História Another World - Danger

Dormir ao ar livre tem um grande inconveniente: a gente acorda cedo demais. E logo que acorda não há remédio senão levantar-se, porque o chão é duro e incômodo. Ainda mais para eles que estavam acostumados a terem boas noites de sono, em suas camas macias e quentinhas. Apesar do desconforto inicial, Camila e Lauren se sentiam incríveis por terem dormido nos braços uma da outra, diferente dos outros que reclamavam a plenos pulmões logo de manhã.

- Oh, temos um longo caminho a percorrer – Spark murmurava consigo mesmo ao observar os jovens esticando os seus músculos e choramingando, imaginando se aqueles eram mesmo os herdeiros de Nárnia e não impostores.

- O que disse? – Niall questionou com o cenho franzido, os cabelos loiros bagunçados sobre a testa e o rosto amassado de quem havia dormido de mal jeito.

- Que temos um longo caminho pela frente – o macaco o respondeu, saltando sobre uma das ruínas do castelo para ficar sobre a visão de todos. – Temos de chegar até o Monte de Aslam, no castelo da minha rainha. Mas primeiro, vocês precisam ter uma alimentação decente com mais que apenas maçãs e temos de arranjar algumas roupas mais... – inclinou a cabeça para o lado ao analisar as roupas apertadas que eles usavam, negando com a cabeça e imaginando o quanto os filhos de Adão e as filhas de Eva eram estranhos em suas vestes costumeiras -, propícias para a ocasião.

- E como vamos fazer isso? – Liam perguntou entre uma careta, arrumando o seu boné sobre a cabeça.

- Na sala do tesouro dentro das arcas há vestes apropriadas para vocês usarem – Spark explicou, saltando novamente para o chão e seguindo na direção da velha entrada para a sala mencionada. – E eu tenho caniços de pesca em um pequeno barco ancorado do outro lado da ilha, podemos conseguir alguma comida e seguir dali.

- Que inteligente – Ally murmurou, impressionada com a sagacidade do macaco.

- Estou nessa vida há muitos anos, senhora. É de se esperar que tenha aprendido uma coisa ou outra em minhas aventuras por Nárnia...

E dessa forma, os jovens seguiram o pequeno cavaleiro de Nárnia para dentro da sala de objetos preciosos, o pedindo para lhes contar algumas histórias sobre o que já viveu. O macaco se sentia animado e lisonjeado, tendo alguma atenção (mais do que especial) sobre o seu ser tão menos necessário.

- Eu ainda não acredito que estamos seguindo instruções de um macaco... – Lauren murmurou com Camila, já que ambas caminhavam por último, ainda sonolentas. – Isso é... Loucura!

- Mas você precisa concordar que é uma loucura muito legal – a latina enfatizou o “muito”, sorrindo torto para a hispânica ao seu lado e ousando mais ainda ao segurar em sua mão e entrelaçar seus dedos delicadamente. – Eu me sinto tão mais livre somente em estar aqui!

- Nisso você tem toda a razão!

Lauren retribuiu o sorriso, passando o seu braço por sobre o ombro da latina ainda com os dedos entrelaçados quando já estavam dentro da sala, puxando-a para mais perto.

- Não seja ridícula, Dinah, largue isso! – Ouviram a voz repreensora de Ally ressoar e seguiram na direção onde estavam as arcas e os tesouros. – Você não pode simplesmente se apossar do que não é seu.

- Oras, somos os herdeiros disso tudo, anã! – A polinésia rebateu, sorrindo diabólica. – Não ouviu o que o seu parente ali disse ontem?! – Indicou Spark com um aceno de cabeça.

- E você parece que nunca leu Nárnia em toda a sua vida – a baixinha negou com a cabeça, revirando os olhos de forma entediada. – Não tem porque você levar tesouros consigo, não se pode levar nada de Nárnia para o nosso mundo!

- Isso é o que você está dizendo – Dinah seguiu irredutível, enquanto ambas eram observadas por todos.

