, você não acha? – Ele riu um pouco do jeito do outro.

- É? Mas quanto tempo é? Um ano?

- Não... Se eu corresponder às expectativas de vida do Japão, eu devo chegar ao menos aos 70 anos. Se eu tenho 16 agora... Isso seria mais 54 anos de vida. Tanta coisa mudou em um ano só... Será que as coisas ficariam assim até esse tempo chegar?

- Ooooh... Você tem razão, Kenzinho. Isso quer dizer que você não gosta da Kaiserin?

Ele arregalou os olhos. Uma pergunta tão inocente, de repente tinha tomado um peso enorme.

- Eu não devia gostar de alguém que nos mantém presos aqui...

Wormmon acenou com a cabeça, concordando com as falas dele.

- Mas você parecia tão feliz ontem na hora dos fogos. Eu pensei que vocês já tinham feito as pazes.

- Na hora dos fogos... – Ken abaixou o livro em seu colo e segurou a própria mão. Lembrou-se do calor deixado ali pelo contato da mão dela. – Aquilo foi só... Um momento. E não vai acontecer de novo. – O livro, de repente, perdeu a graça. Ele saiu da piscina de bolinhas e se espreguiçou. Devolveu o livro para a prateleira. Wormmon não entendeu o que fez o parceiro mudar de ideia, mas não questionou. Ao invés disso, seguiu-o. Não queria perde-lo de vista.

Quando o garoto passou pela sala do trono, Miyako anotava alguma coisa numa pequena agenda cor-de-rosa. Estava sentada em sua cadeira flutuante, com os pés para cima e a caneta entre os dentes. Não estava com trajes de imperatriz. Ao invés disso, estava vestida numa calça de tecido leve e com uma blusa de alcinha.

- Isso significa que o calendário anual tem mais um evento. – Ela folheou algumas páginas e deu um grito de repente. – Ahhh!

Ken se assustou e piscou algumas vezes para ela.

- Quer me matar do coração, Ken-chan? Quanto tempo que você está aí, espiando?

- Acabei de chegar... – Ele respondeu, tentando com todo o afinco, não parecer uma criança pega com a mão no pote de biscoitos. Até porque, o pote de biscoitos estava bem mais longe de sua mão do que ele gostaria.  

- Ahhh, momento perfeito. Você vai me ajudar, então.

- Ajudar com o quê?

- Eu também quero ajudar, também quero ajudar! Me deixa ajudar, Kenzinho? – O Digimon verdinho se grudou na perna de seu amigo e ouviu um ‘claro’ em resposta. 

- Vamos lá... Na semana que vem, devemos ter o baile de comemoração aos 2 anos desse Império. Eu não gostaria de repetir os eventos passados. Pode me ajudar a escolher um tema?

Ele franziu as sobrancelhas e semicerrou os olhos.

- Está tudo bem mesmo em ficar fazendo festivais e bailes enquanto seus pais estão preocupados com você?

- Claro que não. Penso neles com frequência e desejo que estejam bem. Mas apesar de parecer que estou só fazendo essas coisas, minha verdadeira missão precisa que eu fique mais um tempo aqui. – Ela se levantou da cadeira e andou até ele. – Eu sinto muito, de novo, por ter que manter você preso. Eu juro que se tivesse outra maneira, eu...

- Me libertar e eu ficar quieto não é uma opção, então?

- Você ficaria quieto mesmo? – Ela perguntou olhando-o nos olhos. Os olhos âmbar escondidos atrás das lentes escuras. – Ficaria quieto quando eles começassem a supor que você é cúmplice da inimiga que eles não conhecem? Cúmplice da pessoa que fez uma estranha lavagem cerebral em todos os digimons do mundo para que eles fingissem ser felizes?

- Eu... – Ele fitou o chão e evitou o peso do olhar dela.

- Eu vou te dizer o que aconteceria... – Ela bateu uma palma e andou ao redor dele. – No início, você ia tentar dizer algo como ‘não é da sua conta’ ou ‘por que não esquecemos isso e tentamos continuar nossas vidas?’ Mas eles não iam querer isso. Eu ainda estaria desaparecida. Eles iriam te encher de perguntas. – Ela falava rapidamente. Gesticulava. Andava de um lado para o outro. – Takeru-kun ou Iori-kun iriam começar a levantar hipóteses sobre como era estranho você, ex-Kaiser, ter sido preso por um tempo e depois solto. Izumi-kun talvez até dissesse que você nunca deixou de ser o Imperador de verdade. Só estava fingindo para poder atingir os Digiescolhidos de dentro e eu fui seu alvo. A idiota de coração mole. A garota que ficava te tietando no jogo de futebol e quando via suas matérias nas revistas. Claro que tinha que ser eu. Eles iam culpar você, antes mesmo de você poder dizer. E se, você dissesse... Que, na verdade, eu estava aqui sã e salva, conduzindo uma missão... Que eu era a Kaiserin... Eles iriam perguntar qual interesse eu teria em te libertar. E te chamariam de cúmplice de novo. Mesmo que eles nem saibam que crime eu esteja cometendo.

