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História Another way - Gravidade


Escrita por: nanyseskiene

Notas do Autor


Finalmente, depois de um tempão, um novo epi de AW! Eu peço desculpas se tiver algum errinho. Estou morrendo de sono, mas queria entregar isso ainda hoje. Espero que gostem e BOOOOORA PRA TRETA!

Capítulo 8 - Gravidade


Miyako acordou de repente, seu corpo tinha sido apanhado por mais um dos efeitos colaterais do aparato que instalara em si mesma. A energia que era sugada dela precisava ser constante e por essa necessidade, ela não podia dormir tranquilamente. Uma espécie de alarme se acionava de forma natural quando ela cochilava. A jovem se levantou da cama, chegou a observar o sono de seu adorado Ken-chan antes de deixar o quarto. Ainda nua seguiu para a sala de comando para checar como as coisas estavam indo.

 

Observou cada monitor entediadamente e tudo parecia bem, até que... Notou que uma de suas pirâmides não mais mostrava as áreas internas. Sentou-se em sua cadeira flutuante e deu alguns comandos, mas a câmera estava impossível de ser acessada. Tentou recuperar arquivos anteriores àqueles, para tentar descobrir o que ocorrera e por mais que não tivesse uma imagem, ouviu a voz, inconfundível de Flamedramon gritando ‘Míssil de fogo’.

 

Com isso, ela digitou mais algumas linhas de código e percebeu o inevitável: uma de suas pirâmides havia sido atacada pelos Digiescolhidos. Aquilo pelo qual ela tanto, tanto trabalhou. Às custas de sua própria vida...

 

- Agora... Agora vocês foram longe demais com essa brincadeira. E eu vou encerrá-la!

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Horas antes, durante o suntuoso baile no castelo da Kaiserin, os Digiescolhidos receberam uma mensagem:

 A resposta são as pirâmides. Destruam as pirâmides.

- Ichijouji Ken

Aquela mesma mensagem foi passada a todos os Terminais deles e os jovens se olhavam curiosos.

- Pra mim tá bom. – Daisuke se levantou e se espreguiçou, revigorado. Bateu a poeira do corpo e passou a mão na cabeça, tirando seus óculos de mergulho, ajeitando o cabelo arrepiado e depois os colocando novamente. – Eu sabia que tinha algo de estranho com aquelas construções.

- E você acha uma boa ideia seguirmos o que essa mensagem está dizendo? Pode ser uma armadilha... Podemos ser atacados por Digimons quando chegarmos lá. – Ponderou Iori.

- É verdade, mas... – Takeru respirou fundo e também se levantou, batendo a poeira do corpo. – Se essas construções forem importantes de alguma maneira, chamaremos a atenção da Kaiserin.

- Não acredito que vocês estão mesmo pensando nisso... – Hikari olhou-os, incrédula. – E se a mensagem for coisa dela mesma? E se ela estiver querendo que façamos isso?

- Não faz sentido construir algo para nós destruirmos... – Iori se levantou também. – Mesmo que seja arriscado, talvez devêssemos tentar.

- Enfrentamos batalhas antes... Você e o Takeru enfrentaram coisas ainda piores que nós... – Daisuke estendeu a mão para Hikari e lhe sorriu. – Hikari-chan, nós vamos conseguir. Se estivermos juntos, conseguiremos. – Ela apanhou a mão e levantou. Depois ele deu uma olhada de relance para o loiro que acenou com a cabeça em concordância, depois para Iori que também concordou. – Vamos deixar essa pirâmide no chão!

Saíram por um pequeno buraco feito no fundo da caverna que dava direto para uma área florida. Armadillomon notou uma pena de um marrom muito familiar perto de uma árvore, mas guardou aquela informação para si.

Eles rumaram para quilômetros dali, cada qual em seu respectivo Digimon. Ao chegar na grande construção, deixada ali no meio da bela paisagem da campina, os garotos estranharam de imediato não haver ninguém tomando conta. Enquanto procuravam uma entrada, resolveram se separar para cobrir mais território e cada um deles foi para um lado diferente da pirâmide.

- Iori...

- Que foi, Digmon? – O garoto perguntou, tentando se fixar em fazer a tarefa que todos estavam fazendo.

