História Any Colour You Like. (HIATUS) - Capítulo 38

29 de agosto, Konoha. (03:15 a.m.)

Graças à Chiyo que teve a gentileza de deixar o carro para Sasori, eu e ele fomos em um parque, isso mesmo, um parque, de noite e nós ainda estávamos de terno, observando as estrelas, estávamos de mãos dadas e deitados na grama vendo aquele tão bonito céu. 

- Você alguma vez pensou que as coisas pudessem ser assim? - Falei ainda olhando para o céu. 

- Não mesmo. - Riu.

Ficamos em um breve e longo silêncio, apenas ouvindo o cricrilar dos grilos e até mesmo o longínquo piar das corujas, apenas nós dois, num parque quase abandonado, o amor de dois artistas é um dos mais estranhos, mas também, o mais criativo e único. Ele se levantou e me ajudou a ficar de pé, seguimos até um velho e enferrujado balanço, iluminado pela luz da lua. A grama alta do lugar fazia cócegas em nossas canelas, nos sentamos um ao lado do outro.

Tomei um pouco de impulso fazendo com que o balanço me mexesse em um vai e vem, deixando a brisa brincar com meus cabelos, percebi o olhar de Sasori, que apoiava seu braço em sua perna direita e tinha um sorriso não muito discreto. Lentamente o balanço ia parando e tomando à sua posição inicial, deixando com que o ruivo penetrasse seu olhar ainda mais no meu.

Cheguei-me mais perto dele e selamos nossos lábios dentre o luar, nosso beijo era leve e um tanto quanto lento, logo em seguida me sentei junto à ele e deitei minha cabeça em seu ombro e ficamos mais um tempo, apenas curtindo o momento. Nossa vida é composta disso, momentos, únicos com quais você passa com pessoas especiais, pessoas nas quais te entendem, discordam do que você gosta e dividem emoções. O ruivo pegou suavemente em meu rosto e o acariciou.

- Você parece... Em paz. - Falou.

- É assim que me sinto quando estou com você, un. 

- Se sentiria assim se estivesse com Obito? 

Nós rimos e dei um leve soco nele, mas não pareceu fazer tanta diferença, sendo assim eu o abracei, eu nunca dava abraços muito profundos, mas achei que era especial para o momento.

- Eu nunca te deixaria, mesmo que fosse pelo Tobi, un. - Admiti.

- Vamos eu sei que lá no fundo você o acha alguma coisa mais. - Brincou.

- Humm me deixe pensar... - Falei revirando a cabeça para olhar em seus olhos. - Acho que... Adorável? Ele é o tipo de garoto no qual você gostaria de caçar borboletas com ele.

- E eu?

- Chato, rabugento, impaciente, "Deidara sua arte é uma merda, arte não é uma explosão", "Tenho ciúmes do meu namorado quando ele está perto do garoto no qual quase o beijou na frente de todos na sala". - Disse rindo de seu olhar feio. - Mas perfeitamente admirável, um artista não tão talentoso quanto eu, mas é... Você é meu Danna e nenhum garoto Uchiha vai me fazer mudar isso.

- Fico feliz em saber disso. - Falou logo em seguida sorrindo. - Você quer saber a verdade sobre mim?

- An? - Murmurei confuso.

- É o momento certo para contarmos um pouco mais sobre nós, acho bom que saiba sobre mim. - Ele disse. Concordei. - Bem, eu comecei a desenhar e fazer marionetes no sexto ano, quando Kabuto e Kankuro começaram a ser os valentões temidos da escola, eu os evitava e sentava em mesas solitárias para evitar confusões, mas é claro que isso não dava certo, eu apanhava várias vezes e nunca sabia como me defender, na época eu não era amigo do pessoal e era o "nerd que nunca iria pegar ninguém", eu até me obriguei a gostar de uma garota no qual nunca daria certo comigo, você sabe quem é. Sendo assim, zoado e apanhando todos os dias eu perdi um pouco de esperança, foi quando eu conheci você e tudo mudou, eu não queria mais saber de Sakura, eu tenho meus amigos agora e minha alegria e esperança de volta.

- No sexto ano eu era o "artista rockeiro", escutava Led Zeppelin, AC/DC e Red Hot Chili Peppers e afastado das pessoas pois eu achava-as estranhas, muito estranhas, un.

- Estranhas como? - Perguntou rindo.

