1. Spirit Fanfics >
  2. Aos Olhos da Noite >
  3. O Castelo de Karnstein

História Aos Olhos da Noite - O Castelo de Karnstein


Escrita por: CaahSilverio

Notas do Autor


Oier pessoas,
Óh que tá aqui de novo *--------------*

Então, espero que gostem desse cap, ele deu um certo trabalho, se vocês derem uma conferida nas notas finais, vão entender o porquê.

Vamos ao que interessa nesta linda noite (desculpa, se você estiver lendo de dia, pra mim, ainda é noite u.u)
Desejo à todos, uma ótima leitura :3

Capítulo 26 - O Castelo de Karnstein


Fanfic / Fanfiction Aos Olhos da Noite - O Castelo de Karnstein

Ficamos em silêncio observando Carmilla. Ela parecia mais pálida que o normal, ou seria a claridade que vinha da lareira, que deixava essa impressão? Não. Acho que não. Ela realmente parecia mais cansada, e as olheiras mais profundas. Será que a viagem foi tão cansativa assim? LaF não parecia quase nada abalado. Claro, haviam olheiras. Mas os olhos de Carmilla, estavam de um tom tão negro, que pareciam ter sido pintados.

-Porque estamos aqui? - Recuperei a postura, e a encarei.

-A resposta é óbvia. - Ela desviou os olhos para a janela. - Fugimos de Silas, antes que o Concelho chegasse - Ela disse devagar. Seu tom parecia… Estranhamente mais formal, que o normal.

-COMO É?! - Eu dei um passo em sua direção. A raiva queimava dentro de mim. - Nós fugimos, e deixamos todos lutando sozinhos? Como você pôde? - Eu avancei contra ela. Eu nem senti, quando ela passou por mim.

-Você deveria ler mais sobre  vampiros Laura. Não estou apenas na minha terra natal, como ela está impregnada entre as pedras, que erguem este castelo. - Ela estava de costas pra mim, havia outra lareira do outro lado, e ela parou a sua frente, se virando para me olhar - Eu estou mais forte do que antes. - Ela novamente encarou as chamas.

-Nós fugimos na calada da noite, e abandonamos nossos amigos, quando mais precisavam? - Falei para suas costas.

-Eu não ia arriscar meu pescoço por eles. Pessoas que são pegas nas batalhas dos outros, são tolos que não tem força para viver. - A voz dela parecia mais fria que gelo. Um arrepio percorreu minha coluna. Havia algo escondido por trás daquilo. Ela não podia… Não era possivel.

-Carm… Você não pode estar falando sério. Eles são nossos amigos. Eles estão lutando pela gente, e nós estamos aqui, escondidos. - Ela se virou para mim.

-Eu lhe dei a opção de fugirmos. Você recusou. Então… Fiz do meu jeito, e aqui estamos. Sãs e salvas. E… Tecnicamente… Saímos após o pôr do sol. - Ela colocou as mãos nos bolsos da calça.

-Porque trouxe o LaF, e deixou as outras meninas? Nada contra LaF, mas… Carmilla. Danny nos ajudou. Perry pode ter alguns defeitos… Muitos defeitos… Enfim. Mas ela é nossa amiga. - Eu encarei um LaF abrindo a boca para responder.

-Eu não o trouxe. Ele veio porque quis - O olhar que Carmilla enviou a ele, foi realmente frio. LaF fechou a boca, e abaixou a cabeça.

-Eu nunca imaginei, que você pudesse ser tão fria. - Falei deixando meus ombros caírem.

-Você só enxergava o que queria. Talvez agora, veja com mais clareza - Ela se voltou para as chamas. Sentia um gosto amargo na boca, e minha cabeça pesava. Me sentei em uma poltrona, e afundei nela.

-Como chegamos aqui? - Perguntei a LaF.

-Eu não sei ao certo. - Ele lançou um olhar às costas de Carmilla. - Mas… Pelo o que entendi, a Biblioteca tem uma sessão meio… Que… Secreta. E tipo, tem um portal, que sabendo o código certo… Podemos ir pra qualquer lugar. - Os olhos de LaF brilhavam enquanto ele explicava. Carmilla permanecia quieta olhando o fogo. Não sei como, mas Charlotte não estava mais no lugar. Em algum momento ela deve ter saído e fechado a porta em silêncio. - Carmilla… Foi assim que foi a França tão rápido , não é?

-Sim. O Portal funciona para qualquer lugar, nesse mundo, e em outros - Ela se ajoelhou, e mexeu no fogo, ainda de costas.

-Como Assim? - Perguntei, esquecendo a raiva e a mágoa, por um segundo.

-Não sei explicar. Mas, não foi uma vez só. Se acaso errar o código, você pode acabar em mundos diferentes.