- Isso pode até ser verdade, mas...

- Mas o que? Está pronto pra conviver com mais gente te julgando? Depois do esforço que foi pra poder aliviar seu coração, você quer voltar a ser triste, Ken-chan? Quer voltar a sentir o peso da dor do arrependimento? Do julgamento?

- Se esconder também não resolve o problema.

- Não... Mas se você puder ter mais um pouquinho de paciência... Um pouquinho só... Por favor, confie em mim... Eu sei que você é uma boa pessoa e é capaz disso.

- Como pode saber que eu sou uma boa pessoa?

- Porque eu vi.

- O que?

- Eu vi tudo o que aconteceu com você. Vi os momentos que você se sentiu sozinho e diminuído... Os momentos em que seu coração começou a se revoltar. O mar negro. A morte do seu irmão mais velho. O primeiro dia que você se tornou o Kaiser... Seus medos, suas angústias. Eu, talvez te conheça, mais do que você mesmo. 

- Mas... – Ele olhou para ela, chocado. Como? Quando era possível que ela tenha penetrado tão fundo dentro dele? Dizendo seus detalhes tão precisamente. – Como?

Miyako tirou os óculos e os balançou um pouco.

- De alguma forma, eles retiveram suas memórias e eu pude ver todas elas. Eu... Eu sinto muito. – Ela o abraçou forte, com a voz embargada. – Sinto por toda dor e sofrimento que você passou. Sinto muito por ninguém ver você de verdade… Sinto muito por que... Não te conheci antes. Se eu fosse sua amiga, eu te garanto que você jamais teria sofrido tanto!

Ele sentiu as lágrimas dela rolando e molhando sua camisa. Ela se importava com ele? Ele mal notou quando começou a chorar também. Devolveu o abraço, incerto de onde colocar suas mãos. 

Wormmon estava no chão, olhando a cena inteira. No início, o abraço lhe enciumou, mas depois, ele entendeu. Aquela era a Kaiserin. É claro que ela seria boa com seu amado Kenzinho. Ela era boa para todos. Hawkmon entrou pouco depois e cutucou a lagartinha.

- O que que tá rolando aí?

- Eles fizeram as pazes.

- Ah é? Mas tinham brigado?

- Acho que sim...  Quando eu perguntei para o Kenzinho se ele gostava dela, ele ficou bravo... Mas olha agora!

- Poxa, que bom... – O Digimon ave ficou quieto por um instante, batendo a ponta da asa no bico, antes de dar uma pigarreada.  – Miyako-san?

Ela imediatamente soltou-se do agarro com o portador do brasão da bondade e deu uma espiada.

- Hawkmon? Algo errado?

- Os Digiescolhidos me perseguiram durante algum tempo. Aparentemente, o V-mon ganhou uma forma nova.

- O que? O que... ? O QUE? – Ela se agitou toda e colocou a mão na cabeça. – Como assim...? Você está bem? Foi machucado? – Correu para o Digimon e o inspecionou todo.

- Estou bem, estou bem. Eu consegui despistá-los, mas... Eles conseguiram chegar à nossa construção.

- Droga... Se eles destruírem aquela construção, todo o trabalho vai ter sido em vão...

- Ah, eles falaram com os mestres-de-obra, mas todos eles deram respostas semelhantes... Que aquilo era um monumento pra você. Não sei se estão interessados em destruir. Pelo menos, não por enquanto.

Ela mexeu as mãos, nervosamente e até mordeu as pontinhas das unhas.

- Não estou entendendo... O que não pode ser destruído? – Ken se meteu na conversa, seguindo a garota com os olhos. E de novo, ela andava para lá e para cá.

- Vamos ter que armar algumas armadilhas para mantê-los longe dos sítios. Aquilo já está pronto?

- Sim. Mas Andromon disse que está um pouco instável.

- Defina ‘Instável’... Pode explodir?

- Não... Pode enviar sinais estranhos enquanto estiver sendo usado.

- Miyako-san, me explique o que acontece, por favor? – Ken insistiu e dessa vez, a atenção dela foi chamada.

