História Ao anoitecer - Protegeremos um ao outro.

Seus olhos estavam vidrados nos corpos estraçalhados em seus pés.

Buscava um meio de entender como tudo aquilo chegou a um estado desastroso, assim igualmente a ideia de tapar os ouvidos e não escutar o som de explosões, gritos histéricos e todo o vermelho manchado por fora da enorme janela que cobria aquele quarto.

Minseok sabia que chegaria o dia em que algum clã inimigo atacaria o precioso castelo dos Kim’s. Estava na cara que o poder enorme que carregava em seu corpo semimorto era um alvo colorido e cintilante, para que outros vampiros carregados de inveja viessem atrás. Só não esperava que tudo fugiria de seus limites, que o tão precioso troféu daqueles noturnos fosse a razão de deixá-lo em um estado quase vegetativo.

A morada estava sendo destruída e tinha a absoluta certeza de que o teto acima de sua cabeça faria o mesmo se não caísse fora dali. O ruivo sentia o cheiro forte daquele líquido carmesim de fora e mesmo que fosse de sua família, seu instinto falava mais alto, querendo devorar e fincar suas presas em algum ser mais próximo.

Seus joelhos tombaram no chão e seu corpo inclinou-se para frente. Uma dor dilacerante em seu estômago e o gosto enjoativo indicando que a adrenalina subia cada vez mais. Precisava sair dali, mas seus pés pareciam focar-se muito mais nos empregados partidos ao meio. Tudo por causa de seus poderes.

Min era um vampiro especial. Possuía um poder elementar diferente de outros noturnos que não passavam de habilidades extremistas.

Poderia congelar qualquer coisa, além de mudar a temperatura do lugar, criando vários flocos de neve. Um vampiro completamente gelado em ambos os sentidos; Assim como seu corpo e de sua família que eram um pouco diferente dos outros que habitavam o planeta.

Quando a morada foi invadida pelos inimigos, Min não sabia o que fazer, como atacar ou muito menos estabelecer um diálogo decente com os noturnos. Foi criado há tão pouco tempo, que seu appa e sua omma o ensinaram a nunca cometer algum ato de maldade. Eles eram bons além de serem os mais fortes do país e deveria ser por isso também, que gerou mais motivos para terem suas cabeças cobradas.

Estava correndo para a sala principal do castelo a procura de sua família quando a porta foi estourada. Podia olhar bem ao longe os seres que procurava no chão do gramado serem massacrados e seu desespero voltou quando alguns vampiros de fora entraram com suas presas saltadas somadas as orbes tão negras e profundas quanto aquela noite.

Os empregados pareciam bonecos sendo abertos pelas mãos de unhas afiadas e o pavor que passou por todo seu corpo foi tão grande que não teve outra escolha a não ser usar de seu poder glacial.

Os móveis, os objetos e tudo que se movimentava dentro daquele ambiente começaram a congelar. Uma camada fina de gelo cobria tudo desde o teto ao chão; Os vampiros não puderam fazer outra coisa, pois seus corpos sofreram o mesmo destino quando estavam a dois passos do ruivo que derramava suas lágrimas de sangue pelas bochechas tão pálidas e frias como mármore. A ira foi tão grande que quando se deu conta, seus atacantes explodiram bem a sua frente assim como a porta principal por qual entraram.

Alguns pedaços atingiram o jovem, mas nem ligou para isso, a visão daquela destruição toda foi muito mais forte para prender sua atenção e, quando voltou ao seu estado natural, percebeu que estava sendo encarado ao longe, por três vampiros com extremo interesse.

Seus passos velozes tornavam sua imagem incapaz de ser vista pela visão humana. Corria o mais rápido possível para longe daquele que um dia poderia chamar de lar, entrando no interior da floresta noroeste.

Min não sabia para onde ir ou muito menos por quem buscar ajuda. Sua família nunca precisou disso e a guarda era tão grande no castelo que ninguém ousava se aproximar. Poderia ser dito, que os Kim’s eram antissociais. Não gostavam de se misturar com os outros vampiros por questões tanto de política quanto vindas da natureza.

Aqueles três noturnos que o observava anteriormente eram a causa daquele terror. Disso não tinha dúvidas. Eles não se moveram ou falaram alguma coisa, mas podia ler em seus olhares que se o ruivo permanecesse ali boa coisa não viria.

No fundo o jovem dos Kim’s sabia que poderia acabar com o trio, mas estava tão traumatizado que só de pensar em usar seus poderes, a imagem de tantos seres morrendo em seus pés iria se tornar uma assombração, então o único meio que lhe restou foi fazer a coisa mais covarde – em sua concepção; Correr.

Deveria ter um motivo mais plausível para que tudo aquilo estivesse acontecendo e, quando encontrasse um lugar seguro iria pensar e colocar tudo nos eixos. Ainda tremia e chorava como uma criança, nem parecia o vampiro forte e cordial como era... A máscara do filho perfeito daquela família havia se murchado de forma triste demais para que pudesse sorrir e dizer que estava tudo bem.

Minseok olhava de um lado para o outro e percebeu que já estava na floresta da cidade vizinha. Sabia que era errado entrar em outra unidade territorial dividida pelo conselho sobrenatural, então precisava ser frio à medida que fosse esbarrar em um.

Nevava e para alguns aquilo poderia ser uma lástima, já que o clima variava a cada instante. Mas o vampiro não sentia, afinal seu corpo já não era o mesmo desde que foi transformado pelo casal que considerou após sua existência familiar, tirando algumas exceções... Como por exemplo, o direito de chorar, se alimentar de bebidas feitas por alguns ervas em específico e ter o mesmo limiar de dor que um humano.

Assim que se sentiu seguro, parou de correr totalmente. Cansaço era algo que não possuía de sua espécie, então com passos cuidadosos andou entre algumas árvores de troncos mais grossos sentindo um cheiro nada agradável há alguns metros de si.