-Você já esteve nesses... Mundos diferentes? - -Perguntou um LaF animado.

-Eu geralmente percebo antes de entrar. Mas sim. - Ainda ajoelhada, ela se encostou na lareira.

-Que tal, parar de nos forçar a fazer tantas perguntas, e falar como eram os mundos em que esteve? - Perguntei, perdendo a paciência.

-Bem… Eu já vi… Interior de uma baleia espacial, um lugar onde… Haviam umas plantas estranhas, jurássicas talvez, e uns animais… Que com toda certeza não eram deste mundo. Um inferno dançante, uma sala vermelha cheia de facas. Um deserto pós-nuclear. Uma… Distopia cyberpunk. Camarões raivosos. - Ela disse se levantando e contando nos dedos.

-Porque acha que os animais que viu não eram deste mundo? Talvez fossem apenas… Espécies não descobertas - Arrisquei.

-Duvido muito, essas espécie tivessem 5 pares de olhos, e duas bocas. Incluindo as 3 caudas - Carmilla não pode conter o sorriso, quando viu minha expressão.

-E deste mundo? Quais lugares já esteve pelo Portal? - LaF torcia as mãos, de ansiedade em saber mais.

-França. Egito. Suécia. Filipinas. E claro, Estiria. Em diferentes localidade - Ela indicou as paredes.

Eu ergui os olhos para as paredes. Acima da lareira, havia um quadro coberto com um lençol. Queria perguntar, mas me contive. Carmilla realmente, havia me decepcionado.

-É realmente incrível, que este castelo tenha sobrevivido a guerra. Ainda mais. quando você mesma disse que ele havia sido destruído. - LaF comentou, encarando as paredes calmamente.

-Mas ele foi destruído. Completamente destruído - Ela encarou LaF, e a mim com calma. - Quando acordei, já sendo… Vampira, eu estava descontrolada e faminta. Depois de destruir os responsáveis, voltei ao castelo. As ruínas do castelo. Tudo bem, ele não era grande… Mas era tudo que eu conhecia. Bem… Como eu disse, tive ajuda de alguns empregados. Realmente, ajuda. Reconstruímos o castelo. Claro… Que ele seria a prova de… Criaturas como nós. Minha mãe esteve no processo. Mas isso, eu fiz por minha conta. Em cada centímetro desse castelo, contém prata. Barras de aço e prata tornam esse castelo, de certa forma, um incômodo para alguns de nós. Por isso é seguro. As janelas contém grades, quando acionadas. - Ela se levantou e mexeu na mesa, deveria haver algum painel de comando, ou controle remoto. Porque grossas grades desceram pela janela. Ela sorriu, e desativou a grades. - Isso, eu coloquei a pouco tempo. Mas a prata está aqui a muito tempo. Porém, depois de terminada a obra, repensei se queria continuar nessas terras - Ela se sentou, havia uma expressão triste em seu rosto - Tudo que eu conhecia, eram estas paredes, mas elas me deixavam profundamente… Não sei como me expressar - Ela sorriu vagamente - Então, com os poucos empregados restantes, decidimos transformar esse castelo em um ponto turístico local. Ainda cercado de lendas, o castelo começou a ser frequentado por pessoas que queriam conhecer, um pouco mais do século 17. O que foi bom. Consegui algum patrimônio com isso. Enfim. Meu castelo erguido, minha vingança cumprida, então… Me arrisquei mundo à fora.

-Você reergueu seu castelo, e depois o abandonou aos empregados? Porque fez isso?  -Perguntei a ela.

-Eu era uma criança, sem saber o que fazer. Esse castelo era todo o mundo, e a segurança que eu conhecia. Eu devia pensar, que… As coisas ficariam melhores. - Ela sorriu nostálgica - Mas não ficaram. Agora eu tinha a eternidade, era meio difícil assimilar tudo. - Ela se apoiou na poltrona.

-Mas você deixou seu castelo, e partiu para o Silas? - LaF perguntou erguendo uma sobrancelha.

-Não. Eu parti após reergue-lo. Depois voltei, e parti. Sucessivas vezes. Entre elas fui para Silas, fui enterrada viva, e viajei o mundo. A última vez que estive aqui, foi a 40 anos. - Ela encarou as chamas. - Bem… Acho que já saciaram sua sede de conhecimento, pelo menos, por hora. - Ela se ergueu devagar. - Aconselho vocês a descansarem. Viajar através de portais, pode ser cansativo para humanos. - Ela disse indo em direção a porta.

-E você? - Perguntou LaF.

-Eu tenho assuntos a tratar - Ela disse parando à porta.

-Sabe como estão as coisas em Silas? - Perguntei.

