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História Ao meu único amor - Capítulo Único


Escrita por: PeppyPeggy

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

Seoul, 12 de janeiro de 2016. 

 

Olá, amor, como você está? Espero que onde esteja seja melhor do que isso tudo, pois se não for, irei até aí só para te bater, apesar que a dor em meu peito me faz querer ir até ti de qualquer forma. Ah, e respondendo a minha própria pergunta, estou um caco. Sem rumo. Sem estímulos para viver... sem você. 

Sabe, sinto que esqueci-me completamente de como se escreve, não sei o que lhe dizer além de que sinto a sua falta. Minha terapeuta diz que isso irá me ajudar nesse momento tão delicado de minha vida. Delicado? Pelo amor de Deus! Eu estou morta por dentro, o que há de delicado nisso?!? Às vezes sinto vontade de bater a cabeça dela na parede, principalmente quando usa aquele maldito tom de voz, aquele de pena, de remorso... eu não preciso da piedade dela... eu preciso de você... 

Meu corpo está tão fraco, Min-ah, não aguento mais a dor lacerante em meu peito que se faz presente desde àquele dia. A vontade de morrer se amplifica a cada segundo do dia, essencialmente quando estou em casa, local que não consigo sair, pelas lembranças que me assolam. Seus beijos, seus toques em meu corpo, suas palavras tão doces quando seu próprio apelido, seu sorriso, estão cravados em meu ser e tenho certeza que não irão desaparecer, e, pra ser sincera, não desejo que isso aconteça. As lembranças são tudo o que me restam agora e não posso deixá-las. Não devo deixá-las. Meu corpo e alma pertencem à ti, qual o sentido de forçar a esquecer a única pessoa no mundo que um dia me fez me sentir realmente viva? A única que foi capaz de me fazer sentir o quão avassalador pode ser o amor? Não quero esquecer de ti, e mesmo que quisesse, não conseguiria.  

Novamente sinto minhas mãos tremerem e suarem, fazendo a caneta escorregar a cada letra. Minhas lágrimas escorrem sem pudor, chocando-se no papel e perdoe-me se essa carta esteja difícil de ler ou até mesmo sem nexo. Simplesmente não sei o que lhe dizer, até porque nunca fui boa com palavras igual a ti, somente números.  

Hoje acordei lembrando de nosso primeiro contato, você se recorda? Eu estava descansando naquele parque e você passou por mim deixando alguns livros caírem. Peguei-os do chão e corri em sua direção, quando se virou pela curiosidade para ver quem estaria gritando em um lugar calmo atrás de um estranho, meu coração parou. Seus fios negros contrastavam sua pele branca demais, seus olhos pequenos e curiosos fitavam meu rosto com tanto vigor que o ar fugiu de mim, seus lábios rosados clamavam pela minha atenção, porém, não ousei olhar pelo medo de tomar alguma decisão insana, principalmente com um total desconhecido. Sorri para ti e lhe entreguei os livros derrubados e você retribuiu de uma forma que fez que todos meus pensamentos enevoassem e uma sensação de calor aflorar em minhas bochechas. Lembra-se de como passamos aquela tarde conversando sobre coisas diversas?, como minha residência em um hospital próximo e seu trabalho em uma editora literária. Tínhamos tantas coisas em comum que ficamos estupefatos com isso, marcando de nos encontrar novamente.  

Assim você transformou todas as tardes tediosas em algo tão especial e prestigiadas por mim. Lembro-me como se fosse ontem que tivemos nosso primeiro encontro. Ah, estava tão nervosa mesmo que fosse para apenas ir ao parque de diversões contigo... quando estávamos naquela roda gigante, com meu coração quase saltando pela minha boca, tomastes minha mão entre a sua e meu redor desapareceu assim que senti o contraste de seu toque quente em minha pele gelada pelo medo de altura. Não sei quanto tempo levou para o brinquedo findar seu percurso vez que minha atenção estava em aproveitar aquela sensação nova para mim. Meu coração descompassado e a falta de produção salivar indicava um ataque cardíaco, porém estava bem longe de ser isso. Eu estava amando, mas nem havia me tocado deste fato. Contudo, quando levou-me até em casa e selou nossos lábios, eu tive certeza de que queria você, queria passar o resto de minha vida contigo.  

Três semanas depois estava esperando a sua chegada em nosso parque, entretanto, você não deu sinal de que iria aparecer. Caminhei cabisbaixa até o hospital e pus-me a chorar no percurso que parecia mais longo que o usual e somente parei quando lhe vi na recepção. Haviam balões espalhados em sua volta junto de um coração desenhado no chão com pétalas de rosas brancas, onde jazia presente lindamente vestido com uma calça jeans preta e uma camisa social branca e azul. Seus cabelos desgrenhados proporcionavam um charme sem igual e seu sorriso?! Ah, deixava-me em torpor total e apenas fui retirada de tal estado quando se ajoelhou com uma caixinha preta de veludo, o qual continha um lindo anel... meus olhos se arregalaram quando proferiu aquele pedido de namoro e não sei quantas vezes murmurei que sim... nunca me esqueci da felicidade que me atingiu ao aceitar e ser puxada para um beijo doce e calmo, me obrigando a esquecer os gritos e palmas presentes ao nosso redor.   