- É o que está escrito no livro! – Allyson bateu o pé, cruzando os braços.

- Pessoal, melhor nós deixarmos elas sozinhas – Camila comentou com os amigos, recebendo olhares curiosos. – Ah, é que elas se pegam nas horas vagas.

- Elas o quê? – Normani e Spark questionaram ao mesmo tempo, causando um riso na latina.

- Não deem ouvidos a ela! – Ally pediu, rolando os olhos e bufando ao se afastar de Dinah.

 A polinésia também deu de ombros, se aproximando de Normani para lhe mostrar algumas das joias que havia encontrado.

- Mas eu ainda acho que isso tudo é amor reprimido... – Camila sussurrou, assobiando como quem não quer nada.

- Sério? – Lauren questionou, franzindo o cenho. – Pensei que ela estivesse afim da Mani.

- E quem é que entende Dinah Jane? – A latina murmurou risonha, se encantando ao notar que a hispânica estava confusa com toda a situação. – Fofa! – Elogiou sem ao menos se dar conta antes, se inclinando para beijar-lhe a bochecha corada.

Lauren sorriu constrangida, acariciando as costas da sua mão com o polegar.

As últimas 24 horas haviam sido turbulentas, confusas e insanas, mas uma coisa elas não podiam negar... Estavam absolutamente amando cada segundo que tinham da companhia uma da outra. Ainda mais que agora estavam tão mais próximas do que quando apenas se olhavam nos corredores da faculdade, sonhando acordadas com o dia em que teriam a chance de estarem juntas... Era estranho demais pensar que no mundo real elas não tinham coragem alguma, mas em Nárnia se sentiam mais leves e destemidas, livres para agirem sem terem a chance de serem julgadas por olhos curiosos que apenas queriam lhes ferir.

Após um longo tempo de discussão sobre as vestes e escolhas, todos já se encontravam devidamente vestidos com cotas de malha e confortáveis para tudo o que viriam a enfrentar pela frente. Os garotos possuíam camisas e calças reforçadas, com capas e espadas embainhadas. Enquanto as garotas apreciavam a leveza de vestidos e segurança de capas protetoras, assim como as espadas, ou como no caso de Lauren e Ally, arco e aljava, presos e devidamente embainhados. Tudo o que eles acharam que seria útil e necessário em algum momento, eles estavam levando.

Seguiram então por uma caminhada pela mata, atingindo o outro lado da ilha onde realmente o barco de Spark estava ancorado. O macaco rapidamente assumiu o comando das operações, mas por ser muito pequeno para os remos grandes, deixou que os garotos tomassem conta do serviço braçal mais pesado. Spark conduziu-os para o norte, ao longo do canal, virando depois para leste e contornando o extremo da ilha. Daí via-se todo o curso do rio, todas as baías e cabos da costa. Pareceu-lhes que alguns lugares não lhe eram estranhos, e agora eles sabiam o porquê da familiaridade diferente.

Quando chegaram ao mar alto, o macaco começou a pescar, instruindo os outros a fazerem o mesmo. Apanharam uma grande quantidade de trutas coloridas e uma espécie estranha de peixe, muito bonito e grande o suficiente para servir a todos. Depois, levaram o barco para uma angra, onde o amarraram. O macaco, que era muito eficiente (bem mais do que os que estavam acostumados), abriu os peixes, limpou-os e disse:

- Só nos falta a lenha.

- Deixa com a gente – Zayn lhe disse, indicando o restante dos garotos ao saltar para dentro da floresta.

Não demorou muito para que eles estivessem em volta de uma fogueira, munidos de gravetos com partes dos peixes espetados para assar na brasa. Spark parecia animado ao lhes ensinar como se assam trutas frescas, sorrindo e falando mais que o normal. Comer peixe tirado direto da brasa fora como um gole d’água em um deserto, trazendo-lhes alívio e satisfação, além de energia extra que eles com certeza precisavam.

