História Anything For Us - Jantar.

— Como assim Cameron? — Franzi as sobrancelhas, claramente estava confusa.

— Primeiramente, desculpa por ter ido embora sem te avisar. — Ele disse, olhando nos meus olhos e eu engoli em seco.

— Desculpa por ter te traído com a Bethany.

— Olha, se for pra tocar nesse assunto agora, eu prefiro ir embora. — Soltei a mão dele e peguei minha bolsa

— Espera, por favor. — Ele disse, me impedindo de levantar. — Deixa eu continuar, é sério.

— Tudo bem.

— E me desculpa por ter pisado na bola com você. — Ele disse baixo.

— Eu já esqueci tudo que aconteceu Cameron, e te aconselho a fazer o mesmo. — Falei, firme. — Foi passado, já passou, vida que segue.

— Se você prefere assim, tudo bem. — Ele disse. — Eu só queria me desculpar por tudo que fiz.

— Não tem problema, já passou.

— Ok, mas me explica uma coisa. — Ele falou em um tom sério. — Porque todos ficaram tensos quando o Matt tocou no assunto de  você estar grávidas?

Quase me engasguei com o vinho que estava em minha boca, e arregalei  meus olhos.

— Não foi nada. — Falei. — Só iria ser estranho se eu estivesse grávida, nem namorado eu tenho. — Dei um risada nervosa.

— Ta, você não quer falar. — Ele deu uma risadinha. — Mas era nesse ponto que eu queria chegar com você.

— O quê? — Me assustei.

— Calma. — Ele riu. — Tenho uma proposta pra te fazer.

— Devo me preocupar?

— Acredito que não. — Disse tomando um gole de vinho. — Eu preciso que você se case comigo.

Arregalei meus olhos e olhei em sua direção tentando saber se ele estava brincando com a minha cara. Mas não, ele estava sério, e seu tom de voz também.

— Oi?

— Isso mesmo Jess, eu preciso que você se case comigo. — Ele disse.

— Mas porque? Porque eu faria isso? — Perguntei, totalmente confusa.

— Bom, nós dois estamos precisando de ajuda. Você está com problemas com seu visto e eu, bem, com problemas na empresa. — Falou.

— Calma aí. — Falei. — Que empresa?

— Então, eu tive que ir embora correndo, sem avisar ninguém porque meu pai estava doente. — Ele falou. — E ele acabou falecendo.

— Cam..

— Não diga nada, por favor. — Ele falou, firme. — Ele não merece tudo isso.

— Não diga isso, ele é seu pai.

— Enfim. — Me cortou. — Ele faleceu e deixou sua empresa pra mim. Tudo em meu nome.

— Certo, mas não entendi aonde eu entro.

— Já vou chegar lá. — Ele falou e continuou. — Porém, eu preciso me casar para poder fazer algumas mudanças na empresa, porque está no testamento que ele deixou.

— Ok, continue.

— E já que você precisa resolver seus problemas com seu visto, juntei uma coisa com a outra. — Ele disse. — Você se casando comigo, consegue o visto permanente, e eu consigo resolver os problemas na empresa.

— É uma boa proposta. — Falei me encostando na cadeira. — Mas e depois? A gente vai ficar casados pra “sempre” ?

— Não. — Ele ri. — Podemos nos separar depois de um ano.

— Eu aceito. — Falei e ele abriu um sorriso. — Mas com uma condição.

— Prossiga.

— Sem sentimentos, sem envolvimento, ou qualquer tipo de contato. — Falei, estreitando os olhos.

— Tudo bem.

— Fechado.

— Mas espera. — Ele disse. — Como vamos ser casados se não rola nem algum beijinho?

— Cameron, fica quieto. — Falei rindo.

— Vamos embora? — Ele perguntou.

— Vamos.

Cameron pagou a conta do restaurante, mesmo eu insistindo em pagar metade. Fomos em direção ao seu carro, que eu descobri ser uma Range Rover Evoque, preta.

Entramos e logo ele ligou o rádio e estava tocando “Ed Sheeran - Tenerife Sea”, abri um sorriso e olhei pra ele, que estava sorrindo de lado.

Logo estávamos indo em direção á meu apartamento, eu estava sussurrando a música que tocava, enquanto ele estava concentrado no trânsito, batucando os dedos no volante.

We are surrounded by all of these lies

And people who talk too much

You got the kind of look in your eyes

As if no one knows anything but us

(Estamos cercados por essas mentiras

E pessoas que falam demais

Você tem um olhar em seus olhos

Como se ninguém soubesse de nada, só nós)

Viramos a rua em que o prédio onde eu morava ficava e logo ele estacionou em frente á portaria.

— Vai querer entrar? — Perguntei, abrindo a porta do carro.

— Não, já ta tarde. — Ele falou, olhando no relógio de seu pulso. ­— Minha família vai querer conhecer você, venho te buscar amanhã, ás 20h.

— Você já tava planejando tudo antes de me contar né?  — Perguntei, estreitando os olhos.

— Lógico que não. — Ele riu.

— Eu te conheço Cameron. — Ri. — Mas, tá. E o que vamos falar pro pessoal?

— Não quero que comente nada ainda. Vamos contar juntos, ta certo? — Ele pergunta.

— Ok, boa noite então.

Segui em direção á entrada do prédio e olhei pra trás, observando Cameron me olhar. Dei um tchauzinho com a mão e entrei, dando uma corridinha pra poder entrar dentro do elevador.

Abri a porta do meu apartamento e joguei minha bolsa no sofá, logo indo pra cozinha.

— Chegando tarde dona Jessie. — Ouvi uma voz e me virei dando de cara com Soph.

— Puta que pariu que susto Soph. — Falei, colocando a mão no coração.

— Onde você tava hein? — Ela pergunta, fazendo uma cara maliciosa.

— Af. — Revirei os olhos e ri. — Fui jantar com um colega.

— Hum, colega. Sei. — Ela ri.

— Sem querer ser grossa, mas... o que você ta fazendo aqui essa hora? — Perguntei, vendo que era 00:04h.

— Vou dormir aqui. — Ela deu de ombros. — Briguei com meus pais.

— Já até imagino o porquê. ­— Reviro os olhos. — Gilinsky?

— Sim.

Soph e Gilinsky tinha um “casinho” mas os pais dela não aceitam, porque pensam que ele não é o garoto certo pra ela, e etc.

— Certo, vamos assistir filme então, porque eu não to com sono. — Falei, me jogando no sofá.

— Vamos meu bebezinho. — Ela pula em cima de mim rindo.

Enquanto o filme ia rodando eu comecei a pensar na proposta de Cameron, e uma pergunta me veio na cabeça.

Eu sou muito doida por aceitar tudo isso?