Passamos por altos e baixos em nossos dois anos de namoro como todos os casais, contudo, o sentimento era maior que qualquer intriga e discussão. Sabe, eu até gostava quando brigávamos por causa da reconciliação... era diferente de qualquer noite. Era amor mesclado a saudade. Promessas eram feitas e palavras jogavam-se ao vento junto com nossos gemidos e sons de nossos corpos chocando-se, estes que ansiavam pelo toque um do outro, aquele toque tão conhecido e tão necessitado. Suas mãos vagavam por meu corpo como se fosse a primeira vez. Aliás, cada vez que nos olhávamos era como se fosse a primeira vez.  

Lembra-se da noite que deveria ser a mais feliz de nossas vidas?... estávamos prestes a nos casar quando você desmaiou em pleno altar. Nunca fiquei tão desesperada por ver seu rosto mais pálido do que o normal, meu corpo inteiro tremia e minhas lágrimas pareciam queimar minha pele por onde passava enquanto éramos encaminhados ao hospital, mas nada se comparou a receber o motivo de seu mal estar... por que tinha que ser você?? Seria egoísta e errado desejar que fosse qualquer outra pessoa?? Dizem que existe um Deus que nos ama e faz de tudo por nós, mas se ele realmente existisse por que não impediu que aquele maldito tumor amaldiçoasse nosso destino?? Eu fiz algo tão errado assim?!?.  

A cada dia que se passava, você ficava mais fraco apesar dos medicamentos e terapias diversas, estava morrendo e me levando junto. Sabíamos que nada do que planejamos se concretizaria, não teríamos filhos, não veríamos nossos filhos e seus filhos crescerem, não envelheceríamos juntos... não existia futuro... e ainda que você sorrisse para mim, numa tentativa de transmitir uma calmaria inexistente, sabia que chorava todas as noites até porque estava cansada de ouvir seus murmúrios e lamentos dirigidos aos céus, clamando por um milagre, que acordasse bem para que pudéssemos ser felizes juntos.  

Havia perdido as contas de quantas vezes choramos desesperados naquele hospital, quantas vezes abdiquei noites de sono pela preocupação latente a cada vez que sua respiração aparentava ter desaparecido, quantas palavras de consolo ditas foram em vão. Nada poderia curar nossos corações despedaçados. Assim que chegou ao nosso conhecimento de que não passaria de um mês de vida, tirei-lhe daquele hospital. Deveríamos aproveitar ao máximo esses míseros dias juntos como se nada tivesse acontecendo, e não num maldito quarto hospitalar rodeado de lamentos vindo de médicos, pacientes e enfermeiras, os olhares de pena pelo trágico destino traçado a nós, duas pessoas perfeitamente feitas uma a outra, como peças de lego, mas que não poderiam ser felizes juntos por uma doença incurável.  

Aproveitamos cada segundo dos dias daquele maldito mês e ficamos extremamente felizes ao descobrirmos que não havia mais uma previsão para seu findar já que não morrera no passar do mês, e num ato impensado pegamos o primeiro voo para Las Vegas e nos casamos em uma capela qualquer, com roupas alugadas e pessoas desconhecidas presente celebrando junto, lembra-se disso? Ainda sorrio ao lembrar do padre vestido de John Lennon, este que cantou uma música qualquer do Slipknot assim que nos beijamos.

Me sentia tão contente quando fomos para o hotel reservado na pressa e fui carregada como manda o figurino, de acordo contigo... e apesar de já terem passado cerca de cinco meses desde a sua ida, ainda sinto seus lábios em contato direto com meu pescoço, nossos corpos desnudos afundados no mais completo deleite com os toques e gemidos e palavras sujas e desconectas proferidas um ao outro. Fizemos amor em cada canto daquele cômodo até o sol nascer em meio ao horizonte, até não aguentarmos mais.

Até a sensação de despedida assolar meu coração, me obrigando mais que depressa procurar por seus olhos, encontrando-o com uma serenidade descomunal. Minhas lágrimas foram enxugadas por suas mãos ávidas e não restou dúvidas que era o nosso fim, nosso ponto final. Quando pediste que lhe olhasse e o amasse como nunca, inicialmente não entendi o real sentido de suas palavras já que eu o amava de corpo e alma, como poderia pedir algo assim? Mas tudo se fez claro como o sol disposto afora ao aprofundar nossos olhares, meu peito vacilou com tamanha paixão e desejo encontrados e naquele momento eu o amei mais do que tudo em minha vida, mais do que a mim mesma e fui retribuída da mesma forma.  