- Haviam garotas maqueadas exageradamente, algumas eram até mesmo muito esnobes, muito mesmo. "Ei, você é aquele garoto que gosta de fazer esculturas de argila e escuta rock n' roll, não é? Você é muito esquisito.", mas que piada. - Caçoei, ele balançou a cabeça negativamente com um sorriso. - Bem, meus pais são um pouco homofóbicos então eu não comuniquei nada sobre nosso relacionamento que agora ficou sério, un.

- Não se preocupe com isso, quando menos esperar já vai ter contado para eles e vão ter que saber a verdade. - Me tranquilizou.

- E seus pais? Eu nunca perguntei sobre eles, un.

Sasori fez uma cara um pouco triste, me deixando um pouco preocupado, depois pegou minha mão ainda coberta pela luva que eu estava usando.

- Eles morreram num acidente de avião por volta dos meus dois anos. - Falou tristemente.

- E-eu sinto muito. - Disse um tanto quanto sem graça. - Eu não sei o que dizer, me desculpe.

- Está tudo bem, Deidara, apenas não vamos mais falar sobre isso ok?! - Perguntou tentando me animar.

- Ok. - Falei em seguida ele me deu um breve selinho.

(11:20 a.m.)

Sasori havia me levado para casa e ofereci para ele passar uma noite comigo, nada demais, iríamos apenas dormir juntos. Quando acordei percebi que estava me abraçando ainda enquanto dormia, ouvi ele falar meu nome e olhei novamente em seu rosto que continuava adormecido, mas com um leve sorriso, me fazendo sorrir um largo sorriso.

Me levantei e fui até a cozinha para fazer um café, depois peguei uma xícara e despejei um pouco, levando novamente para o quarto, vi o ruivo acordado, sentado na cama.

- Bom dia. - Falei num sorriso.

- Eu tive um sonho com você. - Disse num tom alegre.

Brinquei um pouco com seus cabelos ruivos enquanto tomava meu café, depois coloquei a xícara em cima do criado me deitando sem o cobertor, o ruivo deitou sua cabeça em minha coxa, eu podia sentir sua respiração perto de meu membro, ele fechou seus olhos e adormeceu novamente, ele parecia tão idiotamente fofo e eu estava com uma ereção, ou seja, ele poderia acordar a qualquer momento e ver ele desperto.

"Parabéns Deidara!" Pensei ironicamente tentando impedir qualquer sensação de prazer ou desejo com ele.

Me levantei violentamente, acordando o ruivo novamente e me deitando ao seu lado, como nada tivesse acontecido. Nos olhamos um pouco confusos e lembrei da noite passada, fechei meus olhos e acarinhei o rosto do ruivo novamente.

- O que quer fazer hoje, un? - Perguntei acarinhando seu nariz com as pontas de meus dedos.

- Sei lá, poderíamos sair ou coisa do tipo, você quem sabe. - Deu ombros, abri meus olhos para olha-lo.

- Bem... Podíamos ir para um Karaokê essa noite, o que acha? - Sugeri. Ele sorriu e concordou com minha ideia.

(20:15 p.m.)

Chegamos no local, onde não estava muito lotado, haviam algumas pessoas fumando e bêbadas na entrada mas nós não ligamos para aquilo, Sasori pegou em meu ombro e nos sentamos em uma mesa na qual era iluminada apenas por algumas luzes neons.

- Já sabe o que vai querer cantar? - Ele me perguntou, peguei na lista de música para ver quais tinham, fui na lista das seções de rock.

Rock N' Roll

AC/DC - Highway to Hell

Black Sabbath - No More Tears

Nirvana - About a Girl

Kansas - Carry On Wayward Son

Deep Blue - When a Blind Man Cries

Pink Floyd - Breathe

Led Zeppelin - All Of My Love

Aerosmith - Crazy

- Hum... Talvez, un. - Falei com um sorriso malicioso.

No momento havia uma garota cantando Last Friday Night e falando como seu ex e ela fizeram sexo selvagem numa sexta feira em um banheiro de um parque de diversões qualquer, berrava seu nome e chorava enquanto a música passava, provavelmente bêbada também, me virei para o ruivo.

- Já sabe o que vai cantar? - Perguntei.

- Sim, Nirvana, você gosta dessa banda e eu conheço bem essa música. - Falou ajeitando um pouco a cabeça, movendo-a para os lados, deveria ser um pouco difícil ser uma marionete às vezes, ri um pouco com o pensamento.

