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História Antonomásia - Único - A característica que define a ti


Escrita por: cactae

Notas do Autor


PARABÉNS PARA MIM!!!
Essa é a primeira fic do projeto C.A.C.T.A, meu projetinho de aniversário <33
Eu nem acredito que deu tempo, achei que não ia conseguir, mas cá estou a começar com o otp supremo, iniciado de baixo para cima, vamos lá com o título da letra A <3
Para ler, indico que escutem: Apenas mais uma de amor - Lulu Santos (link nas notas finais)
Espero que percebam a unidade presente no conjunto dos títulos, todos seguem uma ordem <3
P.s: SIM, É NO UNIVERSO DE HP!

Boa leitura ~

Capítulo 1 - Único - A característica que define a ti


"E quantos feitiços já não te vi lançar,

Quando o que mais queria era ser um dos teus alvos

Viver a ser encantado

Sejas por tua beleza indiscutível

Teu sorriso sugestivo

Ou teus cabelos em nuances quentes que quero catalogar..."

 

Jeongguk estava a distrair-se mais uma vez pensando naquele garoto de cabelos vermelhos que sempre sentava a sua frente na aula de astronomia. Não era comum ter aquele tipo de pensamento ou comportamento, mas um tempo depois de não conseguir mais desviar os olhos daquele garoto, não conseguia fazer outra coisa senão transmitir em palavras o que ele tanto queria, que - no caso - era uma chance de poder conhecer e apreciar mais do que a beleza daquele em questão.

Sabia que aquele garoto era da Corvinal, até porque fazia jus a fama da casa por ter os alunos mais bonitos, além de já o ter visto ajudando a outros e sempre o garoto andar com pergaminhos na mão, parecia deter de um conhecimento absurdo. Também sentia-se um tanto acuado por sua casa ser conhecida como ambiciosa, perseverante e até mesmo manipuladora, que eles faziam de tudo para ter o que queriam sendo que ele sequer conseguia aproximar-se do outro, envergonhando-se por isso.

Considerava-se sim com todas as qualidades de sua casa, mas parecia que elas sucumbiam-se ao deparar-se com o garoto da Corvinal, sentia-se levemente grato por não ter se encantado por alguém da Grifinória, não que ele realmente ligasse cem por cento para a competitividade desnecessária que existia entre as duas casas, mas era melhor prevenir do que remediar. Além do que, ele não era do tipo preconceituoso com quaisquer casas, mas não negaria que às vezes deixava seu lado um tanto perverso tomar conta de seu ser.

Encarou as costas do garoto que tomava seus pensamentos e suspirou, nunca imaginaria que alguém que sequer conhecia sem ser de vista tomaria seu coração daquela maneira. Era alguém tão sensato que não acreditava nas baboseiras de "amor à primeira vista", mas não negaria que estava até a duvidar dessas suas tais crenças. Não era possível que alguém mexesse tanto consigo assim.

Olhou para seu scrapbook já gasto mais uma vez, folheando-o em mais uma ação repetida e encontrando vários dos seus poemas e poesias acerca do garoto de cabelos vermelho intenso, sempre destacando essa característica em alguns versos de sonetos inacabados. O garoto podia sim ter mil e uma outras características, mas aquela parecia chamar a atenção de Jeongguk, além do sorriso de formato peculiar, as mãos grandes que pegavam a varinha com certa elegância e até aquela mania estupidamente sexy que ele tinha de umedecer os lábios com a língua ora ou outra.

Jeon fazia sim questão de destacar alguns pontos que sempre sempre lhe chamariam atenção no garoto, sempre descrevendo-o, observando-o, sorrindo sozinho só com o cheiro que ele deixava no ambiente quando se aproximava com alguns amigos que almejava um dia conhecer e quem sabe até fazer parte do círculo de amigos.

Por vezes, amaldiçoara-se por não conseguir nem ao menos ter uma conversa decente com o outro sem fazer papel de bobo e receber apenas um erguer de sobrancelha para suas falas atrapalhadas. Lembrava-se da primeira tentativa de conversa dos dois e sentia-se ridículo por isso, eles estavam indo jogar quadribol quando suas vassouras chocaram-se de uma maneira que o garoto da Corvinal quase perdeu o equilíbrio de um jeito que seu lindo rosto teria um encontro certeiro com o chão. Jeon praguejou umas mil vezes antes de resmungar baixinho consigo mesmo um "ótima maneira de causar boa impressão."

