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História Another way - Iluminação


Escrita por: nanyseskiene

Notas do Autor


Ainda não é o hot, meu povo, mas eu estava muito ansiosa pra não postar. Ainda hoje posto o tão esperado pegas dos dois lindos da mamãe. <3

Capítulo 6 - Iluminação


- Claro, mas... O que você vai fazer?

- Vou intervir. – A Kaiserin passou a digitar furiosamente em seu prompt de comando. A programação enchia toda a tela, como se fosse a longa partitura de uma melodia. Música e programação eram semelhantes. Se você errasse apenas uma letra, uma nota, todo o resultado estaria arruinado. Apertou o executar e apareceu uma caixa de diálogo que dizia: ‘Energia insuficiente para executar comando.’ Ela fechou os olhos e suspirou profundamente. – Vou te dar a energia necessária. – Ela abriu um compartimento ali mesmo ao lado de seu teclado e retirou um fio de dentro dele. – É um absurdo que eu tenha que usar fio para fornecer as quantidades extras... – Puxou um pouco a capa até que seu ombro e parte de sua escápula ficasse exposta. Colocou o cabelo violáceo de lado e conectou o fio num aparato com formato de gota que estava enterrado em sua pele, logo abaixo do osso protuberante de seu pescoço. Digitou ‘repetir’ na tela e tapou a boca para impedir o grito que queria sair de sua boca por causa da dor advinda daquilo. Sua energia sendo lentamente sugada por aquele conector foi enchendo o desenho de uma bateria que se mostrava na tela. ‘Executando’ foi a última mensagem que viu antes que de desmaiar em sua cadeira.

Houve um pequeno terremoto na área onde os Digiescolhidos estavam. Enquanto eles estavam considerando se deviam fugir dali ou não, V-mon ouviu um ruído que não tinha sido ouvido antes.

- Acho que é água...

- Estou ouvindo! Estou ouvindo! – Concordou Armadillomon e olhou ao redor.

- Gente, acho que alguma coisa se abriu... – Tailmon disse apontando para o alto, onde era possível ver fumaça branca.

- Parece vapor... – Iori concluiu.

- Patamon, vá dar uma olhada, mas tome cuidado. – Takaishi instruiu.

- Tailmon, vai com ele também. – Hikari deu a ordem a sua amiga e os dois partiram.

Quando os dois chegaram à fonte da fumaça, piscaram em dúvida.

- Mas isso é...

- Isso é...

Os dois voltaram com pressa.

- É uma fonte termal! Uma fonte termal se abriu bem daquele lado da caverna! – Tailmon cutucava sua amiga e Patamon sobrevoava ao redor de seu parceiro.

Quando foram checar, aquilo era a pura verdade. Não só uma fonte termal havia se aberto, mas uma peculiar cesta com alguns aparatos como caixinhas de chá, geleia, torradas, biscoitos e mesmo uma geladeira, cheia de ovos fresquinhos parece ter vindo de lugar nenhum. Era estranho porque quando chegaram naquela caverna, nem sequer parecia ter uma segunda área e agora... Mesmo que aquilo fosse um truque, ninguém estava em posição de repelir.  Usaram a água quente para fazer chá e fizeram compressas quentes no corpo do amigo.

Hawkmon sentiu-se um pouco aliviado vendo a cena e ao mesmo tempo preocupado. Esse tipo de intervenção costumava significar que ela tinha feito aquilo de novo.

- ‘Como estão as coisas agora?’ – A comunicação repentina de Miyako quase fez o parceiro tomar um tombo.

- Ele parece estar melhorando. Com essa fonte, eles ficarão bem.

- ‘Que bom... Volte para o castelo. O baile vai começar em algumas horas e eu quero que esteja ao meu lado.’

- Entendido. E você, como está se sentindo?

- ‘Bem. Um pouco enjoada. Vai passar. Até mais.’

- Até.

-------

O coração de Ken ainda estava acelerado com o beijo que ele trocara com a imperatriz. O gosto doce do suco floral sendo passado da língua dela para a dele. Os dedos finos tocando seu rosto com gentileza. Mesmo agora o perfume feminino todo particular que ela usava, uma mistura curiosa de doce e cítrico invadia suas narinas. O toque breve nos seios macios e relativamente fartos que experimentou, deixou a sensação em suas mãos.