- Eu adoro essa banda, un. - Falei apaixonadamente enquanto olhava nos olhos dele, eu podia adorar Nirvana, mas não tanto quanto eu amava Sasori.

Eu era o próximo e estava um pouco nervoso, iria tentar focar apenas no ruivo para tentar esquecer meus problemas, por outro lado, boa parte das pessoas de lá estavam bêbadas e pegando umas as outras. Quando subi no palco e peguei o microfone começou a tocar a música na qual eu havia escolhido. 

- Já quer saber qual música eu escolhi, Sasori? - Perguntei olhando justamente para ele, tentando fazer um bonito sorriso, observando seu rosto que mirava justamente para mim, mais ninguém.

A bateria tocou e a música deu inicio, comecei.

*"Venha aqui, baby

Você sabe que me deixa subindo pelas paredes

Com os seus joguinhos perversos." Cantei piscando um dos olhos para ele, que riu timidamente. "Parece que estamos mais fingindo do que fazendo amor. " Continuei numa risada.

No refrão eu me intimidei um pouco pois ele havia passado a olhar para mim com um olhar um tanto quanto pervertido, idiota. 

- Hey, você me deixou com vergonha quando me olhou daquele jeito, un! - Falei me sentando ao lado dele.

- Está corado, mas que fofo. - Disse apertando minha bochecha. - Não foi culpa minha se você estava quase rebolando enquanto cantava.

- Seu idiota pervertido! - Sorri sedutoramente, me engatinhando no banco para ainda mais perto dele.

- Depois eu é quem sou pervertido. - Retrucou se levantando para sua vez, ri.

Ele cantava bem, muito bem, sua voz era doce e viciante enquanto cantava aquela doce melodia de uma de minhas bandas favoritas, Sasori sabia mesmo como me conquistar. Enquanto cantava uma parte da música percebi que ele sorria olhando para mim em várias partes.

"Vou me aproveitar enquanto

Você me pendura para secar.

Mas não posso te ver todas as noites 

Não, eu não posso te ver todas as noites..." Ele fez uma pausa de acordo com a música e sorriu um sorriso cheio de amor para mim, que apenas corou intensamente. "Livre..." Continuou e depois fomos embora.

- Eu não sabia que cantava tão bem. - Falei pegando em sua mão carinhosamente, seus olhos castanhos brilhavam intensamente.

- E eu não sabia que gostava de Aerosmith. Ainda me lembro de você se remexendo todo. - Disse numa alta gargalhada, mas depois num olhar um tanto quanto fofo. Revirei os olhos ironicamente.

No carro ele me jogou no banco de trás e subiu em cima de mim, ficamos apenas nos beijos sentindo o amor fluir nos lábios um do outro, continuou dando alguns vários beijos em minhas bochechas, vi seu rosto e seus bochechas coradas refletidos pelo brilho da lua. Ele pegou na barra de minha blusa, como se estivesse prestes a retira-la.

- Sasori! Espera! - Falei me levantando um pouco, ele me olhou confuso. - Caso for fazer isso... Vamos esperar... Por favor. Olha eu sei que é chato dizer isso, mas uma coisa de cada vez, ok?! Além disso acho que o carro não é o lugar mais apropriado, un.

Ele pareceu um pouco aborrecido por um momento, mas eu estava confiante de que não era realmente capaz de tentar me estuprar.

- Tudo o que você quiser, Dei. - Subiu a cabeça com um largo sorriso, nos beijamos mais uma vez. - Perdão, podemos sim esperar, acho que fiquei um tanto quanto animado e confiante até demais.

- Está tudo bem, eu apenas fiquei com medo.

- Medo? 

- Medo de não querer parar e me invadir. 

- Não seja um idiota, eu amo você, okay? Agora vamos, está ficando tarde. - Saiu e se dirigiu para o banco do motorista, fui ao seu lado.

Acho que era um pouco vergonhoso falar a verdade, mas eu havia que dizer.

- Eu sou virgem. - Admiti entre o silêncio, Sasori começou a dirigir e me olhou rapidamente.

- Sério? Bem. Prazer, eu também. - Falou com um tom divertido.

Não foi tão ruim assim falar a verdade. Além disso, ele não pareceu nem um pouco incomodado com o fato de que eu estava inseguro de eu transar pela primeira vez, deixaríamos aquilo acontecer naturalmente, nada forçado. Foi o que prometemos um pouco antes de chegarmos em casa.