Claro que houveram muitas outras tentativas, mas sempre Jeon fazia algo e atrapalhava-se por completo na tentativa de ser alguém interessante aos olhos alheios, suas pernas sempre ameaçavam bambear e sua voz saía um tanto fina para desgosto de seus dotes sedutores. Até pensou em desistir de tentar conseguir algo do outro, mas quando esbarraram no corredor do segundo andar e o garoto de madeixas ruivas lançou-lhe um sorriso e pediu desculpas pela falta de atenção, alegando estar um tanto atrasado para um compromisso, Jeon não conseguiu fazer outra coisa senão assentir e devolver o sorriso, tendo para si que sempre iria querer ser alvo dos sorrisos de Kim Taehyung outras vezes.

Bagunçou os próprios cabelos, deixando com que um ruído exasperado saísse de suas narinas a demonstrar como ele estava frustrado com aquela situação, mas não tinha muito o que fazer senão escrever suas poesias como forma de escape e de secretar seus sentimentos mais profundos e puros sobre o outro garoto.

Quando foi mesmo que ele se viu tanto aos encantos para com aquele garoto? Será que foi quando estavam no refeitório e o viu passando com outros três garotos? Ou será que foi daquela vez que o viu sorrindo quando estava brincando com um garoto da lufa-lufa na sala comunal da casa? Ou foi daquela vez que o ouviu cantar enquanto treinava seus feitiços em uma das salas abandonadas? Poderia ter sido também daquela vez em que ele aproximou-se para conversar com seu melhor amigo - Yoongi, também da Sonserina - sobre algo que Jeongguk não conseguiu prestar atenção direito por estar com a atenção voltada àqueles lábios bem desenhados que tanto queria provar?

Não, Jeongguk não era gay, quer dizer, segundo Yoongi, ele era apenas um garoto a se descobrir e não precisava se rotular, até porque era normal para o amigo alguém se apaixonar por pessoas e não pelo gênero do ser em questão. O Min até explicou que ele devia ser menos paranoico e deixar-se levar pelos sentimentos que algo bom resultaria sim dali, que ele não precisava prender a "se's", "quê's" e "por quê's", que tudo não devia ser milimetricamente calculado e que ele deixasse para lá toda sua pose de puro-sangue e fosse falar com o mestiço da Corvinal sem se importar com o que as más línguas diriam sobre si, aquilo não importava. Até porque com o Min foi assim, ou quase, já que mordera a própria língua ao apaixonar-se por um sangue-ruim, mas não se arrependia nem um pouco, Jung Hoseok, o garoto da lufa-lufa que havia cativado seu coração era seu melhor pedinte para uma mudança boa e felicidade encaminhada. Claro que antes de tudo isso, Yoongi sequer pensava em outra coisa senão vingar-se sabe-se lá de que, e óbvio que não queria encantar-se por alguém de sangue ruim, isso seria uma ofensa a toda sua família composta inteiramente por bruxos, era quase como sentenciar-se ao fracasso ou ao deboche e rejeição que, certamente, enfrentaria, mas tudo isso logo se pareceu tão pequeno ao comparar o tamanho do sentimento que, porventura, acabou nutrindo pelo garoto da lufa-lufa que, com o tempo, deixou com que aquele sentimento tomasse conta de si e viu-se agraciado com algo melhor do que a sede por fazer justiça de uma forma errônea.

Jeongguk escreveu um pouco mais para deixar com que o turbilhão de pensamentos que o perturbavam àquela hora esvaísse conforme seu bico de pena trabalhava nas páginas amareladas com cheiro de café e ele se visse livre - mesmo que momentaneamente - daquilo e pudesse ter uma boa noite de sono para, uma vez mais, ser visitado no mundo dos sonhos pelo garoto que não saia de sua mente nem quando ele lutava para isso.

Encarou as folhas mais uma vez, suspirando pesarosamente ao notar que ainda tinha muito o que transmitir para o papel. Se continuasse nesse ritmo, teria de conseguir outro scrapbook rapidinho e adorná-lo de sentimentos que ele sequer sabia lidar.