- Eu vi uma pena na entrada da caverna. Eu acho que era do Hawkmon. – A voz do Digimon inseto ficou mais baixa. – Acho que, de algum jeito, ele está olhando por nós.

O garoto de 14 anos franziu as sobrancelhas.

- Tem certeza que era a pena do Hawkmon, Digmon?

- Bom, existem outros pássaros no Digimundo... Mesmo outros como ele. Mas... Eu simplesmente sinto que era dele. Não sei explicar direito.

- ‘Miyako-san...’ – Iori puxou o ar com pesar, crendo ser oportuno manter sua preocupação para si próprio. – Bem, vocês são amigos... É de se esperar que tenha essa proximidade com ele.

- Você também está preocupado com a Miyako-san, não é? – Quando Iori não respondeu, o Digimon continuou voando, considerando isso uma resposta positiva ao seu questionamento.

- Olha, Digmon, ali tem um portão. – O garoto apontou e os dois desceram. Logo percebeu que os outros amigos também estavam lá. Inclusive, tentando atacar a porta para que se abrisse, em vão.

Quando os dois pousaram, Digmon imediatamente se uniu aos outros, tentando abrir a porta pela força. Não havia nenhuma chave, alavanca ou qualquer outro dispositivo do gênero à vista.

- Vamos tentar todos juntos! – XV-mon disse, assumindo sua postura natural de líder. Angemon e Nefertimon se prepararam ao lado deles. Não importava o quanto eles tentassem, a porta simplesmente não cedia.

- Talvez, essa porta não tenha sido feita para ser aberta... – Hikari comentou com a expressão triste.

- Bom, não é prudente continuar cansando nossos parceiros se- - Takeru se deteve quando ouviu a voz do mais jovem dos Digiescolhidos.

- Continue golpeando a porta, Digmon. – Iori disse com a voz baixa, mas firme. – Viemos destruir essa pirâmide. Ninguém disse que seria fácil.

- Você está exagerando... Se a porta não abrir, vai ser um esforço perdido! Temos que usar nossas forças de outra forma... – Daisuke colocou a mão no ombro do rapaz, que girou o ombro, espantando a mão do outro.

- Eu sempre cumpro minhas promessas, Daisuke-san. E eu prometi... Prometi pra família Inoue que ia trazer a filha deles de volta. – Nessa hora, o D-3 de Hida brilhou. – Mas o que?

O ruído insistente de Digmon golpeando a porta com suas brocas ficou silencioso. Seu corpo inteiro brilhava e estava paralisado no lugar.

- Não consigo me mexer, Iori... Sinto que minha digievolução vai falhar...  

- Será que eu o forcei demais...? – Foi o primeiro medo a entrar na cabeça do garoto. Claro, ele já ouvira muito bem a história terrível de como Yagami Taichi transformara seu Greymon em SkullGreymon por causa de sua insistência e teimosia.

O destino pensava diferente. De fato, a digievolução de Digmon se desfez. O Digiovo do Conhecimento voltou para o D-Terminal. Mas Armadillomon não permaneceu por sequer um instante...

- Armadillomon digivolve para... Ankylomon!

Diante deles, se apresentou o maior Digimon entre eles. Com uma carapaça resistente de pura rocha. Grandes chifres laterais e um rabo que terminava em forma de uma maça cheia de espinhos de tamanhos diferentes e que pareciam muito afiados. Um verdadeiro tanque de guerra biológico.

- Ele... Digivolveu! – Os outros disseram em coro.

Iori apenas o encarava surpreso. Quando os olhos sempre serenos de seu parceiro se cruzaram com os dele, ele sorriu.

- Ankylomon... Ataque esse portão mais uma vez! – Dessa vez não houve problema, a porta foi completamente abaixo. E mesmo toda a estrutura sacudiu com o impacto.

Não havia nenhuma espécie de alarme para avisar que aquilo tinha acontecido e nenhum guarda Digimon estava do lado de dentro. Alguns metros de caminhada foram necessários antes que eles encontrassem uma estrutura metálica com diversos cabos se ligando à ela. Tudo ao redor deles era de metal, como a antiga base do Kaiser.