Galhos estalavam em seus pés descalços, mas o vampiro não deu muita atenção, pelo menos até encontrar várias barracas formando um círculo, com uma fogueira apagada no centro. De primeiro momento pensou que alguns humanos estivessem acampando por ali. Era temporada de caça então seria comum encontrar alguém com uma espingarda atento aos animais... Porém, essa ideia foi quebrada completamente ao perceber que aquilo não se tratava de pessoas comuns, e sim de outras criaturas.

-Lobos...  – Sussurrou incrédulo. Definitivamente aquele não era seu dia de sorte.

Olhou para os lados constatando que estava sozinho, então se aproximou das barracas percebendo que o cheiro nada agradável que sentia vinha dali. Um dos motivos por sua raça tanto odiar a outra era o cheiro que exalava de cada uma delas... E pensando nisso, que uma ideia em sua cabeça fez-se presente, como um ditado sussurrado ao vento abaixo de sua orelha: Aqueles três vampiros poderiam identifica-lo e segui-lo!

-Burro! Você é muito burro, Minseok! – Reclamou passando ambas as mãos em seus cabelos nervosamente, bagunçando-os e deixando tão desalinhados que chegava a ser cômico. – Preciso pensar... Aish! – Chutou um dos pedaços de madeira da fogueira quase em pedaços, até olhar em um dos troncos ao longe, várias peças de roupas alinhadas por cima. – Eles devem ter se transformado... – Ainda dizia baixinho para si mesmo, finalmente conseguindo ter uma ideia para disfarçar seu cheiro.

Aquele trio não iria encontrá-lo, de forma alguma, afinal os Homens-Lobo eram os únicos seres que em bando, poderiam acabar com um vampiro em segundos.

Aproximou-se das mudas e pegou a que menos torcia seu olfato vampírico, afinal não precisava de um faro exorbitante, apenas vestir aquilo. Tirou seu pijama de linho e colocou o blusão e a calça de um tecido mais grosso, ambos negros e quentinhos. Pegou o que vestia e saiu dali antes que fosse encontrado agora, por aquela alcateia.

Sabia que aquilo poderia trazer mais encrencas para si, mas já estava tudo dando errado, o que custava aumentar isso ainda mais? Seus passos guiavam-no próximo a um tipo de mata mais fechada e então jogou as roupas em mãos no chão próximo a um arbusto, seguindo um caminho contrário e, finalmente indo até a área livre daquele plano.

Uma bela cachoeira apareceu em sua visão e Minseok sorriu largo, indo em sua direção, porém, quando estava a alguns metros dela, um corpo gigantesco pulou em cima de si, fazendo ambos rolarem pela neve o deixando assustado.

Assim que parou com aquela coisa gigante em cima de si, o ruivo abriu seus olhos que mal percebeu terem sido fechados pela ação e encarou o lobo gigante que o fitava divertido.

Primeiro achou estranho, aquele ser havia aparecido sem que seus sentidos captassem! Tudo bem que lobos eram muito mais rápidos que os vampiros, mas Min saberia se estivesse sendo perseguido...

-Você quer... Brincar? – Perguntou e em seus pensamentos achou seu questionamento patético demais. A criatura saiu de cima de seu corpo e andou para trás, mostrando seus dois metros e pouco de altura, pulando de um lado para o outro. Deveria ser um filhote, ou melhor, deveria estar no auge de seus dezoito anos, idade em que ocorre sua transformação entrando na alcateia. – Olha, não deveríamos estar assim perto do outro, ainda mais por-

E não terminou sua frase ao ter o canino novamente próximo, lambendo seu rosto fazendo-o se retorcer.

-Céus! – Resmungou limpando a cara. – Seu babão! – E o uivo do lobo castanho causou um pequeno arrepio em seu corpo. – Espera! Fique quietinho, não faça isso ou você pode atrair mais dos seus! – Apontou o dedo para seu peito deixando o outro com um olhar confuso.

Minseok havia perdido o lar;

Meteu-se onde não deveria pegando a roupa da sua raça inimiga;

E agora estava ali, conversando como se os dois fossem amigos.

O canino achava o ser a sua frente engraçado. Parecia um boneco e usava seus trajes... Então, querendo fazer amizade com o desconhecido voltou a sua forma humana, completamente nu, o que fez uma gargalhada sair por seus lábios ao ver o ruivo desviando o olhar murmurando um “malditos lobos!”.

-Seu cheiro é diferente...

-Talvez porque eu não seja como você. – Minseok respondeu dando alguns passos para trás a medida em que o outro se aproximava.

-Qual o seu nome? Me chamo Huang Jongdae. – Sorriu percebendo que por algum motivo deixou-o receoso com sua presença.

-Kim Minseok. – Suspirou sentando-se no chão mesmo e escondendo sua expressão surpresa ao ver que o moreno a sua frente imitou seu ato, fazendo a neve embaixo de si derreter.

-Meu corpo pode chegar até quarenta e quatro graus!

-Não perguntei.

-Mas tenho certeza que pensou isso! – Sorriu deixando-o sem palavras.

-Você não se sente ameaçado com um vampiro tão perto de você?

-Oh! Você é um vampiro? – Jongdae disse animado engatinhando até si e apertando suas bochechas... Minseok jurava que se fosse um humano, estaria extremamente corado! Não era de receber muitos gestos de carinho. – Que legal, sua pele é bem gelada mesmo... Nunca tive um contato com outro ser sem ser um humano e da alcateia... Nosso líder é bem rigoroso e diz que as outras criaturas são cruéis demais para nos misturarmos...

-Sabe que escutei essa mesma história vinda da minha família? Também nunca cheguei tão perto de alguém que não fosse um noturno como eu... É até engraçado, porque pelo que sei, vocês homens-lobo são brutos e sempre estão em grupo espalhando o terror...