 


 

Kim Taehyung era o tipo de garoto modelo até para aqueles que não seguiam um, não que fosse o ser mais popular de Hogwarts, mas era bastante conhecido fosse por sua beleza exótica, por sua inteligência notória ou por seu jeito espontâneo, divertido e encantador. Não possuía um inimigo ali - não que tivesse conhecimento - e considerava-se uma pessoa feliz.

Claro que no início fora um pouco complicado, era um mestiço e algumas pessoas nutriam certo preconceito por pessoas daquela raça, mas seria bem pior se ele fosse um sangue ruim, disso sabia bem. Mas logo deixaram aquela característica sobre si de lado e focaram-se no que ele realmente era e, por sua vassoura, ele agradecia por isso.

Não foi muito difícil fazer amizades ali, já que no primeiro dia um garoto sorridente da lufa-lufa puxou assunto consigo sentando-se ao seu lado no refeitório. Park Jimin havia sido seu primeiro amigo ao mudar-se para a escola, tornando-se melhores amigos de uma forma que não foi fácil fugir dos boatos que eles tinham algo além de amor fraternal, mesmo que sempre acabassem rindo disso momentos após conseguirem consertar o mal entendido, já que era óbvio que Park Jimin namorava um dos garotos da grifinória e não seria muito bom deixar um Kim Namjoon enciumado ou bravo, mas até mesmo aquele Kim caiu na gargalhada ao deparar-se com o idiota que havia espalhado tais bobagens.

Momentos depois acabou por conhecer Kim Seokjin, o garoto da sua casa ao qual dividia o dormitório. Jin havia se mostrado alguém tão complacente que Taehyung se viu a admirar o mais velho, conquistando sua amizade após várias noites de pesadelo em que se infiltrava por debaixo das cobertas do mais velho por ter tais sonhos ruins e odiar dormir sozinho, o hyung acabou adotando a Tae como o irmão mais novo que ele faria questão de proteger dali em diante.

Tornaram-se inseparáveis como quarteto, mesmo que abrissem sim espaço para crescer o grupinho, mas todos já pareciam ter suas tribos formadas, mesmo que ora ou outra, Hoseok, colega de quarto de Jimin, sentassem com eles e conversassem sobre as frivolidades do dia a dia, mas logo ele passava para a mesa ao lado, sentando-se entre os sonserinos que Taehyung conhecia por vista, por desastres e por saber que o Jung namorava o mais velho daquela dupla de melhores amigos.

Por vezes, viu-se observando o sonserino de madeixas negras, mas só por curiosidade ou para devolver o olhar que lhe era lançado, já que este, por sua vez, vivia a encarar o Kim ou ficava um tanto nervoso perto de si, coisa que Taehyung achava até fofo e engraçado, já que a fama dos alunos daquela casa nada condizia com o garoto que ora ou outra esbarrava em si e sorria de uma forma a lembrar-se de lebres, mas sabia bem que todo cuidado era pouco. Já havia presenciado ataques, não daquele garoto, mas por seus colegas de casa para com mestiços e sangue ruim, não daria para bobear ser alvo também, mesmo que soubesse que isso tinha pouquíssima chance de acontecer.

Sentia os olhos sobre si quando sentava-se nas aulas de astronomia, mas não virava-se para encarar o garoto ou perguntar qual era a dele e o porquê de observar-lhe tanto, mas era divertido aquela aura enigmática que os orbes negrumes tinham quando encontravam-se com os seus, não pensando em quebrar algo tão mágico.

Jin vivia a aconselhar-lhe sobre ir falar com o garoto, largar seu medo bobo de lado, afinal, eles não pareciam com a maioria dos habitantes da Sonserina e era errado julgar alguém só por pertencer a determinada casa. Mas ele não se sentia preparado, não quando ainda estava a ponderar se sua curiosidade sobre o outro era, de fato, apenas curiosidade.

— Ele está te olhando outra vez. — Jimin riu, alternando o olhar entre o melhor amigo e o sonserino que sentava algumas cadeiras mais ao fundo.

— Olhar não tira pedaço. — Taehyung olhou por sobre o ombro, não virando-se muito para não ser notado. — Mas deixe-o, gosto de ser observado por ele.

— Como é mesmo o nome disso entre vocês? — O menor pareceu pensar. — Amor platônico ou orifício anal altamente adocicado?

— Como é mesmo o nome do golpe que estou pensando em dar em você? — Revidou. — Soco?

