História Apaixonado pelo mal - Capítulo 4

Sinto uma dor no peito, um mal estar, uma imensa vontade de chorar toda hora. É como se eu tivesse sozinho de novo, como se ninguém no mundo se importasse comigo.

Calma Robert, são duas semanas, apenas duas semanas.

Mas... meu plano de largar o emprego e ir amanhã para Paris ainda estava de pé, eu só precisaria de uma certa quantia para me poder ir.

Meus pensamentos foram afastados por uma garota que debruçou no caixa.

Ela era muito pálida, seus cabelos ondulados e cor de fogo estavam embolados e caíam sobre as costas, ela vestia uma blusa xadrez azul que estava toda imunda e rasgada. Parecia que morava na rua ou que tinha acabado de sair de uma briga.

-Você precisa me ajudar. -Senti um bafo forte de álcool.

-Eu só trabalho aqui. -Cocei a cabeça.-Fale com a gerente.

-Ela não vai me ouvir. -Ela tossiu.

-E porque eu te ouviria ? -Perguntei

-Você tem que me ouvir ! Me tira daqui . Eu preciso sumir desse bairro.

-Por quê ? O que houve ? -Perguntei confuso.

-Isso não importa, me tira daqui.

-Se eu for te tirar daqui, antes terei de saber o que aconteceu.

Ela bufou e socou a bancada.

-Estão atrás de mim.

-Quem ?

-Isso não importa. Me tira daqui e te conto no caminho.

-Como vou te tirar daqui ? Eu não tenho carro.

-Porra. -Ela coçou a cabeça.

-Ei Robert, algum problema ? -A senhorita Meirelle apareceu.

Antes de eu responder alguma coisa, a garota começou a falar:

-Caralho você é bonita ! -Ela se aproximou de Meirelle -Pode me passar seu número ?

-Menina, sai da minha frente. -Meirelle gritou.

-Eu tenho uma queda por coroas. -Ela puxou o colar de chaves do pescoço de Meirelle -Vem comigo ! -Ela me olhou.

-Eu não posso. -Disse saindo do caixa e indo até Meirelle que tossia muito.

-Você vem comigo sim porra! -Ela puxou minha camisa,me levando pra fora da padaria,examinou as chaves- É um Mini Cooper. Vem ! -Ela puxou meu braço e saímos correndo.

-Eu não posso fazer isso. -Falei alto.

-Cala a boca que a velha pode estar vindo atrás.

A garota destravou o carro, me empurrou para o banco de motorista e foi para o outro lado.

-Vai porra ! Liga esse carro.

-Eu não posso fazer isso com minha chefe !

-Desgraça vai logo, depois eu te explico o porquê de estarmos fazendo isso.

Bufei e liguei o carro, dando partida.

-Acelera isso ! -Ela cutucou meu braço.

-Isso é roubo garota. Isso é crime.

-Crime será o que eu farei com você se não acelerar a porra desse carro. -Ela gritou.

Respirei fundo acelerando o carro, meu Deus o que tá acontecendo ? Eu não posso e não quero me meter em confusão.

-Não vai me contar o porquê de estarmos fazendo isso ?

-Olha só, eu vou te contar sim, mas se me denunciar pra polícia eu te levo junto.

Engoli em seco.

-Não direi a ninguém.

-Ok. Eu estou devendo muito dinheiro a uns caras aí.

-Que caras ? 

-Traficantes.

-Você usa drogas ? -Arregalei os olhos.

-Uso e estou devendo mais de 500 dólares a eles.

-Velho, eu vou meter o pé daqui, eu não quero me meter em confusão não garota. Eu já tenho o filme queimado com a polícia.

-Filme queimado ? O que você aprontou ?

-Muitas brigas 

Ela riu alto e eu a encarei.

-Algum problema garota ?

-Tá com o filme queimado com a polícia por causa de brigas ? Ah, fala sério. E eu que roubo, brigo, uso drogas e mais um milhão de coisas.

-Por quê você faz isso ?

-Para de ficar perguntando sobre minha vida. Vá se foder.

-Garota, você fale comigo direito. Eu não deveria nem estar te ajudando com isso. Meu Deus, quanta loucura.

-Você vai me ajudar nessa parada até o fim, ouviu bem ?

-Não vou te ajudar em mais nada. Vou te deixar onde quiser, e depois vou meter o pé. Fique tranquila que não direi nada a ninguém.

-Você vai me ajudar até o fim sim ! -Ela gritou.

-Porra garota, eu nem conheço você. Eu não quero te ajudar. 

-Você vai se ferrar comigo se não me ajudar. Anota isso. -Ela coçou o cabelo.

-Por quê você pediu ajuda pra mim ? Logo pra mim ?

-Porque você foi o primeiro otário que apareceu no meu caminho.