-Não fala assim, Hyung. – Jongdae falou manhoso soltando-o e se jogando no chão. – Não somos esses monstros que inventam, pode ter certeza que cuidamos uns dos outros como uma família, mesmo não sendo de sangue... E diferente de vocês vampiros que gostam de se isolarem dos da própria raça, nós acolhemos um solitário para a alcateia.

-Olhando por esse lado... São bem mais unidos que minha família. – Constatou pensativo.

-Mas me diz uma coisa! – Jongdae parecia realmente muito animado com sua presença. – É verdade que vocês não gostam do nosso cheiro? – Riu e o ruivo não se segurou balançando a cabeça em afirmação.

-Imagine um cachorro que brincou o dia inteiro na chuva não ligando se pulava de um lado para o outro na lama e ainda teve a audácia de entrar em casa, esfregando os pelos úmidos nos cobertores de uma cama?!

-Nossa! – Falou alto fazendo careta. – Me sinto ofendido!

-Sinta-se mesmo! – Cruzou os braços recebendo um empurrão. – Ei!

-Heyong está chegando. – Dae se afastou encarando a entrada da mata e o vampiro fez o mesmo, curioso.

Depois de longos segundos, Minseok pôde perceber um jovem caminhando despreocupado em sua direção. Alto, loiro e possuidor de dois olhos verdes como uma bela joia de tão brilhosa. Diferente das roupas que usava, o outro vestia um manto branquíssimo de capuz, que cobria desde seu pescoço ao chão, arrastando pela neve a cada passo calmo e analítico, afinal encarava seu irmão em repreensão por estar em um lugar sozinho por ser filhote.

 -Taozi... – Dae resmungou ao irmão mais velho até este parar de braços cruzados perto deles.

-Porque você é tão teimoso, Min? Não falei para ficar de vigia nas cabanas? – A voz era diferente, pelo sotaque o Kim percebeu que o outro era chinês e por algum motivo estranho, tudo o que passou em seu dia parecia sumir naquele mesmo instante... Principalmente quando a atenção do jovem agora se desviou para si.

E naquele exato momento, todo seu corpo arrepiou-se ao ser fitado por completo. Os pelinhos de sua pele se eriçando como se já o conhecesse de algum lugar.

-Ele é meu amigo, Taozi... – Jongdae percebeu que o outro encarava o vampiro demais. – Se chama Kim Minseok. Min, este é Zitao. – Explicou para ambos.

-Zitao... – Murmurou o nome do maior que o olhava confuso... Perdido. Estava em um transe tão profundo que só depois de um tempo, um sorriso alinhou-se em seus lábios.

Este que se findou assim que ajoelhou-se em frente ao ruivo, tocando seu rosto. Sua mão esquerda sendo recolhida rapidamente e um sentimento de pavor exalando por seu corpo.

-Não... – Ergueu-se puxando Jongdae para trás de si. – Não, não não!

-O que foi, Tao? – O irmão bufou não gostando de sua atitude.

-Um vampiro! Como... O que faz aqui seu sanguessuga? – Vociferou em negação.

-Deixe-me explicar-

-E o que faz vestido com as roupas de Jongdae?

-Para de ser rude, Zitao, está assustando ele! – O Huang mais novo soltou-se do irmão que já perdia a linha de raciocínio, o que era estranho demais já que era sempre tão calmo.

-Dae, fique longe. – Falou o olhando cortante.

-Não! – E a transformação do mais novo entre os três tornando-se lobo foi rápido demais para o loiro. O canino colocou-se em sua frente, como se protegesse o vampiro, deixando-o mais zangado.

-Saia da frente, o que acha que está fazendo? Indo contra seu irmão? – Perguntou indignado.

-Ele não é uma ameaça. – Falou através de seus pensamentos e o outro negou.

-A alcateia está vindo. – Disse em ultimato, dando dois passos para trás.

Logo, quinze lobos saíam dentre as árvores, todos do mesmo tamanho de Jongdae soltando bufadas de ar pelo focinho, cercando o trio em um círculo. Minseok apenas encolheu-se, tocando a barriga de Dae que ficou colado em si o protegendo. Não estava entendendo absurdamente nada do que acontecia... Porém, agarrar-se ao outro não era má ideia visando que estava cercado por dentes afiados e expressões raivosas dos demais.

-Eu sei que ele é um vampiro, Kris. – Zitao falou ao lobo negro que se colocou ao seu lado, soltando um rosnado baixo. – Mas Jongdae perdeu alguns parafusos dizendo que ele não é um perigo. – Suas mãos estavam em punhos tentando de alguma forma não perder o controle. Mais um rosnado veio do canino fazendo o loiro fechar os olhos e balançar a cabeça positivamente. – Sim, ele deve ter vindo buscar alguma informação de nós, levaremos ao líder.

-Espera! Isso está se tornando um tremendo engano. Não estou aqui para roubá-los ou algo do tipo. – Minseok falou alto encarando o Huang. – Tem que acreditar em mim.

-E porque eu deveria?

-Estou a um bom tempo aqui com seu irmão... – Disse hesitante. – Se eu quisesse fazer alguma coisa, teria o ferido.

-Prossiga.

-O castelo onde eu morava foi destruído. Minha família... – Respirou fundo tentando não pensar no ataque. – Não sobreviveu a isso, assim como também aqueles que nos serviam.

-Foram atacados por lobos? – Perguntou confuso.

-Não. Por noturnos como nós.

-Isso não faz sentido algum...

-Sou um vampiro especial, a causa dessa tragédia provavelmente foi para me levarem, eles queriam me capturar então fugi. – Encarou o chão constrangido. – Acabei invadindo o território de vocês sem pretensão alguma, apenas para sair daquele caos.