A risada que Jimin deixou que escapulisse de seus lábios foi um tanto escandalosa para quem estava apenas a cochichar durante uma aula, atraindo a atenção de todos alunos e lhes rendendo uma boa bronca da professora que exigia silêncio.

Taehyung olhou feio em direção ao melhor amigo, que ainda lutava contra a vontade de rir, mas logo deixou para lá. Era sempre assim, parecia que Park Jimin tinha nascido com o único propósito de lhe importunar, sejam nas horas mais inconvenientes ou não. Não que isso o deixasse bravo, mas não ousaria negar que por vezes imaginou-se lançando um feitiço para desconfigurar o rosto bonitinho de seu melhor amigo.

— Vou ter de sair mais cedo, preciso conversar com o Yoongi sobre o pergaminho que ele ainda não me devolveu. — Taehyung informou.

— Está andando demais pela sala comunal da sonserina. — Jimin pôs um bico fofo em seus lábios. — Daqui a pouco começo a achar que lá, assim como a da lufa-lufa, estão ocorrendo as orgias e você não está me chamando!

— Deixa o Namjoon saber disso. — O Kim semicerrou os olhos. — Aposto que...

— O Moni iria adorar, você sabe como ele é com  propostas desse tipo. — Um sorriso malicioso adornava o rosto do menor.

— Poupe-me dos detalhes sórdidos. — Taehyung passou a mão sobre seus cabelos vermelhos, levantando-se. — Preciso ir antes que você fale mais sobre coisas que não quero saber.

Ainda escutou a risada escandalosa do melhor amigo, olhando uma vez para trás e vendo o amigo de madeixas alaranjadas ruborizado ao contorcer-se a rir. Rolou os olhos, deixando a sala antes que escutasse outro sermão da professora.


 

Jeongguk olhou o alvo de seus pensamentos sair da sala com certa pressa, sabia que ele tinha que encontrar-se com Min Yoongi e, este, como melhor amigo que era, teria de contar a Jeon tudo que conversara com o outro, não que Jeon estivesse enciumado, nada disso, sabia bem da devoção que o melhor amigo tinha para com o Jung, apenas queria saber mais sobre o Kim, talvez surgisse dali uma super ideia para aproximar-se do garoto, já que se ele era próximo de seu hyung, poderia ser seu também.

Tamborilou os dedos pela superfície plana de sua mesa, contando os segundos para aquela aula acabar. Amava astronomia, amava mesmo, mas não via a hora do sinal tocar e ele ver-se livre para ir atrás do Min, mesmo que tivesse ciência de que o garoto costumava passar intervalos aproveitando a companhia do namorado fazendo coisas profanas por Lufa-lufa, já que sabia bem da fama que aquela casa tinha entre os alunos, mas precisava fazer isso, precisava perguntar qualquer coisa e talvez receber xingamentos do garoto por sua covardia, precisava tentar.

Agradeceu baixinho quando escutou o barulho que indicava o fim daquela aula, guardando seu material de qualquer jeito e segurando outros pertences na mão, guardaria aquilo no caminho, agora precisava se apressar, não tinha tempo a perder se quisesse esbarrar em Yoongi antes dele sumir com o namorado.

Apressado, sequer notou que tinha alguém à sua frente, colidindo-se com essa pessoa e deixando seus pertences caírem junto com o do outro. Bufou resignado, havia sido desatento mais uma vez. Murmurou um pedido de desculpas para o outro - que também tinha suas coisas misturadas a do outro e as guardava também - virou-se para ver de quem se tratava e quase congelou ao ver que era Park Jimin, o lufano que era melhor amigo do garoto que gostava. Reverenciou-se em desculpas algumas vezes mais antes de sair em disparada em direção ao melhor amigo.

Esperava que Jimin nada dissesse a Taehyung sobre ter sido desatento o suficiente para chocar-se daquela forma com alguém, ainda mais com Park Jimin, o garoto era até menor que si, mas não era invisível.

 


 

Taehyung rolou os olhos pela décima vez só naqueles minutos com o melhor amigo que, por sua vez, balançava um caderninho em frente ao seus olhos, sorrindo de uma maneira maliciosa e com o brilho no olhar que sabia definir bem. Jimin estava aprontando.

— Você não vai acreditar no que é isso! — Jimin exclamou aos pulinhos.

— O livro de feitiços mais procurado de toda Hogwarts em edição de bolso. — O corvino riu da careta que o menor fez. — Okay, fale de uma vez.

