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História Antinomia - Undertale - Desencadeamento


Escrita por: cecifrazier

Notas do Autor


Mil
Desculpas
Por essa demora
De mil anos

EU TAVA SEM INSPIRAÇÃO
PRA CARAMBA
BUT
EU CONSEGUI TER UMAS IDEIAS BEM LOUCAS

Enfim
Boa leitura! <3

Capítulo 8 - Desencadeamento


 

É curioso o modo que um singelo toque pode chocar tanto uma pessoa. Um singelo toque pode sensibilizar, aconchegar e apurar os sentimentos, deixando uma pessoa frágil e exposta. Um singelo toque... pode mudar muitas coisas, assim como um beijo inocente, fruto de um emaranhado de emoções confusas e juvenis.  

 

Ah, a adolescência, com todas as suas oscilações e desejos incompreensíveis. Todas as suas vontades e momentos de pura loucura, que conforme os anos, não passarão de coisas sem sentido e infantis. Mesmo com todo seu conhecimento, Sans ainda não conseguia compreender aquilo. Mesmo já sendo um adulto, um médico, uma pessoa madura... naquele momento sentiu-se um adolescente com os hormônios à flor da pele. Sentiu vontade de prosseguir com aquilo, de tocar mais ainda aquela garota a sua frente enquanto todas as pessoas estavam distraídas, sentiu vontade de fazer coisas que poderiam levá-lo a julgamento se as fizesse. 

 

Porém, seu bom senso e profissionalismo o impediram. 

 

Sans calmamente parou o beijo, percebendo uma Frisk confusa e aparentemente triste.  

 

— Frisk... — Suspirou. — Desculpe, eu não posso fazer isso. 

 

— Por que não? — Perguntou, segurando suas mãos. — Eu achei que... 

 

— Já prestou atenção na sua idade e na minha? Você tem 16 e eu tenho 26, além disso ser um crime, é absurdo! 

 

— Mas... — Ela franziu as sobrancelhas. Deixou um suspiro escapar e pegou seu celular. — Acho que quero ir embora. 

 

— Frisk. — Viu ela se espremer para passar pela multidão, então a seguiu. — Frisk, entenda, eu não pos... 

 

— Eu já entendi. — Respondeu de forma impaciente. — Eu só quero ir pra casa, só isso. 

 

— Espera. — Sans a puxou pelo braço. — Eu vou contigo. 

 

Ela o encarou e, sem dizer uma palavra, segurou a mão do rapaz para saírem de lá. Ao passarem pela porta, viram as ruas sendo iluminadas pelos fogos de artifício, pessoas em frente às suas casas rindo e algumas crianças correndo. Frisk suspirou, teclou um número e o chamou. 

 

— Oi, já pode vir me buscar. — Disse assim que a ligação foi atendida. — Sim, quero que deixe ele em casa... Certo, vou esperar. 

 

O silêncio ali estava perturbador, Sans sentia-se culpado, mesmo que não tenha feito nada de errado. Era apenas seu bom senso falando! Ele não poderia se envolver com uma menina dez anos mais nova que ele e que, além do mais, era sua paciente! De jeito nenhum aquilo poderia acontecer! 

 

— Escuta... — Ele disse após um tempo. — Eu só não quero te magoar. Você é jovem demais ainda, tem tanto o que viver e tanta gente para conhecer... Acho que vai preferir alguém melhor a seu psiquiatra.  

 

Ouviu Frisk suspirar pesado. 

 

— Não sou tão ingênua assim, doutor. — Disse. — Olha... o que eu fiz foi um erro... esqueça, sim?  

 

•••

 

Talvez Frisk fosse bipolar. Talvez não, Sans tinha quase certeza de que sim. Não era possível uma pessoa mudar tanto assim de humor e personalidade. Personalidade...? Seria um transtorno de dupla personalidade? Uma hora, tímida e insegura, em outra... completamente extrovertida e até completamente impaciente. Era como se Sans estivesse convivendo com duas pessoas completamente diferentes. 

 

Após chegar em casa às 00:48, tudo o que tinha vontade era de tomar um banho gelado e se jogar na cama. Porém, tinha trabalho a fazer, e mesmo que teoricamente estivesse de folga, haviam coisas acontecendo que não podiam simplesmente ser ignoradas.  