-Isso não muda o fato de que você é um vampiro e não gostamos nem um pouco de sua raça. – Falou firme. – Já que não é uma ameaça, não vai se incomodar em ir até nosso alfa. – E suas últimas palavras agitaram os lobos que os rodeavam. Bastou mais um olhar severo e eles abaixaram a cabeça para o Huang. – Vamos. – Deu as costas sabendo que seus amigos o seguiriam, levando o ruivo com eles.

Minseok se sentia uma bolinha de ping-pong.

Jogado de um lado para o outro em confusão e agora, principalmente ao saber que o líder daquela alcateia era o appa dos irmãos Huang. Um queria o proteger: Jongdae era um bom garoto... Já o mais velho, Zitao, este não conseguia entender o que se passava por sua cabeça. Podia ver ao longe o loiro curvado perante seu pai que estava sentado em uma cadeira de rodas devido a idade e os problemas que a vida o causou. Ambos na varanda de uma casinha de madeira. As barracas foram desmontadas e depois disso seguiram uma trilha mais fechada, assim, percebeu que eles moravam em um bom lugar. Afinal se tornavam humanos quando não estavam em sua forma feroz.

-Vai dar tudo certo.

-Como tem tanta certeza, Chen? – Perguntou chamando Jongdae pelo apelido que o mesmo pediu.

-Taozi esta fazendo careta e appa está sorrindo. Os outros lobos, se percebeu, estão se afastando. – Falou e o vampiro balançou a cabeça em afirmação.

-Não está com frio? – Perguntou pela falta de uso de roupas do outro.

-Não. E gosto de ficar assim! – Sorriu largo.

-Indecente! – Resmungou o ruivo e o jovem ao seu lado pulou em seu pescoço o abraçando.

-Você vai ficar com a gente! – Disse feliz e sem entender, guiou seus olhos desde o Huang mais novo, ao senhor ao longe que o fitava com um sorriso terno. Diferente do outro filho que o fuzilava com suas orbes. Pensamentos, de fato.

-Ele mexe comigo de alguma forma. – Minseok disse balançando os pés na água enquanto Jongdae nadava a sua frente. Aquela cachoeira era um ponto de referência onde eles tomavam banho. O vampiro já havia se lavado, vestindo roupas mais justas em seu corpo, novas e que não escondiam o cheiro de sua natureza. O líder da alcateia havia dito que não precisava se esconder junto deles, afinal entendeu seu ponto de vista. Os outros lobos não gostaram da notícia, então permaneciam sempre ao longe.

-Meu appa?

-Não, Chen. Zitao. – Falou rolando os olhos.

-Meu irmão às vezes é dramático demais. Ele é muito carinhoso, um bom futuro líder.

-Já faz três dias que estou aqui. – Murmurou pensativo.

-Ei, não liga para isso, sim? – Dae foi até a borda, apoiando os braços em sua perna. – Porque não tenta se aproximar?

-Acha que não tentei? Sou evitado toda vez que dou um passo em direção a ele!

-Muda sua tática! Hm... – Ficou pensativo até sentir um jato de água bater contra os dois. Olharam para o lado e encararam Yifan que também nadava ali e exibia um sorrisinho vitorioso.

-Esse é outro que não foi com a minha cara. – Reclamou e o moreno fez um joinha com a mão sentando-se também ao seu lado.

-Não mesmo. Mas se o chefe Huang te quer aqui, é porque você é valioso para nós.

-Interesseiro...

-Mas... – Voltou a falar. – Consigo ver agora que não é uma ameaça, pelo contrário, nesses dias conosco nos ajudou a caçar e a vigiar os mais novos. Não gosto de você, porém sei tratar bem quem merece.

-Porque não voltamos ao foco da conversa, falando na queda que nosso irmão deu no Min?

-Queda?

-Sim, Kris. Tudo aponta que Minseok gostou do meu irmão! – Jongdae deu um salto na água para não levar um chute do vampiro que estava de boca aberta com as palavras que dizia.

-Sério? – O moreno encarou o noturno que balançou a cabeça negando.

-Claro que não. Como posso gostar de alguém que só quer distância de mim? E ainda mais, um lobo! Sem querer ofender...

-Não ofende.

-É só que ele me passa uma sensação estranha, sabe. Como se eu já o conhecesse. O visse em algum lugar ou que de alguma parte de si precisa ser desvendada. – Explicou.

-O que você sente quando ele está perto?

-Quente. – Ergueu o olhar e percebeu que Chen tinha as bochechas cheias enquanto tampava a boca para não rir. – Não é esse tipo de quente que estou falando! Aish! – Reclamou se levantando.

-Não falei nada hyung... – O mais novo disse cantarolando.

-Ele se sente acolhido Dae. – Kris falou sério. – Assim como você ficou quando me viu. -- Provocou.

-Está querendo dizer que...

-Um imprinting, talvez...

Minseok estava com a mente estática enquanto caminhava de volta a casa de madeira. Aqueles dois fizeram um nó ainda maior em sua cabeça e pior, o deixaram sozinho sem nenhuma resposta.

Imprinting... Isso soava estranho em sua concepção.

E o que deixou mais chocado foi ver Kris beijando Jongdae na maior naturalidade... O que explicava o porquê do moreno sentir tanto ciúmes de si, principalmente quando o viu pela primeira vez... Aquele lobo negro ao lado de Zitao quando o rodearam era Yifan.

-Perdido, sanguessuga? – Aquela voz exorbitante soou atrás de si e Minseok deu um pulo para o lado, encarando Zitao que desta vez, usava apenas uma manta azulada que deixava seus braços desnudos.

-N-Não, eu só iria... Espera! – Parou de andar indo até o loiro que semicerrou os olhos. – tenho uma pergunta e quero que responda sem fugir de mim.