Ele não era nenhuma criança. Apesar de ter estado com a mente enevoada em sua época de Kaiser, jamais foi imune à excitação sexual ou aos seus efeitos, por isso reconhecia aqueles sentimentos com clareza. Estava atraído pela Kaiserin, isso não estava mais em discussão. A pergunta era: que risco isso podia representar para os Digiescolhidos? Será que seus sentimentos idiotas seriam usados contra ele… Não… Contra eles?

Enquanto fazia suas considerações, uma Floramon entrou e fez uma reverência.

- Majestade, seu banho está pronto.

- Obrigado. – Nem tinha terminado de agradecer, a palavra assentou em sua cabeça, ele se voltou para a outra. – Floramon, por que me chama assim?

- Porque o senhor se casou com a Kaiserin-sama.

- Não, você entendeu tudo errado… - Ele sacudiu as mãos na frente, e também a cabeça em negativa.

- Achei que não tinha dado certo porque vocês não se beijaram, mas depois, vocês se beijaram na sala de jantar. Então está tudo certo. Por favor, vá logo para o banho, estão todos ansiosos pelo baile!

Com certeza, aquela criatura tinha um modo simplista de ver a vida, mas como ele percebeu, todos os Digimons eram naturalmente puros e bons. Ao menos, os que não eram vírus e mesmo os que eram, gostavam da destruição porque era de seu instinto. Talvez, Inoue Miyako tivesse entendido o que fazia um mundo perfeito afinal. Era algo que ele queria entender também.

Ken seguiu para o banho e relaxou na banheira.

- ‘Ela devia dizer pra eles que não nos casamos de verdade.  Ela devia explicar que eles não tem que me chamar de majestade…’ – Ele olhava para o teto. Seu rosto apreensivo, seus lábios num bico pensativo. - ‘E se… E se estiver tentando trazer meu outro lado de volta de algum jeito?’ - O rebuliço em sua cabeça se tornava cada vez mais alto. - Não quero voltar a ser Kaiser. - A última frase saiu em voz alta, acompanhando o desespero de sua mente.

- Mas o Kenzinho já é o Kaiser de novo. - Wormmon disse com seu tom de voz inocente enquanto flutuava na banheira como se fosse feito de espuma. O jovem o fitou com os olhos arregalados.

- Wormmon... Eu não quero isso... – Franziu o cenho tomando o próprio Digimon nas mãos e olhando em seus grandes olhos brilhantes. – Como pode dizer que eu sou aquela pessoa de novo?

- É porque você e a Kaiserin se casaram!

- Não foi um casamento de verdade... Eram Bakemons...

- A Kaiserin me disse que mandou os Bakemons para lá por motivo de segurança. Como os Digiescolhidos estavam lá, eles poderiam ser uma ameaça contra vocês.

- Ela disse mesmo isso?

- Sim. Pensei que você soubesse, Kenzinho...

- Ela sempre faz o que quer...

O rapaz puxou o ar, incomodado e começou a passar a esponja em seu parceiro que ria com o ato.

- Faz cócegas! Faz muitas cócegas!

--------

As festividades dentro do castelo da Kaiserin tinham tido início. Tudo estava lindo, extravagante. Já que todos os Digimons do mundo não cabiam no castelo, representantes de todas as aldeias e vilarejos vieram prestigiar.

Havia música tocando e mesmo os maiores e mais desajeitados digimons estavam se divertindo fosse dançando ou comendo.

Miyako arrumou a gravatinha no pescoço de Hawkmon e sorriu como uma mãe orgulhosa.

- Você está lindo. – Apertou-lhe um pouco o rosto e deu-lhe um beijo na testa que o fez ruborizar um pouco.

- Você também. – Ele concordou e lhe deu um abraço. – Olha, eu acho que você não devia se esforçar hoje depois do que você fez...

- Prometo que não vou me esforçar, tá bom? Não fique tão preocupado. Estou bem.

- Promete mesmo? Se fizer alguma coisa exagerada, juro que te arrasto daquela festa e não estou nem aí se você é a chefe.