 - O que diabos é isso? – Daisuke cutucou aqui e ali, querendo descobrir o propósito.

- Parece muito com um gerador de energia... Como aqueles que vemos em hospitais. – Takeru comentou e deslizou a própria mão pelo metal frio.

- Se vamos destruir a pirâmide, seria bom desconectar isso aqui primeiro, não? – Hikari sugeriu. – Assim não corremos o risco de que exploda enquanto fizermos o resto.

Os outros concordaram e assim foi. Arrancaram os fios que se conectavam. As luzes se apagaram.

Os Digimons trocaram suas respectivas digievoluções e fizeram sua parte, lançando seus ataques aqui e acolá até culminar com o ‘Míssil de fogo’ de Flamedramon que ficou gravado na câmera da Imperatriz.

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Ainda sem ter se importado em cobrir o corpo, Miyako digitava furiosamente diante de sua grande tela.

- Quanta energia eu perdi? – Ela perguntava com ansiedade. – Céus... 30%? Como vou recuperar isso em tão pouco tempo...? – Ela bateu a mão contra o teclado, fazendo que algumas letras incorretas fossem inseridas, depois massageou a têmpora. – Não tenho tempo para reconstruir aquela pirâmide e captar novamente toda a energia necessária. – Por que sou a única que está fazendo esse esforço maldito? Ninguém mais se importa... Talvez se importassem se soubessem. Eles pensam que estou fazendo algo ruim... – Ela se levanta de sua cadeira e caminha de um lado para outro, claramente falando consigo mesma, sem nenhum pingo de constrangimento. – Se eu pudesse mostrar para eles minhas verdadeiras intenções, talvez, só talvez, eles pudessem me ceder um pouco de suas próprias energias... Se fosse assim, tudo ficaria bem mais fácil e eu poderia encerrar definitivamente a conexão entre os dois mundos. Ken já tinha se oferecido para me ajudar, não? Eu devia usá-lo. Ele é meu agora, faz todo o sentido. Somos um só. Devemos trabalhar juntos. – Um arrepio cruzou seu corpo e a fez tremer. A tremida causou seu pequeno implante a latejar em sua pele e mostrar o quanto aquilo era desagradável. – Ai... – No mesmo instante que se decidira por fazê-lo, já desistiu.

- Kaiserin-sama... – Uma dupla de Digimons chegou à sua presença com reverência.

- Nós capturamos a maioria daqueles Digimons problemáticos. Eles não vão mais ser um estorvo para você. – Disse um deles.

- Ahhh, excelente. – Ela sorriu e bateu uma palma. Seu sorriso não parecia mais tão vívido, nem sua posição tão imponente e radiante quanto antes. – Eu também quero que vocês localizem os Digiescolhidos, dê a eles comida e descanso e depois digam que eu os convidei para o meu castelo.

- Não prefere que os capturemos, Senhorita?

- Sim, será fácil. Só precisa nos dar uma ordem, como fez com os digimons.

- Vocês não machucaram aqueles Digimons que capturaram, não é? Porque eu fui bem clara sobre o que pedi.

- Claro que não... – Um deles suou frio. – Eles foram insistentes, mas nós usamos aquela sua invenção e eles foram embolhados.

- Muito bom. Não quero que ninguém se machuque. – Ela sorriu e tornou a se sentar em sua cadeira. Não entendia porque, de repente, ficou tão cansada.

Floramon chegou ao recinto com um sorriso e lhe trouxe o vestido do dia, ajudando colocar ali mesmo, sem nem precisar levantar. Digitamamon veio algum tempo depois, trazendo o suco floral, excessivamente doce. Ela o tomou num gole só, diferente do que costumava fazer e voltou aos próprios afazeres.

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- Kenzinho... Kenzinho... – A voz fininha e doce de Wormmon combinava com suas patinhas insistentes tentando acordá-lo.

O portador do brasão da bondade abriu um olho, depois fechou. Wormmon o chamou mais algumas vezes e ele abriu os dois olhos, bocejando e se esticando preguiçosamente. Se levantou na cama, o lençol caiu e seu parceiro cobriu os olhos.

- Bom dia, Wormmon... Viu a Miyako-san?