-E porque eu fugiria? De um vampiro ainda por cima? – Falou e pela primeira vez naqueles três dias, Kim não sentiu acidez. Apenas o falso drama que Dae dizia.

-O que é um imprinting? – Questionou e o homem-lobo arregalou os olhos.

-Quem te falou isso? – Sua voz saiu alta demais e Min achou engraçada sua expressão. – Foi Jongdae não é? Esse moleque! – Deu um tapa na própria testa já preparado para sair dali sem alguma explicação até ter os ombros puxados pelo vampiro, o que ocasionou um frenesi forte demais em seu corpo, instintivamente, empurrando-o contra o tronca da árvore mais próxima.

-Essa doeu... – O noturno falou abrindo seus olhos fechados por reflexo, elevando um pouquinho a cabeça pela diferença de altura.

Seus olhares pareciam se mesclar diante da lua que se erguia no céu. Minseok gostava de encarar aquelas esmeraldas brilhantes que traziam uma paz descomunal dentro de si.

Involuntariamente tocou o rosto do outro, uma mão de cada lado acariciando desde seu queixo até sua nuca. O loiro não conseguia explicar a sensação do toque gelado em sua pele e incrivelmente era bom... Assim como ter a textura tão quente embaixo de seus dígitos, para Min só servia para dar um motivo a mais de que se completavam.

-Esse nome é dado quando um lobo encontra seu companheiro... – Zitao murmurou apoiando-se no tronco, como se prendesse o menor ali entre seu corpo. – Imprinting é quando encaramos bem fundo nos olhos de outro ser e, magicamente, é como se o destino mostrasse que ele é nosso para a vida eterna. Um só.

-Por isso você me ignorou, porque não aceita que-

-Somos de raças diferentes. Porque tinha que ser justo um vampiro? – Colou seu corpo ainda mais contra o outro, afundando o rosto contra o pescoço do noturno. – Parece estranho, mas não sinto o cheiro de morte vindo de você...

-Acho que posso dizer o mesmo...

-Não acha isso estranho? – Roçou os lábios na pele gelada, subindo até a ponta de sua orelha, sussurrando bem ali, vendo a pele dele se arrepiar. – Não tem raiva ou está desacreditado?

-Não. – Respondeu unicamente. – Isso parece certo, de alguma forma.

-Tem certeza? – Afastou-se. – Me conte um pouco mais sobre você. – Falou desajeitado ao sentar na raiz daquela árvore tão robusta.

-Bem, o clã dos Kim’s são um dos mais poderosos dos vampiros. – Não evitou sorrir ao perceber que Huang queria se aproximar. Devido a este fato, pôs-se ao seu lado. – Eram... – Corrigiu.

-Você nasceu assim?

-Não, fui transformado. Há dez anos. Sou novo ainda, tá?

-Não te chamei de velho. – Coçou a cabeça sem graça.

-Eu sei... Mas sabe, eu gosto da minha vida apesar de tudo. Meus pais vampiros me transformaram quando eu estava no ápice entre a vida e a morte. Não foi algo na qual me senti obrigado. Um fardo.

-E seus poderes? – Mudou o foco ao perceber que o outro se entristecia.

-Quer ver? – Perguntou receoso.

-Sim! – Remexeu-se ansioso.

-Então... Você poderia me dar sua mão? – Pediu e sem hesitar o jovem o fez. Segurando firme sua palma e Minseok fechou os olhos afastando as más lembranças de dias atrás, pensando apenas no loiro ao seu lado. No conforto que ele transmitia apenas estando ao seu lado e na força que o apertava.

E Zitao encarava fascinado em como sua volta se tornava cada vez mais frio. As plantas cobrindo-se totalmente em meio a cristais de gelo, assim como a neve se tornava mais densa. O ar ficou ainda mais úmido e aos poucos, pequenos flocos caíam entre eles, em seu corpo derretendo instantaneamente, mas na do ruivo... O tornando mais belo. Aquela visão de Minseok tão concentrado com os flocos deslizando em sua pele o deixava irresistível. Combinava com ele aquela paisagem.

Ergueu sua mão livre tocando o pescoço do outro acariciando ali até chegar ao vão de sua blusa. Sabia que o Kim estava gostando, pois a pontinha de seus lábios se ergueu mostrando que prendia um sorriso. Entrou por baixo do tecido e seus dígitos passeavam desde a gola, até o meio de seu tórax, fazendo um dos botões se abrirem ao forçar a mão para baixo.

O calor era bom. Minseok conseguia sentir o desejo que passava de Huang para dentro de si; E quando ele deslizou sua palma até o peito esquerdo, sentindo uma leve frequência de batidas, ficou confuso.

-Sou especial, esqueceu? – Respondeu ao pressentir que o outro iria questioná-lo.

-Mas é bem pouco...

-Uma batida a cada quinze segundos. – Suspirou sentindo uma leve carícia ser depositada ali. – Tao...

-Não quero mais me afastar de você. – Tão firme suas palavras quanto a rapidez em puxar o ruivo em seus braços.

-Também não. – Disse deitando a cabeça em seu ombro, erguendo o olhar apenas para ver ao longe, Jongdae lhe sorrir e acenar.

Minseok não saberia dizer quantas vezes caiu no chão ao ser atingido por aquele imenso lobo branco. Huang era maior que todos daquela alcateia e muito mais veloz.

Uma semana havia se passado e todos ali o tratavam como se fosse da família. Havia conhecido outros dois casais diferentes: Oh Sehun e Do Kyungsoo. Um humano e um vampiro respectivamente; E Park Chanyeol e Byun Baekhyun, ambos lobos também do grupo que estavam na outra cidade.