- Olha como está atrevido! – A garota de cabelos lilases riu da atitude de seu parceiro e sacudiu a cabeça. – Eu juro que estou bem. Vai ficar tudo bem. Só precisamos terminar as pirâmides e eu posso ir pra casa.

Ele concordou e os dois foram para a festa. Os Digimons pararam para observá-la e batiam palmas enquanto ela se aproximava. Alguns se curvavam para ela e ela lhes cumprimentava com carinho, de forma informal. Usava aquele mesmo vestido que usou em seu casamento. Principalmente, porque não o usou de verdade. Bakemon o havia copiado e o verdadeiro vestido nunca tinha saído do armário. Seus cabelos estavam presos num coque alto, bem feito. Quem poderia imaginar que algum dia, a desajeitada Miyako também podia brincar de ser princesa?

As Sistermons vieram até ela e a Blanc deu alguns gritinhos, os quais a garota acompanhou.

- Você está tão linda, Kaiserin!

- Ah, você que é linda!

As duas ficaram tagarelando por alguns instantes como se fossem amigas de colégio que não se viam faz tempo. Elogios sobre cabelo, roupas e tudo o que era possível rolou entre elas.

A Noir parou ao lado de Hawkmon com um sorrisinho meio de lado e abaixou um pouco até igualar suas alturas.

- Bela gravata.

- Uh... Valeu... – Ele coçou a nuca sem graça.

- Sabe... O suco está ótimo... Vem tomar um pouco comigo. – Ela ofereceu a mão para ele, ele a segurou com sua asa e os dois se afastaram pelo salão.

Quando Ken chegou ao salão, algum tempo depois, ele também foi cumprimentado de forma respeitosa pelos Digimons que o viam e ele não estava nada confortável com aquilo. Esperou que a aglomeração ao redor da Kaiserin se dissipasse e se aproximou dela. Wormmon pretendia seguir seu parceiro, mas da mesma forma que Hawkmon, sua atenção foi desviada por alguns digimons e ele achou um lugar para se enturmar.

- Miyako-san, você tem um minuto? – Ele perguntou aproximando-se dela na mesa de doces.

- Tenho vários minutos para você, esposo. – Ela quase disse a última palavra rindo e entrelaçou sua mão no braço dele. Ichijouji quis se bater pelo fato de algo tão simples já ter feito seu coração acelerar.

- É sobre isso mesmo que eu quero falar.

- Oh sim, prefere ‘marido’? – Ela perguntou com a expressão cínica e quando deu tchau para um Piddomon do outro lado da sala, ele teve certeza que ela não estava prestando a menor atenção no que dizia e resolveu ser drástico. Guiou a marcha de ambos até que virassem um corredor. – Ei, ei... Se queria ficar sozinho comigo, era só dizer, Ken-chan.

- Eu queria mesmo ficar sozinho com você, mas não pelo que você está pensando e deixando transparecer tão claramente com essa sua expressão tão... – Mordeu o lábio com força, mas acabou deixando sair. – Provocante.

- Tem certeza? – O risinho atrevido dela virou um sorriso de verdade.

- A-absoluta. – Franziu as sobrancelhas e engoliu em seco. – Nós sabemos que foi um casamento falso, por que os Digimons estão me tratando como se tivesse sido de verdade? Como se agora eu fosse... O Kaiser. Seu Kaiser.

- Gosto bastante de como isso soa. – Miyako deu uma risadinha.

- Então está mentindo para eles e está bem com isso? Pra quem herdou o brasão da sinceridade, você não está honrando-o muito bem...

- Meu brasão primário é o amor. E algumas vezes, vale a pena mentir pelo que você ama. – Ela responde com a voz leve. – E além disso... O que tem de tão ruim em eles acharem que você é meu marido? Não é um tipo de mentira que faça mal a ninguém.

- Não, não é. Mas ainda é uma mentira. E somos muito jovens pra casar de todo o jeito. Tem etapas antes... Ir pra faculdade? Ter encontros? Apresentar pra família? Noivar?

- Você sabe bem mais sobre o assunto do que parece... – Ela riu mais. – Está bem, vou desmentir nosso relacionamento. Se sente melhor?