- Não vi não. Quando cheguei aqui, você estava sozinho. – A lagartinha digital explica depois de pensar por um instante. – Mas agora, pensando bem...

- Hm?

- Quando eu vim do salão, havia uma agitação entre os Guardromons. Eles falavam alguma coisa sobre captura.

- Agitação entre os...? Capturaram os Digiescolhidos?

- Não... Não disseram nada sobre eles. Era alguma coisa sobre Digimons rebeldes.

- Não consigo entender porque alguém se rebelaria... – A fala dele morre enquanto sua mente mergulha em pensamentos. Ken se levanta totalmente da cama, incomodado.

- Kenzinho! Você está... !

- Ah... – Ele respira fundo e apanha o pijama que esteve vestindo na noite anterior. – Ainda estou no quarto dela...

- Err... Só tem esse quarto agora. Aquele quarto em que costumávamos ficar deixou de existir.

- Como assim? Novamente, ela vai fazendo tudo o que quer... – Ele franziu a testa e apanhou o parceiro no colo, levando-o consigo enquanto escovava os dentes e penteava os cabelos. Não se preocupou em procurar outra coisa pra vestir. Foi para a sala principal e tomou o café da manhã. Era ridículo. Estava ficando acostumado àquela rotina estranha. Depois de tudo feito, finalmente a encontrou conversando – ou melhor, discutindo – com Hawkmon.

- Você disse que não ia mais fazer, Miyako-san!

- Eu não tenho escolha. E você sabe disso!

- Se fizer isso, o que vai acontecer com seu corpo?

- Não importa o que vai acontecer com meu corpo, é pelo bem do mundo inteiro!

- O que está acontecendo aqui? – Ken se meteu, enfim.

- Por favor, Ken-san, coloque um pouco de juízo na cabeça da sua... Esposa.  – O garoto corou até as orelhas e antes mesmo que pudesse pensar em contestar, o Digimon ave continuou. – Ela pretende captar mais energia.

Num minuto, a expressão de Ken foi de envergonhada, para curiosa, surpresa e finalmente furiosa. Wormmon, que seguiu o parceiro, observava a coisa toda, sem entender muito bem. Ele não tinha se inteirado do que ‘captar energia’ significava. Mas ele tinha ouvido dizer que era um grande sacrifício que a Kaiserin estava fazendo pelo povo. Era isso que todos diziam durante o baile.

- No que está pensando, Miyako-san?

- Não me importa o que vocês dois digam. Vocês não sabem de nada. Vocês não mandam em mim. Minha decisão está tomada. Eu vou captar mais energia nem que eu morra! A maldita conexão será encerrada.

- Você está obcecada com isso, pelo amor de Deus!  - Ken gritou e Hawkmon respirou fundo, finalmente saindo da sala. Wormmon o seguiu, pretendendo falar com ele.

- Tenho meu motivo… - Ela disse apertando um botão em seu teclado e mostrando um filme da destruição que havia encontrado quando chegou ali. As cidades arrasadas por Chimairamon. Os Digimons lutando entre si por falta de comida. Era um reino de medo. De dor. De puro sofrimento. Os fortes não protegiam os fracos, mas se aproveitavam deles. Ken reconheceu entre aquelas criaturas, o mesmo tipo de comportamento que humanos tinham. Miyako se aproximou dele e puxou-o pela camisa para junto de si, deitando a cabeça em seu peito. – Você disse que ia ficar comigo. Disse que ia me aceitar como eu sou.

O tom de voz dela tão baixo e doce fazia sua cabeça girar. Ele a abraçou junto de si como se fosse morrer se não fizesse isso.

- Eu sei o que eu disse... Mas como posso ficar com você, se você deixar de existir? Prometa que vai parar se sua vida estiver em perigo.

- Eu prometo. – Ela sorriu e lhe deu um beijo nos lábios.

Por alguma razão, ele se lembrou de uma coisa nesse momento.

Meu brasão primário é o amor. E às vezes, vale a pena mentir por alguém que você ama.

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Hawkmon caminhou por um corredor e foi seguido por Wormmon, que apesar de não estar tentando se esconder, não se deu ao trabalho de explicar porque o fazia.