Depois de conhecer o quarteto entendeu o porquê do Senhor Huang aceitar facilmente seu ser ali entre eles. Primeiro o imprinting, segundo que sabia que havia outros de sua raça que não eram ruins, como por exemplo o pequeno Do. Um baixinho extremamente temperamental que causava o terror entre os lobos – que, diga-se de passagem, não gostam nenhum pouco dele... Deveria ser por isso que quando chegou ali não causou boa impressão.

Aquela era uma manhã nublada, e todos os dias anteriores seguiram assim, com um clima ameno e Min agradecia por isso. Segundo Kyungsoo, se fosse eles desfilando por ali sob a luz do sol seriam zoados pela eternidade por brilharem pelos lobos.

Estavam se divertindo fazendo uma brincadeira improvisada de roubar várias bandeiras criadas por Chen da cintura do outro e Minseok tinha que admitir: Zitao não sabia brincar! Ou melhor, não gostava de perder.

-Assim não vale! – Reclamou fazendo um biquinho inconformado com os lábios e antes que raciocinasse, um beijo rápido foi capturado assim que o loiro voltou a sua forma humana, o agarrando ali na frente de todos. – Zitao, vista algo, você está pelado! – reclamou ignorando o fato de vários selares serem depositados em seu rosto... Não queria ninguém olhando o corpo do amado. – Tao!

-É normal andar assim por aqui, Min!

-Normal pode ser, mas você já está comprometido! – Cutucou o peito do outro que o olhou quente. Extremamente quente com todos os duplos sentidos que até em um momento atrás, o vampiro negaria. – Pare de pensar besteiras, conheço esse olhar...

-Porque você não vem apagar meu fogo, Min? – Perguntou deixando o outro sem reação alguma. Ah, como queria dar vários tapas naquele canino por ter se mostrado tão ousado após se conhecerem melhor... Pior era dizer essas coisas em público!

-Sai de perto! – Soltou-se dele correndo até os amigos... Mas com certeza não era ele o mais rápido dali então seu corpo foi jogado contra o chão de neve, novamente, pelo loiro sorridente. – Não mereço isso... – Reclamou.

-Minseok? – Seu nome foi chamado e assim que virou-se encontrou Kyungsoo parado na entrada da barraca estendida ao ar livre.

-Aconteceu algo?

-Eu vi nosso futuro. – Falou sem jeito entrando ali e sentando-se nos cobertores estendidos pelo ruivo. Assim sendo um vampiro, o baixinho também possuía poderes como ele. – Não é nada agradável.

-O que você viu?

-Corpos. Sangue. Nossos companheiros rolando no chão sendo atacados por três vampiros...

-Não pode ser! – Exclamou aflito. – Achei que eles desistiram de mim!

-Eu os conheço, Minseok. São um trio de noturnos nômades que agem por conta própria em busca de diversão.

-Como sabe sobre eles?

-Porque já tentaram fazer mal ao Sehun. – Disse brincando com a barra de sua camiseta. – Estávamos jogando basebol ao belo estilo dos vampiros com minha família quando eles apareceram. Eu só queria impressionar o Hunnie, mas aquele trio percebeu que ele valia muito para nós. Que Sehun não é um humano qualquer e que o amo demais.

-E o que aconteceu?

-Muitas coisas. O conselho vampírico se intrometeu quando entramos em guerra porque claro, foi dito a eles que o meu companheiro era um humano e isso é algo inegável para nossa raça já que podemos ser descobertos... Mas os Xiao’s entenderam que eu iria transformar Oh, então não ligaram. Já o trio escapou.

-Entendo... E eu sou a próxima vítima para me usarem contra os Xiao’s, é isso?

-Pelo visto sim. Seu poder é grande, talvez por vingança ao verem que nada atingiu a mim e meu amor... Agora estão atrás de você.

-Isso é insano!

-Eles precisam serem mortos! – Do falou firme.

-Você tem um plano?

-Tenho, precisa confiar em mim. – Olhou o amigo erguendo sua mão, sendo rapidamente apertada firme.

-Eu confio. E quando será isso?

-Hoje. Ao anoitecer.

-Não fique nervoso. – Zitao falou percebendo o olhar preocupado que Minseok dirigia na alcateia e nos amigos. Todos estavam rodeando a entrada da casa, exceto por Sehun que se mantinha no interior dela, em específico no porão. Kyungsoo exigiu que o prendessem lá embaixo por ser um humano impulsivo e imaturo o bastante pra se jogar no meio daquela guerra achando ser o “Rei poderoso do pedaço”. Já o casal estava na porta de entrada da casa encarando a lua que se erguia no topo do céu em clara declaração para guerra.

-Não consigo. Vocês estão jogando suas vidas fora por mim... Não faz sentido! – Falou áspero recebendo um puxão no braço.

-Todos o consideram da família, Kim. Não ouse dizer o contrário. E fazemos o que for preciso para proteger uns aos outros, esqueceu?

-Desculpe, Taozi. – Abraçou o outro, sentindo este tremer em seus braços. – E seu appa?

-Vigiando no quarto do segundo andar. Está na janela e uivará quando vê-los se aproximar.

-Estou com medo. Minha família foi morta por eles, assim como metade daquele castelo por mim...

-Você vai usar seus poderes. – Zitao ergueu seu rosto, segurando firme em seu queixo. – Eles são um dom que vocês vampiros possuem e não pode ser deixado de lado porque você se descontrolou. Use-o com vontade pensando que vai proteger seus amigos e não que precisa ser protegido. É loucura pensar assim? Talvez, mas pense: Usá-los em seu benefício gera impulsividade... Usar para ajudar alguém, é totalmente calculado.

-Obrigado, Taozi. – Apoiou a testa no peito do outro, tendo seus cabelos beijados por ele.

Todos voltaram em suas posições e um clarão borrou o ambiente, bem em frente a eles, a quinze metros da casa surgiu o trio em um piscar de olhos.

