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História Ao Fim do Oceano - O Siri e o Baiacu


Escrita por: RageFloyd

Capítulo 3 - O Siri e o Baiacu


O herói deslizava por entre as águas-vivas silênciosa e suavemente. Elas flutuavam como balões azuis cintilantes, em meio à escuridão das profundezas marinhas. Todas pareciam exatamente iguais, e nadavam com seus tentaculos arqueando e então forçando para baixo, criando um impulso na água. Aquela paisagem linda maravilhava o herói, que continuava seu caminho em meio às criaturas.

O silêncio preenchia tudo a sua volta, e ele observava o chão de areia limpa, com nenhuma alga sequer. Apesar de estar acomapnhado das águas-vivas, o humano se sentia mais sozinho que nunca. As criaturas não falavam, não interagiam, ou faziam qualquer outra coisa. Elas só flutuavam sem rumo.

O herói continuou seu caminho, passando suas mãos pela areia que atravessava pelo meio de seus dedos. Ele nadava destraído pela água, sem prestar muita atenção em qualquer coisa que não fossem seus pensamentos perdidos em meio a um devaneio, até que, sem avisar, algo surgiu em sua frente.

Com um som agressivo, o herói se deparou com uma bola enorme que se inchou à sua frente. Com o susto, ele pulou para trás e rodopiou, então parando para analisar melhor. Em meio aos batimentos descordenados de seu coração, que havia sido abalado pelo susto, ele observa uma bola amarela, cheia de espinhos, com duas pequenas protuberâncias dos lados e uma no meio. O humano franziu a testa, confuso, mas logo a bola desinchou e se virou, revelando-se um peixe. Um baiacu.

Ele tinha uma cara emburrada, indignada com algo. Parecia muito estressado. Nadava em volta de um ponto no chão apressado e nervoso. Ali, no local onde ele rondava, haviam pedras. Eram pedras comuns, como qualquer outra, mas em meio a aquela planície de areia devia ser difícil encontra-las. O baiacu deu uma agitada rapida e repousou acima de sua pilha de pequenas pedras.

Enquanto tentava entender a situação, o herói percebeu algo se movendo por perto do baiacu. Era um pequeno siri amarelo. Ele tinha uma expressão de coitado, como quem só perde. Ele se aproximava muito lentamente da pilha de pedras do baiacu, tomando cuidado para não desperta-lo. O herói se encolheu um pouco atrás para assistir, até que, quando o siri estava quase encostando suas garras em uma das pedras do baiacu, o peixe inflavel  fez seu trabalho, e se tornou a bola de espinhos novamente. O siri se assustou e saiu correndo, choramingando. O baiacu lhe xingou, e se pos a dormir novamente.

O herói então decide procurar o siri. Ele segue seu rastro e o encontra num pedaço de planície sem nada, sozinho com a areia. O pequeno bichinho — que se revelou ser Cancerad, o siri — explica que estava sofrendo. Ele desejava muito uma das pedras de Piscissui, o baiacu, porém o peixe não queria dividi-las. O siri pos-se a chorar, dizendo que tudo que ele e sua família queriam era uma dessas pedras. O herói o confortou, consolando-o enquanto sentia o sono cair sobre suas costas. O siri subiu na cabeça do humano que, sentado de pernas cruzadas, adormeceu.

...

Ele olhava para cima, mas estava profundo demais para enxergar o céu. Pode ver um vulto negro passando a distancia. Algo colossal que, apesar da grandiosidade, não lhe passou medo, mas sim esperança. Ele, com uma voz grave e distante, recitou um antigo poema:

 

“Um lugar plano, porém profundo.

De águas escuras e areias dançantes.

Lá embaixo, se encontra um mundo.

E Yahweh lhe entregará oque procurava antes.”

 

...

 

No dia seguinte, ja descançado, o herói resolve acompanhar Cancerad e tentar resolver seu problema com Piscissui e seu egoísmo. Os dois chegam até a pilha do baiacu, e reparam que estava solitária. Nada de peixe. Só as águas-vivas distantes. O siri bate suas garras em alegria, e vai na direção das pedras, para se apoderar de uma, quando surge das trevas o baiacu, inchado e assustador.

O siri da alguns pulos para trás, assustado, mas o herói avança para conversar. Quando o humano se aproxima, o baiacu se incha ao maximo, ficando enorme. O herói sente um arrepio percorrer suas costas, porém continua. Ele chega próximo de Piscissui, e abre sua voz, começando uma conversa amigavel. O baiacu não responde. O herói pergunta para ele o motivo de ele não dividir suas pedras. O baiacu fica vermelho de ódio em resposta.

O humano argumenta que o siri não faria mal algum, e apenas seria seu amigo, e Cancerad avança alguns passos, fazendo que sim com a cabeça. O baiacu recua, desinchando um pouco. O herói afirma que o egoísmo não faz bem, e só te isola, levando à tristeza. Se ele pudesse dividir os bens, tudo ficaria melhor. O baiacu incha novamente, recusando.

Dessa vez quem toma coragem e avança é o siri. Ele vem dizendo para Piscissui que não queria nenhum mal a ele, e que, no fundo, ele era um bom ser. O baiacu desincha novamente, revelando que estava sedendo. O siri não se controla e bate as garras em alegria. Ele repete que tudo ficará bem, e que o egoísmo não serviria de nada. Piscissui desincha de vez, aliviando o siri, que parte e direção a uma das pedras. O herói fica atento, interessado na reação do baiacu, mas ele, mesmo que relutante, não faz nada.

O siri agarra uma pedra com suas garras, muito feliz, e ergue-a. Ele faz mais e mais força com a garra, até que a pedra cede, e se quebra no meio. O baiacu, desesperado, incha violentamente, e o herói pula para trás e rodopia na água, surpreso. Cancerad da um pulinho nervoso, e agarra uma das metades da pedra. Ele ergue ela para cima, e revela que dentro da mesma havia um diamante precioso, que nunca seria descoberto sem sua ajuda. O baiacu se acalma, e fica muito feliz. O siri começa a pegar varias pedras e coloca-las nas costas de Piscissui, que as carrega. Os dois se dispedem agradecidos do herói, que retribui um sinal, e partem em direção ao horizonte, reencontrar suas famílias.

 

...

 

“Devido à sua ambição e egoísmo,

o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio.”



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