- O que houve em Cair Paravel? – Louis questionou Spark alguns segundos após eles terminarem de comer, quando bebiam água ou apenas esperavam a digestão para seguirem o caminho. – O castelo obviamente foi atacado.

- A rainha das trevas e os seus cavaleiros negros, é o que houve... – o macaco murmurou com certo rancor em sua voz, sacudindo a sujeira das mãos e fitando-os seriamente. – Os meus reis e rainhas estavam se preparando para o pior há dias, pois os poderes da deusa da noite são incontestáveis. Por sorte, naquela noite eles conseguiram mandar vocês para o seu mundo antes que o pior acontecesse.

- Opa, espera aí... – Lauren interrompeu, desconfiada. – O que quer dizer com isso?

- Não achou que você tivesse nascido naquele mundo, achou? – Spark riu irônico, olhando de um para o outro em seguida. – Nenhum de vocês é realmente de lá... Eu lhes disse que são os herdeiros do trono.

- Mas que... – a hispânica engoliu um palavrão garganta abaixo ao sentir Camila produzir um carinho tranquilizante em seu ombro. – Explica isso, nós temos o direito de saber!

- É claro que têm – o macaco concordou. – Mas não cabe a mim dizer.

Um silêncio desconfortável pairou pelo ar, enquanto todos tentavam encaixar as engrenagens em suas mentes.

- O que aconteceu? – Ally quem questionou dessa vez, quebrando o clima tenso e trazendo à tona o assunto anterior.

- Eles chegaram pela calada da noite e destruíram tudo, mesmo com as nossas defesas – Spark agora mantinha um olhar vago, como se ele se recordasse daquele dia terrível como se fosse ontem. – Seus soldados não morriam, enquanto os nossos diminuíam a cada minuto.

- Como isso é possível? – Zayn indagou, atordoado com a ideia.

- Uma maldição, meu senhor – o macaco lamentou entre um suspiro. – A maldição do morto-vivo... Os torna imortais, de certa forma. Até hoje ainda não descobrimos uma brecha e por isso vocês são tão importantes por aqui, são a nossa última esperança. Os reis e rainhas e toda a família real, morreram com honra e nos deixaram essa missão.

- Missão suicida... – Harry murmurou, sendo ignorado pelo macaco.

- Vocês representam o passado, o presente e o futuro de Nárnia – Spark entoou, se levantando logo em seguida e embainhando a sua espada ao tempo em que ajeitava o chapéu em sua cabeça. – Contudo, não nos é prudente permanecermos por aqui por muito tempo. Nós devemos seguir.

Com a sentença dada, todos voltaram a se ajeitar dentro do barco apertado. Os garotos então remaram de volta para a corrente, seguindo pelo canal até que desaguassem no Grande Rio. Seus instintos os guiavam, principalmente o de Zayn. Entretanto, o instinto de um outro alguém falou mais alto depois de algum tempo perambulando pelo Grande Rio.

Harry observava o desfiladeiro que os cercava de precipícios, fixando o seu olhar em determinada pedra mais acima de onde eles passavam. O rapaz teve os seus olhos saltados nas órbitas quando avistou uma pelagem dourada, se movimentando pela floresta e o encarando com grandes olhos amarelos.

- PAREM! – Harry bradou de repente, assustando a todos os presentes no barco. – Olhem! Ali em cima na floresta! – Gesticulou afobado, sorrindo largo para algo que somente ele via naquele instante.

- Do que está falando, viado? – Dinah o questionou, arqueando uma sobrancelha.

- Como do que estou falando?! – Harry abriu os braços, indignado. – De Aslam é claro! Vocês estão cegos ou o quê...? – Se virou para fitar seus amigos confusos. – Ele está bem... – voltou a olhar para o desfiladeiro, notando que o leão havia desaparecido. – Ótimo, vocês espantaram ele.

- Hazz, por que diabos nós espantaríamos Aslam? – Camila perguntou, atônita. – Ele é Aslam!