— O seu amor platônico escreve historinhas sobre você! — Folheou o pequeno caderno aos sorrisos.

— Onde conseguiu isso? Vá devolver para o dono antes de dizer tantas bobagens. — Taehyung sentiu suas bochechas aquecidas, uma quantidade de sangue generosa tinha subido para lá.

— Deixe-me te explicar primeiro. — Foi a vez de Jimin rolar os olhos.

Taehyung ainda estava um tanto atônito ao que o melhor amigo queria dizer, mas não achava certo ele estar com um pertence que não era seu. Não entendeu bem quando o garoto disse que alguém escrevia historinha sobre si, mas isso não foi motivo para suas mãos não suarem ou ele sentisse sensações clichês e aquele maldito frio na barriga que ele só lembrava-se sentir ao subir a primeira vez em sua vassoura.

— Está esperando o que? — Suspirou devido a lerdeza do menor.

— Vamos lá. — O lufano riu ao lembrar-se da cena de instantes atrás. — Você sabe como o Jeongguk é desastrado. Ele, por algum motivo, estava praticamente correndo da sala após o sinal tocar, acontece que ele não me viu, nada novo sob o sol até aqui já que ele parece viver no mundo da lua. — Jimin sorriu ao ver Taehyung assentir, sabia dos sentimentos do melhor amigo para com o outro. — Ele esbarrou em mim, nisso acabou por derrubar as minhas coisas e as dele que estavam em sua mão. Acabou que na hora de juntar os pertences misturados, peguei isso sem querer. Aí agora fui tirar minha maçã da mochila e vi isso e me perguntei de quem era, já que, certamente, não era meu, nem seu. Folheei algumas vezes para encontrar o dono ou saber como tinha ido parar comigo, acabei encontrando coisas sobre você, garoto de nuances quentes. — Riu ao lembrar-se do último que leu. — Acabei vindo te mostrar, agora sabemos que o garoto te encara tanto por gostar de você. Só não entendo porque ele não tem atitude para te dar uns pegas logo, eu já teria te beijado há tempos. — Gargalhou após receber um peteleco na orelha pelo outro. — Deve ser só orgulho de sonserino mesmo, mas olhe por si se não está a acreditar em mim.

Taehyung não soube o que responder, apenas pegou o scrapbook das mãos fofas do melhor amigo e respirou fundo uma, duas, três vezes antes de tomar coragem para abrir e passar as páginas daquilo. Não que estivesse orgulhoso com aquela ação, não gostava de mexer nas coisas alheias, mas precisava verificar com os próprios olhos o que havia acabado de escutar.

Jeongguk era mesmo apaixonado por si? Certo que aquilo explicava o porquê de ser encarado com tanta intensidade pelo mais novo, mas ainda assim, não era mais fácil declarar-se ou algo do tipo?

Deixou tais questionamentos pairados ao tomar fôlego e passar as páginas amareladas. Com tantos feitiços por aí, Jeon fora descuidado ao não colocar nenhum para proteger seus escritos naquele pequeno caderno.

"

"Deveras sábio

Rosto simétrico que há tanto quero desenhar

Moldá-lo em meus papéis

Sorrir com o resultado

Encarar-te como meu naquele grafite e suspirar

Não tenho-te como gostaria

Não posso tocar teus cabelos vermelhos assim

Sendo só um lápis a riscar

E quantas vezes mais te olharei

Com a certeza de que quero-te

Mais do que dois ou três sorrisos

Mais do que um olá indeciso

Permiti-me teus lábios provar"

 

Seu rosto, com toda a certeza, estava ruborizado naquele momento, não havia dúvida quanto a isso. Folheou o caderno mais uma vez só para ter a certeza de que ali falava de si. Em vão, claro que falava, claro que tudo ali era sobre ele e seus cabelos vermelhos que era uma característica repetida em todos os poemas e poesias que leu.

Tentou pensar no que faria dali a diante, claro que não deixaria tudo como estava sabendo dos sentimentos do sonserino para consigo, como bom corvino que era, pensaria em algo eficaz para aproximar-se do garoto e ele mesmo devolver o scrapbook.

Ponderou sobre o que precisava fazer, não devia ser algo que afastasse o garoto de si, mas também teria de deixar com a impressão de que queria uma aproximação com o garoto, quem sabe até correspondesse em algum futuro próximo os sentimentos descritos naquelas poesias tão lindas.