-Você lava essa boca pra falar de mim garota. Estou falando sério com você.

-Eu não tenho medo de ninguém e muito menos de você ! -Ela gritou.

-Me fala logo onde você quer que eu deixe você. -Falei sério.

-Porra ! -Ela gritou - A polícia tá atrás da gente. Acelera esse carro. Acelera essa porra.

-É melhor a gente explicar o que aconteceu pra polícia.

-Cala a boca idiota ! Você também tem o nome queimado com a polícia. Você quer ser preso ?

-Vamos fazer o que então ?

-Só dirige !

A garota abriu todos os vidros do carro.

-Pra que isso ? -Perguntei

-Dirige reto, vai em frente.

-A gente vai cair do penhasco garota ! -Gritei.

-Faça o que eu tô pedindo porra !

-Eu não vou morrer por causa de você, enlouqueceu ? -Gritei.

-Você pediu isso.

A garota sentou em meu colo, e os cabelos ficaram todos em meu rosto,eles cheiravam a álcool e a cigarro, tentei empurra-la do meu colo, mas sem sucesso. Ela acelerou o carro ainda mais e senti quando ele não estava mais na pista, me fazendo sentir um frio na barriga.

-Eu te amo Emilie. -Falei baixo.

"Flash Back On"

-Promete me amar pra sempre? -Ela perguntou

-Eu prometo. Você é tudo pra mim.

-Eu te amo Robert.

-Eu te amo Emilie.

"Flash Back Off"

Senti meu braço sendo puxado com intensidade.

-Ei acorda ! Acorda. 

Abri meus olhos... eles ardiam muito, comecei a tossir e acabei vomitando tudo que tinha no estômago, aquela garota de cabelos cor de fogo estava em minha frente.

-Ei, você tá bem ? Precisamos sair da água. Consegue nadar um pouco?

-Eu não sei. Estou com dor na perna.

-Vem comigo.

Apoiei meu braço em seu pescoço e ela me guiou para fora da água.

-Deixa eu ver sua perna. -Ela levantou minha calça- Porra, isso tá feio.

Olhei para a perna, havia muito sangue, e parecia estar fundo.

A garota tirou sua blusa xadrez, ficando apenas com sua regata preta, e com cuidado amarrou em volta da minha perna.

-Está melhor ? -Ela perguntou

-Tá doendo muito.

Ela respirou fundo.

-A gente precisa ir.

-Eu quero ir pra minha casa. -Minha voz saiu rouca.

-Não -Ela gritou- Você não pode ir para casa. Você precisa me ajudar.

-Não tem o porquê de eu te ajudar garota, eu não tenho nada haver com sua vida conturbada.

-Então é assim ? Vá se foder ! Fique aí com essa perna toda regaçada. Se vira!

-Escuta... eu vou te acompanhar até sua casa e depois eu vou pra minha e fingiremos que nada aconteceu ok ?

-Ok. Eu tenho um dinheiro aqui, vamos chamar um táxi. -Ela falou.

-Esse dinheiro não é roubado né? -Perguntei

-Não importa  ! É dinheiro não é ? -Ela me olhou- Olha!! -Ela correu - Táxi ! - gritou.

Logo Táxi parou e entramos.

-Queremos ir ao Norte da Califórnia.

-Norte ? Eu moro no Sul . -Falei

-Você disse que me levaria em casa primeiro lembra ?

Respirei fundo.

-Ok.

-Norte ou sul ? -O taxista perguntou.

-Norte. -Respondeu a garota.

A maioria do caminho foi em total silêncio até que ela perguntou:

-Você trabalha naquela padaria desde quando ?

-Faz quase 1 mês.

-Você mora sozinho ?

-Não, eu moro com a minha noiva.

-Noiva ? Então por isso a pressa de ir pra casa.

-Na verdade... ela viajou hoje pela manhã a trabalho. Só que.. eu ia atrás dela, até que você apareceu e atrapalhou tudo.

-Nossa, muito obrigada pela consideração. Vai se foder. Quer ir para o Sul ? Vá ! Quer ir encontrar sua noiva ? Vá ! Eu tô pouco me fudendo.

O motorista do táxi nos olhava pelo espelho.

-Para de gritar. -Falei.

-Eu grito o quanto eu quiser ! -Ela gritou.

Bufei e fechei meus olhos, tentando recapitular tudo que estava acontecendo.

-Porra. -Ouvi a garota reclamando - Moço, por acaso você tem um isqueiro ? -Eu perdi o meu.

-Pra que a senhorita quer um esqueiro dentro de um carro?

-Pra fumar. -Ela falou normalmente e eu abri meus olhos.

-Não pode fumar dentro do carro.

-Eu fumo. -Ela falou.

-Mas dentro do meu carro não pode. -Ela falou alto.