2 de setembro, Konoha. (11:20 a.m.)

Adivinhe só com quem eu encontrei hoje? Sim, foi com Kankuro, olhei em volta, nada de Kabuto, Sasori se colocou em meu lado e olhou feio para o outro marionetista. 

- Não adianta, me olhar assim Sasori, todos já sabem do seu relacionamento com Deidara, eu vi os dois se beijando no baile. Tirei foto e postei em todas as redes sociais. Apenas uma pequena lembrança para Kabuto que está em outra escola por conta de vocês. - Disse ele com nojo, como se fossemos um tipo de barata em uma de suas marionetes.

- E...? - Perguntei sem muito interesse, as pessoas já sabiam do relacionamento de Kakuzu e de Hidan também então qual era o problema de ter mais um casal homossexual no colégio?

- Bem, agora vocês são zoados pelos homofóbicos. - Falou com a maior serenidade do mundo.

- Que os homofóbicos venham me encarar também, quero que eles que se fodam enquanto eu transo com Kakuzu. - Disse uma voz ao fundo, era Hidan junto ao namorado. - Agora se me dá licença, Kan-cú-ro, eu já vou indo. - Continuou o albino piscando o olho para o valentão, sem muito interesse.

- Desculpe Kankuro, mas parece que eu não me importo. - Sasori revirou os olhos e me puxou para longe.

Aquele valentão era um dos maiores babacas que eu já havia conhecido na minha vida e eu tinha antipatia por ele, seguimos o casal em nossa frente, eu podia sentir o ódio de Sasori apenas em seu olhar, entramos na sala e vimos algumas pessoas caçoando de mim e do ruivo. Era aula de história e eu tinha que falar um pouco sobre a Europa, meu ódio cresceu ainda mais quando eu conseguia ouvir alguns sussurros durante minha apresentação.

- A arte grega era composta por manifestações tanto por artes visuais como pinturas quanto por músicas e... - Suspirei. - Escutem, isso é motivo para algum tipo de piada, un?

- Sim, claro. - Falou um garoto me mostrando seu celular numa página aberta do Twitter com a palavra "veado" e eu e Sasori se beijando. - Isso é arte, Deidara?

Balancei negativamente a cabeça e olhei para o ruivo, parecia nervoso e um pouco entristecido, era hora de eu fazer alguma coisa para impedir aquilo.

- O que acha? Diga o que vê, un. - Sugeri o olhando firmemente.

- Para mim isso é só viadagem, para mim e o resto da escola.

Olhei para nosso professor de história, Zabuza, que parecia um pouco interessado no que eu havia em dizer logo depois. 

- Isso é intriguista, de um bom modo... Pois você, quem observa tem suas próprias criticas e não consegue enxergar beleza, mas sim preconceito, abominar esse tipo de arte, um tipo de confusão. Para você isso é viadagem, mas para outra pessoa no qual é capaz de ver com outros olhos, além do seu preconceito pode ver apenas dois homens dividindo seu amor. Ambos estão conectados pelo momento de amor e calor de seus lábios, un.

O resto do pessoal ria do garoto no qual havia levado a resposta.

- Sabe, existe uma poetisa grega chamada Safo, nascida em Lesbos, seus poemas falavam de amor entre mulheres. Afrodite, a deusa do amor é tida como a "patrona das lésbicas", quer saber mais? Pesquisas indicam que boa parte de crianças criadas por casais gays e lésbicas crescem como heterossexuais, un. Então eu não me vejo como um problema, eu me vejo como um ser humano que está dividindo seu amor com outro, metade humano, não é porque beijamos o mesmo sexo que devemos ser abominados pela sociedade e julgados sem dó. O amor é livre e devemos ser livres para fazermos nossas próprias escolhas, arte é algo que deve florescer e ser livre, também como uma explosão, já que explosões tem que ser feitas em lugares livres, assim para deixar uma marca. Deixamos nosso amor ser livre para deixarmos uma marca no mundo, un.

Todos se calaram, inclusive eu, minha apresentação havia acabado ali e então todos me aplaudiram, inclusive o professor, no fim tudo estava dando um pouco certo afinal.
No fim da aula encontrei com Sasori que me perguntou se eu estava bem, assenti e demos um longo beijo, no canto da sala, enquanto todos pegavam suas mochilas para irem embora, era incrível estar com ele em momentos como aquele. Foi um demorado beijo, rimos depois do momento pela pequena falta de ar.