- Andromon criou réplicas dos nossos D-3. Como Hawkmon disse, eles estão instáveis.

- Se você colocar perto da Dark Area, os sinais instáveis estarão justificados e o lugar é tão longe, que eles não vão passar nem perto das suas preciosas construções...

Ela arregalou os olhos e abriu a boca, surpresa.

- Meu Deus! Você é um gênio e eu nem estou dizendo isso pra te bajular. – Ela apertou alguns botões e chamou alguns digimons para acompanhar Hawkmon em sua empreitada. Depois o fez evoluir para Aquilamon. – Com essa forma, mesmo que eles te vejam não saberão que você é você.

- Entendido, capitã. Estou indo!

- Evite ao máximo lutar contra os Digiescolhidos. Não quero que ninguém se machuque. – Ela bateu uma continência divertida. – Te vejo mais tarde.

O grande Digimon ave seguiu as ordens de sua dona e saiu. Ela, nessa hora, se voltou para o rapaz com um grande sorriso.

- Você me entendeu!

- Não... Eu... Só disse o que era mais lógico. – Ele ruborizou um pouco com aquilo. – Eu não pensei muito.

- Sua lógica fez tudo ficar perfeito! Ken-chan... Você pode esperar até o dia do baile? Lá, eu te contarei tudo sobre o que me levou a ficar aqui. A fazer esse plano.

Ele acenou com a cabeça em concordância. Mesmo que, não estivesse lá concordando tanto assim.

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- Bom, vamos nos focar em encontrar a base dessa tal Kaiserin. – Takeru lembrou aos amigos. – Se tem algum lugar onde podemos descobrir a informação que precisamos, deve ser lá.

Todos acenaram em concordância. Hikari estava olhando a tela de seu D-3, quando o sonzinho de localização começou a apitar.

- Pessoal... Pessoal! São os dois! Dois sinais, juntos, muito longe daqui.

- O que? – Daisuke se apalpou até encontrar o seu próprio D-3 e confirmar o que foi dito por Hikari. – Então, vamos lá averiguar!

- Mas... E se for uma armadilha? Não acham que faria sentido nos atraírem para um lugar assim?

- Sim. Faria sim. – Motomiya concordou. – Mas também, mesmo que seja uma armadilha, só precisamos vencer e conseguiremos informações sobre onde eles estão de verdade. Bora, V-mon!

E num minuto, XV-mon estava na área e os dois rumando para o lugar onde o digivice apontava. Os demais acharam que era melhor segui-lo. Ele, certamente, se meteria em encrenca se fosse sozinho.  

Como previsto por Ken, demorou muito tempo até que chegassem naquele lugar apontado pelo D-3. Os digimons voltaram às suas formas iniciais para descansar por algum tempo.

- O sinal está mais forte. – Daisuke disse animado e continuou andando. V-mon foi o único que o seguiu. Havia uma torre, uma caverna e um campo vasto. O sinal estava mais forte, na Torre, porém. Os dois começaram a subir e logo foram seguidos pelo resto do grupo. Um longo lance de escadas se apresentou diante deles. Depois de subirem, chegaram ao primeiro andar.

Havia um Jyureimon fazendo considerações para si mesmo. Quando viu as crianças ali, se voltou para elas.

- Vocês... Por que entram na minha casa?

- Desculpe, senhor Jyureimon... – Disse Hikari dando um passo à frente. – Nosso aparelho localizou nossos amigos aqui dentro. Se importa de nos deixar dar uma olhada aqui?

O Digimon árvore coça sua cabeça de folhas e algumas cerejas caem.

- Tudo bem... Eu deixo vocês olharem sim, mas mediante a um acordo.

- Que acordo? – Perguntou Tailmon.

- Se conseguirem responder a minha charada, podem entrar, mas se não conseguirem, terão que voltar amanhã.

As crianças se entreolharam. Era um risco muito grande? Talvez. Mas podia ser sua única chance.

- Ok. Qual a charada, Jyureimon? – Daisuke perguntou.

- Vamos lá... Essa é a charada:

‘Três irmãos compartilham um esporte familiar: A maratona "Non Stop".

        O mais velho é gordo, baixinho e corre lentamente.

        O irmão do meio é alto, magro e mantém um ritmo constante.

         O mais jovem corre como o vento, com muita velocidade.

        Os irmãos mais velhos dizem: "Ele é muito jovem... Então o deixamos correr. Com certeza ele é o número um, mas, de certa forma, ele é o segundo".

        Quem são os três irmãos?’


Notas Finais


Se você já souber a resposta da charada, não soprem, hein? Kkkk


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