- Eu sei, mas... Argh – o garoto negou com a cabeça de forma frustrada. – Eu acho que ele estava tentando nos dizer alguma coisa.

- Escute, senhor... – Spark tomou a frente, encarando Harry de um jeito curioso. – Há boatos de que há muitos leões por estas florestas, o senhor pode ter confundido.

- Como alguém confunde um leão selvagem com Aslam, pelo amor de Merlin? – Harry o questionou, ainda em descrença. – Não estou ficando louco, eu sei o que vi!

- Tendo visto ou não, nós precisamos continuar – Liam disse, voltando a remar e instigando os outros a continuarem também. – Não estamos seguros por aqui e só ficaremos quando chegarmos ao Monte de Aslam.

- Justamente... – Harry sussurrou, voltando a migrar seus olhos para o desfiladeiro.

O leão voltou a aparecer, dessa vez mais límpido e claro, mas Harry já não estava mais animado em chamar-lhes a atenção para Aslam. O garoto estava mais preocupado em desvendar o que o leão queria lhe dizer, balançando a cabeça de um lado para o outro em repreensão, quase que em desespero. Então, ele desapareceu outra vez.

Durante todo o percurso até o fim do desfiladeiro, para o mar, Harry seguiu com a sensação estranha e ruim lhe corroendo por dentro.

Seus medos foram atendidos.

A água salgada que os cercava começou aos poucos borbulhar, balançando levemente o barco e chamando-lhes a atenção.

- Com trinta diabos! – Spark exclamou.

- O que... O que foi? – Normani perguntou, assustada.

Todos encaravam em volta, observando as bolhas verdes que se formavam em grandes ondas marítimas. O macaco estava tão atordoado que foi incapaz de explicar algo antes que pudesse impedir o pior.

- SE ABAIXEM!

Foi Camila quem gritou em puro desespero, puxando Lauren consigo para se encolherem entre as madeiras do barco. Seus instintos gritaram e se contorceram ao olhar para as bolhas verdes, avisando-a de que não era seguro. A latina sentiu o perigo, assim como os outros estavam o sentindo agora.

Cordas negras cercadas por correntes elétricas e acabadas em anzóis eram jogadas sobre o barco, fazendo-os gritar em pânico e se esconder o máximo que podiam dentro do pequeno barco.

- AAAAH! – Niall gritou tão alto que a sua garganta ardeu em chamas, deixando os seus amigos com os corações subindo pelas bocas.

O loiro havia sido atingido de raspão por um dos anzóis, mas fora o suficiente para fazê-lo se contorcer de dor. Além do choque que havia percorrido o seu corpo, um veneno agora corria pela sua corrente sanguínea. Ele ofegava e se remexia freneticamente no chão do barco, sujando-o com o sangue que jorrava do ferimento em seu braço. Zayn se debruçou sobre ele assustado, mas não havia nada que ele pudesse fazer que não fosse colocar todos em perigo naquele instante.

Lauren então ousou mais que os outros, se levantando o suficiente para que pudesse mirar uma flecha em seja lá o que fosse que estivesse os atacando. A primeira tentativa foi falha, mas a segunda... Atingiu direto a cabeça do humanoide à espreita do barco.

- São homenzinhos! – A hispânica anunciou, franzindo a testa em confusão. – Como essas coisas pequenas podem causar um estrago tão grande? – Questionou, já preparando outra e outra flecha.

- Não são apenas homenzinhos... São Paulamas! – Spark informou, fungando pesadamente ao sentir o forte e horrível cheiro de tabaco misturado com lama.

Camila engoliu em seco, segurando com força a espada pesada entre suas mãos trêmulas e tomando coragem para ajudar seus amigos, que já se preparavam com as suas próprias espadas e arcos. Se levantou em um só movimento e começou a cortar as cordas que se cravavam na madeira do barco, apunhalando as criaturas com membranas de sapo entre os dedos e bochechas encovadas que tentavam escalar o barco.