Minhas lágrimas se intensificaram quando selou nossos lábios pela última vez. Suas mãos antes descansadas em minha nuca escorregou por ela e caiu em meu lado, seu corpo até então tão quente quando brasas se tornava mais frio que gelo.  

Chorei abraçada a ti por todo o dia, ninando-o como uma criança que caiu e se machucou, como um adolescente que sofria pela primeira desilusão amorosa, como um adulto que acredita que está tudo errado e não sabe mais onde é seu lugar no mundo, como um senhor de idade que perdeu sua amada... mas era eu que havia perdido... eu estava sofrendo... eu estava em frangalhos enquanto assistia seu corpo desfalecido colado em meu corpo nu. 

Assim que luz da lua invadiu nosso quarto, decidi que era hora de ligar para o hall e pedir ajuda e, enquanto o vi partir naquele carro negro, meu mundo desabou novamente e fui amparada pelas serviçais, que prontamente chamaram um médico. 

Voltei com seu corpo para Seul, iríamos velar vosso corpo no mesmo lugar em que seus avôs estavam. Ao encontrar seus pais, deixei-me desabar mais uma vez e mais outra vez quando fecharam o caixão, trazendo a dura e triste realidade: você partiu e nunca mais iria voltar pra mim. Não iríamos mais jantar naquele restaurante tão amado por ambos, não dançaríamos mais, não veria seu lindo sorriso gengival, não haveria quem brigaria comigo por passar tempo demais no banho, não poderia mais deitar entre suas pernas para receber carinho em meus cabelos, não iríamos mais partilhar novas memórias ou um futuro juntos... eu estava sozinha.  

Nossos amigos tentaram me ajudar a levantar do baque que foi perder você e ainda tentam, mas não estou preparada para esquecer você. Não quero mais fingir que estou bem enquanto atendo meus pacientes. Não quero mais ser obrigada por meus pais e sogros à voltar a vida. Quero você, quero me encontrar contigo seja lá onde for... não aguento isso sozinha, Min Yoongi! 

Me sinto tão cansada e desesperada com a sensação de não ter-lhe por perto...  

No momento estou deitada em nossa cama, trajando apenas a camisa que lhe presentei em seu último aniversário, lembra-se dela? Seu cheiro está tão vivo nessa peça que por alguns instantes imagino que está aqui, ao meu lado, sorrindo para mim daquele jeito carinhoso e apaixonado enquanto me observa depois de mais uma longa noite de amor e carícias... mas você não está, não é mesmo? 

Me perdoe por estar sendo tão fraca... mas é assim que fico e sou sem você... perdoe-me, meu amor.   

Não quero me despedir, então... até logo, meu amor. 

Eu amo você. 

De sua eterna amada,  

Min Yeong. 

 

                     °°                                                                                                                                              °°

 

Após dobrar delicadamente a carta e guardá-la no envelope já preenchido pelos dados da antiga residência do amado, Yeong deitou-se naquela cama que parecia maior  e mais fria do que realmente era. E, abraçada com o travesseiro antigamente usado por seu amor, deu seu último suspiro sôfrego antes de deixar a vida esvair-se por completo de seu corpo. 

A única certeza que Min Yeong possuía era que iria encontrá-lo, pois sua avó dizia-lhe que um amor como o qual sentira já estava presente em vidas passadas e quem sabe possa estar em um futuro próximo? Mal sabia a jovem que o destino já havia planejado o entrelaçar de ambos em uma vida não muito distante, até porque um amor tão puro e único não fica escondido por muito tempo. E só restava esperar que o destino não fosse tão maldoso com os novos corpos que abrigariam essas almas amáveis e entreligadas.

Mas uma coisa que estes novos jovens devem ter em mente ao se encontrarem que amor possui dois lados: o qual vai te completar como nunca, lhe fazendo a pessoa mais feliz de todo o mundo; e o qual será seu pior pesadelo, aquele que irá te matar lentamente de forma dolorosa e lenta. No momento, paira somente uma pergunta sem resposta imediata: qual desses lados eles escolherão? 


Notas Finais


Olá minha gente!

Bom, essa é a primeira fanfic que posto sem ser como co-autora e estou muito feliz por finalmente deixar a vergonha de lado e publicar o que escrevo.
Essa história saiu numa madrugada ao som de Vallis Alps e me sinto muito bem com o resultado, creio que consegui distribuir bem os fatos... originalmente era para ser uma longfic, porém, não sei o que me deu e resolvi deixar como capítulo único mesmo.
Enfim, espero tenham gostado e apreciado a leitura, assim como que perdoem qualquer erro que passou batido por mim.
Comentem o que acharam, faça uma autora feliz ~
Beijos de maças verdes ~


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