-Kim Jongin, Zhang Yixing e Kim Junmyeon. – Kyungsoo surgiu ao seu lado com sua velocidade vampírica, falando alto o suficiente para que todos escutassem. – Em devida ordem, com os poderes de teletransporte, leitura de mentes assim como eu e absorção de qualquer matéria que tocar.

-Por isso appa não avisou. – Zitao rosnou colocando-se em frente a Minseok, abrindo os botões de sua camisa.

Palmas foram escutadas vindas do trio de vampiros que andavam calmamente não ligando para os lobos que se aproximavam, com um sorriso fervoroso nos lábios como se gabassem gritando por vitória.

-Lembra que pedi para confiar em mim? – Kyungsoo perguntou ao Kim.

-Sim e você passou duas horas fora!

-Estive em outro lugar.

-Devemos atacar? – Jongdae rosnou mostrando seus dentes pontiagudos ao trio que parou de andar, entreolhando-se.

-Agora! – Gritou Yifan e todos se moveram ao mesmo tempo.

Yixing jogou seu corpo a esquerda desviando dos lobos que o atacava sem muito esforço já que conseguia ler sempre o próximo passo de cada um deles.

Zitao rasgou suas roupas ao se transformar no imenso canino branco, jogando-se contra Myeon. O vampiro que se tornou seu alvo desde que encarava fixamente seu companheiro debochado... Ah, como gostaria de fincar suas unhas naquele rosto!

Jun colocou suas mãos rapidamente no solo ao ver que seria atacado absorvendo todas as substâncias, tornando sua pele uma mistura de terra e neve, com exceção de seus olhos. Huang distribuía vários golpes que ao atingi-lo não surtiam efeito já que seu corpo despedaçava-se e voltava a se materializar.

-Só isso que pode fazer, cachorrinho? – Falou divertido ao Huang, que sem perceber estava sendo atraído para o interior da floresta ao tentar segui-lo.

Minseok encarava aquilo petrificado. Se fosse um humano precisaria respirar e colocar todo o ar pra fora de seus pulmões de tanta adrenalina que o sufocava... Mas como era um vampiro, apenas essa sensação o atormentava e, foi ao sentir uma presença atrás de si que só teve tempo para virar-se receber um chute no estômago, fazendo seu corpo ser atirado longe, pra fora da casa, rolando pela neve. Kyungsoo também conseguia ler os pensamentos de Gin, mas isso não adiantava, ele era muito mais rápido, deveria ter treinado muito mais do que o necessário, principalmente quando escutou que o ruivo seria atingido por seu coturno no rosto, então jogou-se em sua frente, perdendo a consciência ao ser atingido e cair.

-Sabia que um dos meus interesses acaba de vir pra mim diretamente? – Jongin perguntou irônico a Kim que erguia-se do chão, encarando o amigo desacordado. – Queremos você, claro, afinal acabar com os Xiao seria eu me tornando o rei dos vampiros... Esse patamar é excitante demais.

-E o que você quer também?

-O humano dele me parece muito apetitoso. – Falou provocativo e encontrando coragem dentro de si, Minseok fechou os olhos tecendo um mantra dentro de si. Pensando no calor que seu companheiro o transmitiu e, quando os abriu só conseguia ativar seu instinto de proteção.

-Cuidado, Jongin! – Yixing gritou ao longe, mas o moreno não foi rápido o bastante. Seus pés pareciam congelados de forma agoniante. A neve havia engrossado e flocos começaram a cair do céu não só em cima de si, como em todo o local. Neles, aos poucos que caiam juntavam-se e formavam uma espécie de corda de gelo totalmente maleável, subindo e prendendo seus braços e pescoço.

-Vocês irão pagar pelo que fizeram com todos... – O ruivo murmurou encarando as pernas do vampiro de transporte que começava a se congelar. – Sabe o que acontece se eu socá-las? – Perguntou se aproximando. – Lembra dos meus empregados no chão daquela sala? – Vociferou e Jongin só sabia de uma coisa...

O plano estava indo por água abaixo.

-Cadê você, cachorrinho? – Junmyeon cantarolava ao tocar uma das árvores em que desviou, absorvendo todas as células ali contidas, transformando a pele de seu braço em madeira.  – Gosto de esconde-esconde, o que acha do perdedor não sair vivo? – Perguntou agachando-se e com o outro braço, tocando uma das pedras e sorrindo de lado ao ter mais um elemento o compondo.

Tudo estava silencioso demais e isso o irritava. Olhou de um lado para o outro, até escutar o som de passos forte correndo atrás de si. Sorriu, virou-se e socou com toda sua força o focinho do lobo que iria prender sua cabeça com os dentes.

Zitao escorregou com a pancada forte chocando-se contra a árvore e o Kim resmungou do corte que havia feito no braço de madeira.

-Você é um alfa certo? Futuro líder? – Perguntou estalando os dedos ao juntar as mãos preparando outro murro, este que foi desviado sem sua supervisão. Huang entendia melhor a técnica que ele usava em luta corporal então se esquivou por baixo e chutou suas costas; Fazendo o vampiro cair duro no chão com metade de seu corpo voltando ao normal. A pele clarinha voltando aos poucos.

Aproveitou-se de vantagem e pulou em cima de si cravando suas garras dianteiras e traseiras no menor como se fosse um brinquedo e quando estava prestes a morder sua cabeça para arrancá-la, uma dor alucinante tomou conta de seu corpo.

Parecia queimá-lo. Rasgá-lo. Como se cada um de seus ossos estivessem sendo movidos sem dó algum para serem quebrados. Zitao nunca sentira algo assim, acabando por voltar em sua forma humana de tão dilacerante., caindo sobre o corpo do outro e apagando.