-Tem certeza ?

A garota tirou a blusa, deixando seu sutiã de renda a mostra e tirou sua calça... mostrando sua fina calcinha preta.

-Garota o que é isso ? -Gritei.

Ela me ignorou e pulou para o banco de passageiro, obrigando o taxista a olhar.

-Eu posso fazer o que você quiser se me deixar fumar aqui dentro do carro.

-Garota, você é louca ! -Ele gritou.

A garota riu e colocou a mão por dentro da calça do cara.

Eu não vi mais nada, só ouvia o cara gemendo alto e ela rindo como uma vadia.

-Eu vou.. eu vou.. -Ele falou roucamente.

-Shh, preste a atenção no trânsito e eu dou jeito nisso.

Ouvi uns barulhos  de beijos e uns gemidos altos vindo do cara.

Meu Deus o que estava acontecendo ali ? Que garota louca era aquela ? Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

Ela por fim se levantou, mordeu a orelha dele, pegou o isqueiro e se sentou ao meu lado.

Eu não consgeui olhar pra cara dela, que garota puta, meu Deus... o que é isso ?

-Ai porra. -Ela falava  baixo.

Fui olhar para o lado e levei um susto, a mão dela estava em sua intimidade por cima da calcinha fazendo movimentos circulares, não queria que isso acontecesse mas... eu senti uma tesão da porra.

-Caralho... -Ela falou baixo -Ai droga ! -Ela gritou.

-Silêncio garota ! -Gritei.

Ela me olhou e logo desceu o olhar para meu membro.

-Puta que pariu. -Ela falou e se sentou rapidamente em minha perna, ficando de costas pra mim.

A visão que eu tinha era de sua bunda rebolando em minha perna e me fazendo delirar.

Mesmo com meu membro latejando, tentei tira-la de lá, mas sem sucesso.

-Ei, não se preocupe. Você não está fazendo nada de errado. Eu só estou te usando pra me masturbar.

Ela rebolava em cima da minha perna feito louca, parecia uma necessidade, e eu fiquei ali imóvel, tentando controlar meu membro que estava enorme. Não toquei nela nem por um segundo.

Ela começou a gemer alto, e se virou pra mim, apertou meu membro e me fez soltar um urro.

-Tá vendo como você quer ? -Ela falou baixo no meu ouvido.

-Sai de cima de mim garota. -Falei firme.

Ela riu alto e encostou sua intimidade em minha boca,pegou minhas mãos e colocou em sua bunda me fazendo apertar.

-Sai daqui sua piranha. -Gritei e a empurrei.

-Você me chamou de que ? -Ela gritou.

-Táxi, para o carro por favor. -Pedi.

Assim que o táxi parou, corri pela estrada ignorando minha perna dolorida.

Meu Deus, qual o problema daquela garota ? Ela era louca mesmo ou era a droga fazendo efeito em seu cérebro ?

...

Assim que cheguei em casa, peguei meu celular e liguei para Meirelle.

-Alô ? -Uma voz rouca atendeu.

-Meirelle? É o Robert ?

-Robert? Qual o seu problema ? O que você quer? Deveria ter vergonha de me ligar.

-A culpa não foi minha Meirelle, aquela garota me obrigou a fazer aquilo.

-Nada vai justificar o que você fez Robert, eu vou te denunciar. E você está demitido. -Ela desligou.

Para que pariu ! Olha só o que aquele filha da puta fez com minha vida !

O pior é que não tenho dinheiro para ir a Paris ficar com a Emilie. Que porra ! O que vou fazer agora ?

Peguei minha carteira e chamei um táxi pra me levar a um restaurante distante, estava com medo de Meirelle me ver e denunciar.

Assim que o táxi parou, paguei e andei procurando um restaurante que não tinha cara de ser muito caro, o dinheiro estava pouco.

A noite estava chegando, a lua se escondia atrás das nuvens nebulosas, mas o clima não estava frio.

Assim que encontrei um restaurante, jantei e bebi algumas garrafas de vinho para tentar esquecer um pouco dos meus problemas.

Olha só como as coisas são... estava tudo bem enquanto a Emilie estava aqui, foi só ela sair e eu ferro minha vida inteira, eu não consigo viver sem ela.

Após acertar tudo no restaurante, caminhei até o ponto do táxi, mas parei instantaneamente quando vi uma mulher sentada no chão chorando. Me aproximei.

-Ei, tá tudo bem?

Assim que ela levantou a cabeça, meus olhos se encontraram com seus olhos verdes. Não é possível ! Aquela garota do cabelo cor de fogo .

-Você. -Falei em voz baixa.

-Me deixa em paz. -Ela falou chorando.

Ah não, porquê essas coisas tinham que acontecer comigo ? 

-Você vem comigo. -Falei firme.