Sorriu, tendo a ideia de divertir-se um pouco com o outro ao mesmo tempo que pensava em como era bonito ser descrito daquela forma, fazendo-o pensar em que, sim, o sonserino era uma pessoa de alma tão boa e pura que sequer condizia com uma grande porcentagem dos habitantes daquela casa. Escrevia sobre si de uma forma a fazê-lo curvar os lábios naquele perfeito sorriso de formato quadrangular, imaginando até Jeongguk franzindo o cenho ao escolher as palavras certas, não que soubesse muito acerca do bruxo, mas o contato que tiveram nas poucas vezes dava espaço para ele imaginar sim as expressões faciais do outro enquanto exercia aquela ação.

— O que vai fazer? — Escutou Jimin perguntar com um sorriso naqueles lábios bem moldados.

Pensou durante um curto intervalo de tempo. Talvez não fizesse mal algum brincar um pouco com o garoto mais novo, assustá-lo a fim de dizer que sabia quem era e o que fazia durante a aula de astronomia, para logo mais desculpar-se e devolver o caderno de poesias do garoto, curioso com a reação que ele teria ao encarar Taehyung após aquilo.

— Acho que preciso que você encontre-o e diga que Kim Taehyung está esperando-o na sala Precisa, que quero muito vê-lo lá. — Sorriu. É, aquela seria uma boa forma de aproximar-se do outro.

— Lá onde "seus desejos são atendidos"? — Jimin brincou, costumavam apelidar aquela sala de lâmpada mágica entre os amigos mesmo que também atendesse por "Vai e Vem". — Tenho até medo do que vá sair disso.

— Chim, só chama o garoto. — Taehyung rolou os olhos para o amigo mais uma vez. Às vezes, Jimin conseguia ser bastante irritante.

Park ainda gargalhou sonoramente antes de sair para fazer o que o melhor amigo havia pedido, deixando um Taehyung pensativo para trás e com um sorriso de quem sabia o que ia fazer ou, ao menos, parecia saber.



 

Jeongguk tentava desesperadamente arrancar resposta do melhor amigo, este, por sua vez, nada dizia, além do que, não havia o que dizer. Yoongi apenas revirava os olhos para a petulância do garoto, claro que ele não falara nada demais com o garoto de cabelos vermelhos, o outro apenas havia lhe contatado por precisar pegar os pergaminhos de volta. Não eram lá muito amigos, o Min e o Kim apenas trocavam algumas palavras e ensinamentos sobre feitiços.

O mais novo não desistiu, ele tinha de se aproximar do outro, mesmo que não soubesse exatamente o que fazer. Sabia não estar pronto para o contato imediato, mas quando estaria se fosse depender de si para ir atrás do outro? Tinha de tentar de alguma maneira conquistar o corvino, apresentar-lhe suas qualidades e até impressioná-lo, quem sabe.

Suspirou exasperado, largou o amigo ali sem não mais perturbar, de nada adiantaria, afinal. Aquilo era problema seu, tão somente seu e de sua covardia que não lhe permitia nem conversar com o outro sem tropeçar nas palavras e fazer papel de bobo, ou esbarrar no outro soando mais do que péssimo na missão de causar uma boa impressão.

Olhou para Yoongi uma vez mais, este que lhe lançou um sorriso singelo, encarou Hoseok como se também esperasse que o amigo e namorado de Min ajudasse-o naquela missão, este apenas balançou a cabeça e lhe encarou de forma sugestiva, como quem diz em silêncio que você sabe a resposta, sequer precisa que alguém diga-as para si.

— Jeongguk? — Escutou uma voz familiar soar atrás de mim.

— Hum? — Virou-se para dar de cara com um Park Jimin com uma expressão diferente adornando o rosto bonito.

— Kim Taehyung mandou avisar-lhe que está na sala Precisa à sua espera. — Pigarreou tentando segurar o riso. — Parecia ser sério, se eu fosse você, não demoraria.

O mais novo entre todos ali engoliu em seco, não sabia o que o corvino queria consigo, mas devia estar feliz por ter a oportunidade de conversar com o garoto a pedido dele, não é mesmo? Mesmo que o tom que o Park adotara tenha feito-o tremer na base, não precisava preocupar-se, afinal, era apenas um chamado sabe-se lá para que e logo na sala Vai e vem, só o lugar já acalmava-o por instantes.