Yixing havia conseguido torcer uma das pernas de Jongdae que voltou a sua forma original gemendo de dor, com isso, vários lobos que estavam em sua volta pulavam raivosos, eram muitos pensamentos para se focar o que acabou gerando uma confusão em seus olhos que se tornavam turvas para assimilar o que acontecia, e quando menos esperou, um de seus braços fora arrancado.

Vampiros não sangravam, seus corpos pareciam ocos, então a única coisa que podia fazer era ajoelhar-se e trincar os dentes observando dois lobos da alcateia brincarem como se fosse uma peteca seu membro, até só restar tudo dilacerado.

-Você feriu meu companheiro... – Yifan sorriu aos poucos tornando-se o lobo negro que uivava em seu interior, pronto para atacá-lo, quando também sentiu a mesma dor que Zitao a segundos atrás.

-Isso está virando uma zona. – Uma voz completamente nova entre todos os seres ali que lutavam soou entediante, fazendo com que as criaturas parassem tudo o que faziam para encarar o jovem que caminhava calmamente, arrastando Junmyeon e Zitao em cada mão pelos cabelos.

-Xiao Lu. – Yifan rosnou encarando a figura que possuía um rosto tão angelical, mas que possuía um demônio sádico em seu interior. A dor que sentia aos poucos foi tirada e o ser de cabelos rosados sorriu por ser o foco de toda aquela destruição.

-Quanto tempo Kris. Onde está Kyungsoo? – Varreu seus olhos até encontrar a figura do baixinho ao longe desacordado. – Tsc. Esse infeliz me chama pra deixar falando sozinho. – Largou o corpo de Huang e continuou a arrastar Myeon até onde se encontrava Jongin com metade do corpo congelado, jogando-o aos pés do parceiro.

Minseok sentiu-se tonto devido ao uso demais de seus poderes, então simplesmente parou encarando Xiao assim como os outros e este, ajoelhou-se ao seu lado tocando sua testa como se lesse tudo o que aconteceu em sua vida. E era verdade, ao mesmo tempo em que o lorde fazia isso, Min assistia como um filme suas lembranças em um flash de segundos. Finalmente entendendo que aquela agonia toda de querer fugir e se esconder havia acabado naquele momento.

-Kyungsoo! – A voz de Luhan foi alta o suficiente para mandar uma descarga no menor que acordou assustado sentindo sua cabeça latejar. Este, viu o vampiro tão forte ali parado encarando Kim que achou que tudo estava perdido. – Acho que falta mais um, certo? – Questionou e o noturno apontou para que os lobos trouxessem Lay, assim alinhando os nômades para que o rosado se levantasse e começasse a rodeá-los como se fossem suas presas.

-Soo... – Min murmurou para o outro que agarrou firme sua mão apontando para Zitao que tropeçava ao ser chacoalhada por um dos lobos, indo em direção ao companheiro. – Acabou, Tao. Acabou. – Abraçou-o o beijando e escutaram uma tosse vinda do Lorde que erguia o dedo pedindo silêncio.

-Espero que isso sirva de lição para que todos se mantenham em seus devidos lugares. Que a vingança não é tudo e que ninguém, absolutamente nenhum ser vai conseguir passar por mim. Sou um dos Xiao e quem cruzar ou ao menos cogitar a ideia de que pode me vencer... Ah, meus queridos, saibam que assinaram seu atestado de óbito. – Sorriu e virou-se para o trio. – Vejamos... Jongin! – Ficou em frente ao moreno que olhava fixamente o rosado. – Então você é o espertinho que quer me matar, certo?

-Droga! – Vociferou tentando se soltar das amarras de gelo, não dando certo.

-Bom, como punição, o que acha de ver seus dois amigos explodindo? Gosto de explosões. – Sorriu feito uma criança, dando um passo para trás e apontando para Junmyeon e Yixing. – Dor. – Murmurou e ambos os vampiros começaram a se contorcer, fincando suas unhas na neve, gritando e implorando por misericórdia. – Isso daria uma boa musiquinha de ninar...

-Ele é louco... – Minseok murmurou apertando mais Zitao em seus braços, que também assistia tudo, até que a cabeça dos vampiros estourassem em vários flocos de miolos secos. – Céus!

-Ele ainda acha que pode escapar. – Kyungsoo disse e Luhan o encarou desconfiado. – Consigo ler seus pensamentos. Jongin acha que algo vai cair do céu e ajudar.

-Esse é bem otimista, não? – Xiao o olhou. – Tenho algo muito melhor pra você.

_Ao Anoitecer_

-Não gosto do verão. – Minseok disse sentado entre várias flores azuladas, pegando uma destas a cheirando.

-Diz isso porque parece um diamante brilhando sem parar! – Zitao se aproximou o abraçando por trás ao se sentar.

-Não faça piadas, Taozi... Sabe que não gosto.

-Mas você é lindo, amor. Não deveria envergonhar-se. – Beijou seu pescoço e o vampiro mordeu os lábios girando seu corpo, até ficar de frente ao outro.

-Sabe que você é muito mais, não? Esses olhos... Esses lábios... – Ergueu seus dedos tocando cada região que falava. – Sua pele. Quem dera eu pudesse ser assim...

-Saiba que posso te esquentar quando quiser...

-Aish, Tao, porque você estraga todos os momentos em que tento ser-

-Shh... – Selou seus lábios rapidamente, apenas para calar o outro. – Gosto de te ver irritadinho.

-Eu também, adoro! Falando nisso, acho que farei uma visita ao Chanyeol sabe... – Provocou sabendo que seu companheiro possuía um ciúme horrível do amigo.

-Claro, faça uma visita e se considere levando um pé na bunda, Kim. – Falou não gostando e o vampiro apenas gargalhou o abraçando pelo pescoço.

-Eu te amo...

-Eu também, pequeno. E sempre irei te proteger. Seja quão grande for o perigo.