História Anti-social (em revisão) - A chuva

    Assim que coloco os pés para fora da escola, começa a chover muito forte.
   Faz um tempo que não chove aqui na cidade.– Pensei enquanto saia para aproveitar a chuva.
   Eu amo chuva. Adoro quando a água gelada entra em contato com a minha pele.
  Sem me importar com o fato de que estou molhada, de que a meu uniforme está grudando no corpo, continuo meu caminha para casa.
   Chegando em casa tomo um banho quente. Afinal não quero pegar um resfriado. Coloco uma roupa confortável e meias bem grandes. – Amo meias.–Pensei.
    Faço a lição de casa. Sinto fome e peço uma pizza, já que não tem nada em casa para fazer comida.
    Preciso fazer compras. Talvez passe no supermercado depois da aula amanhã.– Penso quando vejo os armários vazios.
   Enquanto espero a pizza chegar vou ver TV. Assim que ligo a TV ouço um som muito alto na casa ao lado. A música era boa, mas para que colocar o volume nessa altura.– Parece que temos vizinhos novos.– Pensei.
   Já havia passado um bom tempo, minha pizza ainda não tinha chegado e eu já estava com dor de cabeça pela música alta.
   Já estava me controlando faz tempo e em um momento de fúria, saio de casa com uma chuva ainda forte lá fora e com a roupa que estava mesmo. Vou até a casa do lado, bato forte na porta e ninguém vem, bato mais uma vez e vejo a maçaneta se mexer.
    Quando a porta se abre dou de cara com um Rafael de cabelos úmidos e sem camisa. Por um minuto foi como se o tempo tivesse correndo em câmera lenta.
   A expressão de raiva que estava em ambos os rostos foi substituídas por expressões confusas.
   Por um momento esqueci toda a minha raiva, tudo o que eu estava fazendo, esqueci que estava chovendo, esqueci que minha blusa branca que grudava em meu corpo me irritava. Por um momento só pude encarar seus olhos negros. Ele parecia também estar na mesma situação, exceto o fato de ele estar seco.
    
    Narradora on:
   Os dois ficam se encarando por alguns longos minutos. Quando ambos percebem o que estão fazendo, balançam a cabeça para ver se voltam para a realidade.
  Rafael abre a boca como se fosse dizer algo, mas não sai nenhum som da mesma.
   Lara por fim diz:

  -Vê se abaixa esse volume.

  Lara volta pelo mesmo caminho que havia feito para chegar até ali. Ela para bem no meio do caminho, olha para cima e depois olha para trás e volta a fazer seu caminho em direção a porta de sua casa, deixando para trás um Rafael confuso.
  
     Lara on:

- O QUE FOI AQUILO?– Gritei para mim mesma. Não consegui responder minha própria pergunta.– Pelo menos agora eu sei quem é meu vizinho.– Pensei.
   Saio de meus devaneios com meu celular tocando e no visor vejo que é minha tia e atendo.
  
    Ligação on:
 
- Alô. Oi tia.
- Oi minha querida. Liguei para te avisar que esse final de semana vou para casa. Tenho uma reunião aí na cidade. Vou deixar um dinheiro para você passar o mês, como sempre. Agora tenho que ir. Tchau.
 
Ligação off:

Ela nem ao menos esperou eu me despedir. Já deveria estar acostumada com isso. É claro que ela só vai voltar a trabalho. É sempre assim.
   Mais uma vez sou tirada de meus devaneios, mas dessa vez com o som da campainha. Minha pizza chegou. Pago e vou comer no meu quarto.
    Penso em tudo o que aconteceu hoje e apesar de ter sido um dia diferente do que estou acostumada, foi divertido.
   Finalmente caio no sono, já exausta com esses pensamentos.

     Continua...