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História Aos Sons da Quadra - Capitulo 2 - Akashi Seijuro


Escrita por: LunaAtsushi

Notas do Autor


Olá pessoal, voltei com mais um capitulo. Desta vez, a história vai ser narrada pelo Akashi e gente, é difícil demais da conta escrever com ele, mas eu gostei do resultado e espero que vocês também.

Capítulo 2 - Capitulo 2 - Akashi Seijuro


Fanfic / Fanfiction Aos Sons da Quadra - Capitulo 2 - Akashi Seijuro

Sempre fui extremamente metódico com meus horários, planejamentos e calendários. Assumo que qualquer adversidade deixa-me irritado, mas todos sabemos que ninguém pode ter o controle de sua vida em plenitude.

Por muito tempo pensei ter esse controle, mas em um dia que tinha tudo para ser normal, uma carta mudou não apenas o meu dia, como também o resto da minha vida.

Estávamos na metade de julho e às finais haviam acabado já a algum tempo. Dessa maneira, tendo enfim um tempo livre, nós membros da antiga Kiseki no Sedai e Kagami nos reunimos no meu apartamento e de Taiga. Em nosso habitual clima de festas, já que esse tipo de reunião era extremamente rara, todos bebiam e jogavam conversa fora. Jogados no sofá da sala, Kagami, Aomine e Kise bebiam cerveja e disputavam para ver quem seria o próximo a jogar um estúpido game de luta.

Eu preferi ficar mais afastado do ninho de arruaceiros junto de um distraído Murasakibara, que comia calmamente um pacote de salgadinhos. Enquanto isso, Midorima estava na cozinha, terminando o almoço e prevenindo-se para que Aomine não chegasse perto das panelas.

— Akachin — chamou o arroxeado — Você pretende voltar ao Japão, assim que  se aposentar? — enquanto retirava uma quantidade generosa de salgadinhos do pacote.

— Para morar com aquele velho a que chamo de pai? Não, muito obrigado! — tomei um gole da bebida e olhei para o outro ruivo na sala. Taiga estava realmente feliz, o que parecia um milagre tendo em conta tudo pelo que vinha passando — Não quero deixá-lo sozinho. Ele sabe disfarçar, mas desde que começamos a morar juntos, ficou bem fácil extrair informações. Kagami ainda sente muito pela perda dos pais, eles eram a única família que tinha — suspirei apontando para o outro ruivo. O senhor e a senhora Kagami haviam falecido há meio ano em um acidente de carro, mas parecia ter sido ontem. Eu gostava mesmo dos dois e perdê-los foi tão triste para mim quanto para o próprio filho deles.

Quando vim para os Estados Unidos, foi uma surpresa descobrir que Taiga não só moraria na minha cidade, como também jogaríamos no mesmo time. Por questão de comodidade, decidimos morar juntos e diminuir os custos que teríamos. No início, passamos mais tempo entre brigas idiotas e rixas sem sentido do que aproveitando nossa oportunidade, mas hoje sei admitir que, mesmo com as dificuldades, não poderia ter desejado colega melhor.

Tanto no trabalho, como na vida pessoal, crescemos juntos. E com o tempo, as propostas de trabalho que chegavam após o fim de nossos contratos, eram sempre iguais e para os mesmos times. Tinha se tornado até uma brincadeira dentro dos clubes, onde um estava o outro também estaria.

A convivência com os pais dele também fazia parte do pacote, mas essa sempre foi a parte de que mais gostei. O afeto que a senhora Kagami oferecia, sempre vinha nas mesmas proporções que o oferecido ao filho, fazendo de mim, um jovem sem nada e nem ninguém, um filho o qual amou com todas as forças. O senhor Kagami era muito mais contido, porém sempre que contávamos sobre alguma vitória muito difícil, ele nos escutava com atenção e depois dava dois tapinhas nas costas de cada um de nós como se dissesse que estava com orgulho.

Hoje, após perdê-los de forma tão abrupta, o que apenas posso fazer é dar todo o meu apoio ao seu filho e talvez juntos, possamos superar a perda.

— Ahhh! É verdade. Gamichin deve sentir muito a falta deles não é? — sua fala chamou minha atenção novamente. Assenti calmamente para o outro, enquanto ainda olhava meu mais próximo amigo — Ehhh! Acabou, eu já volto Akachin.

O arroxeado partiu rumo a cozinha, extraindo também risos de mim. Suspirei novamente, pensando que aquele sonho estava chegando ao fim. É claro que hoje, após realizá-lo e muito feliz, não tenho muitos arrependimentos na vida. Já tinha planos para depois da aposentadoria, que viria em alguns dias. Eu sempre quis ter uma família apenas minha. Uma esposa com quem compartilharia momentos íntimos e felicidade, também queria filhos para mimar e estragar tudo que minha mulher ensinasse, mas este sonho parecia muito distante da realidade.