- Sabe onde eu estou indo, Wormmon?

- Não sei. Mas... Eu sinto que aqueles dois vão conversar e que vai demorar...

- Eu acho que não vai demorar nada. – Hawkmon soava um pouco triste. – Ela vai fazer com ele a mesma coisa que faz comigo e vai ficar tudo igual... – Ele deslizou a asa por uma parede e uma porta se abriu diante deles.

- Como assim, a mesma coisa que faz com você? – O verdinho perguntou.

- Eu não entendia porque você não abandonou Ken-san quando ele se tornou Kaiser. Ele maltratava você, maltratava todos ao redor dele. Se divertia com a dor alheia. Mas hoje... Eu entendo. Não importa quantas coisas erradas nossos parceiros possam fazer, nós não conseguimos deixá-los. Estamos presos a eles por uma conexão invisível. Somos parte deles e eles são parte nossa.

Wormmon acenou positivamente com a cabeça, concordando com as sábias palavras da ave digital.

- Mas a Kaise-

- Miyako-san! O nome dela é Miyako-san. Não use esse apelido, por favor... Me faz sentir como se eu a estivesse vendo desaparecer bem diante de mim e não posso fazer nada...

- Desculpe... A Miyako-san... Ela não está fazendo nada de errado, não é? Ela está fazendo o bem, salvando os Digimons, o Digimundo!

Hawkmon acendeu a luz do lugar onde se encontravam e Wormmon arregalou os olhos.

- Mas isso é... Esses são...?

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- Obrigada por estar comigo nesse momento. Da primeira vez, eu estava sozinha. Hawkmon estava bravo exatamente como está agora e eu não tinha tanta intimidade com outros Digimons. – Ken segurava a mão de Miyako enquanto o procedimento cirúrgico era feito em suas costas. Nanomon era quem estava instalando, Andromon supervisionava e uma porção de Hagurumons ficava fazendo checagens nos aparelhos de calibragem.

- De nada. – O garoto mordeu o lábio, querendo evitar olhar para ela e deixar que seu olhar o amolecesse ainda mais. – Quando é o ‘Dia da Iluminação’, afinal de contas? Não pode adiar até que seu corpo fique mais preparado para poder fornecer as quantidades de energia?

- É nessa semana. Não posso mais adiar. Já estou há dois anos aqui. Se eu continuar me prolongando, o poder das trevas vai transbordar da Dark Area de novo. E se isso acontecer, todo o meu trabalho terá sido completamente em vão. Além do mais... Os Digiescolhidos destruíram uma das minhas pirâmides. Tenho certeza que estão fazendo isso para chamar minha atenção. Eu resolvi chamá-los para dentro do castelo.

- E fará o que com eles?

- Pretendo conversar com eles da mesma forma que conversei com você. Eu pretendia ignorá-los e mantê-los brincando em armadilhas como aquela do casamento, mas agora que eles se voltaram para as pirâmides, não posso mais esperar. – Por alguns instantes, ela ficou calada. Seus olhos ficaram fixos num ponto e se podia ver pequenos zeros e uns correndo por suas íris como se sua energia estivesse lentamente se tornando nada mais que dados.

Ken se calou também, por consequência. Ficou se perguntando porque é que não fazia nada à respeito. Porque não intervinha de forma enérgica quando ela lhe dizia coisas que podiam significar a morte dela. Se importava tanto com ela que não conseguia negar sua vontade ou se importava tão pouco que a morte dela seria a forma mais simples de escapar?

- A anestesia a fará dormir por algumas horas, podemos chamá-lo quando ela acordar, Kaiser-sama. – Andromon dirigiu-se ao rapaz que só suspirou em resposta.

- Você pode me explicar melhor a natureza desse implante? Poderia instalar um em mim, se quisesse?

- Sim. Mas eu ia necessitar produzir um do zero, porque suas capacidades energéticas não são as mesmas que as de Kaiserin-sama. Cada implante é único. Seu design é feito especialmente para absorver certa quantidade de energia por dia, respeitando certos limites.

- E como essa energia é usada? Como ela se transforma?