— Taehyung? O que ele quer? — Perguntou ainda meio atônito a situação.

— Vai lá descobrir, só vim dar o recado. — O lufano gesticulou com as mãos antes de sair a passos largos.

Encarou os dois amigos abraçados ali e rolou os olhos. Não sabia se queria matar ou agradecer Jimin por ter dado o tal recado, mas fosse o que fosse, ele iria conferir o que era, não poderia ser tão ruim assim e, bem, quem era ele para reclamar quando, finalmente, o boy havia notado a existência dele?

— Eu devia lançar um obliviate em você para ver se esquece essa obsessão pelo Taehyung. — Yoongi riu encarando o melhor amigo.

— Se tudo isso não é amor, eu não sei o que é. — Hoseok completou, causando efeito de maçãs do rosto rubras de Jeon.

— Vou ignorá-los e ir antes que ele desista de me esperar. — Virou-se para o caminho.

Contou mentalmente até três até se afastar dos amigos, ele iria até a sala precisa para encontrar com o outro, aliás, pensou consigo mesmo que não havia lugar melhor do que aquela sala para encontrarem-se. Ele se sentiria seguro e confiante ali.

Seus passos não eram nem tão lentos nem tão rápidos, mas devido a certo nervosismo, acabou por tropeçar várias vezes e quase dar de cara com uma coluna no corredor, não se orgulhava de ser tão desastrado quando o assunto era o garoto de cabelos avermelhados, por sorte, ele não estava ali para vê-lo pagar mais um mico em sua presença.

Andou mais algumas passadas antes de chegar ao sétimo andar, procurando a tapeçaria que escondia a entrada da sala, claro que teria de fazer o ritual antes de entrar e não demorou muito para exercê-lo, mesmo incerto com o que tanto queria e com aquele encontro o traria.



 

"Se te vejo ao longe

Quero chamar-te a se aproximar

Incerto, nunca consigo

Respiro, suspiro, encaro-te indeciso

Já nem lembro-me de quando começou

Quando há tanto a rondear minha mente

Indagar-te como foi o dia

Se aprenderas um feitiço novo

Ou se queria me encontrar

Oh céus, o que me tornei senão amante teu

Dos teus olhos curiosos

Lábios que ainda hei de provar

Dessa tez que a mim reluz

Ou dos teus fios vermelhos

A ser meu tom de você

E descobrir que mais do que parece

É esse desejo de a ti enamorar"

 

— Direitos de imagem, quero os meus. — O Kim riu. — Sou seu muso inspirador, mas você sequer perguntou se eu queria isso.

Taehyung encarou Jeongguk assim que terminou de declamar o poema, selecionou categoricamente enquanto estava a folhear com o cenário que acabou por criar naquela sala e deixou tudo ainda mais propício para os dois, seja lá o que fossem fazer.

— Eu... — Jeongguk nem sabia o que dizer.

Mal havia começado com a brincadeira e já não queria mais continuar, não com aqueles olhos do mais novo que pairavam sobre si de um modo assustado, acuado e até mesmo curioso. Talvez seguisse ao plano B, que nada tinha além de descobrir-se perante ao outro, sem brincadeiras, apenas sentimentos postos por sobre si.

Tinha pensado muito mentalmente em apenas querer que aquilo ajudasse-o a entender os sentimentos que lhe afloraram quando dedilhou a capa daquele scrapbook tão estilizado. Pensou até em largá-lo ali e escrever uma poesia para o mais novo a fim de que ele soubesse que o corvino havia aceitado seus sentimentos e estava a esperar que ele desse o primeiro passo para que pudessem tentar algo, ou pelo menos para sair e ir até a Hogsmeade só para aproveitar a companhia um do outro.

Agora estava ali, com o mais novo de olhos arregalados que alternavam entre si e a caderneta em suas mãos, com o rosto quase a explodir com a certeza de estar extremamente envergonhado. Taehyung percebia isso, era mais do que uma habilidade como corvino, o sonserino ali quase gritava mesmo que parecesse não ter voz ou palavras para tal.

Aproximou-se a passos lentos até o garoto que ainda estava petrificado desde que entrara na sala. Vestia-se de um sorriso daqueles que costumava dar, que lhe deixava com a aparência ainda mais adorável e, claro, notou que o mais novo, mesmo envergonhado, não tirava os olhos de si naqueles instantes que, ironicamente, pareciam mágicos.