 

Tirou uma toalha do armário e caminhou até o banheiro no final do corredor, despiu-se e entrou debaixo do chuveiro. Quase deu um pulo com a água gelada, talvez tomar um banho frio não fosse uma boa ideia. Trocou para o modo morno e sentiu seus músculos relaxarem instantaneamente. Sans soltou um longo suspiro ao lembrar do beijo que recebera. Ele gostava de Frisk, mas não sentia algo mais do que um sentimento de amizade. Ou talvez não queria sentir.  

 

Sans arregalou os olhos ao sentir seu 'amiguinho' crescer quando momentaneamente pensou no físico da garota. Ah, aquilo era tão errado, ele se sentia tão estranho pensando na sua própria paciente daquele jeito. Antes disso, Frisk era apenas uma menina e filha do prefeito. Começou a tocar-se lentamente, ainda hesitante quanto ao fato de estar pensando em Frisk. Mas mesmo assim... acabou não resistindo a aqueles desejos proibidos. 

 

•••

 

Após passar longas horas pesquisando, imprimiu uma lista de algumas informações sobre o transtorno de dupla personalidade. Já havia ajudado Gaster no caso de Chara, então sabia bastante sobre o assunto, mas de qualquer forma, gostava de ler e se preparar. Sequer deitou para dormir, tirando o pequeno cochilo de quinze minutos que deu após sua 'brincadeirinha' no banho. 

 

Quando Sans saiu pela porta de casa, respirou fundo e sorriu sutilmente ao ver a rua completamente vazia. Primeiro dia do ano, com certeza as famílias acordariam bem tarde naquela manhã. Estalou a língua ao ver algumas garrafas de cerveja jogadas em frente à sua casa. Será que esses adolescentes não sabiam o que era lata de lixo? De qualquer forma, ignorou o fato e seguiu seu caminho. Provavelmente não teriam ônibus passando àquela hora, muito menos táxis, mas não demoraria tanto para chegar ao hospital à pé. 

 

Assim que chegou, percebeu que poucas pessoas haviam ido trabalhar, já que a maioria tirara recesso e apenas voltariam no dia seguinte. Cumprimentou o segurança, que todos os dias estava em seu posto, não importava se era feriado ou final de semana. Logo, Sans adentrou o hospital e caminhou até o refeitório para pedir um café. Avistou Chara sentado de forma solitária em um dos bancos com um copo de café vazio sobre a mesa.  

 

O doutor passou a mão pelos cabelos brancos, soltando um longo suspiro, lembrando-se que Chara estava na festa da noite passada. Sans foi até ele e sentou-se no banco à sua frente.  

 

— Bom dia. — Murmurou com um sorriso simpático. — Que surpresa te encontrar por aqui hoje, achei que com o ano novo não iria ter coragem de levantar da cama.  

 

— Eu fiquei a madrugada fora de casa, não conseguiria dormir nem se quisesse. — Chara riu baixo, continuando com a cabeça baixa. 

 

— Acho que não deveria vir trabalhar se está de ressaca.  

 

— E perder meu possível aumento? Nem pensar. 

 

Sans arqueou uma sobrancelha com o que o rapaz dissera. 

 

— Ah... queria te perguntar algo. — Disse.  

 

— E o que seria? — O albino virou levemente a cabeça para o lado, curioso. 

 

— Tá rolando algo entre você e a sua paciente? — Estranhamente, Chara enfatizou "sua paciente". Sans franziu o cenho com aquela pergunta.  

 

— Por que está me perguntando isso? — Indagou, se fazendo de desentendido. 

 

— Você sabe do que estou falando, não sabe? — Chara sorriu com sarcasmo. — De qualquer forma... não vou comentar com ninguém aquele beijo, não se preocupe. 

 

— Não 'rolou' nada, ouviu? — Sans disse seriamente. — Esqueça o que viu, aquilo nunca aconteceu. 

 

— Certo, doutor.  

 

•••

 

O dia passava de forma estranha e lenta para Sans. Lógico, Frisk não fora para a sessão, pois após tê-la recusado, talvez ela até quisesse parar com o atendimento e mudar de clínica. Em outra cidade, quem sabe?  

 

Soltou um suspiro profundo e encostou-se na cadeira, deixando momentaneamente de lado as papeladas sobre a mesa. Pacientes antigos, casos não resolvidos... aquilo tudo causava dor de cabeça a Sans, que quase estava desistindo de obedecer a ordem de Gaster, que se tratava de não utilizar magia para curá-los. Mas aquilo era tão injusto! A cura estava literalmente em suas mãos e simplesmente não a usavam, por medo de um escândalo. Tantas famílias sofrendo e eles lá, procurando por uma saída que sequer existia. 