-A essa hora… Todos devem estar dormindo. E o sinal de celular, está péssimo. Descansem - Ela saiu sem sequer, me olhar enquanto respondia.

A porta se fechou, deixando apenas LaF e eu, imersos em silêncio.

-LaF… Como você acha que as meninas estão? - O encarei.

-Acho que deve estar tudo bem, o Concelho chegou lá, e as coisas devem estar mais calmas. - LaF se levantou e foi até a mesa, acionando as grades na janela. Eu olhei devagar - Segurança - Ele deu de ombros.

-Espero que esteja certo. Não quero pensar se algo acontecer… - Eu estremeci só de pensar.

-Relaxa. Vai estar tudo bem. Só o Concelho podia controlar as bruxas. Nós só podíamos resistir, mas vencer não - Ele falou caminhando até a poltrona.

-Como pode ficar tão calmo. - Ele se sentou e respirou fundo. Será que… - LaFontaine, está sabendo de algo que não sei?

-Quê?! Claro que não - Ele ficou vermelho feito um tomate - Eu só… Estava pensando em alguma coisas. Nada… Importante pra você. - Ele abriu um livro e começou a folhear.

O observei por alguns minutos. Bem… LaF não mentiria pra mim. Ou mentiria? Mas ele disse que era algo pessoal. Então… Ah deixa pra lá. Deve ser coisa dele mesmo. Desisto de derreter minha pouca massinha encefálica. Vou fuçar na estante, que eu ganho mais. A maioria eram livros com capa dura, com o nome minimo escrito na lombada. Queria enfiar minha cabeça em um deles, mas pareciam tão complexos. Um deles me chamou a atenção. Estava na ultima prateleira de cima. Bem longe do meu alcance. Olhei ao redor, para encontrar algo para subir. Nada. Pensei em escalar a estante, mas… E se eu quebrasse? Coloquei meu pé na primeira prateleira, e testei, parecia forte… Mas não tinha certeza.

-Laura… O que está fazendo? - LaF perguntou devagar.

-Quero ver aquele livro - Apontei - Mas está alto. Pensei em escalar - Ele balançou a cabeça, e me fez sinal para esperar. Foi até as estantes do outro lado, e pegou uma escada. Colocou na minha frente e sorriu

- Mais fácil. - Disse aprontando para a escada.

-Você está a bastante tempo nessa biblioteca, né? - Ele concordou sorrindo. Escalei até o último degrau, e ainda estava difícil alcançar.

-Porque quer o mais difícil? Tem tantos interessantes - Ele falou segurando a escada.

-Ele me chamou a atenção - O livro tinha a capa vermelho sangue. Os outros variavam entre marrom, preto e verde escuro. Tinha outra cores, mas a maioria eram essas. O alcancei, mas derrubei outros para isso. Desci da escada devagar, e LaF me ajudou a juntar os livros que derrubei. O livro em minhas mãos, era na verdade, uma espécie de lista de autores. Com nomes e obras, basicamente, todo riscado.

-É uma lista de escritores, e suas obras - Percorri as páginas, escritas à mão.

-Sim, olhe… Tem tudo aqui. - LaF correu até a estante, e olhou a lombada de um livro - Rainer Maria Rilke.

-Está aqui… O Livro das Horas, de 1905. Ele viveu entre... 1875 e 1926. - Arregalei os olhos, encarando as anotações.

-Hum… Karl Krauz?

-1874 à 1930, obra completa - Eu folheei atrás dos nomes.

-Esse parece bem surrado… Rudolf von Ems.

-Ow. 1200 à 1254. Obra completa. - Eu o olhei - Tudo está aqui. Ela catalogou, cada livro.

-Sim. Obras completas. - Ela tirou um livro da estante, e o abriu. - Espera. - Ela folheou um, e o voltou a estante. Pegou outro, e fez a mesma coisa. Repetiu o gesto, por cinco ou seis livros - Não é possível…

-O que houve? - Fui até ele.

-Os mais antigos, estão escrito a mão. - Ele me mostrou. Parecia uma letra de máquina, mas era a letra de Carmilla. Eu podia reconhecer. - Será… Que ela reescreveu todos eles? - Encaramos as prateleiras.

Passamos algum tempo encarando os livros. Decidi arrumar a bagunça que fiz, até que um me chamou a atenção.

-LaF… Olha a capa daquele livro - Apontei um dos últimos, que ainda estava na mesa. - M.K. Sem data nem autor.

-Isso é um livro... De maquiagem medieval? - LaF coçou a cabeça. Admito… Eu ri.

-Não se lembra que Carmilla, nasceu sob o nome de Mircalla Karnstein? - Ele pareceu entender. Abri, e para meu espanto… A letra de Carmilla estava ali. Virei, para que ele pudesse ler. No cabeçalho, em letra cursiva, estava a data - LaF.. Isso é do século XVII.