- Por que não estamos sendo eletrocutados? – A latina questionou ofegante, sem parar seus movimentos e se concentrando para que a espada pesada não a levasse para dentro do mar.

- Porque esse barco é enfeitiçado contra magia negra – Spark explicou, munindo a sua própria espada e apunhalando os Paulamas do lado em que ele estava no barco.

- Aslam estava nos avisando, deveriam ter me ouvido! – Harry pontuou, sendo ignorado pelos amigos afoitos para se livrarem das criaturas.

- Eles não deveriam ser mansos?! – Louis indagou, incrédulo.

- Estas pobres criaturas enlouqueceram com tudo o que tem acontecido nos últimos tempos, ficando a mercê da rainha negra – o macaco voltou a contar, lamentando ao observar as criaturas que antes eram tão calmas, agora raivosas e sanguinárias. – Nós precisamos acabar com eles antes que...

A voz do macaco ficou presa na garganta ao tempo em que seus olhos se arregalavam para o horizonte, deixando os jovens ainda mais assustados do que já estavam.

- Antes que o quê? – Normani questionou alarmada.

De repente as criaturas se afastaram, levando consigo as bolhas verdes e anzóis.

- Antes que eles chamem pelas sereias... – Spark sussurrou, analisando escamas coloridas emergirem sobre as águas calmas que se tornavam revoltas novamente. – TAMPEM OS OUVIDOS!

Todos imediatamente obedeceram, deixando as suas armas de lado para se protegerem do canto maligno das mulheres com caldas.

Bem, todos, menos Dinah.

- Ah, até parece! – A polinésia riu, negando para o macaco. – Quer que eu acredite que sereias vão me levar para o fundo do mar e me engolir? Elas nem... – parou de falar no segundo em que a melodia encantada atingiu seus ouvidos, sorrindo embasbacada e olhando para o mar cercado de mulheres a sua volta. – É o paraíso... – murmurou encantada, se espreitando para a beirada do barco.

Todos gritaram para que ela não continuasse, assustados ao verem a polinésia enfeitiçada e querendo se jogar no mar de encontro àquelas criaturas horríveis. No entanto, na visão de Dinah, elas eram lindas como verdadeiras modelos e estavam lhe dando bola.

- Argh, Dinah! – Ally e Normani resmungaram ao mesmo tempo, se colocando na frente de Dinah para que ela não caísse no mar.

A polinésia já se encontrava debruçada sobre a madeira, sendo encarada de frente por uma das criaturas, quando Lauren que estava mais próxima dela virou um chute na cabeça da sereia, livrando-a de ser pega. Dinah piscou algumas vezes e depois encarou seus amigos assustados, todos tampando os ouvidos. Observou as criaturas em volta e agiu por questão de segundos, usando do raciocínio rápido para remexer na bolsa que Spark carregava, onde haviam guardado tudo o que poderia ser útil de Cair Paravel. Alcançou uma garrafa e mesmo sem saber direito o que estava fazendo, ela mirou para a parte de trás do barco e abriu a tampa.

No segundo seguinte o barco fora impulsionado para a frente com tanta força que todos foram parar no chão, deixando para trás um enorme rastro de fogo que pôs fim em todas as criaturas traiçoeiras.

- CARALHO! – Dinah exclamou de olhos arregalados. – O que foi que eu acabei de fazer? – Encarou Spark com a respiração descompassada.

- Você usou o fogo celestial – o macaco respondeu, se levantando e ajeitando a malha em seu corpo. – Muito bem pensado, a propósito – elogiou, ocasionando um sorriso vitorioso nos lábios da polinésia. – Mas da próxima, por Aslam, me escute quando eu disser para tampar os ouvidos! – A repreendeu, vendo-a revirar os olhos.

- Spark! Rápido! – Zayn chamou com a voz transbordando pânico. – Ajude-o!

O moreno com a ajuda de Liam, seguravam Niall que ainda se contorcia, gritando e implorando para que eles lhe matassem de uma vez.