Andromon continuou explicando detalhadamente como havia geradores em algumas partes do castelo que captavam a energia desprendida do corpo de Miyako e a convertiam em eletricidade digital convencional para que pudesse ser usada em programações e reconstruções. Disse também que achava um exagero da parte de sua ama fazer um segundo implante, mas que ao dizer isso para ela, foi ignorado.

- Entendo a pressa dela contra as forças das trevas, mas isso é trabalho de todos os Digiescolhidos, eu suponho.

- Se pensa assim, por que a ajuda? – Ken franziu as sobrancelhas.

- Eu não sei explicar. Só me sinto tão protegido por ela que sinto a necessidade de fazê-la feliz.

Aquela sensação. A necessidade de fazê-la feliz, a impossibilidade de lutar contra as vontades dela mesmo sabendo que estavam erradas... Aquilo não acontecia só com ele, mas com os Digimons também. Todos estavam envolvidos por essa grande onda calorosa de carinho que ela dispensava. O amor. O amor é o brasão primário. Os olhos dele arregalaram, ele finalmente entendeu o que se passava.

Ken saiu da sala e quando o fez, deu de cara com Wormmon. Seus grandes olhos cheios de lágrimas.

- Precisamos fazer alguma coisa, Kenzinho... Precisamos fazer! – O pequeno chorava e chorava sem parar. – Vem comigo.

- O que houve? – O garoto seguiu seu parceiro pelo mesmo corredor que o outro tinha seguido antes. Finalmente, entraram na sala que Hawkmon tinha aberto. Os olhos de Ichijouji se arregalaram, exatamente iguais aos de seu pequeno amigo. – Mas... Por que?

Ao seu redor, havia várias e várias gaiolas com Digimons aprisionados. Eram familiares aos seus olhos. Um deles, provavelmente o mais familiar.

- Agumon... Esse é o mesmo Agumon que eu...? – Seu coração doeu. Por que aquilo estava acontecendo?

- Eles são os parceiros dos primeiros Digiescolhidos, Kenzinho! Estão aqui porque não aceitam que a Kaiserin feche a conexão entre os dois mundos.

- Ela sequer quis nos ouvir... – Tentomon comentou, suspirando profundamente.

- É claro que ela não quer nos ouvir... Ela sabe que ninguém vai concordar com o que ela quer fazer. – Palmon disse, toda bravinha. – É maluquice! Como vou passar o resto da minha vida sem ver a Mimi? Não, não dá.

- Não é esse o motivo, Palmon... É porque a Kaiserin está calculando tudo errado e se usar toda essa energia, ela não vai só destruir a conexão. Vai destruir é tudo! Foi o Koushirou-han que me explicou tudinho.

- Se ao menos pudéssemos avisar aos outros para destruir as pirâmides... – Piyomon lamenta com um suspiro.

- Alguém já avisou. – Wormmon diz e olha para a porta.

- Sim, uma das pirâmides foi destruída essa manhã, pelo que eu fiquei sabendo. – Ken concordou.

- Ah, então, os Digiescolhidos vão impedi-la... Que bom. Não podemos deixar o mundo virar cinzas... – Tentomon parecia aliviado com o que ouviu.

- Se eles não a impedirem, eu vou tentar. Não... Eu vou conseguir. – O portador do brasão da bondade parecia cheio de determinação, mas não durou muito. O garoto começou a se sentir muito, muito leve. Era a pulseira anti-gravidade agindo de novo!

- É assim que você me retribui, Ken-chan? Eu dividi meus planos com você, minha cama com você... E o que você faz? Age pelas minhas costas, faz amizade com os rebeldes? E eu pensei que você gostasse de mim! – A Imperatriz entra na sala, acompanhada de dois Guardromons. Seus olhos estão frios e tristes. A expressão típica de quem foi traída. Os dois digimons máquina conduzem o rapaz até o salão onde fica o monitor dela e se afastam dele. Nessa hora, ela desliga a gravidade zero e ele cai no chão. Num minuto, ele está cercado por barras de algum material resistente como aço, mas com um toque suave como borracha. Era uma cela. Finalmente, Miyako tinha lhe tornado um prisioneiro. Ela se aproximou da cela, e se inclinou na direção dele. – Isso não muda meus sentimentos. Eu te amo. Eu sempre vou te amar, marido.



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