 - Sim. Acho que sim.

Houve um raro minuto de silêncio entre eles e ela analisou o rosto dele por uns instantes, terminando por lhe roubar um beijo. O que era para ser somente um toque de lábios brincalhão, para quebrar o clima sério que havia se formado, tornou-se um beijo longo, ansioso, quente.  Ela se recostou na parede e o puxou pra junto dela, sem deixar que suas bocas se soltassem.

A excitação que havia tido início naquela mesa algum tempo antes, havia retornado com toda a força. Ela estendeu seu beijo para o rosto de Ken, percorrendo com pequenos e úmidos beijos a linha de seu maxilar até alcançar sua orelha, onde suspirou e o isso fez com que ele a apertasse em seus braços. Fez que ele a comprimisse mais contra a parede. Seus dedos se grudaram na barra do colo do vestido dela e sua intenção era abaixar aquele pedaço de tecido em seu caminho. Mas a roupa não cedeu aos seus puxões, por isso desistiu, resumindo-se a encher a mão num dos seios dela, apertando-o curiosamente, marcando a ponta de seus dedos sob a pele macia e redonda. O perfume de ambos se confundia.

- Temos que parar... Eles vão vir te procurar... – O jovem finalmente disse quando conseguiu ter algum fio de racionalidade.

- Você tem certeza que quer parar? – Miya perguntou roubando-lhe um novo beijo, mais quente que o primeiro. Suas línguas geladas se encontraram e se roçavam uma na outra. A proximidade de seus corpos permitia que seus corações pudessem ser ouvidos pelo outro.

- Não tenho certeza de mais nada... – Ele suspirou com o fôlego faltando e mergulhou no espaço do pescoço dela, tracejando a região com beijos demorados e novamente a apertou possessivamente contra si.

Ela correu a mão pelo corpo dele como contra-ataque aos apertos que ele lhe dera e traçou com os dedos a forma do órgão claramente ereto escondido sob o tecido preto de suas vestes. Ele pulsou em resposta, como se implorasse por uma providência.

- Ken-chan... – Ela chamou manhosa e deu uma apertadinha na rigidez, só para vê-lo repetir o pulsar e ouvir o garoto chiar entre os dentes.  

- O que? – Ele perguntou e deslizou a língua pela pele lisa, alva e macia que estava exposta em seu decote.

- Você tem razão... Estão procurando por nós... – Ela buscava o fôlego.

- Como você sabe?

- Recebi uma mensagem do Guardromon. É hora do meu discurso. Mas... Se você quiser... Podemos continuar isso depois do baile, o que acha?

Ele respirou fundo e deixou a cabeça pender para trás, como se quisesse se acalmar. Ele fez um som de concordância e deu-lhe um último beijo, tomando alguma distância.

- Eu vou te esperar, então.

Ela foi a primeira a voltar para o salão. Sorria para eles, mesmo que seus lábios estivessem vermelhos e inchados da urgência com que beijara o portador do brasão da bondade e mesmo que seu rosto estivesse um tanto corado pelo calor que se acumulara em seu corpo. Ela subiu num pequeno palanque que fora colocado lá especialmente para aquele momento e puxou um papelzinho do bolso o qual deu uma lida de relance.

- Cidadãos do Digimundo... Hoje marca o segundo ano desse Império construído com a cooperação de todos vocês. Esse governo não é meu. Eu apenas sou a pessoa que organiza um pouco as coisas. Quem realmente manda aqui são vocês. Tudo que eu faço é por vocês. – Ela conseguiu ver, do lugar privilegiado em que estava, quando Ken saiu do corredor e veio para o salão de novo. – De acordo com minhas pesquisas, e isso já foi dito a vocês residentes aqui, a conexão do Digimundo com o mundo dos humanos precisa ser cortada. A produção em excesso dos dados que vem de lá são a causa para que o poder das trevas se desequilibre causando muitos problemas a todos. Em breve, porém, promoverei o ‘Dia da Iluminação’ e essa conexão será encerrada para sempre, evitando que o Digimundo tenha mais problemas. Vocês viverão para sempre em paz e harmonia, agindo de acordo com seus respectivos instintos. É como devia ter sido desde o início. É por isso que peço um pouco de paciência e colaboração para a construção das pirâmides de energia. Eu também deixarei esse mundo para que vocês vivam livremente. Obrigada. – Ela desceu do palanque sob os aplausos de quem estava ao redor dela, mas suas falas não trouxeram respostas, só perguntas. Nessa hora, Ken lembrou-se que ela disse que iria explicar o que a fez ficar lá.