 

Várias vezes tentou relevar, pensar que seu pai sabia o que estava fazendo, porém, mesmo que já fosse um adulto, Sans tinha essa implicância com o mesmo. Gaster fazia parte de sua família, mas mesmo assim... simplesmente não conseguia se entender com ele. 

 

Espreguiçou-se e estalou o pescoço, logo voltando sua atenção para os papéis. Surpreendeu-se ao encontrar a ficha de Chara no meio delas. Pegou-a para ler, observando atentamente as informações e sintomas. Percebeu que havia algumas semelhanças com a de Frisk e achou um tanto estranho, pois isso apenas enfatizava sua teoria de que ela tinha mesmo dupla personalidade.  

 

Sans colocou a ficha de Chara em sua pasta e pôs na bolsa, analisaria com calma quando chegasse em casa. Arrumou todos os papéis em um monte em cima da mesa, apenas para não deixá-los jogados por aí, então levantou-se e caminhou até a porta, mas levando uma ficha consigo. 

 

Ele estava nervoso pelo o que faria. 

 

Mas era o certo, não tinha dúvidas. 

 

Enquanto andava pelo corredor, olhava constantemente para os lados e principalmente para trás, na esperança de não ser visto ou seguido. O hospital estava vazio, então era perfeito. Sans chegou na ala dos quartos onde ficavam as pessoas com distúrbios graves, então procurou atentamente o número 34. Aquilo era uma cena realmente triste, pois enquanto ia passando, algumas pessoas batiam no vidro para lhe chamar a atenção. Algumas diziam até “por favor, por favor”, e aquilo doeu em seu coração.  

 

O número 34 era de uma garotinha, seu nome era Alice e tinha apenas 10 anos. Leu em sua ficha que ela gostava muito de dançar ballet e da cor azul escuro. Assim que Sans achou o quarto, suspirou pesado, observando a chave que ficava pendurada em um prego ao lado da porta. Iria realmente fazer aquilo? Já estava suando frio só de pensar o que aconteceria se seu pai descobrisse. 

 

Mas decidiu não ligar, apenas adentrou sem hesitar mais.   

 

Alice tinha transtorno explosivo intermitente em nível grave, toda vez que sentia raiva se descontrolava e tentava agredir as pessoas. Uma vez ela chegou a atirar em sua própria mãe com a arma de seu pai, que era policial. Felizmente, a mulher sobreviveu.  

 

Sans viu Alice deitada sobre a cama, usava um vestidinho azul e percebeu alguns objetos de bailarina pelo quarto. Ela parecia dormir, e por um momento sentiu pena de acorda-la, porém, aproximou-se. Sentou-se na ponta da cama, soltando um longo suspiro.  

 

— Alice? — Chamou-a, mas sem respostas. — Alice Grimes, vamos, acorde. 

 

A menina apertou os olhos e resmungou, provavelmente se sentindo incomodada por estar sendo acordada. Sans já tinha noção do que aconteceria se ela ficasse irritada, mas não havia problema naquilo, pois ele resolveria.  

 

— Ei, Alice! — Ele franziu as sobrancelhas e tocou a cabeça da menina com a destra.  

 

— O que você quer?! — Alice praticamente gritou, visivelmente irritada. — Me deixa em paz! Vai embora!  

 

Já fazia um bom tempo que ele não usava magia de cura, não lembrava ao certo como começar.  

 

— Calma, eu vim te ajudar. — Respondeu de forma serena, porém a menina o empurrou.  

 

— Não quero sua ajuda! — Alice jogou um travesseiro no mesmo. — Vai embora!  

 

Sans novamente suspirou, então aproximou-se e a imobilizou na cama. Alice se debatia, tentando sair dali, mas ele pôs uma mão em sua testa e fechou os olhos. Uma fraca luz azul formou-se no local onde tocara, e aos poucos, Alice foi se acalmando. Sua respiração tornou-se menos ofegante e era como se ela estivesse aliviada daquela sensação ruim.   

  

— Sente-se melhor? — Ele perguntou, afastando-se calmamente.   

  

— Sim... — Ela murmurou, abrindo um sorriso doce logo em seguida. — O que você fez?  

  

— Ah, bem...  

  

Antes que ele pudesse responder, ouviu um barulho de prato caindo e imediatamente virou-se. Era a moça que sempre trazia comida aos pacientes, ela estava com os olhos arregalados e visivelmente chocada com o que vira.

 

 

 


Notas Finais


O capítulo de Lobotomia já está em andamento, então não tardará muito para sair

Até o próximo cap! <3


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