— Akashi-chiiiiii. Vem jogar com a gente, vamos dar uma surra nesses dois idiotas — o grito de Kise tirou minha atenção. Sorri enquanto ouvia os resmungos de ambos os insultados, caminhei calmamente até o sofá para me juntar à eles. Com muita maestria, Kise levou-nos a vitória, obviamente sua habilidade de copiar tudo que via ajudou bastante, levando os dois marmanjos cheios de marra a reclamarem com muito gosto.

Quando o almoço ficou pronto, meus acompanhantes pularam do sofá e correram em direção a cozinha. Como sempre, os gritos e brigas dentro do cômodo arrancaram risos de mim. Não tinha muito do que reclamar, aquela também era uma boa família.

Após a refeição, voltamos para a sala e começamos a conversar. Lembrar os velhos tempos, dos amigos que perdemos contato e daqueles que fizemos. Cada um tinha uma história, para que no fim todas se mesclasse naquilo que tornará-se nossas vidas.

A campainha tocou e Kagami foi atender e retornou minutos depois com as correspondências da semana — Parece que atrasaram novamente e o porteiro veio entregar pessoalmente — deu uma risada alta — A cada dia as desculpas ficam piores. Quanto será que pagam ele pra arranjar informações da gente? — ele comentou enquanto olhava sem interesse para os papéis em suas mãos. Nosso porteiro era um fã sem controle da NBA, não tinha apreço por nenhum time específico, mas adorava o esporte. Porém, sua característica mais assustadora era o nacionalismo exacerbado, sendo assim, não gostava nenhum pouco de qualquer estrangeiro, muito menos daqueles que “ocupavam o lugar de estrelas americanas” dentro dos seus times. Motivo suficiente para sempre tentar encontrar uma falha minha ou de Kagami no dia a dia, mas que vinha sendo completamente frustrada.

— Você recebeu uma carta Akashi. É do Japão — disse enquanto jogava-me o pedaço de papel, que silenciosamente foi voando até perto de mim. Peguei-a antes que chegasse ao chão e logo em seguida lancei um olhar bravo para o lançador.

Avaliei a carta até encontrar aquele que havia mandado ou melhor, aquela que havia mandado. Joguei o papel no chão e levantei-me para deixar o lugar. Depois de anos sem nenhuma explicação, anos no completo silêncio, ela resolveu reaparecer em minha vida. Já fazia muito tempo que eu não pensava ou sequer lembrava que essa mulher existia, até mesmo cheguei a pensar que ela nem fazia mais parte da minha dela. Mas como poderia esquecer da única mulher que chegou perto e tomou o meu coração?

— Ei! Quanta gentileza emana de você hein? — sussurrou o maior enquanto pegava a carta e procurava a pessoa que havia escrito, e percebi o exato segundo que ele encontrou, pois um sorriso travesso passou por rosto — Não vai dizer que ainda está bravo com a garota? Vai ver que agora você é rico o suficiente pra ela cara — enquanto ria ele abriu a carta, simplesmente ignorando que o conteúdo dela devia ser extremamente pessoal — Já que não vai ler, vou descobrir o que de tão interessante ela tem para falar com você.

— Joga essa merda fora Taiga, eu não quero saber nunca mais da existência dela. Essa vadia devia ter permanecido quieta no canto dela, porque pra mim já não faz diferença — respondi a sua malcriação com outra. Normalmente, nós dois parecíamos dois grandes pirralhos brigando por uma bala.

Ignorando a minha fala ele voltou os olhos para o papel e começou a ler seu conteúdo, mas algo chamou sua atenção, porque normalmente Kagami só começaria a ler e depois jogaria fora, como eu pedirá. Só que Kagami continuou lendo e como eu olhava para ele, notei o momento que sua expressão neutra transformou-se em uma surpresa, para depois horror. Seus olhos carmesins dirigiram-se para mim, suas mãos tremiam e eu soube que devia ter algo realmente importante naquela carta, mas o instinto falou mais alto.

Virei minhas costas e parti em direção a cozinha, eu não queria saber quais palavras estavam naquela carta. Só queria que Hirise Ari volta-se para o único lugar que eu permitia: o esquecimento.

— Akashi, você precisa ler isso — disse o ruivo e até mesmo a sua voz tremia. Ignorei suas palavras e continuei meu caminho — Akashi! — ele gritou altivo. Parecia pronto para lutar pela sua opinião.

— Não quero saber Taiga, ela tomou a decisão dela anos atrás, não pode simplesmente mudar de ideia 16 anos depois e querer que eu de minha atenção — respondi no mesmo tom.

Continuei meu caminho e, sabendo que eu não lhe daria ouvidos, Kagami gritou — Ela estava grávida Akashi. Estava grávida de você. Você tem uma filha. Tem a foto dela aqui, é a sua cara.