Ele quis se aproximar dela, mas pelo resto do baile, os digimons ficaram ao seu redor, chamando-lhe a atenção, querendo saber se nunca mais a veriam de verdade e dizendo que sentiriam saudade. Outra vez notou que ela negava quando lhe ofereciam comida e tudo o que aceitava era aquele suco excessivamente doce feito por Digitamamon.

Só mesmo quando o baile se encerrou é que ele vagou pelos corredores do castelo – surpreendentemente vazios – e se atreveu a procurar e entrar no quarto dela.

- Miyako-san? – Ele perguntou tão logo cruzou a porta e a viu, nua, sob a luz fraca da janela. Os cabelos violeta cascateando por suas costas. A pele e os óculos brilhando juntos como resposta ao reflexo lunar. Sua mente dividia-se em cobri-la de perguntas e cobri-la de beijos. Seu rosto avermelhou e suas pupilas dilataram. Os dentes se enterraram em seus lábios. Quando notou sua presença, ela se escondeu sob a cortina.

- Devia bater na porta, sabia? – A voz dela tinha um tom bem humorado, mas seu constrangimento era real.

- Desculpe... - Ele coçou a cabeça. – Eu posso voltar e bater se você preferir. Talvez... Esperar você vestir alguma coisa...

- Bom, se a gente fosse adiante com aquilo que aconteceu no corredor... Acho que você ia ver de todo jeito, não? – Ela deu de ombros, virou de costas e deixou a cortina se soltar de seu corpo. O rapaz a olhou de baixo para cima. As pernas bonitas, torneadas. O bumbum redondo, levemente arrebitado. Dessa vez, o cabelo não cobria suas costas, pois ela os havia colocado de lado. Quando seus olhos chegaram até em cima, Ken percebeu algo estranho logo abaixo do osso do pescoço dela.

- Miyako-san... Por mais que a visão que eu tenha agora seja divina... Eu... O que é isso nas suas costas?

- Se eu dissesse que é um acessório para me deixar mais bonita, você não iria acreditar, não é? – Disse com a voz tão leve que não passava de um suspiro.

- De jeito nenhum.

- Está bem... Eu tinha prometido que ia me abrir com você e a hora chegou. – Ela se sentou na própria cama e bateu a mão nela, para que ele fizesse o mesmo. Se enrolou em um dos próprios lençóis, mas não para se esconder dessa vez. O fez porque sentiu a brisa lhe arrepiar a pele toda. – Depois que eu espiei pelos seus óculos, eu me senti na obrigação de vir para esse mundo desfazer o que você tinha feito. Não sei explicar porque eu me senti assim. – Ela fez uma pausa, como se tivesse dificuldades para se recordar de cada detalhe. – Comecei a fazer extensas pesquisas sobre as causas do Digimundo sofrer desequilíbrio de tempos em tempos. Não fazia sentido que isso simplesmente acontecesse do nada.

- Sim... De fato, tudo tem uma lógica. – Ele concordou acenando com a cabeça. – E o que você descobriu?

- Que o que causa o poder das Trevas aumentar são... Os humanos. – A conclusão de sua fala a fez curvar o rosto de forma triste. – Sem a internet não teríamos muitos avanços na comunicação... Conversas e notícias em tempo real... Fazer amizade com pessoas do outro lado do mundo... Mesmo o Digimundo em si jamais teria se criado se a internet não existisse. Mas junto com algo tão bom, veio um efeito muito ruim... Dia após dia, as pessoas costumam despejar seus sentimentos nos bytes do computador. As pessoas usam até mesmo a internet pra terminar relacionamentos, pra fazer ameaças de morte... Pra odiar, invejar... No fim das contas... Isso causa um efeito no Digimundo. Esses bytes nocivos, cheios de sentimentos negativos se acumulam na Dark Area, onde é o lugar deles, mas acabam transbordando porque aquele lugar não é grande o suficiente para abriga-los. Eu tentei expandir a área um pouco, achando que isso podia ajudar, mas não... Continuava transbordando. Daí, tentei fechar os canais de comunicação entre o Digimundo e o Mundo real, mas… Meras duas semanas e dois garotos foram o bastante para mudar isso.