-Ficou louco? Eu não quero ir com você pra lugar nenhum !

-Onde eu sua casa ? Te levo até lá.

-Eu não tenho casa. Ela foi invadida por bandidos.

-O que ? -A olhei- Vamos chamar a polícia.

-Presta a atenção, se a polícia pega meu nome lá na ficha, fodeu tudo. A polícia a não pode nem sonhar entendeu?

Respirei fundo 

-Vem, eu vou te levar a um lugar seguro. 

-Não quero ir.

-Para de se fazer de difícil e vem comigo. -Peguei em sua mão, fazendo-a se levantar. 

Ela ficou imóvel e em silêncio, reparei-a por inteiro, ela vestia uma blusa de homem e apenas isso,não tinha nada por baixo, e também estava descalça, descabelada e fedida.

Assim que o táxi chegou, ela entrou e sentei ao seu lado.

-Para o Sul Por favor. -Disse ao motorista -Me diz o que aconteceu. -Olhei pra ela.

-Já disse que invadiram minha casa.

-Por quê está vestida assim ?

Ela me olhou e engoliu em seco.

-Esse é o meu pijama. Eu estava indo dormir quando eles apareceram.

-Você os conhece ? 

-Não vi o rostos direito, então não sei dizer.

-Como se chama ?

-Isso não importa. Me chama de anônima.

-Não. Me diz seu nome.

-Eu não posso dizer meu nome.

-E porquê não ? -Perguntei.

-Porquê não quero que saiba nada sobre mim.

-O que mais você anda escondendo ?

-Você não sabe de nada.

-E porque eu não posso saber ?

-Porque você não é ninguém na minha vida. -Ela falou irritada.

Bufei e a deixei quieta até o caminho de casa.

-Obrigada senhor. -Dei o dinheiro a ele. -Vem, a gente chegou.

Ela saiu primeiro e eu fui atrás dela, destrancando a casa.

-Sua casa é enorme. 

-Foi a Emilie que comprou..

-Emilie ? Sua noiva ?

-Isso. Melhor você ir tomar banho, eu levo toalha e roupas limpas para você.

-Onde é o banheiro?

-A segunda porta lá de cima.

Enquanto a garota tomava banho, peguei uma toalha limpa,um pijama que a Emilie não usava muito, e bati na porta do banheiro.

-Tá aberta.  -Ela gritou.

Entrei olhando para o chão e coloquei as coisas em cima do vaso.

-A água tá boa ? 

-Tá.

-Ok, vou fazer algo pra você comer.

Sai do banheiro e fui preparar panquecas.

....

-Espero que sua noiva não se importe de emprestar coisas.

A garota apareceu com o pijama de Emilie e os cabelos penteados, parecia até outra pessoa.

-Ela não vai ficar sabendo.

-Não vai contar sobre mim pra ela ? 

-Nem sei, talvez eu conte.

-Pra que me trouxe pra cá ?

-Você estava na rua.

-Ficou com pena ?

-Pena não. Só quis te ajudar.

-Ok. -Ela bufou- Qual seu nome ? 

-Robert...Pattinson.

-Nome legal. Tem quantos anos ?

-Tenho 20. -Falei olhando-a- E você ?

-Pode me chamar de Kris.

-Mas seu nome é... kristina ? Krissy? 

-Isso não importa.

-Por quê não pode te dizer seu nome ?

-Não há necessidade.

-Eu quero saber.

-Krissyelen. Esse é o meu nome. 

-Krissyelen ? Bonito nome. E sua idade ?

-Você acha que eu tenho cara de quanto ?

-Eu daria 19 anos.

Ela riu

-Errei ?

-Sim.

-Quantos anos você tem então ?

-É menos de 19.

-Não me diga que tem 15 anos ?

-Não seu tapado. Tenho 17.

-Continua sendo de menor.

-E quem se importa com isso ? -Ela revirou os olhos comendo outra panqueca.

-Você trabalha do que ?

-Não vou falar mais nada da minha vida.

-Não vou denunciar você. Me diz... Você vende drogas ?

-Não. -Ela falou rápido.

-Certeza ?

-Sim. Eu não vendo drogas. Por falar nisso... tem cigarros por aí ?

-Não fumo.

-Pode comprar pra mim ? Te dou o dinheiro?

-Pra que fumar ? 

-Porque eu fumo.

-Não pensa em parar ?

-Eu não. Parar pra que ? Fumando ou não,eu vou morrer do mesmo jeito.

-Eu fumava desde adolescente, hije em dia não fumo mais.

-Como parou ?

-A Emilie me ajudou.

-Bom pra você. Eu vou pra sala, tô afim de dormir.

-Tem quartos sobrando. Venha, vou te levar.

Levei Krissyelen até um quarto.

-Boa noite Kris.

-Tá.