Virei-me para ele, os olhos arregalados e as mãos tremendo, as pernas perderam a força e o peso do meu corpo parecia maior do que eu podia suportar. O papel nas mãos de Kagami que tremiam tanto quanto as minhas tornara-se meu algoz. Peguei-a para mim, lendo as palavras que por muito tempo foram-me escondidas, trazendo a tona uma verdade que destruía cada parte de mim.

Quando meu relacionamento com Ari havia terminado, por muito tempo guardei rancor e ódio dela e de tudo que representará. Aguardei que aquele sentimento deixasse-me, para então me livrar dele, mas nunca pensei que ele um dia pudessem voltar com tanto força e em uma intensidade muito maior do que já houvesse sentido em algum momento antes. Quase como se nunca tivessem me deixado, como se tivessem escondido-se dentro de mim e crescessem conforme os anos se passavam. Agora, todo aquele ódio alastrava-se por mim e eu não sabia se seria capaz de controlar.

Todos aqueles anos sozinho, sonhando com o dia em que encontraria alguém que suprisse a falta que ELA fazia em minha vida. Esperando silenciosamente, para realizar o sonha que por muito desejei mais que o próprio basquete.

O gosto da traição, lembrou-me o amargor da derrota. Um sentimento de impotência misturado com uma tristeza incomensurável e um aperto no peito que eu já nem sabia como era. Então veio, tão avassalador quanto o resto, a ira tomou-me por completo. A vontade de vingar-me por toda a tristeza que eu sentia nesse momento.

Tudo que tinha na minha frente acabou transformando-se em estilhaços ao chocarem-se com as paredes. Tudo estava nublado e eu só conseguia pegar todos os objetos ao meu alcance e descontar minha cólera neles.

Como um banho de água fria, meus braços foram presos por outros muito mais fortes, o vaso em minhas mãos foi pego rapidamente e tirado de perto de mim. No instante seguinte, dei-me conta dos gritos que tomavam a sala.

O medo e desespero tomavam a todos no local, assustados demais com meu ataque de fúria incontida. Kagami estava ofegante logo a minha frente, com o vaso de outrora em suas mãos e seus olhos arregalados examinando minhas atitudes com extremo cuidado. Enquanto isso, as fortes mãos de Murasakibara seguravam meus braços juntos e grudados às minhas costas, ele mesmo devia estar tão assustado quanto o ruivo, pois seu aperto já estava começando a machucar meus pulsos.

Kise estava sentado no chão, com uma expressão de completo horror. Em sua bochecha esquerda, um pequeno corte acompanhado de um leve filete de sangue eram mesclados as lágrimas que banhavam o rosto do loiro. Ao seu lado, diversos estilhaços jazem caídos ao chão e provavelmente um deles que causou o corte em meu amigo.

Aomine e Midorima estavam mais próximos, como se quisessem garantir que se o aperto de Murasakibara falha-se, estariam perto o suficiente para impedir que eu cometesse mais algumas loucura.

Vendo todo aquele caos que nossa sala tinha virado, meu corpo amoleceu nos braços de Atsushi e a única coisa que impediu-me de ir imediatamente para o chão foram as mãos do arroxeado, que apenas me soltou quando já estava sentado. O gosto salgado das lágrimas pegou-me de surpresa, só então percebi que chorava e pouco depois, soluços tomaram a sala. Há solidão e o aperto no peito ganharam proporção novamente, assumindo tudo em mim.

Sentado no chão frio, quebrei-me novamente. Minhas mãos, agora livres, agarraram-se a minha blusa, como se quisesse arrancar a dor que tomava meu peito. Os braços de Kagami abraçaram-me em um aperto de irmãos, passando confiança e tentando devolver as forças que haviam deixado-me. Suas palavras tentavam restaurar aquilo que havia partido-se naquela tarde, tentavam colocar minha alma em sua lugar mais uma vez, mas suas palavras pareciam não chegar até mim.

— Vai ficar tudo bem Akashi — ele sussurrou contido, repetindo as mesmas palavras muitas vezes, quase como se eu fosse uma criança que necessitava do acalento da mãe. De mim, a única coisa que escapou foi um riso irônico.

— Não. Nada vai ficar bem — minhas palavras incertas vieram junto da certeza que aquilo que fora quebrado hoje, talvez nunca mais voltasse a reagrupar-se. Pouco depois, minha mente perdeu-se na escuridão e apaguei com uma única imagem em minha cabeça. A imagem de uma garota de longos cabelos vermelho sangue e olhos heterocromáticos.


Notas Finais


Eai? O que vocês acharam do capitulo?
Espero que tenham gostado. Foi bem difícil escrever o conflito que o Akashi passa ao descobrir que é pai, mas espero que fique bem claro.
Obrigado por lerem.
Beijos da Luna-chan U_U


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