Num ímpeto, tocou a canhota de Jeongguk e levou até seus cabelos vermelhos, incitando-o a tocá-los como tanto queria em todas poesias, pode até deixar com que suas pálpebras fechassem-se com a carícia tímida que ainda não tinha virado um cafuné, mas logo definiria-se com um.

Sentiu as mãos de Jeon tocar seus fios como se avaliassem a textura da fibra, como se estivesse gostando do que estava fazendo. E se há tantas palavras era aquilo e mais do que aquilo que o mais novo queria, Taehyung não tinha o porquê de negar a tais  sentenças que lhe atingiram por completo.

— Tae... — Jeongguk chamou quase em um sussurro.

— Não precisa utilizar-se de Accio... — Taehyung sorriu ao erguer o queixo, estendendo a palma para entregar o scrapbook. — Tenha mais cuidado onde larga suas coisas.

Observou o sonserino sorrir, ainda envergonhado com tudo, de uma maneira adorável, pegando o objeto e guardando-o no fundo de sua bolsa lateral.

Não queria deixá-lo mais envergonhado, mas tinha tantas dúvidas e curiosidades acerca de tudo que leu naquelas folhas, claro que não deu tempo de passar os olhos por sobre tudo, mas havia conhecido o suficiente, havia sorrido interna e externamente, parecia até um bobo apossando-se de sentimentos alheios, ainda mais quando estes eram por sua pessoa.

Talvez estivesse precipitando-se ou fosse efeito da sala no qual se encontravam, ele não saberia dizer, mas encarava a Jeon como se ele pudesse e até sentisse coisas que muito se assemelhavam com as que o menor tinham em seu âmago, quase com a certeza das próximas ações e, bem, cedo ou não, poderia arcar com as consequências daquilo depois.

— Pelo que pude perceber, não eram só meus cabelos que você queria tocar. — Taehyung colou os corpos sem esperar que Jeongguk respondesse.

Antes de aproximar as bocas por completo, sentindo o hálito doce do garoto mesclando-se com o seu, encarou o rosto de Jeon. Os lábios entreabertos respirando em descompasso, os olhos fechados em expectativa e as bochechas em um leve tom de coral, de fato, era um sonserino adorável, uma imagem que Taehyung logo mais desenharia em estilo gestual em seu sketchbook.

Ao sentir a maciez dos lábios do outro, pensou que também estivesse tão curioso com aquela sensação quanto ele. Já dera outros beijos, mas aquilo era diferente, ele sentia-se diferente.

O roçar de lábios logo evoluiu para algo mais profundo ao que Jeongguk pendeu a cabeça para o lado, procurando mais daquele contato tão novo e bom, procurando conhecer e permitir-se saborear do gosto que aquele beijo tinha, um sabor que sabia não enjoar nem que repetissem aquilo mil e uma vezes só naquela tarde. As línguas logo sentiram-se, aproximando ainda mais os corpos ao que Taehyung passava os braços a enlaçá-los no pescoço do mais novo e Jeongguk segurava a cintura do garoto de forma a não deixá-lo desencostar, mesmo que o Kim sequer pensasse em parar com aquele contato.

Era um beijo suave, quase como um reconhecer de território e sensações compartilhadas. Separaram-se minimamente mantendo as testas coladas, cada um com um sorriso portado a embelezar aquele instante, como se falassem em silêncio que talvez aquela fosse a dose de uma porção que eles sempre iriam querer mais.

— Há algo mais que o poeta queira de seu muso inspirador?

O corvino curvou os lábios naquele formato geométrico peculiar a esperar a resposta do mais novo, que veio mais rápido do que ele imaginava, vendo Jeongguk logo sorrir ao murmurar.

— Não sei. Mas acho que ainda tem muito a descobrir nestas páginas que iremos folhear.










 


Notas Finais


LINK DA MUSGA: https://www.letras.mus.br/lulu-santos/35064/

NHA, SIM, TAEKOOK EM HP, , INCLUSIVE SOU DA CORVINAL COM ASCENDENTE EM SONSERINA, por isso as casas dos protagonistas são essas sjaojsiajs
Para mais, vamos para a próxima, letra T <3


Xoxo, see you ~


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