- O que ele tem? – Ally perguntou, engolindo em seco ao observar.

- Está infectado com veneno de Paulama – o macaco suspirou pesadamente ao olhar para o garoto. – O veneno causa uma forte dor ilusória, capaz de fazê-lo querer acabar com a própria vida para sanar a dor.

- E o que nós faremos? – Liam perguntou, trincando o maxilar pela força aplicada no braço de Niall que tentava a todo custo se soltar para se jogar no mar.

- Vamos precisar ancorar e buscar algumas ervas na encosta para preparar um elixir de cura – o macaco explicou, vendo-os assentir. – Remem!

Rapidamente os garotos tomaram posse dos remos, impulsionando o barco na direção da floresta.

Alguns minutos depois eles desciam, arrastando o barco para a terra e o amarrando em uma árvore. Zayn e Liam seguraram Niall pelo tronco, prendendo-o pelos braços, enquanto Harry e Louis seguravam as suas pernas. O colocaram deitado no chão e o seguravam com toda a força que tinham, aguardando que Spark voltasse logo de onde havia ido com as garotas.

Dinah, Normani, Camila e Lauren foram em busca de lenha para acenderem uma fogueira. Já Ally foi com Spark para a encosta, ambos em busca de tudo o que o macaco precisava para preparar o elixir.

- Como algumas raízes podem salvar Niall? – Lauren questionou, apreensiva. – Eu não entendo, isso não me parece sensato. Deveríamos leva-lo para uma enfermaria ou algo do tipo.

- Ô branquela, eu não sei se você reparou, mas estamos no meio de uma floresta deserta em Nárnia! – Dinah disse, irônica. – E só pra constar, acabamos de ser atacados por sapos gigantes e sereias amaldiçoadas!

- Deixa de ser dramática, eles nem eram grandes assim – Normani rebateu, rindo de sua expressão de indignada.

- Ora, olhe para como Niall ficou! – A polinésia voltou a exclamar. – Imagine como estaríamos se eu não tivesse salvado a porra toda.

- Ah claro, a grande rainha salvando a pátria... – Normani provocou, rindo ainda mais alto ao correr para não ser pega pela polinésia.

- Não ligue pra ela, Dinah é uma bobona – Camila murmurou com Lauren, negando com a cabeça para a imagem de sua amiga correndo atrás de Normani feito uma criança emburrada. – Mas ela está certa sobre algo, não há muito que possa ser feito. Precisamos confiar em Spark, mesmo que seja difícil de acreditar em tudo o que tem acontecido.

- Eu só... – a hispânica parou de andar, fechando os olhos por alguns instantes. – Queria saber como ajudar ou ter alguma ideia do que estamos fazendo.

- Eu sei – Camila suspirou baixinho, sorrindo da preocupação da garota. – Vem cá... – abriu seus braços, sendo prontamente recebida pelo corpo quente de Lauren abraçado ao seu. – Vai ficar tudo bem, ok? – Murmurou, acariciando os cabelos da garota que mantinha o rosto em seu pescoço, arrepiando a pele descoberta com a sua respiração. – Nós temos sangue de guerreiros, só precisamos acreditar com todo o nosso coração que é real – beijou sobre a têmpora da hispânica, se afastando minimamente em seguida para acariciar a sua bochecha e fitar diretamente as esferas esverdeadas para lhe transmitir segurança. – Dê uma chance, tudo bem?

Lauren suspirou profundamente e assentiu, descendo os olhos de forma incontrolável para os lábios avermelhados e convidativos da latina. Sua mão direita se apoiou lentamente na cintura da latina, pressionando-a para mais perto de si, ao tempo em que a sua mão esquerda subia para a sua nuca. Camila engoliu em seco e umedeceu os lábios com a ponta da língua, sentindo o coração martelar em uma frequência estupidamente forte contra o seu peito. Seus estômagos chacoalharam em agitação assim que sentiram as suas respirações se chocando, misturando-se como se fossem uma só.