-Esse é o … Diário de Carmilla - Ele parou com a boca aberta. Eu abri, e comecei a ler uma página avulsa. - O que diz ae? - Ele perguntou.

-Carmilla… Era realmente solitária - Eu li apenas um trecho, e decidi mudar de página. Era estranho ir tão fundo, em uma personalidade que ela nem parecia possuir mais. Haviam folhas em branco ao fim do diário. Voltei a última data, e li o começo. - Querido diário, o que posso dizer desta solidão que se apodera de meu peito, cada dia mais. Ainda sinto o frio dos meus sonhos, enregelando meus ossos, e cada fibra do meu ser. A proximidade do Baile, deve me reacender o fogo, dos dias que corria pelos campos de nosso castelo.  - Ergui os olhos para LaF, ele me encarava devagar.

-Será que esse baile… É o baile que ela foi…

-Morta em seguida. Acho que sim - Fechei o diário, e sentei na poltrona, ainda o segurando - Me senti invadindo sua intimidade. - Se ele estava tão alto, era porque não queria que o encontrasse, certo?

-Laura… Eu não sei. Seja o que for… A vida dela, antes de ser mordida, está aí - LaF se sentou comigo. - Você vai conhecer outra Carmilla, se ler isso. Uma cheia de sonhos tradicionais, do século XVII.

-Eu tenho medo, do que está aqui. Eu já me decepcionei o suficiente com ela. - Apertei o diário em meu colo. As palavras egoístas de Carmilla, ecoavam em meus ouvidos ainda.

-Laura… Carmilla… É alguém, muito difícil de lidar. Mas depois de tudo o que passamos, eu vejo ela de forma diferente, e mesmo que você não entenda, eu apoio, o que quer que ela faça. E nem tente contestar minha opinião - Ele acrescentou, ao me ver abrindo a boca.

-Dentre tantos livros, espalhados por essas prateleiras… Você tem que querer ler, o único, cujo conteúdo não será satisfatório - Uma voz calma, veio de perto da porta. Carmilla estava parada as sombras nos observando.

-Carmilla… - Eu comecei. Ela atravessou a sala, e foi até mim. Pegou o diário, e o encarou. Ela me devolveu, e suspirou.

-Faça como quiser Laura, não lhe direi para não ler. Já lhe tirei muitas coisas, essa noite. Mas lhe digo uma coisa. Quem escreveu estas linhas, não existe mais. - Ela encarou o lençol, acima da lareira. - Não se decepcione. - Ela se virou, e caminhou até a porta. - Eu apenas vim anunciar, que seus quartos estão prontos, para que passem a noite. Quando quiserem dormir, o que imagino que vá demorar, chamem Charlotte. Ou mesmo, me chamem. E lhes mostrarei o caminho até seus quartos. - Ela passou pelas sombras, e o silêncio caiu sobre a biblioteca.

Eu me levantei e encarei o lençol, coloquei o diário sobre a mesa, e o segurei. Encarei LaF, e puxei o pano. Ele caiu aos meus pés, quase entrando na lareira, suei frio vendo isso. Havia um quadro enorme. Com três ou quatro metros de altura. LaF arregalou os olhos. Era uma pintura, do século XVII. O ano exato estava apagado pelo tempo. Era Carmilla. Mas não minha Carmilla, ou a que um dia foi minha. Uma Carmilla de antes. Em roupas típicas, com longos cabelos negros, presos em uma trança, que caía por seu ombro. Os olhos eram mais claros, e a pele mais rosada.

-Carmilla… - Disse LaF em voz baixa.

-Carmilla, não. Condessa Mircalla - Eu disse olhando diretamente para o passado. E eu juro, que eu pude ouvir uma lamúria quando disse isso.

 


Notas Finais


Obrigada a quem leu até aqui.
Mas agora... Vamos as partes interessantes.

Os nomes de escritores citados, e suas obras, podem ser encontradas nesse link:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Escritores_da_%C3%81ustria


A frase citada por Carmilla, tem um valor... "Sentimental". Ela está no meu mangá favorito, Berserk. Se alguém se interessar, ele está disponivel em muitos sites. O link abaixo, mostra exatamente o momento da fala. Mas se quiserem um manga absolutamente incrível, que ta fará se emocionar, e pensar sobre o espirito humano, eu SUPER indico. É o meu favorito (de novo):

http://unionmangas.net/leitor/Berserk/-16


E claro, se quiser dar uma olhadinha em minha outra fic, com um tema completamente diferente, o link está ai:

https://spiritfanfics.com/historia/carnival-of-blood-8710369

Muito obrigada a todos :3
E até logo


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...