- Fala de mim e Izumi-san, não é? – Ele constatou com o próprio rosto tomando uma expressão mais séria e triste.

- Eu decidi que não seria o suficiente. Eu teria que ser mais enérgica se quisesse que os canais de comunicação fossem completamente encerrados. Daí, passei a planejar as pirâmides de energia. Pretendo usá-las para simular uma explosão solar e encerrar completamente qualquer conexão de internet. Eu estou regulando a energia de forma apropriada para que se limite à rede de computadores, mas não atinja a rede elétrica. Eu não desejo um desastre lá, só evitar que mais dor seja espalhada nesse mundo.

- Estou curioso com uma coisa... De onde você está tirando toda a energia necessária para fazer isso? Quando eu tinha minha base, eu precisei da força do meu próprio brasão. Mas você está usando uma outra fonte. – Ela deu uma risadinha amarga e virou o rosto para o lado e ele entendeu. – Está brincando, não é? Está usando a energia de seu próprio corpo?

- Eu tentei outras fontes... O Sol parece uma fonte óbvia, mas o Sol do Digimundo é mais como uma lâmpada que como o nosso Sol e a energia vinda dele demoraria um século ou mais para energizar o que eu preciso. A energia eólica é renovável, limpa e não é suficiente para alimentar todo o Digimundo e o meu projeto ao mesmo tempo.  Sem contar que a manutenção seria muito cara e perigosa. Se antes esse mundo estava lotado das suas torres negras, agora estaria lotado de torres de captação de vento. – Ela deu de ombros, ainda com o mesmo riso amargo nos lábios. – Eu fiquei surpresa com a capacidade que um corpo tem de produzir energia. São milhares, milhões de impulsos elétricos todos os dias. Cada dia mais, ininterruptamente. Pessoas como eu, hiperativas, são ainda mais adequadas para fornecer esse tipo de energia.

- E quanta energia é necessária? Sei que se trabalharmos juntos, podemos usar algum outro método e... Ou mesmo, você podia usar a energia do meu corpo também, sei lá...

- Ken-chan... Não. Esse aparelho causa alguns efeitos colaterais... Desde que eu o instalei em mim, não consigo comer mais. Ele rejeita tudo o que eu coloco para dentro com a única exceção daquele suco do Digitamamon. E eu desconfio que é porque aquele suco é diferente. Talvez seja algo mágico que ele produz...

- Miyako-san... Se continuar com essa loucura, você vai morrer... – Ele apanhou os braços dela e a olhou nos olhos. – E você nem tem certeza que vai funcionar! Por favor...

Ela sentiu os olhos arderem e o abraçou.

- Você pode me culpar por querer um mundo livre de dor depois de tudo o que eu vi? Não quero que o mundo Digital fique igual ao nosso mundo! Não quero que a pureza dos Digimons se transforme em inveja, maldade, ódio... Não quero que essas criaturas sucumbam da mesma forma que nós... Eles merecem paz e amor... E felicidade... Pelo menos aqui isso precisa existir...

Ele a envolveu num abraço doce, parecido com aquele que ela lhe dispensara no passado.

- Eu não te culpo. E não concordo com o que você está fazendo. Mas... Eu quero ficar do seu lado. – Ele lhe acariciou os cabelos violeta e depois se afastou dela para lhe fitar os olhos. Tinha um sorriso doce na face.

- E você iria querer ficar ao lado de uma pessoa doida como eu? Inconsequente como eu? – Tinha um bico nos lábios que parecia infantil.

- Sim, eu quero. Quero muito.  – No olhar dele não havia nada de infantil. Havia um brilho de certeza, de seriedade, capaz de balançar estruturas. 


Notas Finais


Deixar uma musiquinha boa para finalizar o capítulo:

https://www.youtube.com/watch?v=_9syE2UP11E


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