- ACHAMOS! – O grito eufórico de Normani fez com que elas se afastassem, encarando-se constrangidas. – VOCÊS NAMORAM DEPOIS, VENHAM AJUDAR!

Lauren se afastou com as bochechas em chamas, sorrindo torto para a latina.

- Desculpa – sussurrou, dando um passo para o lado e seguindo até onde Normani e Dinah estavam.

Camila passou alguns segundos de cabeça baixa, fitando os próprios pés e suspirando baixo em frustração. Por fim, ela jogou os fios castanhos para trás e seguiu até as amigas, ajudando-as e tentando manter o pensamento sobre aquele quase beijo para longe de sua mente.

Tendo lenha o suficiente, elas acenderam a fogueira próximo a onde os garotos estavam, ainda sofrendo na tentativa de segurar Niall. Logo Spark e Ally apareceram com algumas raízes de cores diferentes, intrigando os jovens.

- Pode me ajudar, por favor, senhorita Kordei? – O macaco questionou a morena, que franziu o cenho confusa. – Para dar certo, eu vou precisar de você.

- Por que eu? – Questionou, sem entender.

- Porque o seu pai foi um dos maiores magos de Nárnia – confidenciou, recebendo exclamações surpresa em resposta. – A magia corre em seu sangue.

A morena tinha os seus olhos confusos, vagando-os pela lata que Spark havia trago para cozinharem os alimentos, observando as raízes se perderem ali dentro e serem consumidas pelas chamas.

- Só precisa misturar, fechar os olhos e se concentrar no elixir – o macaco instruiu, incentivando-a a mexer nos ingredientes que cozinhavam. – Pense no quanto quer salvar o seu amigo.

Normani assentiu e engoliu em seco ao tomar o lugar do macaco, encarando a mistura uma última vez antes de fechar os seus olhos. Fez o que Spark lhe disse e se concentrou, pensando no quanto queria uma cura para salvar Niall. Suas mãos começaram a formigar em pouco tempo, como se pequenos fiapos as estivessem cutucando para sair de dentro de si.

Para os que olhavam de fora, logo perceberam uma fumaça púrpura ser passada das mãos da morena para a mistura a sua frente.

- Caramba, isso é... – Zayn murmurou, atônito e arrepiado com o que estava vendo. – Foda pra caralho!

Os outros apenas concordaram com acenos de cabeça, sem desgrudarem os seus olhos de Normani.

- Já está bom, senhora – Spark disse, colocando a... pata? Sobre o ombro da morena em sinal de apoio e conforto. – Se saiu muito bem – elogiou assim que a morena abriu os olhos, atordoada. – Agora deixe-me dar isto a ele – indicou a lata com o elixir já pronto, se aproximando para pega-la e leva-la até Niall.

Niall se debateu com ainda mais energia ao notar o macaco se aproximando com o elixir em mãos, dando mais trabalho para os garotos. Spark subiu sobre o peito do garoto e derramou o líquido sobre os seus lábios a força, vendo-o engasgar algumas vezes por negação antes de finalmente engoli-lo. O loiro tomou uma grande lufada de ar e relaxou os músculos, parando de se debater e se recostando no chão com o peito arfante.

- O que... aconteceu... comigo? – Murmurou ofegante, seus olhos azuis buscando por cada um de seus amigos, assustado.

- Foi atingido por uma besta selvagem! – Zayn o alarmou, puxando-o pela mão para que se sentasse e rindo da sua cara de espanto. – Ok, você foi infectado por veneno de Paulama.

- O quê? – Niall franziu a testa em confusão.

- Melhor não saber... – Lauren negou com a cabeça, rindo fraco.

Spark então se afastou dos garotos e tratou de se livrar da lata onde havia preparado o elixir, tendo toda a tenção dos jovens sobre os seus movimentos.

- Bom... Vocês irão perceber que Nárnia está mais selvagem e perigosa que nunca.